Domingo, Maio 5, 2024

Santo Agostinho e a Rocha de Mateus 16, 18

INTRODUÇÃO


 Um leitor que está debatendo a questão do primado de Pedro com um pastor evangélico, enviou-me uma pergunta sobre a posição de Santo Agostinho sobre a interpretação de Mateus 16, 18. Em um blog protestante que encontrou, por exemplo, se reproduzem algumas citações de Agostinho para dar a impressão de que como ele interpretava que a rocha sobre a qual a Igreja está construída é a fé, não o próprio Pedro, que isso de alguma forma envolve uma rejeição do primado petrino.

Sobre este tópico, já tratei brevemente em outro post: Pedro, A Rocha (Testemunhos Patrísticos), agora eu vou complementar o que eu escrevi lá.

 

UMA ANÁLISE SOBRE O PENSAMENTO AGOSTINIANO


Primeiro: É verdade que Santo Agostinho disse em várias ocasiões que a rocha sobre a qual está construída a Igreja era a fé em Cristo que é o Filho de Deus. Embora seja comum ver que os pais da igreja tinham duas interpretações como complementares e não excludentes. Agostinho tem algum texto que parece vê-los como exclusivas e inclinando-se quer por uma ou outra. Uma análise mais detalhada desses textos também revela que ele usou ambas as interpretações alternadamente de maneira contemporânea, o que dificulta a questão.

 Alguns textos onde a rocha sobre a qual está construída a Igreja são: Sermão 147,3; 270,6; 295,2; Comentário sobre o Salmo 60.3; Tratados sobre o Evangelho de São Lucas 124,5.

Alguns que adere à interpretação católica tradicional é que Pedro é a Rocha: Carta 53,2; O batismo contra os donatistas VII 43,85; Tratados Sobre o Evangelho de São João 11.5; Comentários sobre os Salmos 103 II s.3.2; s.2 30 II, 5; 39.25; 55,15; 63.4.

Esclarece o assunto no pensamento de Santo Agostinho a ideia de que Pedro simboliza a Igreja e sua unidade por causa da primazia que teve entre os apóstolos. Elas podem ser vistas, entre outros, nos seguintes textos: Sermões 75,10; 76; 137,3; 149,7; 244,1; 270,2; 295,1.2.4; Comentários sobre os Salmos 103 III 2; 108,1; Tratados Sobre o  Evangelho de São João7, 14; 50.12; 118,4; 124,5.

Mas o que importa é que, em última análise, em sua última declaração sobre o assunto em suas Retratações (I 21.1) ele faz a menção das duas opiniões sem se inclinar sobre uma ou outra e acaba deixando o leitor a escolher o ajuste mais preciso.

Em meu primeiro livro contra Donato mencionei em algum lugar uma referência ao apóstolo Pedro como ‘a igreja está fundada sobre ele como uma rocha’. Esta interpretação também soa em muitos lábios nas linhas de bênção de Santo Ambrósio, na qual falando de sua própria casa, ele diz: Quando ele canta, a rocha da Igreja absolve pecado. Mas eu me lembro que, frequentemente, explicou as palavras de Nosso Senhor a Pedro: ‘Sobre esta pedra edificarei a minha igreja’, de modo que deve ser entendida como referindo-se a confissão do próprio Pedro quando disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, no sentido de que Pedro tinha sido nomeado rocha, levou a figura da Igreja, que é construída sobre esta pedra e recebeu as chaves do reino dos céus. A partir do que foi dito sobre ele não disse “Você é Rocha,” mas “Tu és Pedro”, pois a pedra era Cristo, tendo sido confessado por Simão (e como toda a Igreja confessa), que foi chamado Pedro. Qual dessas interpretações é correta, decida o leitor”.  (Retratações, I, 21)

Em segundo lugar: Deve-se observar que, para compreender a posição de Santo Agostinho a respeito do primado de Pedro não deve ser limitada apenas aos textos onde comenta Mateus 16, 18, mas todos os seus comentários como um todo, que falam claramente de seu principado entre os apóstolos, ideia que se repete no Batismo contra os donatistas II 1.2 e 4.13 I contra Juliano. Para ele, a própria sé de Pedro, em Roma, é uma garantia da verdade e da Igreja apostólica de Cristo (Contra a Carta Fundamental dos maniqueístas 4,5, 53,2 Carta; 43,3,7). Ele também reconhece que a sua autoridade é definitiva (Sermão 131,10). Uma obra onde o assunto em questão é amplamente tratado é: Agostino. . Trapé, La Sedes Petri in S. Agostino, en Miscellanea A. Piolanti II, Lateranum, Nova Series, an. XXX (Roma 1964).

