Quarta-feira, Maio 8, 2024

Tréplica a tentativa de argumentação protestante sobre São Jerônimo e os deuterocanônicos.

Introdução

No dia 03 de Março de 2012, foi publicado aqui no site o artigo “São Jerônimo rejeitou os deuterocanônicos? (http://apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/deuterocanonicos/503-sao-jeronimo-rejeitou-os-deuterocanonicos) de minha autoria com a colaboração do nosso amigo Matt. O referido artigo foi mencionado e comentado em um blog protestante de nome “Conhecereis a Verdade”. Este comentário realizado pelo dono do blog (Não o nome dele, por que não se identifica em seus artigos) foi publicado no dia 12 de julho de 2012 e é objeto de nosso presente artigo.

Este artigo é uma tréplica à réplica apresentada pelo blog, se é que podemos chamar de réplica o seu comentário ao meu artigo, que jugo ser de péssimo gosto, não por discordar dos meus argumentos, mas por querer convencer o leitor não pela força dos argumentos, mas por falácias comentários e questionamentos vagos usando ginásticas mentais para negar o que é óbvio. Por vezes diz que eu adulterei os escritos de São Jerônimo em minha tradução, sem prová-lo. Por esta razão lhe daremos atenção e provaremos que aqui quem está mentindo e adulterando escritos alheios, denunciando ao leitor os artifícios enganadores usados pela apologética protestante no Brasil, herdados do fundamentalismo protestante americano.

Chamaremos o autor desta “refutação” de “sr. verdade” (por sugestão ao nome do seu blog), já que não sabemos o seu nome.

Parte desta matéria em resposta ao artigo do nosso site, nada mais é do que a tradução de uma tentativa de Ray Aviles (protestante americano) em 2006 [pode ser acessada aqui] de refutar o Matt. Esse protestante já foi devidamente colocado no seu lugar com uma bela resposta do Matt. [pode ser vista aqui], porém o protestantismo brasileiro insiste em repetir a mesma peripécia já refutada do protestantismo americano. Para não ter que escrever exatamente a mesma coisa que o Matt já escreveu, vamos também traduzir partes relevantes da resposta dele, e acabar com o murmúrio protestante de uma vez por todas. Os escritos de São Jerônimo estarão em Azul, a pseudo-refutação em vermelho e minha resposta em preto

Refutação

“Mas como veremos a seguir todo o seu artigo é uma enorme sugestão de falsidade, ou seja, uma mentira.”

Na verdade, como veremos a seguir o que é “uma enorme sugestão de falsidade, ou seja, uma mentira” é toda essa falácia apresenta pelo blog.

“Dámaso não pediu a Jerónimo que traduzisse a Vulgata Latina (Tradução das escrituras do original para o Latim).

Dámaso pediu a Jerónimo DUAS coisas:

1. Uma revisão dos Salmos […]

2. Uma revisão do NOVO TESTAMENTO […]“

Ele cita isso aqui quando eu falo que Papa Dâmaso pediu solicitou a São Jerônimo a tradução das escrituras para o Latim, ou seja, a Vulgata.

Qualquer um que estudou a história da vulgata vai saber o óbvio, que não foi um decreto do Papa Dâmaso que fez São Jerônimo traduzir a Vulgata, porém o nosso amigo não conseguiu imaginar que eu quisesse dizer apenas que com o pedido de revisão dos Salmos e do NT pelo Papa foi o que deu o start up para a tradução da Vulgata, ou seja, a partir do pedido de Dâmaso a vulgata nasceu.

Então quando falei “apedido deste começou a traduzir a Vulgata Latina”, não significa necessariamente que eu esteja dizendo que o Papa Damaso baixou o decreto de tradução das escrituras para o Latim, mas sim que um pedido dele que deu o embalo para a confecção da supracitada tradução. Inclusive o autor que eu cito como fonte, faz da mesma forma que eu, e nem por isso eu entendi o que o protestante entendeu. Vamos ter que colocar notas de rodapé, nas matérias agora, dizendo “aqui eu digo assim” e “ali eu digo assado”, para os protestantes poderem compreender o que escrevemos.

Jerônimo aceitou o cânon hebraico de 22 livros (ou 24, dependendo da convenção).

Isso aqui foi escrito em 392 d.C no indica que foi sua opinião pelo resto de sua vida.

“E assim há também vinte e dois livros do Antigo Testamento; isto é, cinco de Moisés, oito dos profetas, nove dos hagiógrafos, embora alguns incluam Ruth e Kinoth (Lamentações) entre os hagiógrafos, e pensam que estes livros devem contar-se por separado; teríamos assim vinte e quatro livros da Antiga Lei”. (Prefácio a Samuel e Reis)

e  rejeitou a canonicidade dos escritos apócrifos ou que tivessem a mesma autoridade que os textos hebraicos.

Novamente escritos datados de tempos mais antigos, não figuram a opinião do autor por toda a sua vida, nem as circunstancias em que ele citou os livros como não canônicos!

“Este prólogo às Escrituras pode servir como um prefácio com elmo para todos os livros que vertemos do hebraico para o latim, para que possamos saber – os meus leitores tanto como eu mesmo – que qualquer [livro] que esteja para lá destes deve ser reconhecido entre os apócrifos. Portanto, a Sabedoria de Salomão, como se a titula comummente, e o livro do Filho de Sirá [Eclesiástico] e Judite e Tobias e o Pastor não estão no Cânon. (Prefácio a Samuel e Reis)

Ninguém deve ser incomodado pelo fato de a minha edição ser composta por apenas um livro, nem ninguém deve se deleitar nos sonhos encontrados no terceiro e quarto livros apócrifos. Pois entre os hebreus os textos de Esdras e Neemias constituem um único livro, e aqueles textos que não são usados por eles e não se ocupam com os vinte e quatro anciãos devem ser rejeitados. (Prefácio a Esdras)

“Portanto, como a Igreja lê os livros de Judite e Tobite e Macabeus, mas não os recebe entre as Escrituras canónicas, assim também lê Sabedoria e Eclesiástico para a edificação do povo, não como autoridade para a confirmação da doutrina Igreja” (Prefácio aos escritos de Salomão)

Portanto, Jerónimo acreditava que o cânon hebraico de 22 livros (ou 24 livros, dependendo de como eles são contados) devia ser o cânon autorizado do Antigo Testamento.

Isso daqui eu já tinha citado no meu artigo, mostrando que essa era sua opinião inicial, mas o nosso amigo insiste em repetir. Como já dito o prefácio de Samuel e Reis foi de 392 d.C e o de Esdras em 394 d.C. O sr. “verdade” implica que o que ele escreveu nestas datas, significa o que ele pensou sua vida toda de todos os livros deuterocanônicos. Isso é enganoso. São Jerônimo viveu ainda mais 26 anos após esta data, quando morreu em 30 de setembro de 420. Como dito no meu outro artigo ele cita esses livros 55 vezes em nossa leitura da edição de Schaff de seus escritos, tanto antes como depois destes prefácios, e pelo menos de acordo com os próprios escritos de São Jerônimo, lemos Susanna e os hinos dos três jovens, por exemplo, tratados como Escritura por ele, como veremos, então essas coisas que são percebidas nos prefácios não indicam o que ele pensou em toda a sua vida.

Vamos vê-lo citando os deuterocanônicos em datas perto dos seus últimos escritos contra os pelagianos e também se referindo aos livros deuterocanônicos no combate à heresia pelagiana. Na prática, trata-os assim como ele faz com os outros livros da bíblia que são inquestionavelmente reconhecidos por ele.

Com isso dito, São Jerônimo, 11 anos depois de seu prefácio, escreveu que o que ele escreveu no prefácio de Daniel, não reflete seus sentimentos sobre as adições deuterocanônicos para Daniel:

“Mas quando eu repeti o que os judeus dizem contra história de Susana, o hino dos 3 Jovens, e a estória de Bel e o Dragão, que não estão contidos na bíblia hebraica, o homem que fez esta acusação contra mim prova que ele mesmo é um tolo e um caluniador. Pois eu expliquei não o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós. Eu não refutei a opinião deles no prefácio por que eu sendo breve, e cuidadoso para não parecer que eu não estava escrevendo um prefácio e sim um livro. Eu disse, portanto, ‘aqui não agora não é o momento para entrar em discussão sobre isto.’” (Apologia contra Rufino, Livro 2, 33)

Assim, ao escrever sobre seus comentários sobre o seu próprio prefácio, ele escreve explicitamente que os seus comentários depreciativos apenas refletiam o que os judeus disseram. Então, esta presunção ainda no prefácio de que o sr. Verdade aponta-nos, nos mostra que isso não é o que o próprio Jerônimo pensava. Ele está explicando que, mesmo em 391-393, ele nunca quis assumir a posição de que o sr. Verdade está dizendo que ele tomou. Isso explicaria por que três vezes ele cita estes livros favoravelmente em conjunto com outras Escrituras.

“Claro que se constata que a Igreja da Palestina não rejeitava estes livros. Que grande novidade nos dá o apologista católico! Estes livros não caíram do céu na Igreja. Eles estavam incluídos nos códices da Septuaginta que eram utilizados pelos cristãos de língua grega. Mas isso por si só não garante que estes livros não ensinem heresias nem a sua canonicidade. Aliás, nestes mesmos códices também estavam incluídos livros que a igreja romana hoje não aceita como canónicos.”

Aqui ele fala da parte onde digo que os deuterocanônicos estavam em posse da Igreja e eram lidos.

Ahh, então está bem, só por que já se sabe de um argumento não é necessário citá-lo?

Como disse os livros estavam em posse da Igreja da Palestina, eles não continham heresias, mas segundo o nosso amigo eles poderiam ter heresias, então se assume aqui que livro heréticos eram lidos pela Igreja?

Ao contrário do que faz o protestantismo que repudia os livros totalmente, a Igreja primitiva apesar da hesitação de canonicidade de alguns, sempre teve posse e usou estes livros abertamente para a edificação do povo.

Os mesmos códices que estavam incluídos os outros livros que não são aceitos pela Igreja de Cristo como canônicos, nunca foram decretados como heréticos, nem sequer foi levanta alguma questão de heresia sobre eles, mas eram abertamente lidos para a edificação do povo.

“Comecemos pelo fim. Rafael Rodrigues afirma que Jerónimo faz menção aos livros deuterocanónicos “… cerca de 55 vezes.” Isto é fácil de refutar. Se Paulo citou escritores pagãos, como Menandro, Epiménides, ou Arato, por que motivo Jerónimo não poderia citar estes livros que ele disse serem bons para a edificação da igreja, bem como outros?. O facto de se fazer menção a um livro não quer dizer que se o considere canónico. Mas Rafael Rodrigues vai mais longe e diz que ele citou-os como Escritura na prática. E que conclusão tira disto? Nenhuma. Apenas parece sugerir que Jerónimo mudou de opinião em relação às suas afirmações anteriores, mas tal pode não ser o caso. Veremos isto mais abaixo.”

