Domingo, Maio 5, 2024

São Tomás de Aquino, a Imaculada conceição e a “falsificação romanista” – Parte II

 

INTRODUÇÃO


Há poucos dias respondemos a um protestante que tentou refutar nosso texto inicial sobre São Tomás e a Imaculada Conceição de Maria, afirmando que uma citação apresentada por nós, na realidade era uma falsificação das obras de São Tomás. Respondemos a este texto demonstrando que não existe qualquer falsificação e que de fato São Tomás afirmou o que afirmou, logo mudou de opinião em relação a Imaculada Conceição.

Como esperado, o protestante nos respondeu, sem demonstrar onde de fato estava a falsificação e as provas para que tivesse determinado que era “falsificação romanista”. Em resumo, o protestante não conseguiu provar a suposta “falsificação romanista” afirmada em seu texto, dai então passou a trabalhar no campo das “probabilidades”, do “talvez”, do desconhecimento de autores a respeito dessa questão e tentando jogar o ônus da prova para nós. Todo o seu texto se resumem em falácia “ad ignorantiam” e “ad populum”, isto é, segundo ele a maioria dos autores que faz menção não conheciam a questão, e a maioria supostamente aceita a outra posição.  O que isso prova? Nada!

Abaixo apresentaremos nossa resposta, que por questão de brevidade e objetividade no tema, ignorará algumas das outras falácias apresentadas, que serão comentadas posteriormente nos comentários deste texto.

Os tópicos serão divididos da seguinte forma:

1 – Manuscritos com “nec originali” e a exposição de Rossi

1.1  Códice Metensi

1.2  Códice Vat.Lat 807

1.3  Códice Pommersfeldensi

1.4  Códice Cantabrigiensi

2 – A explicação do trecho anterior que supostamente nega a Imaculada Conceição

3 – Demais citações que comprovam a mudança de São Tomás

3.1 – Comentário aos Gálatas

3.2 – Comentário aos Salmos

4 – Sobre a questão ser conhecida por diversos autores e Tomistas.

4.1 – O maior tomista brasileiro

4.2 – A Enciclopédia Católica

5 – Sobre a atualização posterior.

6 – O Site Corpus Thomisticus se retifica.

 

Assim começa o escritor protestante em questão:

Como ele é o autor dessa tese, cabe a ele o ônus da prova. Ele não disse apenas que é possível que Tomás tenha mudado, mas afirmou que é algo certo. Vamos então analisar se ele tem motivos justificáveis para ter essa certeza.

Aqui tenta tirar o fardo de ter que provar que o texto era falsificação e tenta forçar a barra para que eu prove que o que falo é verdadeiro. Ora, meu ponto pode ser provado, como veremos a frente. Em sua resposta ele deveria mostrar a prova da “falsificação romanista”, e só depois pedir provas do meu ponto, mas finge que não disse nada e passa a cobrar provas de algo. Outra coisa é que eu não sou autor desta tese, isso já tem muito tempo em vários autores que mostraremos mais a frente. Além de tudo, isto foi provado nos escritos mais tardios, logo a prova foi dada, houve dele o questionamento se as provas eram verdadeiras, então vamos recapitular.

Depois comenta o protestante:

O problema do argumento católico é que ele se baseia numa obra sobre a qual há sérias dúvidas a respeito da autenticidade do trecho que contém a expressão “nec originale”. Nós trouxemos uma versão crítica dessa obra produzida por autores católicos que não contém essa expressão. Perceba que essa não é somente a opinião de autores protestantes, mas de católicos. Isso por si só já seria suficiente para refutar a certeza aludida pelo católico, pois até mesmo entre os críticos textuais católicos, a questão é disputada e gera dúvidas.

No seu texto inicial o protestante afirmou que era “falsificação romanista”, agora o discurso muda e passa para “há sérias duvidas”, temos aqui uma mudança de discurso bastante significativa. Para onde foi a pretensa “falsificação romanista” que segundo ele, Richard Gibbings já demonstrava há muito tempo?  Passando ao largo de dar a prova para tal acusação, muda de discurso passando agora para o campo da dúvida.