Portanto separar-se da Sé de Pedro é para ele se separar da Igreja, e, portanto, afirma que os donatistas (cismáticos da época) não têm cátedra, tendo sido separados da de Pedro, “in qua una cathedra unitas ab om nibus servaretur”; nem possuem o “Anjo” do batismo, unidos também as outras cátedras autênticas; nem o Espírito Santo, que é o espírito de caridade; ou a fonte de água viva, ou o selo de santificação (Sancti Optati Afri Milevitani episcopi de schismate donatistarum libri septem. I. III, 6-8 cc Ed Hurter… Patrum opuscula selecta X Oeniponti, 1870). A posição de Santo Agostinho, a este respeito não foi a única, mas compartilhado pelo cristianismo, uma vez que sempre foi considerado uma ruptura com a igreja local unida a Roma como uma ruptura com a Igreja universal, como sancionam os Concílios de Elvira (ano 306, can.53) , Arles (314, can.16) , Nicéia ( 325 dC, can.5), Antioquia (ano 341, can.5 -6), Sardica (ano 343, can.13) (Mansi, 2.14 , 2.473 , 2,669-670 , 2,1309-1312 , 3:16-17).

Por último: Para complementar, algumas citações de Santo Agostinho quando comenta Mateus 16, 18 ou se refere ao primado de Pedro:

Havia muitos apóstolos e apenas a um disse: Apascenta as minhas ovelhas. Longe de nós dizer que faltam bons pastores agora; longe de nós o que falta, longe de sua misericórdia que não produzem e estabelece! De fato, se há boas ovelhas, há bons pastores, pois das boas ovelhas saem bons pastores. Mas todos os bons pastores são um só, são uma coisa só. Apascentam eles, é Cristo que apascenta. Os amigos do esposo não dizem que é a sua voz própria, mas apreciam a voz do esposo. Portanto, é ele mesmo que apascenta quando eles apascentam. Diz: sou eu que apascento; por que neles se fala a sua voz, está neles a sua caridade. Ao mesmo Pedro a quem confiou o suas ovelhas, como se fosse seu “alter ego”, queria fazer-lhe uma coisa somente consigo, pois deste modo confiar-lhe as ovelhas. Porque assim ele seria a cabeça e a figura do corpo, isto é, a Igreja.” (Sermão 46, 30)

Se considerarmos a ordem dos bispos que estão sucedendo, mais certo e consideradamente fazemos em contar a partir de Pedro, figura da Igreja inteira, a quem o Senhor disse: Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão. A Pedro sucedeu Lino, Clemente Anacleto, Evaristo, Sixto, Telesforo, Higino, Aniceto, Pio, Sotero, Alexandre, Victor, Zeferino, Calixto, Urbano, Ponciano, Antero, Fabiano, Cornélio, Lúcio, Estêvão, Sisto, Dionísio, Félix, Eutiquiano, Caio, Marcelo, Eusébio, Melquiades, Silvestre, Marcos, Júlio, Libério, Dâmaso, Siricio, Anastásio.”  (Carta 53, A Generoso, 1,2-2)

Pedro, o príncipe dos apóstolos”. (Carta 75, Jerônimo a Agostinho)

A mesma confissão, feita muito mais tarde por Pedro, mereceu que lhe chamasse de bem aventurado e lhe deu as chaves do reino dos céus”.  (Sobre diversas questões a Simpliciano, I,2,14)

