Sábado, Dezembro 21, 2024

Refutando acusações contra o livro deuterocanônico de Judite

O livro de Judite é a historia da vitória do povo eleito de Deus sobre seus inimigos, graças à intervenção de uma mulher. Foi escrito por volta do ano 150 d.C, segundo a crítica moderna.

Nabucodonosor, (personificação de seu pai Nabopolosar) rei de Nínive, envia seu general Holofernes para subjugar os judeus e, rapidamente, assediá-los em Betúlia, uma cidade à beira do sul da planície de Esdrelon. Aquior, o amonita, que fala em defesa dos judeus, é maltratado por ele e enviado para a cidade sitiada para aguardar até que Honofeles executasse sua punição. A Fome enfraquece a coragem dos sitiados e eles se rendem, mas Judite, uma viúva, repreende-os e diz que irá deixar a cidade. Ela vai para o acampamento dos assírios e cativa Holofernes por sua beleza e, finalmente, tira proveito da intoxicação do general para cortar sua cabeça. Inviolada ,ela retorna para a cidade e com a cabeça de Holofernes como um troféu os judeus planejaram um ataque que resultou na derrota dos assírios. O livro termina com um hino ao Todo-Poderoso feito por Judite para comemorar sua vitória.

O livro pode dividir-se nas seguintes partes:

1. Acontecimentos antes do cerco a Betúlia (1,1-6,21): o poder de Nabuco­dono­sor (1); expedição de Holofernes (2); conduta das nações pagãs (3); os judeus preparam-se para a guerra (4); discurso de Aquior a Holofernes (5); resposta de Holofernes (6).

2. Vitória dos judeus (7,1-16,25): a situação torna-se difícil em Betúlia (7); Judite diante dos chefes do povo (8); a oração de Judite (9); a caminho do acampamento assírio (10); na presença de Holofernes (11); Judite na ceia de Holofernes (12); regresso triunfante à cidade (13); ataque contra os assírios (14); vitória completa dos Judeus (15);

3. Cântico de Judite (16,1-17);

4. Con­clusão da história de Judite (16,18-25). (CAPUCHINHOS, 2008).

I. Provando Autenticidade

Muito embora os que não aceitam o livro de Judite tentem acusá-lo de todas as formas, os apóstolos faziam amplo uso deste livro, como é verificado nas cartas paulinas. A seguir veja um pequeno exemplo em I Coríntios:

É como está escrito: Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito, porque o Espírito penetra tudo, mesmo as profundezas de Deus. Pois quem conhece as coisas que há no homem, senão o espírito do homem que nele reside? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.” (I Coríntios 2, 9-11).

Vê-se aqui Paulo citando como “está escrito” uma passagem de Isaías:

Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera.” (Isaias 64, 4).

E logo em seguida refere-se à passagem de Judite:

Pois não sois capazes de sondar a profundeza do coração humano nem de captar as razões do seu pensamento: como, então perscrutaríeis a Deus, que fez todas estas coisas, conhecereis o seu pensamento e sondaríeis o seu projeto? Absolutamente, irmãos, não provoqueis o Senhor nosso Deus!” (Judite 8, 14).

Ousaria São Paulo fazer uma livre combinação entre Isaías e Judite caso não admitisse o caráter inspirado de qualquer um dos dois registros? Ousaria ele dizer “está escrito” (como comumente se refere quando cita um livro sagrado) e fazer referência a um livro “apócrifo” ou, o que é pior, fazer a associação de um trecho extraído de um livro canônico com um trecho pertencente a uma obra de inspiração puramente humana?

Outro uso que Paulo faz de Judite está na mesma carta aos coríntios:

Nem tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, e pereceram mordidos pelas serpentes. Nem murmureis como murmuraram alguns deles, e foram mortos pelo exterminador. Todas estas desgraças lhes aconteceram para nosso exemplo; foram escritas para advertência nossa, para nós que tocamos o final dos tempos. Portanto, quem pensa estar de pé veja que não caia.” (I Cor 10, 10-12).