A questão não é “opinião de autores católicos”, e sim as provas que possam se dar para que algo seja falso ou não, questionamentos sem provas, não provam nada. Se procurarmos sem muita dificuldade vamos achar até autores católicos, dentre eles até mesmo estudiosos, a favor até do casamento gay, o que isso tem a ver? Tira minha certeza de que casamento gay é errado? Estou me baseando em provas e não simplesmente em autores católicos, até porque para um argumento ser verdade não precisa de unanimidade entre autores católicos, isso aqui é apenas falácia de apelo à autoridade, como que algo se refuta por ter autores que discordam.

A versão crítica dos Escritos de São Tomás de 1931contém o trecho “nec originale”, por exemplo, e o que isso tem a ver? Prova que é verdadeira? Pelo mesmo argumento protestante, ele já estaria refutado simplesmente por conter este trecho na versão de 1931.

Vale ressaltar aqui o que o protestante fala no fim de seu texto:

O apologista católico se agarra com unhas e dentes a opinião minoritária de Garrigou. Esse é o resultado prático da Sola Eclésia. Os católicos, infelizmente, não podem buscar a verdade por si próprios.”

Aqui é famosa falácia ad populum, está argumentando que algo é verdade ou não simplesmente porque uma suposta maioria aceita determinado ponto, e é nesse argumento junto o argumento ad ignoratiam que ele tenta se basear em todo o seu texto. A falácia ad populum é o mesmo argumento ateu que diz: “a maioria dos cientistas não acredita em Deus, logo Deus não existe”. Sendo assim Lutero já estava errado de antemão, porque contrariou todos ou pelo menos a grande maioria dos doutores de sua época.

Com essa frase fica evidenciado que o protestante não tem conhecimento sobre essa questão, até porque essa mesma opinião é encontrada em Giovani Felice Rossi famoso por sua edição crítica dos escritos de São Tomás, e também dada anos depois pelo tomista Pe. Jacques-Marie Vosté (dominicano como São Tomás), ambos anteriores a Lagrange, logo, além de não saber do que fala a respeito da questão, acha que isso é opinião formulada por Lagrange e que estamos nos apoiando nele, como que não vimos outros autores falando da questão. Além de tudo isso, eu não me apoiei no Lagrange para isso, o mencionei porque além de ser o mais conhecido tomista de seu tempo, o blog de onde o protestante tirou seus argumentos, menciona Garrigou Lagrange como utilizando um texto falsificado, ignorando as provas que este dava.

Se ele se prestasse a ler a obra do Garrigou Lagrange que coloquei, veria que na nota de Rodapé, ele cita os dois autores:

GarrigouImaculada

(44) Recentemente o Pe. J.M. Voste. O.P em seus “commentarius in IIIam P. Summae Theol. S. Thomae” (in q27, a2) segunda edição, Roma, 1940, aceitou a tese do Pe. Rossi que São Tomás retornou no fim de sua vida  a posição que ele adotou no inicio. Esta visão é pelo menos, seriamente provável” (fonte)

Logo essa tese nem é de Garrigou, nem ele é o único que aceita, portanto a falácia já estava refutada de antemão, fica aqui claro que o protestante neste assunto está totalmente perdido. Sendo assim, temos até aqui três autores tomistas entre os mais conhecidos que mencionam a tese que estou aqui a apesentar, contrariando o argumento do protestante. No meu texto anterior, também mencionei o Dr. Paulo Faitanin doutorado em Navarra, professor da UFF e diretor do Instituto Aquinate, colocamos o texto aqui no site onde Faitinin também concorda com a questão e apresenta diversos argumentos úteis para compreender o pensamento de São Tomás. O protestante simplesmente ignora isso tudo e passa então a se apoiar na “omissão” de outros autores sobre a questão.