Pedro, o apostolo, é figura da única Igreja. Este Pedro, primeiro no coro dos apóstolos, sempre pronto no amor de Cristo, com frequência responde sozinho em nome de todos. Enfim quando o Senhor Jesus cristo perguntou o que dizia o povo sobre quem ele era, e os discípulos deram várias opiniões dos homens, e o Senhor voltou a perguntar dizendo. E vocês, quem dizeis que sou? Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Um deu a resposta por muitos, a unidade na multidão. Então lhe disse o Senhor: Bem aventudado és tu, Simão Bar Jonas, por que não foi a carne e o sangue que te revelaram, mas sim meu pai que estás no céus. E logo ele acrescentou: E eu te digo, como se dissesse, já que tu me disse: Tu és o Cristo Filho do Deus vivo, também eu te digo, Tu és Pedro. Por que antes se chamava Simão;  Esse nome, por o qual te chamamos Pedro, lhe foi imposto pelo Senhor, e isso para que em figura significasse a Igreja. Se Cristo é a pedra, Pedro é o povo cristão. Pedra é o nome principal; por isto Pedro vem de Pedra e não Pedra de Pedro, como cristo não vem de Cristão, mas cristão que é chamado assim por causa de cristo. Por isso disse: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra, que tu confessou, sobre está Pedra que conheceu, ao dizer, tu és o Cristo o Filho do Deus vivo, edificarei a minha Igreja, isto é sobre mim, o mesmo filho do Deus vivo, edificarei a minha Igreja. Sobre mim te edificarei, não edificarei a mim sobre ti. Não querendo os homens edificar sobre os homens, diziam: Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, este é de Pedro. E outros, que não queriam ser edificatos sobre Pedro, mas sim sobre a Pedra diziam: Eu sou de cristo. Quando o apóstolo Paulo veio que ele era eleito e Cristo rejeitado, disse: Acaso está Cristo dividido? Acaso, Paulo foi crucificado por vós? Fostes batizados em nome de Paulo? Se não fostes batizados em nome de Paulo, tampouco em nome de Pedro, mas no nome de Cristo; pois Pedro foi edificado sobre a Pedra e não a Pedra sobre Pedro. Pedro foi assim chamado pela pedra, representando o papel da Igreja, mantendo o primado do apostolado.” (Sermão 76, Pedro caminha sobre as águas 1-3)

Em um só apóstolo, em Pedro, primeiro e principal na ordem dos apóstolos e que representava a Igreja, teria que se distinguirem os dois grupos, isto é, os fortes e os fracos; por que sem ambos não há igreja”. (Sermão 76,  Pedro Caminha sobre as águas, 4)

Não é sem motivo que Pedro representa a Igreja Católica entre todos os apóstolos. A esta Igreja deram as chaves do reino dos céus quando as deram a Pedro.” (O combate Cristão, c.30)

E o leva a Jesus. Jesus fixa em seus olhos e diz: Tu és Simão, filho de João, e tu se chamarás Cefas, que quer dizer, Pedro. Não é grande coisa que o Senhor diga de quem é este filho. O que é grande coisa ao Senhor? Sabia o nome de todos os Santos que predestinou antes da existência do mundo, e te causa estranheza que lhe diga a um homem:  Tu és filho de tal e levará tal nome? É grande coisa mudar o nome e de Simão fazer-lhe Pedro? Pedro vem de Pedra, e a pedra é a Igreja. O nome de Pedro é, pois, figura da Igreja.  Quem é que está seguro se não aquele que constrói sobre a Pedra?(Sobre o Evangelho de São João, 7,14)

Pois, se antes havia levado o nome de Pedro, não havia compreendido vossa caridade em mistério da pedra e acreditou que por casualidade se chamava assim, não por providência de Deus. Quis, pois, que tivesse antes um nome diferente com o proposito de, pela própria substituição do nome, resultasse mais a significação do Sacramento.”. (Sobre o Evangelho de São João 7,14)

Quando assim ele disse aos seus discípulos: “Você também me deixaram”, Pedro, a rocha, respondeu por todos: “Senhor, a quem iremos nós, só tu tens palavras de vida eterna. (Sobre o Evangelho de São João, 11,5)

Pedro contesta, em nome de todos, um por muitos, a unidade pela universalidade”. (Sobre o Evangelho de São João 27,9 )

Pois, se em Pedro não estivesse representada a Igreja, não lhe avia dito o Senhor: Eu te farei as chaves do reino dos céus, e o que ligares na terra será ligado no céu, e o que desligares na terra será desligado no céu. Se isto fosse dito só a Pedro, não pode-se aplicar a Igreja. Mas, se isto se faz na Igreja, de modo que o que em terra é ligado, seja ligado no céu, e o que desliga na terra é desligado no céu; por que, quando a Igreja excomunga, o céu desliga o excomungado, e quando a igreja o reconcilia, o seu liga o reconciliado; se, pois, isto se faz na Igreja, é por que Pedro, quando recebeu as chaves, representava toda a Igreja.. Se é bom, se pertence ao corpo representado por Pedro, tem a cristo no tempo presente e no tempo futuro.”. (Sobre o Evangelho de São João, 50,12)

Porque quem não sabe que o beatíssimo Pedro era o primeiro dos apóstolos?(Sobre o Evangelho de São João, 56,1)