Aqui, ele está falando sobre os hebreus e Moisés na saída do Egito, quando foram mordidos pelas serpentes, o que é elucidado nos versículos anteriores a esses aqui citados. Deve-se notar que Paulo diz que eles murmuraram e “foram mortos pelo exterminador”. Ora, em nenhum lugar do Pentateuco é mencionado que eles “foram mortos pelo exterminador”. Então, de onde Paulo tirou isso? Qualquer protestante pode procurar em sua Bíblia de Gênesis ao profeta Malaquias que não irá encontrar nada a respeito da morte dos hebreus pelo tal “exterminador” quando murmuraram, pois isso só pode ser encontrado no livro de Judite. Vejamos:

Assim Isaac, assim Jacó, assim Moisés, e todos os que agradaram a Deus permaneceram fiéis apesar das muitas tribulações. Aqueles, porém, que não aceitaram essas provações no temor ao Senhor e se impacientaram, murmurando contra ele, foram feridos pelo Exterminador e pereceram pelas serpentes. Por isso não nos irritemos por causa do que sofremos.” (Judite 8, 23-26).

Fica claro aqui que Paulo extraiu esse relato do livro de Judite. Ousaria Paulo acrescentar algo à história de Moisés, se isso não fosse inspirado? Paulo iria extrair relatos sobre a história dos hebreus de um livro que não fosse inspirado acrescentando ao relato bíblico um conto de uma obra puramente humana? Nota-se, portanto, que Paulo usava o livro de Judite livremente como qualquer outro livro do Antigo Testamento, extraindo dele discursos, provas históricas e recomendações.

II. Refutando Acusações

Acusação:

Judite (150 a.C) É a História de uma heroína viúva e formosa que salva sua cidade enganando um general inimigo e decapitando-o. A grande heresia é a própria história onde os fins justificam os meios”.

Para começar com a resposta a essa acusação cheia de erros e ignorante a respeito da historia de Judite, é necessário elucidar que a mesma historia vivida por Judite é vivida por Ester. Se a heresia é “os fins justificam os meios”, temos que tirar vários livros da Bíblia. Como já mostrado no livro de Tobias, vários patriarcas enganaram ou fizeram algo “fora da lei” para atingir um objetivo bom.

Novamente, convém mostrar: Abraão mentiu dizendo que sua mulher Sara era sua irmã, para livrar sua pele. (cf. Gênesis 20, 2). Deus beneficiou as parteiras que mentiram para o faraó para proteger Moisés (cf. Ex 1,15-21). A prostituta Raabe mentiu para os homens do rei de Jericó, para proteger os espiões Israelitas. (cf. Josué 2, 1-6). Eliseu mentiu para os sírios, guiando-os para Samaria. (cf. 2 Reis 6, 8-23). Jeú mentiu para emboscar e matar os adoradores de Baal.( cf. 2 Reis 10, 18-28). Em Todas essas passagens “os fins” serviram para justificar “os meios”, pois os atos aparentemente “errados” foram justificados pela intenção de cada um que era fazer uma coisa boa, ou seja, se “os fins justificarem os meios” for uma heresia, todos estes livros são heréticos.

Acusação:

Esse livro contém erros históricos, geográficos e cronológicos.

É fato que existem algumas dificuldades no livro de Judite. Explicaremos, a seguir, a todas elas, porém, de maneira nenhuma “erros históricos, geográficos e cronológicos” são critérios para descanonizar um livro ou chamá-lo de herético, visto que vários livros da Bíblia contêm várias imprecisões, tais como o livro de Ester, o qual relata Ester como mulher do rei Artaxerxes, quando a história geral revela que a mulher de Artaxerxes era Amestris e não ela. Logo, nenhuma dessas possíveis imprecisões é critério para tirar a canonicidade do livro de Judite.

Quanto à explicação das dificuldades históricas e geográficas do livro de Judite, de acordo com o que podemos chamar crítica “conservadora” (isto é, Calmet) essas aparentes dificuldades podem ser cada uma harmonizadas com a visão de que o livro é perfeitamente histórico e lida com fatos que realmente aconteceram. Assim, os erros aparentes podem ser atribuídos aos tradutores do texto original ou a copistas que viveram muito tempo depois que o livro foi composto e, consequentemente, ignoraram os detalhes históricos mencionados. (Calmet, 1885).