Não, não é fácil de refutar, apesar do pseudo-erudito dizer isso em sua falaciosa afirmação. Aqui mais um “argumento pronto” que roda a internet, a falácia protestante de quer comparar o modelo das citações dos deuterocanônicos com as menções a profetas pagãos por Paulo.

Vejamos a maneira como Paulo trata Menandro, por exemplo, em sua carta a Tito, 1, 11-13:

Um dentre eles, o profeta deles disse: Os cretenses são sempre mentirosos, feras selvagens, glutões preguiçosos. Esta asserção reflete a verdade. Portanto, repreende-os severamente, para que se mantenham sãos na fé,  Um dentre eles, o profeta deles disse:  ‘Os cretenses são sempre mentirosos, feras selvagens, glutões preguiçosos.’ Esta asserção reflete a verdade. Portanto, repreende-os severamente, para que se mantenham sãos na fé

Ele não escreve, “Está escrito: Os cretenses são sempre mentirosos, feras selvagens, glutões preguiçosos.’” para significarem Escrituras. Paulo cita Menandro, mas na verdade nunca chama nenhuma das citações dos pagãos de “Escritura” ou faz mesclas dos ditos de profetas pagãos com os livros sagrados, como Jerônimo e o próprio Paulo fazem com os deuterocanônicos. Ele não chama Menandro um ‘profeta de Deus’. Não é o profeta de Deus, mas “o profeta deles”. Em Paulo, esta passagem não é utilizada em conjunção com outras passagens das Escrituras para provarem uma mesma coisa ou ponto. Estes escritos são totalmente postos de lado, e claramente dar pra perceber que Paulo está apenas se referindo a eles por causa do conhecimento popular. Quando Paulo escreve: “Está escrito” sabemos que ele está falando da Escritura. São Jerônimo usa o termo “Está escrito” apenas aos livros deuterocanônicos e outros livros bíblicos, nunca a escritos pagãos. Ele usa os deuterocanônicos bem no meio de outras passagens das escrituras que os protestantes aceitam, o que difere totalmente do caso de Paulo.

Ao contrário do sugerido pelo nosso contendedor, vamos ver que Jerônimo referem-se a Baruc não como “profeta deles”, mas o profeta de Deus. Assim, como veremos, na prática, São Jerônimo usa eles em apoio explícito para a doutrina, chama-os de escritura, proféticos, e usa esses livros de forma alternada com os livros que o Sr. Verdade reconhece. Paulo não faz nada parecido com isso quando cita Menandro e os outros escritores pagãos. Além do que Paulo cita 3 vezes os escritores pagãos de forma bem diferente, isso é absolutamente irrisório face a 55 citações, são Jerônimo não iria se preocupar tanto em ficar fazendo citações de obras puramente humanas.

“Perceba o leitor o erro de lógica elementar aqui cometido. Ora, o facto de ele não colocar o livro de Baruc entre os não canónicos não implica que o considerasse canónico. Significa apenas que o omitiu da mesma forma que omitiu outros livros não canónicos para a Igreja de Roma hoje, como a Oração de Manassés, 1 Esdras ou o salmo 151.”

Ele fala isso quando eu digo que São Jerônimo não citou Baruc quando fala dos livros que são apenas eclesiásticos por que ele o aceitava como inspirado. Isso deixava claro que ele aceitou Baruc, porém nosso amigo quer colocar Baruc ao mesmo nível de I Esdras e outros que nunca foram aceitos pela Igreja.

Ora, Eu falei que ele aceitou Baruc, justamente por que no decorrer do artigo isso seria provado, quando São Jerônimo cita como escrituras:

ainda a nossa alegria não se deve esquecer o limite definido pela Escritura, e não devemos ficar muito longe da fronteira da nossa luta. Seus presentes, de fato, lembram me dos livros sagrados, pois nele Ezequiel adorna Jerusalém com braceletes, (Ezequiel 16, 11) Baruc recebe cartas de Jeremias (Baruc 6) e o Espírito Santo desce na forma de uma pomba no batismo de Cristo (Mateus. 3, 16)(A   Eustóquio, Epístola XXXI, 2 ).

Logo, o fato dele não ter citado Baruc entre os apenas eclesiásticos, não é o mesmo de não ter citado os livros apócrifos como I Esdras, e sim por que ele o aceitava como canônico.

“Quanto a Judite vejamos:”

Quanto a Judite vamos desmascarar!

Jerónimo diz que Mas porque este livro é encontrado, pelo Concílio de Nicéia, sendo contados entre o número das Sagradas Escrituras,concordei com o seu pedido” (Prólogo ao livro de Judite)

E Rafael Rodrigues diz Ou seja, ele reconhece o canonicidade de Judite devido uma promulgação do Concílio de Nicéia, tal citação não foi preservada nos cânones, cartas ou atas do concílio, só tomamos conhecimento disto através de Jerônimo. Portanto podemos ver, até agora, que ele aceitava Judite e Baruc como canônicos.”

“Há alguns problemas evidentes com este argumento:”

Não há nenhum problema com o meu argumento, há problemas de interpretação e conhecimento do nosso amigo que veremos logo abaixo.

“1) Jerónimo aceitou traduzir Judite depois de isso lhe ser pedido por dois bispos amigos. Para essa aceitação contribuiu a ideia de que este livro tinha sido aceite pelo concílio de Niceia entre as Sagradas Escrituras. Daqui, ao contrário do que faz o Rafael Rodrigues, não se pode tirar a conclusão que Jerónimo reconheceu a canonicidade de Judite.”

Bem aqui podemos ver de cara uma coisa, ele diz que apesar de São Jerônimo dizer que Judite foi aceito em Nicéia, não podemos concluir que Jerônimo reconhecesse o livro de Judite como canônico, ou seja, estaria indo contra o concílio de Nicéia! Alguém já pode imaginar isto?

Outro erro evidente é que o prefácio de Judite não foi direcionado aos bispos, o prefácio que foi direcionado a eles foi o de Tobias, a edição de Schaff coloca os 2 prefácios juntos, porém são direcionados a pessoas diferentes! Veremos mais adiante para quem foi endereçado este prefácio.

Novamente ele terá que nos mostrar que o que contribuiu para a tradução foi essa tal “idéia” e não um fato dele ter lido nos textos do concílio.

E claro que podemos tirar a conclusão que ele aceitou a canônicos evidentemente ele não iria contra o concílio de Nicéia, apesar dele ter mencionado anteriormente como não canônico.

“2) O Concílio de Niceia reuniu-se em 325. Ou seja, vinte anos antes de Jerónimo ter nascido, trinta e oito anos antes de ser batizado, e sessenta e seis anos antes de ter começado a traduzir a Vulgata. É muito improvável que Jerónimo, que já tinha traduzido Eusébio, não estivesse intimamente familiarizado com o Concílio de Niceia antes de escrever o prefácio a Samuel e Reis, quando disse “Judite e Tobias e o Pastor não estão no Cânon”.”

Novamente mais uma suposição que não chega a conclusão nenhuma! O fato de ele ter mencionado como “não estão no cânon”, não significa que os livros não sejam inspirados, lembrando que o termo “cânon” tem amplo uso na Igreja e pode significar os livros que eram lidos na liturgia, ou livros que eram lidos durante uma determinada festa, como por exemplo a páscoa, onde eram selecionados os livros para serem lidos na liturgia! Ou seja, ele poderia estar falando no cânon da Liturgia!

Além do que, mesmo ele estando familiarizado com o concílio de Nicéia, não indica que tudo o que lá estava escrito ele levou totalmente em consideração por algum motivo, por exemplo, este mesmo concílio, nos cânones XV e XVI, decretou que os bispos e padres não poderiam mudar de diocese, e no entanto vários bispos ainda continuaram mudando de dioceses principalmente no oriente, e isso não indica que este decreto não estavam nos cânones do concílio de Nicéia, ou que os bispos não sabiam disto!

“3) Não existe uma lista das Sagradas Escrituras saída de Niceia. Este concílio não tratou do conteúdo do cânon das Sagradas Escrituras mas sim de outras questões. Não me alongarei sobre o que terá levado Jerónimo a pensar que Judite foi aceite em Niceia. Limito-me a sublinhar que foi um engano o que contribuiu para Jerónimo aceitar o pedido de tradução. Não havia nenhum cânon de Niceia que confirmava Judite como canónico. Os cânones do Concílio de Niceia são de fácil leitura, assim como as histórias de Eusébio, e em nenhum lugar o livro de Judite é encontrado na discussão sobre a divindade de Cristo e na resposta à heresia Ariana.”

Ele repete a mesma coisa que eu já tinha dito, claro que não foram conservados os escritos, se não eu teria mostrado!

Novamente ele terá que nos mostrar de onde veio essa suposição de que levou a Jerônimo aceitar essa tradução, ele, no item anterior, disse que Jerônimo estava familiarizado com o concílio de Nicéia, então, se alguém chegasse para Jerônimo dizendo que Judite foi aceita por Nicéia, ele saberia exatamente isso e não seria enganado com uma “idéia”, como parece supor nosso amigo!

Além de tudo o concílio de Nicéia, não tratou somente da heresia ariana ou da divindade de Cristo, o concílio tratou de várias outras coisas, da já mencionada mudança de dioceses dos padres e bispos, de quem poderia ser recebido entre o clero, com quem os bispos poderiam morar, sobre a jurisdição do patriarca de Alexandria e etc. Logo Judite poderia estar dentre essas discussões, inclusive como exemplo de castidade para os padres e bispos! O problema é que não foi conservado!

“4) Se Jerónimo reconheceu o livro de Judite como canónico na altura em que o traduziu, então muito rapidamente mudou de opinião outra vez ao negar a sua autoridade. Em 394, um ano depois de traduzir Tobias e Judite a pedido dos bispos Cromácio e Heliodoro, traduziu novamente a pedido dos mesmos bispos os livros de Salomão (quatro livros, um tarefa que despachou em três dias).[…]”

Novamente nosso amigo abusando da capacidade mental do leitor. Evidentemente não se pode dizer que o prefácio de Judite foi escrito em 393 d., porque não há data específica para essa tradução, se formos dar uma olhada na edição de Schaff não tem absolutamente data nenhuma, então não se pode dizer que foi antes ou depois, e ao contrário do que o nosso amigo afirma a data da tradução dos livros de Salomão que foi em 393 d.C e pode ser vista aqui. Então se Tobias e Judite fossem traduzidos em 393 d.C teria sido no mesmo ano que os escritos de Salomão e não antes, então esse argumento cai por terra.