E assim, o primeiro deles, Pedro(Sobre o Evangelho de São João 96, 1)

E esta Igreja, simbolizada em sua generalidade, foi personificada no Apóstolo Pedro, por causa da primazia de seu apostolado. Porque, com respeito a sua própria personalidade, ele foi por natureza um homem, pela graça um Cristão, por uma graça ainda mais abundante um, e todavia também, o primeiro apóstolo; mas quando foi lhe dito, ‘Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e o que ligares na terra será ligado também nos céus; o que desligares na terra será desligado nos céus’, ele representou a Igreja universal, a qual neste mundo é abalada por diversas tentações, que vêm sobre ela como torrentes de chuva, dilúvios e tempestades, e não a submerge, porque ela está fundada sobre a pedra (petra), da qual Pedro recebeu seu nome. Porque petra (pedra) não é derivada de Pedro, mas Pedro de petra; justamente como Cristo não é chamado assim à partir de Cristão, mas o Cristão à partir de Cristo. Porque no mesmo relato o Senhor disse, ‘Sobre esta pedra eu edificarei minha Igreja’, porque Pedro tinha dito, ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. Sobre esta pedra, então, Ele disse, que tu tens confessado, eu edificarei minha Igreja. Porque a Pedra (Petra) era Cristo; e sobre este fundamento foi o próprio Pedro edificado. Porque outro fundamento não pode ser lançado além do qual já está posto, que é Cristo Jesus. A Igreja, então, que está fundada em Cristo, recebe dEle as chaves do reino dos céus na pessoa de Pedro, quer dizer, o poder de ligar e desligar pecados. Porque o que a Igreja é essencialmente em Cristo, tal é representativamente Pedro na pedra (petra), e nesta representação Cristo é para ser entendido como a Pedra, Pedro como a Igreja.” (Comentário do Evangelho de João, Tratado 124.5).

Pedro, o primeiro apóstolos, recebeu as chaves do reino dos céus para ligar e desligar os pecados a todos os justos pertencentes inseparavelmente ao corpo de Cristo, para sustentar o leme desta vida tempestuosa.(Sobre o Evangelho de São João, 124,7)

Vede como recompensou a confissão verdadeira, piedosa e cheia de fé: Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo. Pelo contrario, pouco depois, quando começou o Senhor a fala de sua paixão, Pedro, temendo que perecesse, sendo assim que morrêssemos nós se Ele não houvesse morrido, disse: Não pense tal coisa, ó Senhor; não acontecerá isto. Mas o Senhor contestou a quem a pouco tinha dito: Bem Aventurados és (Pedro); e: Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; afasta te de mim, Satanás; é para mim tropeço. Logo por que agora chama Satanás a quem a pouco chamou de bem aventurado e Pedra? Por que não sente minhas coisas, mas as dos homens. Pouco antes sentia as coisas de Deus (pois lhe disse): Por que não te revelou a carne nem o sangue, mas meu pais, que está nos céus.(Narrações Sobre os Salmos 55,15)

Falando o Salvador sobre sua paixão, pela qual fomos salvos, e, se não houvesse padecido, não haveríamos sido Salvos, Pedro, que pouco antes confessou que Cristo era o Filho do Deus, e que naquela confissão foi chamado Pedra, sobre a qual se edificaria a Igreja, disse o Senhor, que falou pouco depois que esta confissão sobre a sua paixão: Não há tal coisa Senhor… não se sucederá isto. Pouco antes lhe disse o Senhor: bem aventurado és, Simão, filho de Jonas, por que não te revelou a carne nem o sangue, mas meu pai, que está nos céus; E agora incontinenti diz: Afasta te de mi Satanás. Que significa afasta te de mim, Satanás? Segue-me.(Narrações sobre os Salmos, 55,15)

Pois assim como se dizem muitas coisas que parecem referir-se propriamente a Pedro, e, no entanto, não se entenderiam perfeitamente se não se refere-se a Igreja, a qual se reconhece que representava figuradamente ele pela primazia que teve sobre os discípulos, conforme disse: Te darei as chaves do reino dos céus.(Narrações sobre os Salmos, 108,1)

O Apóstolo São Pedro personificou a Igreja.” (Narrações sobre os Salmos, 108,18).