Na sequencia ainda fala:

Eles precisam aceitar de antemão e sem qualquer senso crítico o que a igreja romana determina como dogma. Por isso, mesmo diante de tanta evidência contrária, se agarram a qualquer posição simpática à igreja romana. Caso semelhante ocorre com Jerônimo. Os eruditos protestantes e católicos são majoritários em afirmar que ele negou a canonicidade dos apócrifos. Ainda assim, quando surge um ou outro autor católico “remando contra a corrente” e afirmando que Jerônimo mudou de ideia, os apologistas se agarram a ele como se representasse a posição correta, a despeito das evidências.”

Quem está falando isso aqui é o mesmo sujeito que diz que Santo Agostinho mudou a opinião a respeito de Eclesiástico, simplesmente porque achou uma citação de Santo Agostinho nas Retratações dizendo que Eclesiástico não foi escrito por um profeta, no caso Salomão, dai conclui que isso quer dizer que ele deixou de crer na Inspiração do livro, como que um livro para ser inspirado teria que ser necessariamente escrito por um profeta. Tudo isso “a despeito das evidências” e de todos os autores falarem o contrário, simplesmente porque achou no site do William Webster “remando contra a corrente”, que Santo Agostinho tinha deixado de crer que Eclesiástico era inspirado. “A despeito” também de Santo Agostinho na obra A Doutrina Cristã, colocar esses livros dentro do “completo cânon das Escrituras e claramente fazer a distinção entre livros históricos e proféticos, os quais eram todos inspirados. Mas o protestante não satisfeito não parou por ai, foi além e descanonizou também o livro da Sabedoria por tabela, por conta da referencia a Eclesiástico. Isso é o que eu chamado de triplo mortal carpado advinhativo.  Pensou tanto por si próprio que acabou por projetar sua própria ardileza no pensamento de Santo Agostinho. Ou seja, o protestante nos acusa a todo o momento do que ele próprio faz. Sobre São Jerônimo, já coloquei as diversas evidências onde São Jerônimo chama os livros deuterocanônicos de Escrituras, e os usa para provar diversas doutrinas em toda a sua vida, mas isso tudo não é suficiente, só é suficiente se ele achar uma citação aleatória sobre a característica de um livro e dizer que ali o autor está falando de Inspiração ou descanonizando um livro.    

Muito engraçado ele copiar um texto de um blog americano que acusa católicos sem provas, e depois dizer que “Os católicos, infelizmente, não podem buscar a verdade por si próprios”, talvez seja porque aprendeu a usar o google por si próprio e nós católicos não.  

Ele ainda diz que eu estava afirmando que estava apoiado em uma maioria de autores tomistas. Ora, onde tem isso no meu texto? Não afirmei em nenhum lugar, até porque “maioria” serve de que? A única vez que a palavra “maioria” ocorreu no meu texto foi para dizer que a maioria das nossas citações são referenciadas com os originais. Quando mencionei a opinião dos vários teólogos tomistas, foi justamente pra mostrar que apesar da diversidade de opiniões sobre o pensamento de São Tomás, que os protestantes já tinham determinado como definitivamente contrário, sem prova alguma, só isso. Ele inventa um argumento de espantalho e diz que estou afirmando isso.

Em outro trecho o protestante diz:

Acredito que o autor do artigo leu algum site em inglês e replicou a tese. É possível que sequer soubesse das dúvidas que pairam sobre a citação.

Trata-se aqui do argumento ad hominem a minha pessoa, o que ignorarei. Mas agora ele deve demonstrar em qual site em inglês tem a questão da autenticidade do texto, como fez dizendo que eu supostamente copiei a menção ao Padre Vosté do site do Thaylor Marshall. Procurei na internet isso após a firmação dele e não achei em nenhum lugar. Quem realmente nada sabia sobre isso era justamente ele, isso é facilmente demonstrado devido ao fato de que em poucos dias tivemos a súbita e repentina mudança de “falsificação romanista” para “duvida de autenticidade”. Assim, a “falsificação romanista” foi enterrada e repousa em um silêncio ensurdecedor.