Ele escreveu um prefácio para Tobias endereçado a seus amigos Cromácio e Heliodoro e outro para Judite que segundo muitos estudiosos como Tillemont, foi um trabalho endereçado as suas amadas companheiras de Paula e sua filha Eustóquio, e é depois da data de Tobias e dos livros de Salomão. Portanto este trabalho não tem nada haver com aquele pedido por Cromácio e Heliodoro, para os quais ele endereçou o primeiro prefácio, além do que todos os prefácios para os bispos ele coloca a saudação no início. Então este relato de São Jerônimo foi depois dos discursos em que ele menciona Judite como não canônico!

“Livro II, 33. Em Referencia a Daniel minha resposta será que eu não disse que ele não era profeta; ao contrário eu confesso, no próprio início do prefácio, que ele era um profeta. Mas eu desejei mostrar qual era a opinião sustentadas pelos Judeus; e quais eram os argumentos que eles usavam para provar. Eu também disse ao leitor que a versão lidas nas Igrejas Cristãs não era a da septuaginta mas a se Teodocião. É verdade, Eu disse que a versão da septuaginta era neste livro muito diferente do original, e que foi condenada pelo justo julgamento das Igrejas de Cristo; Mas o erro não foi meu que relatei o fato, mas daqueles que lêem a versão. Nós temos 4 versões para escolher: aquelas de Áquila, Simáco, Septuaginta, e Teodocião. As Igrejas escolheram ler Daniel na versão de Teodocião. Que pecado eu cometi se segue o julgamento das igrejas? Mas quando eu repeti o que os judeus dizem contra história de Susana, o hino dos 3 Jovens, e a estória de Bel e o Dragão, que não estão contidos na bíblia hebraica, o homem que fez esta acusação contra mim prova que ele mesmo é um tolo e um caluniador. Pois eu expliquei não o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós. Eu não refutei a opinião deles no prefácio por que eu sendo breve, e cuidadoso para não parecer que eu não estava escrevendo um prefácio e sim um livro. Eu disse, portanto, ‘aqui não agora não é o momento para entrar em discussão sobre isto.’” (JERONIMO, 420)

“Aqui é necessário fazer algumas notas prévias sobre este texto de Jerónimo (Contra Rufino, II; 33)[www.ccel.org])apresentado pelo Rafael Rodrigues:

Aqui é necessário desmascarar todas as calúnias levantadas contra mim!

“O autor trocou a palavra «fábulas» por «estória» de Bel e o dragão, trocou «não respondi à opinião» por «não refutei a opinião» e data o texto de 420, quando o texto é de 402. Jerónimo morreu em 419.”

Novamente aqui o falso testemunho contra mim, afirmando que eu adulterei os escritos de são Jerônimo, vamos desmascarar por partes:

1º A tradução de “fábula” e “estória”:

A parte do texto em inglês diz:

“What sin have I committed in following the judgment of the churches? But when I repeat what the Jews say against the Story of Susanna and the Hymn of the Three Children, and the fables of Bel and the Dragon, which are not contained in the Hebrew Bible,”

A palavra que vem em inglês é “fables” e essa palavra evidentemente pode ser traduzida como “estória”, e também como “fábulas”, lembrando que estória é sinônimo de fábula. Vejamos o que é que diz o dicionário de inglês Oxford sobre a palavra “fable”:

“uma estória curta,normalmentecom animais comopersonagens, transmitindo uma moral:a fábula doleão doentee a raposacautelosa.

uma estória sobrenatural, com elementos de mitos e lendas: ele haviaconjuradoum ajustemonstropara qualquerfábula” [Dicionário Oxford]

E o que o dicionário online diz sobre estória:

s.f. Narrativa de ficção; exposição romanceada de fatos puramente imaginários (distinta da história, que se baseia em documentos ou testemunhos); conto, novela, fábula: estórias de quadrinhos. Ant. história.” [Dicio] [Dicionário Oxford]

Como eu disse “fábula” e “estória” são basicamente a mesma coisa, qualquer leitor que já tenha procurado o significado destas duas palavras vai saber o que eu estou falando.  Não faz diferença o uso de uma ou outra.

Mas por que o nosso amigo faz tanta questão que seja aplicada a palavra “fábula” e não “estória”? Evidentemente por que em português a palavra “fábula” tem uma conotação mais pejorativa, e é isso que ele quer, a todo custo rebaixar os deuterocanônicos!

2º A tradução de “refutei” e “respondi”:

O texto em inglês diz:

for I explained not what I thought but what they commonly say against us. I did not reply to their opinion in the Preface, because I was studying brevity,

O texto usa a palavra “reply” que tem a tradução básica em português, “responder” “replicar”, porém a palavra “reply” pode ser traduzida sim como “refutar”, pois no contexto tem o mesmo sentido. Segundo o dicionário de inglês Michaelis:

reply re.ply
n resposta, réplica. • vt+vi 1 responder, replicar, retorquir. 2 Jur contestar uma ação. in reply to em resposta a. make no reply! não responda! we said in reply that respondemos que
” [Dicionário Michaelis]

Isso é a mesma coisa que “refutar”:

1. Destruir com razões de peso o que outrem estabeleceu. 2. Rebater, destruir. 3. Não estar de acordo com; negar; contestar.”  [Dicioário Priberam]

Então como o contexto que são Jerônimo mencionava era uma acusação e mentira judaica, a palavra “refutar” se encaixa muito melhor no texto do que simplesmente “responder”, ele iria contestar e rebater as acusações dos judeus, ou seja iria refutar!

3º em relação a data mencionada na fonte:

Eu não datei o texto de 420! Eu coloquei a data da morte de São Jerônimo 30 de setembro de 420, justamente por que não pude precisar a data da composição do texto, logo quando se coloca uma data na referência não significa que é a data de inscrição do texto. Pode ser a data de composição, a data de cópia do texto ou do papiro, bem como a data da morte do autor, se as primeiras não forem encontradas. Se eu colocasse “(Jerônimo, 2002)” não indicaria que São Jerônimo ressuscitou e escreveu o texto no ano de 2002, mas sim a data da impressão da obra dele em português pela Editora Paulus, por exemplo. Nosso amigo tem que tomar umas aulas de regras da ABNT urgente.

“Anteriormente no prefácio a Daniel Jerónimo já tinha afirmado:”

“Digo isso para mostrar como é difícil manejar o livro de Daniel, que em hebraico não contém nem a história de Susana, nem o hino dos três jovens, nem as fábulas de Bel e o Dragão, porque, no entanto, elas podem ser encontradas em qualquer lado, formamos com elas um apêndice, prefixando-lhes um Obelus, e assim dando um destino a elas, de modo a não parecer ao desinformado que cortámos uma grande parte do volume.”

Quatro coisas devem ser observadas aqui. A primeira é que os acréscimos de Daniel não estavam nas Escrituras Hebraicas, a segunda é que Jerónimo chama Bel e o Dragão uma “fábula”, a terceira é que eles foram anexados à sua Vulgata, e a quarta é que eles foram marcados com um “Obelus” que é um símbolo crítico usado em manuscritos antigos para marcar uma passagem questionável. Nada aqui revela qualquer indicação de que Jerónimo sustentava que esses acréscimos eram Escritura inspirada.

4 coisas tem que ser mostradas aqui:

1)      Quem foi que disse que as partes de Daniel estavam na bíblia hebraica?

Porém, segundo Orígenes, foram os judeus que arrancaram essas partes da bíblia:

“Portanto eu acho que não é possível outra suposição, além do que o que tinha a reputação de sabedoria, e os governantes e os anciãos, tiraram do povo cada passagem que poderia levá-los a descrédito entre o povo. Não precisamos nos admirar, então, que essa história do artifício maligno dos anciãos licenciosos contra Susanna é verdadeira, mas foi escondida e retirada das Escrituras pelos próprios homens não obstante pelo conselho desses anciãos”. (Orígenes a Africano, 9)

2)      Ao Jerônimo chamar de “fábula” ele está se referindo a opinião dos judeus e não a dele, como ele mesmo diz contra Rufino!

3)      Ou seja, era questionável, não era falsa! Além do que era questionável pelos judeus palestinos que arrancaram as passagens da bíblia segundo o próprio Orígenes, como visto acima

4)      Revela sim, mas nosso amigo quer negar! Por que Jerônimo deu tanta importância a opinião dos judeus quanto a um livro que ele tinha como de inspiração puramente humana? Por que ele quis dizer que estava apenas relatando a opinião dos judeus e não a sua, e negando que afirmou que as palavras pejorativas a estas partes?

“Pois eu não relatei o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós.”.

“Ora, aqui temos mais uma conclusão indevida do autor que quer fazer o leitor ver coisas que não existem. Quando Jerónimo diz que as acusações não são suas não significa que aceitasse a canonicidade dos acréscimos de Daniel. Jerónimo fez notar que as acusações não partiram dele, como o acusavam, mas dos Judeus, e foi apenas essas acusações dos Judeus que ele mencionou no prefácio. Portanto quando Rafael Rodriques diz “Veja que ele aqui aceita a canonicidade dos acréscimos de Daniel” vai além do que Jerónimo escreveu, porque “ele não relatou o que pensava”.

Não é conclusão indevida, é o que o texto mostra! E ele aceita como inspiradas sim, pois não faz distinção nem ressalva nenhuma sobre as partes deuterocanônicas de Daniel e as demais partes, ele assume que todas foram estavam no livro e somente completa que os comentários que ele fez não eram seus e sim dos judeus!

“Eu não refutei a opinião deles no prefácio por que eu sendo breve, e cuidadoso […] Eu disse portanto, ‘aqui não agora não é o momento de entrar em discussão sobre isto.’”.

“Como já vimos a palavra «refutar» foi introduzida ilegitimamente pelo autor no texto porque lhe convinha para a sua tese.”

Como já vimos eu não introduzi nenhuma palavra nos escritos de São Jerônimo, traduzir apenas “reply” como “refutar”, pois é a melhor palavra que se encaixa no contexto. Pelo visto parece que nosso amigo, ou não está acostumado com traduções, ou pelo menos quer agir desonestamente me acusando de algo que não existe!

“Jerónimo diz que não respondeu ao que os Judeus diziam para o prefácio não ficar grande. Não quer com isto dizer que não concordasse com eles.”