Não foi cumprida em absoluto a palavra da verdade da boca de Pedro, que representava toda a Igreja, por que se, perturbado pelo medo, negou de momento, no entanto, se reestabeleceu chorando. e confessando, foi depois coroado.”.  (Narrações Sobre os Salmos, 118, XIII, 3)

Em efeito, a Pedro, o único sobre quem está organizada a Igreja [Dicit enim Petro, in quo uno format Ecclesiam], lhe disse: Pedro, me amas? O respondeu: “Senhor, te amo”, apascenta minhas ovelhas.” (Sermão,137,3).

Na única pessoa de Pedro simbolizava a unidade de todos os pastores; entende-se dos bons, que apascentam as ovelhas de Cristo, não para si, mas para Cristo.” (Sermão 147,2 )

Em muitos lugares das Escrituras aparece Pedro simbolizando a Igreja, sobretudo onde se disse: te darei as chaves do reino dos céus. Todo o que ligares n aterra, será também ligado no céu, e todo o que desligares na terra será desligado no céu. Por acaso Pedro recebeu estas chaves e não as recebeu Paulo? As recebeu Pedro e não as recebeu João, Tiago e o restante dos apóstolos? Ou não são estas chaves pelas quais na Igreja se perdoam aos pecados diários? Posto que Pedro representava a Igreja, o que lhe concedeu a ele somente, e concedeu a Igreja. Por que Pedro significava a Igreja, Igreja que é o Corpo de Cristo.” (Sermão149,7)

Pouco depois, o Senhor, naquele mesmo lugar, depois destas palavras com as que ele aprovou da fé de Pedro e mostrava que essa fé era a rocha.” (Sermão 183,14)

Pois, quem era Pedro senão uma figura da Igreja? Assim, pois, quando o Senhor interrogava Pedro, nos interrogava, interrogava a Igreja. Para que duvidais que Pedro era a figura da Igreja, recorde aquele lugar no evangelho: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão; te darei as chaves dos reinos dos céus. É um homem só que as recebe. O que são as chaves do reino dos céus, indicou ele mesmo: O que ligares na terra será ligado no céu também, e o que desligares na terra será desligado também no céu. Se isto foi dito a um único Pedro, somente Pedro o realizou; uma vez morto ou partindo ele, que liga e desliga? Me a trevo a a dizer que estas chaves também nós as temos.(Sermão 229 N, 2)

Recorde que, quando o próprio Jesus perguntou a seus discípulos: ‘Quem dizeis os homens que é o Filho do homem?’, lhe responderam com diversas opiniões: Uns afirmaram, dizendo, que era Elias, e outros João Batista, e outros Jeremias ou algum dos profetas. Estas eram as palavras dos estranhos, não as dos discípulos. E aqui que os discípulos responderam a mesma pregunta. Agora, que dizeis que sou? Me apresentaram diversas opiniões dos outros; quero escutar o que vocês creem. Então disse Pedro, um por todos, pois é a unidade entre todos: Tu és Cristo, o filho do Deus vivo. Tu não é qualquer um dos profetas, mas o Filho do Deus vivo, o cumprimento dos profetas e o criados anjos: Tu és Cristo, o Filho do deus vivo. Pedro escutou o que para ele foi um horror ouvir daquela voz: Bendito é tu, Simão, filho de João, por que não te revelou a carne e o sangue, mas meu pai que está nos céus. E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a mina Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão. Te darei a chaves do reino dos céus, e todo o que ligares na terra será ligado no céu também, e todo o que desligares na terra será desligado também no céu. A fé, no homem, mereceu escutar estas palavras.(Sermão232,3)