Fulcran Vigoroux (1900), no entanto, de acordo com as descobertas na Assíria, identifica Nabucodonosor com Assur-bani-pal, o contemporâneo de Phraortes. Isso lhe permite referenciar os eventos para o tempo do cativeiro de Manassés sob Assur-bani-pal (2 Crônicas 33, 11). É defendido ainda que a campanha conduzida por Holofernes é bem ilustrada nos registros de Assur-bani-pal que chegaram até hoje. E esses fatos, sem dúvida, dão uma explicação da aparente alusão ao cativeiro que, segundo o livro, foi realmente uma restauração, mas sob Manassés, não sob Esdras.

Também é dado detalhes sobre a morte do marido de Judite (8, 2-4), que dificilmente pode ser atribuído a uma obra fictícia ou falsa, mas são antes indicações de que Judite representa uma heroína realmente existente. Com relação ao estado do texto que temos hoje, deve-se notar que as variantes dos manuscritos apresentados em várias versões são eles próprios uma prova de que as versões foram derivadas de uma cópia e datam de um longo período antecedente ao tempo de seus tradutores.

Poucos escritores católicos não estão satisfeitos com a solução de Calmet em relação às dificuldades do Livro de Judite. Eles consideram que os erros de tradutores e de escribas não são uma explicação suficiente para este problema. Esses poucos católicos, juntamente com os não católicos, cujo objetivo é lançar o livro no mais completo reino da ficção, garantem-nos que o Livro de Judite tem uma base histórica sólida, pois Judite não é personagem mítico. Ela, e seu ato heroico, viveram na memória do povo, mas as dificuldades do livro parecem mostrar que a história, hoje disponível, foi escrita em um período muito posterior aos fatos. (ENCICLOPÉDIA CATÓLICA, 1908).

Acusação:

Além de doutrinas obviamente heréticas; eles até aconselham atos imorais (Judite 9, 10-13) e vingança (Judite 9, 2).

Aqui é demonstrado mais um enorme desconhecimento bíblico, teológico e por que não dizer também uma falta de honestidade grotesca. Para desmascarar esta acusação é imprescindível mostrar os versículos referenciados.

Primeiro, o versículo que supostamente aconselha “atos imorais”:

Eles ignoram que vós sois o nosso Deus, vós que desde todo o tempo sabeis deter as guerras e que vosso nome é o Senhor. Levantai o vosso braço como nos tempos antigos e quebrai o seu poder com a vossa força; caia diante de vossa cólera o poder daqueles que prometeram a si próprios violar o vosso santuário, profanar o taberná­culo de vosso nome e derrubar com um golpe de espada os cornos de vosso altar. Fazei, Senhor, que o orgulho desse homem seja cortado com sua própria espada; seja ele preso no laço de seus olhos fixos em mim e feri-o com as doces palavras de meus lábios” (Judite 9, 10-13).

Bem, aqui não se sabe em qual lugar o acusador encontrou algum ato imoral, pois, em nenhum lugar Judite pratica um ato imoral. Se ele quis fazer menção ‘que o orgulho desse homem seja cortado‘, sugerindo que seria um cortar o orgão sexual, sinto informar que além de fazer livre exame do resto das escrituras quer fazer livre exame sob sua prória ardileza em cima dos livros deuterocanônicos, atribuindo interpretações onde não existem. O ‘Orgulho’ a que se refere o autor de Judite é ‘arrogancia, soberba e não o órgão sexual do homem.  Talvez para o protestante a circuncisão ordenada por Deus em vários livros da bíblia também é algo imoral.

O acusador não satisfeito em propagar calúnias contra o santo livro, ainda tem a audácia de dizer que o livro ensina “atos imorais”, como se a passagem tivesse ensinando a alguém isso, ou sugerido tal pratica.

Segundo, a passagem que supostamente ensina “vingança”:

Senhor, Deus de meu pai Simeão, que lhe destes a espada para se vingar dos estrangeiros que, arrastados pela paixão, violaram uma virgem, descobrindo lhe, vergonhosamente, a nudez” (Judite 9, 2).

Será que o livro de Judite difere em alguma coisa dos livros do Antigo Testamento? Qualquer pessoa intelectualmente honesta deverá dizer que não, pois outros livros trazem o seguinte:

Sansão, porém, invocando o Senhor, disse: Senhor Javé, rogo-vos que vos lembreis de mim. Dai-me, ó Deus, ainda esta vez, força para vingar-me dos filisteus pela perda de meus olhos.” (Juízes 16, 28).