São Jerônimo não concordava com os judeus, nosso amigo parece que não leu as frases anteriores quando ele diz:

Pois eu expliquei não o que eu pensava, mas o que eles comumente diziam contra nós.

Este cidadão insiste em dizer que São Jerônimo concordava com os judeus, enquanto o mesmo diz na passagem que aquele não era o seu pensamento, e sim as acusações dos judeus que ele não queria rebater no seu prefácio, e não somente para não ficar grande, mas também por que ali não era lugar para aquilo.

Simplesmente nesta ocasião não disse o que pensava sobre o assunto. Ele disse “agora não é o momento para entrar em discussão sobre isto.” Ele entrou em discussão sobre isto 5 anos depois (em 407) no comentário que fez sobre Daniel e aí diz claramente que não aceita os acréscimos de Daniel como parte das Sagradas Escrituras. Veja-se os textos relevantes na parte final do meu artigo “Jerónimo mudou de opinião a respeito do cânon do Antigo Testamento? – I”

Além do fato de ele dizer que este artigo é seu, quando na verdade é outra tradução do Ray Aviles, que ele atribui a si, que pode ser encontrado aqui,  não prova em nada que são Jerônimo negou a inspiração das partes deuterocanônicas de Daniel, apenas levanta dúdvidas segundo o texto hebraico!

JND Kelly um dos maiores patrologistas protestantes, diz que São Jerônimo, algumas vezes não reconhecia as partes de Daniel, justamente por que ficava sem jeito ao expor para os judeus estas partes:

Esta foi a atitude que, com concessões temporárias por razões tácticas ou outras, ele manteve para o resto da sua vida – na teoria pelo menos, pois na prática ele continuou a citá-los como se fossem Escritura. DE NOVO O QUE O MOVEU FOI PRINCIPALMENTE O EMBARAÇO que sentia ao ter que argumentar com Judeus com base em livros que eles rejeitaram, ou mesmo (por exemplo, as histórias de Susana, ou de Bel e o Dragão) que achavam francamente ridículos. (J. N. D. Kelly, Jerome: His Life, Writings, and Controversies (Peabody: Hendrickson Publishers, 2000), pp. 160-161 ) [grifos e capslock meu]

Quanto a isso é assunto para outro artigo.

“Agora Rafael Rodrigues começa a dar algumas citações selecionadas de Jerónimo para mostrar que ele citou os livros apócrifos como Escritura. Vejamos:”

Agora ele começa a querer negar as claras passagens traduzindo as falácias já refutadas do Ray Aviles.

A Escritura não diz: ‘não te sobrecarregue acima do teu poder’? (Eclesiástico 13, 2)” (A Eustóquio, Epístola CVIII)

Rafael Rodrigues aqui está correcto, Jerónimo chama este versículo de Eclesiástico “Escritura”, mas deve questionar-se se o que ele quer dizer é no sentido “inspirado”. Considerando que ele já afirmou que “Eclesiástico” não é para ser usado doutrinalmente (ver acima), é razoável assumir que este não é o caso.

Esta é a pior e mais fantástica ginástica mental produzida por este cidadão.

Ele vê claramente são Jerônimo chamando Eclesiástico de “escrituras”, ai em sua tática mental, diz basicamente isto “é escritura, mas não é inspirado”, ora alguém ai já viu algum livro ser chamado de “escritura” e não ser inspirado?  De onde ele tirou essa peripécia de “Escrituras Inspiradas” e “escrituras não inspiradas”?

Não duvido muito, se Jerônimo tivesse escrito “Livro inspirado”, que ele respondesse, “Ele diz que é inspirado, mas não diz que é Escritura”.   Como pode haver Escritura sem inspiração?

Neste caso específico Jerônimo está escrevendo a carta para consolar Eustóquio pela perda de sua mãe, e não é necessariamente uma prova de doutrina, mas ele chama o de Escritura, antes de citar outra “Escritura”, um Salmo. Vamos ver em outro lugar São Jerônimo usando os deuterocanônicos para lidar com a doutrina. No entanto, nada pode negar o fato de que ele chamou Eclesiástico “Escrituras”.

Se São Jerônimo diz que o livro é Escritura, e se Escritura significa Escritura, obviamente é inspirada. Obviamente São Jerônimo viu como Escritura inspirada, não é a ginástica mental do nosso amigo que vai negar este fato.

“Não, meu querido irmão, estime meu valor pelo número de meus anos. Cabelos brancos não são sabedoria, é sabedoria, que é tão boa quanto os cabelos brancos Pelo menos é isso que Salomão diz: ‘a sabedoria que faz as vezes dos cabelos brancos’ (Sabedoria 4, 9). Moisés também na escolha dos setenta anciãos disse para tirar aqueles a quem ele sabia que eram anciãos de fato, que não para selecionar-los por seus anos, mas por sua discrição (Números 11, 16) E, como um menino, Daniel, julgou os homens de idade e na flor da juventude condenou a incontinência da idade (Daniel 13, 55-59)” (A Paulino, Epístola 58).

“Aqui Rafael Rodrigues está a ler demais nesta citação. Embora Jerónimo “cite” estes livros, citando-os não significa que ele os via como “Escritura”, especialmente à luz do facto de ele ter afirmado que os livros podiam ser usados “eclesiasticamente”.”

Eu não estou a ver demais, ele não citou o que eu coloquei no meu texto:

Aqui São Jerônimo mescla o uso do Livro da Sabedoria com o escrito de Moisés. Depois de se referir a Moisés, ele também se refere à história de Susanna para estabelecer um ponto. Ele não faz distinção, na prática, dos escritos de Moisés dos dois livros deuterocanônicos.”

Ou seja, o que eu falei foi que a Sabedoria é mesclada com outros livros da bíblia e não se faz distinção nenhuma entre eles, como inspirados e não inspirados, ou canônicos e não canônico.

São Jerônimo cita Sabedoria e Susanna bem no meio de uma citação de Números. Ele não os colocou de lado como Paulo fez ao citar Menandro. Ele escreve assumindo que não há diferença entre Sabedoria, Susanna, e Números. Esta citação após os prefácio, que o sr. Verdade nos aponta, reconhece especificamente Susanna. São Jerônimo usa Moisés, o jovem Daniel, Susanna, e Salomão, da mesma forma e legitimidade. Isso diz realmente muito para nós.

Gostaria de citar as palavras do salmista: ‘os sacrifícios de Deus são um espírito quebrado’, (Salmos 51, 17) e o de Ezequiel ‘Eu prefiro o arrependimento de um pecador ao invés de sua morte’, (Ezequiel 18, 23) e as de Baruc, ‘Levanta-te, levanta-te, ó Jerusalém’ (Baruc 5, 5) e muitos outras proclamações feitas pelas trombetas dos profetas.” (A Oceanus, Epístola 77, 4).

“Jerónimo aqui não chama Baruc “Escritura”. Nem necessariamente o chama “profeta”. Uma vez que começou por distinguir a sua primeira citação como “do salmista”. Portanto, o que Jerónimo diz é que poderia continuar citando as proclamações dos profetas, não que as três citações anteriores pertençam aos profetas.”

Eu não disse que ele chama Baruc de escrituras!  E sim de profeta!

Nesta passagem, São Jerônimo, logo após citar o Salmista e Ezequiel também se refere a Baruc. Não como Paulo fez, sobre os “profetas de creta” falando “seus profetas”. A proclamação do Baruc é como um dos profetas. Obviamente, este é o profeta de Deus. Ele usa Baruc, Salmos, Ezequiel. Os três estão no mesmo nível: profetas. Nada sobre “apenas eclesiástico.”.

Se o livro é escrito por um profeta, e está citado no meio de tantas outras citações bíblicas, sem ser feita nenhuma ressalva quanto a este livro específico, a uma única conclusão óbvia a que uma pessoa normal pode chegar é que realmente é Inspirada por Deus. Jerônimo diz “e muitos outras proclamações feitas pelas trombetas dos profetas.” Isto indica claramente que as passagens por ele citadas anteriormente eram também dos profetas!

Ousaria Jerônimo fazer uma mescla entre escritos inspirados e obras puramente humanas, caso não admitisse o caráter inspirados de todas elas?

[É verdade que um festival como o aniversário de São Pedro deve ser temperado com mais alegria do que o habitual;] “ainda a nossa alegria não se deve esquecer o limite definido pela Escritura, e não devemos ficar muito longe da fronteira da nossa luta. Seus presentes, de fato, lembram me dos livros sagrados, pois nele Ezequiel adorna Jerusalém com braceletes, (Ezequiel 16, 11) Baruc recebe cartas de Jeremias (Baruc 6) e o Espírito Santo desce na forma de uma pomba no batismo de Cristo (Mateus. 3, 16)” (A Eustóquio, Epístola XXXI, 2 ).

“Não é verdade que “São Jerônimo cita em referência às Escrituras, os Livros Sagrado”. Entre parêntesis iniciais, adicionei o que o Rafael Rodrigues deixou de fora, visto que isso acrescenta contexto à passagem. Se deixasse exactamente como ele citou, então, pareceria que isto era um único pensamento que justificaria a sua afirmação inicial. No entanto, primeiro “Escritura” está dentro do contexto da festa de São Pedro. Depois, não “os livros sagrados” mas “o volume sagrado (sacred volume)”, que é o que diz o texto, está no contexto dos presentes dados a Jerónimo. Estes são dois pensamentos e não um. Assim, quando ele cita Baruc, não está especificamente a chamá-lo de Escritura e, novamente, Jerónimo pode estar a citá-lo pelo seu valor eclesiástico.”

[risos]

Alguém entendeu o que ele falou aqui?

Eu não vejo como a frase inicial que nosso amigo destaca que Jerônimo escreveu, ajuda o seu caso. No que muda o sentido da frase, ele simplesmente mencionar e “contextualizar” que é a festa de São Pedro? “[É verdade que um festival como o aniversário de São Pedro deve ser temperado com mais alegria do que o habitual;]” No que isso mudará o sentido texto mencionado por mim? Parece que nosso amigo tem sérios problemas, e quer por que quer dizer que eu recortei ou adulterei os escritos de São Jerônimo!

Quer dizer que “volume sagrado” não é a mesma coisa de “livro sagrado”? Bela ginástica mental!

Se formos ver em outra passagem, Jerônimo cita Daniel como “Volume” e o que é que ele quer se referir com isso? Exatamente o livro de Daniel, assim como faz com Baruc, Mateus e Ezequiel!

Vamos então supor que eu confirmasse a premissa de que a Escritura está dentro do conteúdo do festival e  “Volume Sagrado” é no contexto dos livros mencionados por São Jerônimo: Ezequiel, Baruc, e Mateus.