São Pedro, o primeiro dos apóstolos, que amou ardentemente a Cristo, e que chegou a ouvir dele as palavras: ‘por isso eu digo: Tu és Pedro’. Pois ele havia dito antes: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo’. E Cristo respondeu: ‘Por isso eu digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.’ Sobre esta pedra edificarei a esta mesma fé que professa. Sobre esta declaração você fez: ‘Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo, edificarei a minha Igreja. Porque tu és Pedro’. ‘Pedro’ é uma palavra derivada de ‘pedra’, e não vice-versa. ‘Pedro’ vem de ‘pedra’, assim como ‘cristão’ vem de ‘Cristo’. O Senhor Jesus, antes de sua paixão, como você sabe, escolheu os seus discípulos, a quem deu o nome de apóstolos. Entre eles, Pedro foi o único que representava toda a Igreja em quase toda parte. Portanto, assim como ele representou em sua pessoa para toda a Igreja, pode escutar estas palavras: ‘Eu te darei as chaves do reino dos céus’. Porque estas chaves foram recebidas não para apenas um homem, mas toda a Igreja. Daí a excelência da pessoa de Pedro, como ele representava a universalidade e unidade da Igreja, quando ele disse: ‘vou dou, tratando se de algo que foi dado a todos. Bem, para que saibais que a Igreja recebeu as chaves do reino dos céus, ouvie o que o Senhor disse em outro lugar a todos os seus apóstolos: ‘Recebei o Espírito Santo’. E então: a quem perdoardes os pecados serão perdoados, que os retiverdes lhes são retidos. Nesse sentido, o Senhor, depois de sua ressurreição, confiou a Pedro suas ovelhas para apascenta-las. Não que ele era o único dos discípulos que tinham o encargo de apascentar o rebanho do Senhor, é que Cristo, em virtude de se referir a um, significava a unidade da Igreja, e, se direcionado a Pedro em detrimento de outros, é porque Pedro é o primeiro entre os apóstolos. Não fique triste,apóstolo, responde uma vez, responde duas, responde três. Fez por três vezes a sua profissão de amor, já que três vezes o medo venceu a sua presunção. Três vezes deve ser desligado o que três vezes você tinha ligado. Desligado através do amor o que você tinha ligado através do medo. Apesar da sua fraqueza, pela primeira, segunda, e terceiro vez, o Senhor confiou suas ovelhas a Pedro(Sermão 295 PL 38,1348-1352)

O bem-aventurado Pedro, o primeiro dos apóstolos, amante do Senhor Jesus Cristo, enquanto negador..(Sermão 296,1)

Não vamos ouvir aqueles que negam que a Igreja de Deus é capaz de perdoar todos os pecados. Eles estão errados, porque eles não reconhecem em Pedro a Rocha e eles se recusam a acreditar que as chaves do céu, a partir de suas próprias mãos, foram entregues à Igreja.” (O combate Cristão, 31,33)

Não dê ouvidos a quem se afastou da unidade e preferiram ser chamados luciferianos ao invés de católicos… por que em parte alguma reina as entranhas da misericórdia tanto quanto na Igreja Católica; como verdadeira mãe, você não deve insultar orgulhosamente aos filhos pecadores nem por dificuldades ao perdão dos filhos arrependidos. Não sem razão o faz Pedro as vezes da Igreja Católica entre todos os apóstolos. Pois esta Igreja foram dadas as chaves do reino dos céus, quando lhes deram a Pedro…” (O Combate Cristão, 30,32)

E uma vez que a pedra é uma interpretação de toda a Igreja, também devemos estendê-la a Pedro, por esta razão, recebeu do Senhor o apelido de pedra. O pico da rocha é a cabeça da Igreja.(Anotações Sobre O Livro de Jó, 30,32)

Mesmo deixando de lado, repito, esta sabedoria que você não acredita que está na Igreja Católica, há muitas outras coisas que me mantêm em seu ventre. Eu tenho o consenso dos povos e nações; me sujeita a sua autoridade apresentada por milagres, alimentada com a esperança,  aumentada com amor, e estabelecida com a antiguidade. Me sijeita  a sucessão de sacerdotes da mesma cátedra do apóstolo Pedro, a quem o Senhor confiou, depois da sua ressurreição, o pastoreio de suas ovelhas até o presente episcopado. Me sujeita finalmente o mesmo nome de “Católica” que não sem motivo só esta Igreja obteve entre tantas as heresias.”(Réplica a carta chamada «Do Fundamento», 4 )

O que te fez a cátedra da Igreja Romana, em que Pedro se sentou, na qual hoje se senta Anastácio?(Réplica a cartas de Petiliano, Livro II, 51,18)

 

Certo que o cisma se opõe à unidade, mas também se opõe à tripla comunhão plena de fé, dos sacramentos e do amor, quando se mantém com orgulho e presunção, porque, então, manifestamente resiste doutrina católica com teimosia, e se faz herege, porque  herege é aquele que, orgulhoso e teimoso, rejeita a regra de fé dada pela Igreja Católica em união com Pedro. (Epist. 43 (ano 397): 1; De baptismo (ano 400-401): 4)

 

PARA CITAR


ARRAIZ, José Miguel. Santo Agostinho e a Rocha de Matues 16, 18. Disponível em: <http://apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/644-santo-agostinho-e-a-rocha-de-mateus-16-18>. Desde: 19/05/2014. Tradução: Rafael Rodrigues

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