Será que o livro de Juízes também está ensinando vingança? Será que vai se tornar herético por causa disso?

Então Josué, em presença de todo o Israel, pegando em Acã, filho de Zara, com a prata, o manto, a barra de ouro, os filhos e as filhas de Acã, seus bois, seus jumentos, suas ovelhas, sua tenda e tudo o que lhe pertencia, levou-os ao vale de Acor. Chegando ali, Josué disse: Por que nos confundiste? O Senhor te confunda hoje! Todos os israelitas o apedrejaram. E foram queimados no fogo depois de terem sido apedrejados. E juntaram sobre Acã um grande monte de pedras, o qual subsiste ainda hoje. Com isso aplacou-se o furor do Senhor. É por esse motivo que o lugar traz ainda agora o nome de vale de Acor.” (Josué 7, 24-26).

Devemos retirar o livro de Josué da Bíblia onde com requintes de crueldades Josué mata a família inteira de Acã por ter cometido um pecado?

Deste modo extirparás o mal do teu meio, para que os outros ouçam, fiquem com medo e nunca mais tornem a praticar o mal no meio de ti. Que teu olho não tenha piedade. Vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé” (Deuteronômio 19, 19-20).

Será que Deuteronômio está ensinando falta de piedade?

A antiga lei ensinava:

Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé...” (Êxodo 21,24).

Quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado algum homem, assim lhe será feito.” (Levítico 24, 20).

O teu olho não terá piedade dele; vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” (Deuteronômio 19, 21).

Será que todas essas passagens são sinais de “amor ao próximo” ou de “vingança”? Será necessário agora, então, descanonizar todos esses livros, porque eles ensinam vingança e atos imorais?

Desse modo, verifica-se que tais argumentos são subjetivos e passionais. Não se atendo à realidade veterotestamentária, o acusador invalida vários livros que ele mesmo “considera” como canônicos.

Acusação:

Judite identifica Nabucodonosor como rei dos Assírios (Judite 1, 1-7), quando na verdade ele era rei dos Babilônios (2 Reis 24, 1).

Primeiro, da mesma forma que o livro de Judite fala isso, Mateus atribui ao profeta Jeremias uma profecia de Zacarias (Mateus 27,9). Por isso, Mateus será descanonizado agora?

Segundo, na referida passagem não há um erro histórico ou uma contradição do livro de Judite. Isso seria, no máximo, uma imprecisão ou, na realidade, uma alusão ao pai de Nabucodonosor, figurado por seu filho.

Sabemos pela história geral que na realidade quem reinou sobre os assírios foi Nabopolosar de 627 a 605 a.C, quando morreu no mês de agosto desse último ano. Nabopolosar subjugou e reinou sob Nínive e a destruiu em 608. Logo após a sua morte, quem assumiu o trono foi seu filho Nabucodonosor, portanto, possivelmente, ou mesmo obviamente, o autor de Judite personificou Nabopolosar na pessoa de seu filho Nabucodonosor. Sem contar que com as recentes descobertas, é possível identificar Nabucodonosor com seu pai Assur-bani-pal.

Assim, não há nenhum erro no livro de Judite a respeito de onde Nabucodonosor reinou. Foi apenas uma alusão feita pelo autor de Judite, o que da mesma forma se dá com Zacarias: segundo o livro de Zacarias 1, 1, o profeta se identifica como “filho de Baraquias” (o que se confirma por Isaías 8,2 e Neemias 12,16. o qual acrescenta ser ele pertencente à família de Ado), porém, Esdras 5, 1 e 6, 14 o chama de “filho de Ado”. Ora, será que Esdras errou a respeito de quem era o pai de Zacarias, já que ele próprio se identifica como filho de Baraquias e Esdras diz ser ele filho de Ado? Claro que não. Isso tudo é apenas alusão a pais e filhos e descendentes. Aconteceu apenas que Esdras personificou Ado em Baraquias. Dessa mesma maneira, o livro de Judite se refere a Nabucodonosor e Nabopolosar.