Mesmo que só se referindo ao “volume sagrado”, em vez de “Escrituras” ou “livros sagrados” (questão de tradução), o que é que um “volume Sagrado”? São livros que não são inspirados, mas são chamados de sagrados?  Claro que não! Volume Sagrado, é exatamente os livros inspirados!

Baruc está mesclado com Ezequiel e Mateus. Ezequiel e Mateus são as Escrituras e por isso é Baruc, são Jerônimo coloca todos no mesmo nível dentro de um mesmo volume. Jerônimo nunca chama Menandro ou até mesmo um Pai Igreja de “volume sagrado”.

Logo depois de falar dos limites estabelecidos pela Escritura, ele escreve também do “volume sagrado” ou “livros sagrados”. Ele refere-se a Ezequiel, Baruc, e Mateus, sem distinções ou ressalvas entre eles. O “volume sagrado” não é nada mais  do que as Escrituras, não importa se ele usou alguma vez eclesiasticamente ou não.

“’Os vasos do oleiro são provados pela fornalha, e os homens justos, pelo julgamento da tribulação’ (Eclesiástico 27, 5). E em outro lugar está escrito: ‘Meu filho, quando tu vires a servir ao Senhor, prepara-te para a tentação.’ (Eclesiástico 2, 1) Novamente, o mesmo Tiago diz: ‘Sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes. Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante a um homem que contempla seu rosto natural no espelho, pois ele contempla a si mesmo, e vai embora, e logo se esquece que tipo de homem ele era’ .(Tiago 3, 22). Seria inútil avisá-los para adicionar obras a fé, se não pudessem pecar depois do batismo.” (Contra Joviniano, Livro 2, 3)

“Rafael Rodrigues supõe que Jerônimo está a usar a frase “está escrito” no sentido bíblico – que há um ar de credibilidade Escritural nesta frase – mas ele nunca pára para pensar se Jerónimo simplesmente queria dizer que estas citações estavam “escritas”, nada mais e nada menos).”

Aqui novamente a falácia que não refuta nada! A expressão “está escrito” é encontrada aproximadamente 48 vezes nos escritos de São Jerônimo da edição de Schaff e somente direcionada as escrituras, destas, 3 são em referência aos deuterocanônicos e as outras aos demais livros bíblicos.

Está escrito”, é um termo usado exclusivamente pelos escritores do Novo Testamento para se referir a Escrituras do Antigo Testamento. A melhor maneira de descobrir se São Jerônimo está apenas citando que está escrito em qualquer lugar, em vez de estar se referir como Escritura é ver como ele usa a frase “está escrito” seguido de uma citação e já constatamos. Isso significa que ele está se referindo que é Escritura, mas o nosso amigo pensa que ele também o usa quando de citando poetas, Padres da Igreja, adversários ou outros escritos quaisquer.

Fizemos uma pesquisa na edição de Schaff, que contém todas as vezes que São Jerônimo usa o termo “Está escrito” seguido de uma citação. Mesmo que São Jerônimo tenha citado muitos Padres da Igreja, amigos, figuras históricas, poetas, oponentes e livros apócrifos através de seus escritos, nenhuma vez que ele usou o termo “Está escrito” para uma citação destes.

Ele cita especificamente usando suas próprias palavras “Está escrito:” só quando segue com uma citação das Escrituras. Ele a usa para Zacarias, Ruth, Job, 1 Reis, Tiago Ezequiel, Salmos, 1 Reis, Atos, Isaías, Provérbios, Lucas, João 2, 1 Timóteo, e outros, mas nunca para qualquer poeta, oponente, Pai da Igreja, ou livro apócrifo. Na minha contagem, ele usou 45 vezes para Escrituras que o nosso amigo reconhece e três vezes dos deuterocanônicos. Além da passagem já citada estas são as outras duas que ele cita a respeito dos deuterocanônicos:

Portanto, se você já estiver correndo no caminho, peço um cavalo disposto, como diz o ditado, e lhe imploro que enquanto você se lamenta por seu Lucinius um verdadeiro irmão, alegra-se, pois ele agora reina com Cristo. Pois, como está escrito no livro da Sabedoria, ele foi Foi arrebatado para que a malícia lhe não corrompesse o sentimento…. Sua alma era agradável ao Senhor, e é por isso que ele o retirou depressa do meio da perversidade.” (Sabedoria 4, 11-14). Nós podemos chorar com mais direito pois nós mesmos que estamos diariamente em conflito com os nossos pecados, somos corados com vícios, recebemos feridas, e devemos dar conta de toda palavra inútil” (Mt 12, 36)” (São Jerônimo, Carta LXXV, 2,  399 d.C)

E:

“Nosso querido Pamáquio também rega as cinzas e os ossos santos reverenciados de Paulina, mas é com o bálsamo da esmola. Estas são as confecções e os perfumes com os quais ele cuida das brasas mortas de sua esposa, sabendo que está escrito: .” A água apaga o fogo ardente, a esmola enfrenta o pecado.” (Eclesiástico 3, 33). […]Está provado também pelo conselho de Daniel que desejava que o mais ímpio dos reis -estivesse disposto a ouvi-lo – para ser salvo, usando de misericórdia para com os pobres. (Daniel 4, 27) (São Jerônimo, Para Pammacuius, Carta LXVI, 5, 397 d.C)

Estas são as duas outras ocasiões (Depois dos prefácios) onde ele usa o termo “está escrito” aplicando-o aos deuterocanônicos. Como São Jerônimo usa essa terminologia apenas quando citando a Escritura (como mencionado é usado cerca de 45 vezes em referência às Escrituras nosso amigo reconhece), minha afirmativa está correta e a do protestante errada. Nesta mesma carta a Pamáquio, há uma referência a um escrito São  Cipriano, e ele não usa este “está escrito” para citá-lo.

O uso do termo, “Está escrito” seguido de uma citação só assim justifica minha afirmação, de que o seu uso indica que livros deuterocanônicos são as Escrituras.

“No entanto, o Espírito Santo no trigésimo nono Salmo, enquanto lamentando que todo homem anda numa vã aparência, e que eles estão sujeitos aos pecados, fala assim: ‘Porque todo homem anda à imagem’ (Salmo 39, 6). Também após o tempo de Davi, no reinado de seu filho Salomão, lemos uma referência um tanto similar à semelhança divina. Pois no livro da Sabedoria, que está escrito com o nome dele, Salomão diz:. ‘Deus criou o homem para ser imortal, e o fez ser uma imagem de sua própria eternidade.’ (Sabedoria 2, 23) e mais uma vez, cerca de mil cento e onze anos depois, lemos no Novo Testamento que os homens não perderam a imagem de Deus. Pois Tiago, um apóstolo e irmão do Senhor, que eu mencionei acima – que não podemos ser enredado nas armadilhas de Orígenes – nos ensina que o homem possui a imagem e semelhança de Deus. Pois, depois de um breve discurso sobre a língua humana, ele passou a dizer dela: ‘É um mal incontrolável … Com ela bendizemos a Deus, o Pai e com ela amaldiçoamos os homens, que são feitos à semelhança de Deus.’ (Tiago 3, 8-9) Paulo, também, o ‘vaso escolhido’ (Atos 9, 15), que em sua pregação foi totalmente mantida a doutrina do evangelho, nos instrui que o homem é feito à imagem e à semelhança de Deus. ‘Um homem’, diz ele, ‘não devem usar cabelos longos, porquanto ele é a imagem e glória de Deus.’ (I Cor. 11, 7). Ele fala da ‘imagem simplesmente’, mas explica a natureza da semelhança com a palavra ‘glória’.

Em vez de três provas da Sagrada Escritura que você disse que iria satisfazê-lo se eu pudesse dá-las, eis que eu te dei sete …” (Carta LI, 6-7).

“Neste contexto, Jerónimo dá mais de sete Escrituras dentro desta passagem e não há forma de dizer se a citação da Sabedoria está entre as “sete”, mas por causa do argumento, vamos dar-lhe o benefício da dúvida.”

Aqui nosso amigo tenta negar na “cara dura” que são Jerônimo chamou a Sabedoria de escrituras. Evidentemente que o contexto existem muitas outras passagens, porém são Jerônimo está falando de 7 provas sobre a imagem de Deus, ou seja, as outras passagens do contexto não tem nada haver com as 7 provas das escrituras sobre a imagem de Deus.

Dar-me o benefício da dúvida é um tanto quanto desonesto, é querer negar o óbvio e tentar dar uma saída de mestre. São Jerônimo refere-se a prova bíblica. Para provarmos que São Jerônimo está mencionando a Sabedoria como escritura, vamos colocar o texto imediatamente anterior ao já citado para contarmos as passagens:

Ninguém pode torcendo o significado das palavras atrever-se a dizer que esta graça de Deus foi dado a um só, e que ele só foi feito à imagem de Deus (ele e sua esposa, que é, enquanto ele foi formado de argila ela foi feita de uma das suas costelas), mas que aqueles que foram posteriormente concebidos no ventre e não nasceram como Adão não possuíam a imagem de Deus, pois a Escritura imediatamente acrescenta a seguinte declaração: E Adão viveu duzentos e trinta anos, e conheceu Eva, sua mulher, e ela lhe deu um filho à sua imagem e sua semelhança, e chamou o seu nome Set.” (Gen. 4, 25) E, novamente, na décima geração, 2242 anos depois, Deus, para vindicar sua própria imagem e mostrar que a graça que Ele tinha dado aos homens continuava com eles, dá o seguinte mandamento: A carne … com o seu sangue não comereis. E, certamente, o seu sangue eu o requererei da mão de cada homem que derrama-lo;. Pois a imagem de Deus eu fiz homem” (Gen. 9. 4-6) De Noé a Abraão dez gerações faleceu, e de tempos de Abraão a Davi, mais, e estas gerações de vinte e quatro compõem, em conjunto, 2.117 anos.

Vendo isso, vamos contar quantas passagens falam da imagem de Deus

1) “E Adão viveu duzentos e trinta anos, e conheceu Eva, sua mulher, e ela lhe deu um filho à sua imagem e sua semelhança, e chamou o seu nome Sete.” (Gen. 4, 25)

2) “A carne … com o seu sangue não comereis. E, certamente, o seu sangue eu o requererei da mão de cada homem que derrama-lo;. Para a imagem de Deus eu fiz homem” (Gen. 9. 4-6)

3) ‘Porque todo homem anda à imagem’ (Salmo 39, 6).