Está claro que ele não sabia nada da questão, pra tentar refutar nosso texto pegou a argumentação do blog do Francis Turrentin e lançou nas cegas tentando a sorte de nenhum católico ou eu mesmo não saber responder a questão, agora varou a internet pra encontrar autores que, ou não mencionam a tese (chegou até o nível de plagiar todo a referencia a Mariano Spada do wikipedia em inglês, só fez traduzir, sem mencionar a fonte, provando que não leu nada do assunto), ou que simplesmente dizem que São Tomás negou, como que isso prova alguma coisa, e sendo que eu mesmo tinha mencionado que estes autores existiam.

Dado esses comentários preliminares, passaremos então a provar nossos pontos.

 

1 – DOS MANUSCRITOS COM “NEC ORIGINALE” E A EXPOSIÇÃO DE ROSSI


 No meu texto em resposta ao protestante, coloquei duas referencias, em relação aos manuscritos antigos que contém a expressão “nec originale”. O primeiro trecho foi o de Dr. Pedro Espinosa que juntamente com os especialistas da Diocese de Guadalajara, no México em 1849 , antes do dogma ser proclamado afirmou:

Na exposição da Epístola aos Gálatas, Lição 6. C. o santo doutor diz:“Virum de mille unum reperi, scilicet Christum, qui esset sine omni peccato; mulierem autem non inveni quae omnino à peccato immunis esset, ad minus originali vel vienali: excipitur purissima et omni laude dignissima Virgo”. Assim lê a edição de Paris de 1541. As últimas expressões, que manifestadamente favorecem a concepção imaculada, se lê em uma multidão dos códices mais confiáveis, e foram suprimidas em edições modernas e principalmente na de Veneza 1593, como visto até as evidências de Henriquez, Pineda, Theophilus Raynaldo e Antonio Velasquez. Integro é o texto em uma edição venensiana anterior a 1555, feita de acordo com cópias corretíssimas, como testemunha o P. Alberto de Castro Santiago, religioso dominicano. Integro está também em duas edições de Paris de 1529, um dos quais tem o título In Via Jacobena. Pode se ver o que disse sobre tal supressão Marraccio em panfletos intitulados: Fides Cayetana e Allocutiones Pacificae.

Na exposição da saudação angélica, diz o doutor santo “Purissima ipsa fuit, et quantum culpam anúncio, originale nec quia, mortale nec, nec veniale paccatum icurrit” tampouco este texto escapou de ser adulterado, substituindo-se a palavra “nec originale” por “ipsa Virgo”. Quantos são antigos manuscritos e impressos que lemos “nec originale” pode ser visto em Alva e Astorga Solis Raios p. 943.” (Dictamen sobre la Inmaculada Concepción de María Santísima Pagina 59)

E também Garrigou Lagrange o maior tomista de seu tempo:

No período final de sua carreira, ao escrever o Exposito Super salutatione angelica – que certamente é autêntico (39) – em 1272 ou 1273, São Tomás expressou-se assim: “Para ela (a Santíssima Virgem) foi mais pura na matéria de culpa! (quantum ad culpam) e não incorreu nem o pecado original, nem mortal nem venial”. Cf. G. F. Rossi, CM., S. Thomae Aquinatis Expositio salutationis angelicae, Introductio et textus. Divus Thomas (PI)., 1931, pp. 445-479 (40). Nesta edição crítica do Comentário sobre a Ave Maria, afirma-se, pp. 11-15, que a passagem citada agora é encontrada em dezesseis manuscritos dos dezenove consultados pelo autor, que conclui que é autêntico. Ele dá fotografias dos principais manuscritos em um apêndice. Esperemos que o mesmo trabalho consciencioso seja feito por outro opuscula de S. Tomás! (41)

Apesar da objeção levantada pelo Pe P. Synave (42) o texto parece ser autêntico. Se for, então, São Tomás voltou atrás no final da sua vida e mudou –  podemos acreditar por seu amor a Mãe de Deus – para a posição que ele tinha adotado quando afirmou Imaculada Conceição, em seu Comentário sobre as Sentenças. Nem é o texto que estamos considerando a única indicação de tal retorno (43).” (Garrigou- Lagrange – A mãe do Salvador – Pg 69-70.)