Acusação:

Uma Mulher que Jejuava Todos os Dias de Sua Vida (Judite 8, 5-6). Este texto legendário tem sido usado por romanos relacionado com a canonização dos “santos” de idolatria. Em nenhuma parte da Bíblia jejuar todos os dias da vida é sinal de santidade. Cristo jejuou 40 dias e 40 noites e depois não jejuou mais. O livro de Judite é claramente uma produção humana, uma lenda inspirada pelo Diabo, para escravizar os homens aos ensinos da igreja Católica Romana.

Aqui, temos um daqueles tristes casos onde a emoção e o ódio superam a razão, e em que o subjetivismo protestante tenta se fundamentar no repúdio à Igreja de Cristo, partindo não para a argumentação teológica, mas sim, para o ataque emocional ao leitor. É inexplicável como tal acusação pode ter sido formulada. O livro ser declarado “diabólico e escravizador”, por relatar uma mulher que jejuava todos os dias, é, no mínimo, estúpido. E também se referir à canonização dos santos por causa do jejum, onde está isso no texto? Tal argumentação é deprimente, mas para não deixá-la em branco, será respondida.

A passagem referenciada:

Ela tinha feito no andar superior de sua casa um quarto reservado para si, no qual se conservava retirada com suas criadas. Trazia um cilício sobre os rins e jejuava todos os dias, exceto nos sábados, nas luas novas e nas festas do povo israelita.” (Judite 8, 5-6).

A mulher não jejuava todos os dias de sua vida, ela comia de tudo “aos sábados, nas luas novas e nas festas do povo israelita”. Não há nenhum problema em Judite ou qualquer outra pessoa jejuar todos os dias, isso não indica que ela não comia nada, aqui também temos uma profunda ignorância sobre qual era o jejum Israelita. Jejuar não significa necessariamente passar fome o dia todo, mas sim também se abster da comida comum diária e ficar a pão e água, por exemplo.

No dia do Yom Kipur (dia do perdão) para Israel, os judeus passam 25 horas jejuando, mas ingerem pão e água durante o dia, e no jantar fazem uma ligeira refeição. Eles não passam fome. Isso era, então, o que Judite fazia. Da mesma forma que Judite jejuava todos os dias, o livro de Lucas descreve a profeta Ana que jejuava de dia e de noite, e não se afastava do templo:

E estava ali a profetisa Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Esta era já avançada em idade, e tinha vivido com o marido sete anos, desde a sua virgindade; E era viúva, de quase oitenta e quatro anos, e não se afastava do templo, servindo a Deus em jejuns e orações, de noite e de dia. (Lucas 2, 36-37).

Jesus ficou quarenta dias e quarenta noites jejuando (Mateus 4, 2). Será que 40 dias diretos de jejum também é um ato diabólico para escravizar pessoas à Igreja Católica? Seria Jesus um católico escravizador? Também Moisés passou 40 dias e 40 noites sem comer pão nem beber água e continuou vivo (Êxodo 34, 28); nem por isso morreu ou foi considerado diabólico. Semelhantemente Elias, o profeta, depois de sua fase de depressão fez uma única refeição e caminhou 40 dias só com os nutrientes dessa mesma refeição:

Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.” (I Reis 19, 8).

Lucas, Mateus, Êxodo e Reis são também “uma produção humana, uma lenda inspirada pelo Diabo, para escravizar os homens aos ensinos da Igreja Católica Romana”? Teríamos, aqui, mais quatro livros “diabólicos”?

Todos os outros livros podem relatar histórias de pessoas, passando vários dias sem comer absolutamente nada, e só o livro de Judite que não pode relatar a vida de uma pessoa que se alimentava, restritamente, durante a semana e só comia abertamente nos sábado e nas festas?

Esta é mais uma acusação sem fundamento nenhum, que demonstra irracionalidade e ódio à Igreja de Cristo. Argumentos fundados sobre um mar de lama que não possuem firmeza nem coerência. Fica provada, claramente, a completa canonicidade do livro de Judite e refutadas todas as acusações sobre ele feitas. Este livro, como foi visto, não tem nada de discordante do resto das Escrituras.

PARA CITAR


RODRIGUES, Rafael. Refutando acusações contra o livro deuterocanônico de Judite. Disponível em <https://apologistascatolicos.com.br/refutando-acusacoes-contra-o-livro-deuterocanonico-de-judite/>. Desde 21/04/2024.

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