4) ‘Deus criou o homem para ser imortal, e o fez ser uma imagem de sua própria eternidade.’ (Sabedoria 2, 23)

5) ‘É um mal incontrolável … Com ela bendizemos a Deus, o Pai e com ela amaldiçoamos os homens, que são feitos à semelhança de Deus.’ (Tiago 3, 8-9)

6) ‘vaso escolhido’ (Atos 9, 15)

7) ‘Um homem’, diz ele, ‘não devem usar cabelos longos, porquanto ele é a imagem e glória de Deus.’ (I Cor. 11, 7).

Ou seja são Jerônimo cita a Sabedoria como umas das 7 provas para mostrar que somos feito a imagem e semelhança de Deus e a cita como escritura!

Por que ele não citou o contexto para provar que as 7 provas das escrituras são outras e não as 7 que eu acabei de mostrar? Por que no caso da festa de São Pedro ele quis contextualizar e agora não? Para ser bom com ele, vou dar-lhe benefício de ignorância.

Seu argumento é engenhoso, mas você não vê que é contra a Sagrada Escritura, que declara que, mesmo a ignorância não é sem pecado. Por isso, foi que Jó ofereceu sacrifícios por seus filhos, teste, por acaso, eles tinham involuntariamente pecado em pensamento. E se, quando se está cortando madeira, a cabeça de machado salta do punho e mata um homem, o proprietário é ordenado a ir para uma das cidades de refúgio e ficar lá até o sumo sacerdote morrer (Num. 35, 8); isto é, até que ele ser redimido pelo sangue do Salvador, seja no batistério, ou em penitência que é uma cópia da graça do batismo, através da inefável misericórdia do Salvador, que não quer ninguém pereça (Ezequiel 18, 23), nem se deleita na morte dos pecadores, mas sim que eles se convertam e vivam. […]

Você espera que eu explique os objetivos e planos de Deus? O Livro da Sabedoria dá uma resposta à sua pergunta tola: “Não olhe para as coisas acima de ti, e não procure coisas fortes demais para ti’ (Eclesiástico 3, 21). E em outro lugar ‘Não te faça exageradamente sábio, e não argumente mais do que é necessário.’(Eclesiastes 7, 16) E no mesmo lugar ‘em sabedoria e simplicidade de coração busca a Deus.’ Você talvez negará a autoridade deste livro […](Contra os Pelagianos, Livro I, 33)

“Ele submete estas citações juntas, mas qualquer um pode ver que quando Jerónimo se refere à Escritura na passagem, ele está se referindo à Escritura canônica (Jó, Números e Ezequiel). A citação de Eclesiástico é independente da citação de cima e não há nenhuma indicação de que Jerónimo o cite como Escritura.”

Eu usei as duas passagens juntas por que uma é continuação da outra, como era muito grande foi necessário colocar as partes mais interessantes, então a parte que liga essas duas citações foi subtraida! As passagens de Jó, Números e Ezequiel, são as primeiras e ele não faz distinção delas e das outras que cita mais a frente, usa todas para combater a heresia!

Observe primeiro que esta passagem está lidando com a heresia pelagiana, no final da vida de São Jerônimo. Esta é em 417 d.C, um de seus escritos últimos escritos. A Doutrina está em jogo. A Escritura está provando que, “mesmo a ignorância não é sem pecado.” Ele cita Números, Ezequiel e Jó, logo após isso, vai para o livro Eclesiástico, embora ele cita-o como o livro da Sabedoria. Aqui, este livro é visto explicando os propósitos e planos de Deus, doutrina. Este não é apenas de uso eclesiástico. Esta é uma continuidade da  refutação do argumento de seu adversário que vai contra a Sagrada Escritura, e ele cita o livro deuterocanônico para refutar-lo. Esta citação é uma continuação do uso das Escrituras e nada aqui diz: “bem agora eu vou usar um livro não-bíblico”.

São Jerônimo diz: Você, talvez negará a autoridade deste livro. Ele não diz, “eu nego a autoridade deste livro.” Ele mesmo assim aceita a autoridade do livro. Seu uso aqui segue os comentários que especificamente diz que as escritura ensinam isto, e este livro explica a sabedoria e propósitos de Deus. Assim, este último comentário mostra claramente ele considera o livro como Escritura.

Na verdade, continuando a citação Jerónimo nega a autoridade de Eclesiástico ao dizer: “Você talvez negará a autoridade deste livro. Ouça então o apóstolo [Rom.11:33-34; 2 Tim 2:23]. E em Eclesiastes (Um livro sobre o qual não pode haver dúvida) lemos…”. Indicando que, ao contrário do livro de Eclesiastes sobre o qual não havia dúvida e cuja autoridade estava fora de questão, a autoridade de Eclesiástico como Escritura era duvidosa (para dizer o mínimo).

Onde ele viu Jerônimo negando a autoridade do livro?

Como eu disse anteriormente São Jerônimo diz “você talvez negará” ele não diz “eu nego”, justamente por que seu adversário não aceitava Eclesiastes e não de Eclesiástico! Nosso amigo está colocando palavras na boca dele!

Veja que a frase “você talvez negará” vem depois da citação de Eclesiastes e não de Eclesiástico:

“E em outro lugar ‘Não te faça exageradamente sábio, e não argumente mais do que é necessário.’(Eclesiastes 7, 16) E no mesmo lugar ‘em sabedoria e simplicidade de coração busca a Deus.’ Você talvez negará a autoridade deste livro […]

Ele parece que não viu que a ressalva está atrelada a Eclesiastes e não a Eclesiástico! Por isso depois são Jerônimo diz que não pode ter nenhuma duvida quanto a veracidade dele!

E os provérbios de Salomão nos dizem que como ‘O vento norte traz chuva, e a língua fingida, o rosto irado.’ (Provérbios. 25, 23) Às vezes acontece que uma flecha quando é dirigida a um objeto duro ricocheteia sobre o arqueiro, ferindo o atirado, e assim, as palavras são cumpridas ‘viraram-se como um arco enganador’ (Salmo 78, 57) e em outra passagem: ‘aquele que lança uma pedra ao alto, lança-a sobre sua própria cabeça’(Eclesiástico 27, 25)” (A Rusticus, Epístola 125, 19)

“Novamente, embora Eclesiástico seja usado no contexto a par da Escritura, isso não prova nada, especialmente à luz do uso eclesiástico.”

Isso provar muito! São Jerônimo cita Provérbios 25, 23 e depois “as palavras são cumpridas”, no plural, não é apenas uma palavra. Em seguida, ele cita as duas passagens que cumprem. Uma delas é o Salmo 128, 57 e a outra é Eclesiástico 27, 25. A escritura é, portanto, cumprida. Não é algo eclesiástico que se está cumprido, e sim as escrituras!

Quando ele diz “Outra passagem” após estar falando do cumprimento em um livro canônico, definitivamente implica que estamos falando de igual autoridade. São Jerônimo escreve o que cumpre as Escrituras. Ele não faz absolutamente nenhuma distinção entre o cumprimento do Salmo 128, 57 e Eclesiástico 27, 5. Nenhum leitor objetivo pode ler esta passagem e chegar a conclusão de que nosso amigo chegou: “isso não prova nada”.

“Deixe-me chamar em meu auxílio o exemplo dos três Jovens que, em meio ao fogo, fresco de cerco, cantava hinos, (Daniel 3, 14-94 ) em vez de chorar, e em torno daqueles turbantes e cabelos santos as chamas jogado sem causar danos. Deixe-me lembrar, também, a história do abençoado Daniel, em cuja presença, embora fosse sua presa natural, os leões agachados, com caudas abanando e bocas assustadas. (Daniel 6). Deixe Susanna também subir na nobreza de sua fé ante os pensamentos de todos, que, depois de ter sido condenada por uma sentença injusta, foi salva por um jovem inspirado pelo Espírito Santo (Daniel 13, 45). Em ambos os casos a misericórdia do Senhor foi também mostrada, por enquanto Susanna foi libertada pelo juiz, de modo a não morrer pela espada, essa mulher, embora condenada pelo juiz, foi absolvida pela espada.” (Carta I, 9)

“Jerónimo cita as adições a Daniel, mas isso não significa que citou isto como Escritura inspirada e não eclesiasticamente.”

Aqui é o começo da carreira de São Jerônimo como escritor. Acabamos de ver no final de sua vida, ele estava tratando os livros deuterocanônicos como Escritura e prova para a doutrina conta os Pelagianos. Aqui vemos em sua primeira carta, de 370 d.C, ele tratando as partes deuterocanônicas de Daniel, exatamente da mesma forma que Daniel 6.

Susanna, Daniel, e os três jovens são mencionados no mesmo nível. São Jerônimo não diz que as passagem deuterocanônica que falam de Susanna e dos jovens são de menos autoridade do que a menção de Daniel na da cova dos leões.

A misericórdia do Senhor é mostrada igualmente em Daniel na cova dos leões, bem como nos três jovens em meio ao fogo , e em Susanna  que permaneceu pura. Ele não trata de uma coisa como fábula, e outra coisa como verdadeira. Elas são todas verdadeiras e todas mostram a verdadeira misericórdia de Deus, e  não uma fábula.

Observe a propósito, não há nenhum comentário por São Jerônimo, escrevendo que “bem, isto é uso eclesiástico, e este aqui é a Escritura, e novamente aqui é eclesiástico.” São Jerônimo não dá nenhuma indicação da presunção de  nosso amigo!

“Essas coisas, querida filha em Cristo, eu te impressiono e freqüentemente repito, que você pode esquecer as coisas que estão para trás e chegar-vos as coisas que estão diante (Filipenses 3, 12). Você tem viúvas, como você dignas de serem modelos, Judite de renome na história hebraica (Judite 13) e Ana, filha de Fanuel (Lucas 2), famosa no evangelho. Ambas Tanto de dia como de noite viviam no templo e preservado o tesouro de sua castidade pela oração e pelo jejum. Uma delas era tipo a Igreja, que corta a cabeça do diabo (Judite 13, 8) e a outro primeiro recebeu nos braços o Salvador do mundo e lhe foi revelado os santos mistérios que estavam por vir (Lucas 2 , 36-38).” (A Salvina, Carta 79, 10).

O texto traduzido correctamente diz: “Você tem viúvas, como você dignas de serem modelos, Judite renomada na história Hebraica (Judite 13) e Ana, filha de Fanuel (Lucas 2), famosa no evangelho”.

Com certeza ele não leu o que eu traduzi! Minha tradução diz:

“Você tem viúvas, como você dignas de serem modelos, Judite de renome na história hebraica (Judite 13) e Ana, filha de Fanuel (Lucas 2), famosa no evangelho.”

A tradução do expert diz:

Você tem viúvas, como você dignas de serem modelos, Judite renomada na história Hebraica (Judite 13) e Ana, filha de Fanuel (Lucas 2), famosa no evangelho

Qual a diferença? Onde está o erro? Ah, já sei, eu traduzide renomee elerenomada, grande diferença isso faz ao ponto dele se dá ao trabalho de frisar esta besteira!

Dicionário Aurélio para ele: http://www.webdicionario.com/renomado

Parece-me que ele não tinha argumentos melhores resolveu tentar a tacar e impugnar minhas traduções, mas deu com os “burros n’água”!

“Jerónimo explicitamente chama o relato de Judite uma “história Hebraica”, mas o relato de Fanuel em Lucas 2 ele chama “o evangelho”. Se ele estivesse citando ambos como Escritura, por que razão classifica Judite desta maneira e a contrasta com um relato do evangelho? Acho que a resposta é óbvia.”

Não há nenhum contraste, só ele que vê isso! São Jerônimo cita Judite como história justamente por que ela está entre os livros históricos (hagiógrafos) e Ana por que ela está nos Evangelhos, ou ele queria que São Jerônimo citasse Judite como Evangelho também?

Ele está apenas mencionando onde os livros estavam, e não dizendo que um é inspirado e o outro não!

Então a resposta “óbvia” não é tão “óbvia” assim. Não há contraste algum. Ele não notou que quando Jerônimo citou que Judite degolou Holofernes como a Igreja. Seria a Igreja comparada a uma mulher descrita por uma obra puramente humana? Além do mais, ele se refere a Judite absolutamente da mesma maneira que ele se referiu a Ester e Hamã, ou o evangelho de Marcos. Já que por Jerônimo ter chamado Judite de História ele estaria negando a inspiração dela, então ele negou a inspiração de Samuel, pois ele diz:

‘Alguns de um equívoco número Débora entre as viúvas, e supõe que Barak o líder do exército é seu filho, embora a escritura contasse uma história diferente. Assim, em nossos dias vimos repetida a história contada nos os Profetas, (1 Sam. 1-2), de Hannah, que embora, a princípio estéril depois se tornou fecunda. Você trocou um fertilidade ligada à tristeza por descendência que nunca morrerá.” (Carta CVII, 3)

Agora nosso amigo vai ter um problema, ver por que são Jerônimo negou a inspiração de Samuel ao chamá-lo de história!

“Resumindo, Rafael Rodrigues tem apenas um caso onde Jerónimo chama um livro apócrifo “Escritura”, talvez dois se formos um pouco benevolentes e incluirmos a Carta LI, 6-7. Mas no primeiro caso Jerónimo expõe o mesmo livro (Eclesiástico) como duvidoso numa citação semelhante, e no segundo caso é uma conjectura. Por isso, em nenhum destes casos temos algo que possa convencer o leitor a acreditar que ele aceitava estes livros como Escritura inspirada.”

Primeiro, resumindo, eu não disse que todas as passagens citadas por mim, Jerônimo chamava-as de “escrituras”, mostrei que ele as usava como escrituras, é diferente. Para São Jerônimo usar um livro como escritura não precisa dizer “está escrito” ou “a escritura diz”, basta apenas notar que ele usou as passagens para confirmar doutrina, para defender a fé contra as heresias principalmente contra os pelagianos, então fica claro que para ele é Escritura.

Segundo, não só foi uma vez que eu mostrei são Jerônimo citando os deuterocanônicos como escrituras e sim 4 vezes, só que ele insiste em negar!

Uma leitura cuidadosa o leitor vai ver são referidos como escritura 4 vezes. Outras vezes, eram apenas um entre muitos versos bíblicos.

Independentemente dessas citações, temos uma vez em que ele chama de  “cumprimento” de algo, o que seria bastante inútil dizer isso, se não fosse a própria Escritura. Vimos o termo “está escrito” seguido da citação dos deuterocaônicos três vezes, e Jerônimo só usa essa terminologia em referência às Escrituras.

Mostrei uma vez em que São Jerônimo chama um de Baruc como escrito por um profeta. Mostrei inúmeras vezes em que essas referências são usadas como apoio doutrinas específicas na luta contra as heresias. Também outras vezes mostrei os deuterocanônicos mesclados com as outras Escrituras sem distinção alguma entre elas.

Além de tudo a maioria das citações que São Jerônimo faz das Escrituras que não são deuterocanonicas (também chamadas de protocanonicas), não vemos ele dizendo “diz a Escritura”, “Está escrito” e Etc, ele apenas cita como faz com os deuterocanônicos.

Como foi visto nosso amigo só apresentou passagens que são Jerônimo rejeitou os livros entre os anos de 391 e 394 d.C, enquanto eu mostrei escritos até a data de 417 d.C, perto da sua morte, mostrando que o que ele falou nos prefácios não foi o que ele pensou para toda sua vida!

Abaixo vamos ver, ele dando os famosos “tiros no pé”  e adulterando fontes católicas!

“Em outros lugares, embora admitindo que a Igreja lê livros como Sabedoria e Eclesiástico que são estritamente não canónicos, ele insiste na sua utilização somente ‘para edificar o povo, não para a comprovação das doutrinas da Igreja”. Esta foi a atitude que, com concessões temporárias por razões tácticas ou outras, ele manteve para o resto da sua vida – na teoria pelo menos, pois na prática ele continuou a citá-los como se fossem Escritura. De novo o que o moveu foi principalmente o embaraço que sentia ao ter que argumentar com Judeus com base em livros que eles rejeitaram, ou mesmo (por exemplo, as histórias de Susana, ou de Bel e o Dragão) que achavam francamente ridículos.” (J. N. D. Kelly, Jerome: His Life, Writings, and Controversies (Peabody: Hendrickson Publishers, 2000), pp. 160-161 )

J.N.D. Kelly lança luz sobre o uso de Jerónimo destes livros e seu uso da palavra Escritura.

Eu tive que resumir o relato de JND Kelly para não ficar grande, deixei somente a parte que interessa para a discussão.

“Portanto, só porque Jerónimo na prática citou os livros apócrifos como se fossem Escritura, não significa que ele os visse como “Escritura”. Faço um exemplo para que se perceba. Se eu estiver a discutir com um católico romano, eu posso citar um livro apócrifo como Escritura contra ele, porque sei que ele aceita estes livros como Escritura fortalecendo assim o meu argumento, mas isso não significa que eu reconheço tal livro como Escritura. Ora, é isto que Jerónimo faz “na prática”. Quando o seu oponente tinha estes livros como Escritura então “na prática” ele cita-os como se fossem Escritura por uma razão táctica mas isso não implica que os reconhecesse como Escritura.”

Duas coisas tem que ter observada neste comentário cheio de erros!

Primeiro, Nosso amigo não entendeu o que JND Kelly disse, ele ao citar esse relato dá um dos famosos “tiro no pé”.  Ele fala justamente o contrário que o sr. Verdade presume dizer. Qualquer um que saiba ler português vai ver que Kelly está falando que na teoria e por motivos táticos são Jerônimo citava os deuterocanônicos como não canônicos, porém na prática os aceitava e citava como inspirados!

Isso é evidenciado pelo termo adversativo quando ele diz “Esta foi a atitude que, com concessões temporárias por razões tácticas ou outras, ele manteve para o resto da sua vida – na teoria pelo menos, pois na prática ele continuou a citá-los como se fossem Escritura.” Ou seja na teoria pelo menos citava como não canônicos, pois na prática citava como escrituras! E no final Kelly ainda relata o motivo do por que São Jerônimo citou esses livros como não pertencendo ao cânon das escrituras:

o que o moveu foi principalmente o embaraço que sentia ao ter que argumentar com Judeus com base em livros que eles rejeitaram, ou mesmo (por exemplo, as histórias de Susana, ou de Bel e o Dragão) que achavam francamente ridículos.”

Kelly diz que, na prática ele continuou a citá-los como eram as Escrituras. Isso é exatamente o que eu disse em todo o meu artigo! Se o Sr. verdade  reconhece o que Kelly  escreveu, o seu argumento inteiro cai em chamas.

Lembrando que a palavra “achavam” no texto do nosso amigo está “achava”, singular dando a parecer que era Jerônimo, quando na verdade é plural por que eram os judeus!

Segundo, ele vai ter que nos mostrar onde é que ele próprio usa por motivos táticos os deuterocanônicos como escrituras, se é que essa daí não é um belo blêfe, por que nenhum protestante jamais usa nenhum deuterocanônico como escritura, nenhum, muito menos ele, em qualquer que seja a situação.

E também terá que nos mostrar onde é que São Jerônimo cita como escrituras para pessoas que aceitavam estes livros como escrituras simplesmente para ter um argumento melhor!

“Além disso, o facto de a sua opinião ter influenciado outros estudiosos da Bíblia, como Caetano e Ximenes, e eles terem negado todos estes livros, atribuindo a sua opinião a Jerónimo, prova ainda mais que ele não reconheceu estes livros como verdadeira Escritura, mas somente que “na prática” continuou a citá-los como se fossem tal, como Kelly afirma acima.”

Além disso, as provas que se tem que Jerônimo não reconheceu os deuterocanônicos datam de no máximo 394 d.C, não figurando como já disse sua opinião para a vida toda. Além do mais a opinião do Cardeal Caetano é singular, demasiadamente suspeita e não ortodoxa uma vez que ele diz “Pois as palavras tanto dos concílios como dos doutores devem ser reduzidas à correcção de Jerónimo.” Jamais um concílio pode se reduzir a correção de um único pai! Além de tudo eles não rejeitaram todos os livros. Nem no comentário do Cardeal Caetano nem no de Ximenes, não está presente Baruc, lembrando que antes mesmo dele o concílio de Florença (1442) já tinha declarado estes livros como canônicos.

Em relação a Ximenes terá que nos mostrar seu comentário, e não deduções de terceiros!

Se o argumento de homens isolados vale de alguma coisa, então vamos ver que basicamente na mesma época Erasmo de Roterdam na Controversies: De libero arbítrio escreve a Lutero citando Eclesiástico como “canônico”, e mostrando que a Igreja aceitava os livros apesar dos pensamentos iniciais de Jerônimo:

No princípio Deus criou o homem, e o entregou ao seu próprio juízo;  deu-lhe ainda os mandamentos e os preceitos. Se quiseres guardar os mandamentos, e praticar sempre fielmente o que é agradável (a Deus), eles te guardarão. Ele pôs diante de ti a água e o fogo: estende a mão para aquilo que desejares. A vida e a morte, o bem e o mal estão diante do homem; o que ele escolher, isso lhe será dado.” (Eclesiástico 15, 14-8)

Ai completa dizendo:

Eu não acho que ninguém vai pleitear aqui contra a autoridade deste trabalho que não estava originalmente no cânon hebraico (como Jerônimo aponta), visto que a Igreja de Cristo, por unanimidade, recebeu em seu cânone, e não vejo razão pela qual os hebreus devem ter pensado que este livro deveria ser excluído do cânone, uma vez que eles aceitam os Provérbios de Salomão e a Canção Amorosa.” (Pode ser vista aqui:  Collected Works of Erasmus, Vol. 76, p. 21 – 22.)

Em suma, Erasmo – um dos principais estudiosos do hebraico, grego e latim de sua época, estava ciente da dissidência de Jerônimo como um tipo de abstração intelectual, que não têm uma grande peso em face da prática real, que toda a Igreja aceitava e também o próprio Jerônimo.

“Reafirmação da posição de Jerónimo com o testemunho de uma fonte Católica Romana moderna.”

Na realidade, uma adulteração da fonte católica moderna!

“Jerónimo classificou os Apócrifos numa categoria separada. Ele distinguiu entre os livros canónicos e os livros eclesiásticos, os quais não reconheceu como Escritura autoritativa. Isto é admitido actualmente pela igreja Católica:”

A Enciclopédia católica, na sua citação verdadeira, fala justamente da sua opinião inicial nos prefácios da vulgata e não do resto da sua vida! O que a Igreja adminte é que ele cita em seus prefácios como não canônico, isso é fato, porém não tem nada haver dela admitir que ele pensou isso a vida toda ou que os motivos que lhe levaram a isso valeram por todo o tempo.

Vamos ler a adulteração:

“Jerónimo distinguiu entre livros canónicos e livros eclesiásticos (os apócrifos). Estes últimos circulavam na Igreja como boa leitura espiritual mas não eram reconhecidos como Escritura autoritativa… A situação permaneceu obscura nos séculos seguintes… Por exemplo, João de Damasco, Gregório Magno, Walafrid, Nicolau de Lira e Tostado continuaram a duvidar da canonicidade dos livros deuterocanónicos.  Segundo a doutrina católica, o critério do cânon bíblico é a decisão infalível da Igreja. Esta decisão não foi dada até muito tarde na história da Igreja no Concílio de Trento. O Concílio de Trento definitivamente resolveu a questão do cânon do Antigo Testamento. Que isto não havia sido feito anteriormente é evidenciado pela incerteza que persistiu até ao tempo de Trento” (The New Catholic Encyclopedia, The Canon).

Aqui a adulteração e trucagem mais descaradas de todas. Ele maldosamente adultera, trunca e recorta a Nova enciclopédia Católica, veja se uma pessoa destas tem moral para vim falar que eu adulterei os escritos de são Jerônimo.

Há vários problemas com a citação.

Primeiro, é totalmente inconsistente com a evidência histórica.

Segundo, eu não pude encontrar nada Enciclopédia Católica no site NewAdvent.

Terceiro na Nova Enciclopédia Católica não tem nenhum item como intitulado “The Canon” como referenciado por nosso amigo, o item sobre o cânon bíblico se chama “Bíblical Canon”, isso prova que ele não pegou isso daí de lá.

Quarto, só pode ser encontrado em sites sites anti-católicos protestantes americanos.

Não há a Nova Enciclopédia Católica na internet, e eu duvido muito que nosso amigo tenha uma impressa para poder extrair essa citação dela, eu tive que procurar a parte scanneada sobre o cânon, e felizmente encontrei no blog do Lorenzo Valla.

A parte destacada em vermelho diz:

St. Jerome (A.D. 340 – 420) distinguished between “canonical books” and “ecclesiastical books.” The latter, he judged, were circulated by the Church as good “spiritual reading,” but were not recognized as authoritative Scripture.  St. Augustine, however, did not recognize this distinction.  He accepted all the books in the LXX as of equal value, noting that those designated as apocryphal by Jerome were either unknown or obscure origin. Augustine’s point of view prevailed and the deuterocanonical books remained in the Vulgate, the Latin version, that received official standing at the Council of Trent.

The situation remained unclear in the ensuing centuries, although the tendency to accept the disputed books was becoming all the time more general.  In spite of this trend, some, e.g., John Damascene, Gregory the Great, Walafrid, Nicholas of lyra and Tostado, continued to doubt the canonicity of the deuterocanonical books.  St. THOMAS AQUINAS has for a long time been listed as a dissenter because of his supposed doubts about Wisdom and Sirach, but P. Synave has argued convincingly to clear him of this imputation (Revue biblique 212 (1924) 522 – 533). The Council of Trent definitively settled the matter of the OT Canon. That this had not been done previously is apparent from the uncertainty that persisted up to the time of Trent.”

Tradução:

São Jerônimo (340-420 d.C), distinguiu entre “livros canônicos” e “livros eclesiásticos”. Os últimos, ele julgou, que eram divulgados pela Igreja como uma boa “leitura espiritual”, mas não eram reconhecidos como Escritura autoritativa. Santo Agostinho, no entanto, não reconhece essa distinção. Ele aceitou todos os livros na LXX como de igual valor, observando que os designados como apócrifos por Jerômimo eram ou de origem desconhecida ou obscura.  O ponto de vista de Agostinho prevaleceu e os livros deuterocanônicos permaneceram na Vulgata, a versão latina, que recebeu posição oficial no Concílio de Trento.

A situação permaneceu obscura nos séculos seguintes, embora a tendência de aceitar os livros disputados foi se tornando eme todo o tempo mais geral. Apesar desta tendência, alguns, por exemplo, João Damasceno, Gregório Magno, Walafrid, Nicholas de Lyra e Tostado, continuaram a duvidar da canonicidade dos livros deuterocanônicos. São Tomás de Aquino foi por muito tempo foi listado como um dissidente por causa de suas supostas dúvidas sobre a sabedoria e Siraque, mas P. Synave argumentou convincentemente para livrá-lo da imputação (Revue Biblique 212 (1924) 522-533). O Concílio de Trento definitivamente resolveu  a questão da Canon do A.T. Que este não tinha sido feito anteriormente, é perceptivel da incerteza que persistiu até o tempo de Trento.”

Obviamente, este texto é muito diferente da citação fabricada que é divulgada por sites anti-católicos americanos.

As partes que ele cita “(os apócrifos)”,  “Segundo a doutrina católica, o critério do cânon bíblico é a decisão infalível da Igreja. Esta decisão não foi dada até muito tarde na história da Igreja no Concílio de Trento.” Não existem na Nova Enciclopédia Católica, foram fraudadas. Ele também recortou a parte em que a Enciclopédia diz:

Os último, ele julgou, que eram divulgados pela Igreja como uma boa “leitura espiritual”, mas não eram reconhecidos como Escritura autoritativa.”

Veja como está a citação dele:

Estes últimos circulavam na Igreja como boa leitura espiritual mas não eram reconhecidos como Escritura autoritativa

Ele subtraiu as palavras “ele jugou”. No texto dele dá pra entender Enciclopedia diz que a Igreja não aceitava os livros como autoritativos e que tinha como apenas espirituais, quando na verdade a Enciclopédia diz que foi São Jerônimo que jugou assim! Coisas totalmente diferentes!

Além de tudo ele não mostra que a Nova Enciclopédia Católica fala que a opinião de Santo agostinho prevaleceu e foi confirmada por Trento! “O ponto de vista de Agostinho prevaleceu e os livros deuterocanônicos permaneceram na Vulgata, a versão latina, que recebeu posição oficial no Concílio de Trento.

Ou seja Trento só fez confirmar o que já era aceito pela Igreja!

Ele esqueceu de ler também que a enciclopédia diz que:

Doubts began to develop in the east, in the 4th century. These doubdts seem to have emerged as an aftermath of the christian polemic with jews .”

Tradução:

“As dúvidas começaram a desenvolver-se no leste, no século 4. Estes dúvidas parecem ter emergido como resultado da polêmica cristã com judeus .”

Isso concorda com o que JND Kelly disse, são Jerônimo citava como não canônico devido aos embates com os judeus!

A Enciclopédia Católica está falando da opinião inicial de são Jerônimo, que figurava nos prefácios da Vulgata e não de todos os seus escritos.

Em relação a João Damasceno, Gregório Magno, Walafrid, Nicholas de Lyra e Tostado,todos estes também chamaram os deuterocanônicos de escrituras, por exemplo, João Damasceno chama Sabedoria de escrituras:

A divina Escritura também diz que ‘as almas dos justos estão na mão de Deus’ (Sabedoria 3, 1) e a morte não pode lançar mão deles.” (Fé Ortodoxa, 4, 15).

E São Gregório só duvidou uma única vez de um livro de Macabeus, no entanto no resto de sua vida os tratou como inspirados tal é o caso que ele chama eclesiástico de escrituras:

O orgulho é, claro, a raiz de todo mal, de que é dito, como a Escritura testemunha: ‘O orgulho é o começo de todo pecado’. (Eclesiástico 10, 26). Além disso, proliferando a partir desta raiz venenosa como a sua primeira cria são sete pecados capitais: vaidade, inveja, raiva melancolia, avareza, gula, luxúria.” (Exposição sobre o livro de Jó, Parte I Livro III, 19).

E também a Sabedoria:

A respeito  diz a Escritura diz: ‘Uma sentença mais severa será para os poderosos.’ (Sabedoria 12, 6) (Exposição sobre o livro de Jó Parte 1, Livro 4, 3)

Um pai ter duvidado da canonicidade de um livro deuterocanônico não implica em nada, temos que ler todos os seus escritos durante toda a sua vida para saber o que eles realmente pensaram, eu, por exemplo, nos tempos que me debandava pra os lados do protestantismo, já duvidei da inspiração desses livros, no entanto não significa que é o que eu penso atualmente.

E o que a enciclopédia católica traz é isso, que apesar da aceitação comum, estes pais em algum momento negaram a canonicidade dos livros, mas isso não indica que foi pela vida toda, ela apenas quer relatar que eles negaram em determinada circunstâncias  e não dizer que foi para sempre!

Conclusão

Conforme o leitor pode observar, esta é mais uma prova do tipo de apologética que os protestantes se prestam a fazer. Por que não apresentam argumentos verdadeiros, com fundamentos sólidos? Por que não contra-argumentam de maneira honesta?

O motivo é claro. Quem não tem razão, não está do lado da verdade, tem mais é que apresentar argumentos mais do que subjetivos e falsos, tentar a todo custo desqualificar evidências objetivas, dizer que o contendor é um mentiroso ou que seus argumentos são mentirosos sem provar. E foi exatamente isso que este blog fez em sua “refutação” (melhor dizer reclamação!).

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