Das citações de Pedro Espinosa e Garrigou Lagrange, podemos tirar as seguintes conclusões:

1 – Dos 16 dos 19 antigos manuscritos analisados por Rossi contém a expressão “nec originali”.

2 – As mais antigas versões contém a expressão “nec originali”.

3 – Nas versões que não contém a expressão “nec originali” estas palavras foram suprimidas.

4 – Posteriormente as palavras “nec originali” foram substituídas por “ipsa virgo”

Abaixo provaremos que todos esses pontos são verdadeiros demonstrando os mais antigos manuscritos.

Vejam que fiz a menção a Pedro Espinosa, que é do ano de 1849, ou seja, 5 anos antes do dogma ser proclamado, o Dr. Espinosa e vários teólogos mexicanos já apontavam essa questão nos escritos de São Tomás, o melhor argumento do protestante foi usar ad hominem contra Pedro Espinosa:

Pedro Espinosa não é especialista em Tomás. Na verdade se trata de um ilustre desconhecido sem qualquer relevância acadêmica. O pior de tudo é a tese de que na verdade a falsificação foi trocar “nec originale” por “ipsa virgo”. Trata-se de uma tese para a qual não é apresentado nenhum argumento.

Aqui está mais uma das suas diversas incoerências. Acusou-nos de usar ad hominem contra Richard Gibbings, simplesmente porque falei que ele era “anti-catolico”, como que isso é ofensa, e aqui faz o mesmo contra Pedro Espinosa o qualificando como “ilustre desconhecido” e “sem qualquer relevância acadêmica”. Ou seja, ele quer nos acusar do mesmo argumento que ele usa. Reclama de ad hominem, no entanto aceita comentários insultuosos ao meu respeito em seu texto e ainda agradece o apoio, vejo muita coerência nisso tudo.

Além disso, eu não falei que Pedro Espinosa era especialista em São Tomás, mas na questão do dogma. Ele foi doutor em teologia e em 1849 antes o dogma ser proclamado, foi ele juntamente com outros doutores mexicanos que produziram o livro que citei, para demonstrar as alterações nas citações. E sim Espinosa dá provas fazendo referencias aos antigos manuscritos como pode ser visto no texto supracitado.

A respeito dos 16 manuscritos consultados por Rossi e aludidos por Garrigou Lagrange assim comenta o protestante:

Se ele realmente deseja substanciar a sua posição, espero que de fato prove que são 16 manuscritos e que eles justificam considerar a citação autêntica. Simplesmente trazer a opinião de autores católicos claramente comprometidos em salvar o dogma católico não é suficiente para fechar a questão.

Parece que aqui a melhor argumentação do protestante contra a menção de Garrigou Lagrange a obra de Rossi, foi duvidar. Por em dúvida primeiro o que Lagrange falou, como que ele estaria apenas blefando apenas para “salvar o dogma católico”, e depois duvidar que Rossi não consultou mesmo esses manuscritos. Sendo assim como é que Pedro Espinosa estaria comprometido em Salvar o um dogma se seu livro é anterior a proclamação do dogma?

Para provar nosso ponto, começaremos mostrando que Lagrange está falando a verdade sobre Rossi, mostrando a obra de Rossi. Depois passaremos a provar as afirmações de Rossi e também de Espinosa.

Giovani Felice Rossi é um famoso tomista que em 1931 fez uma versão crítica da obra de São Tomás de Aquino (uma das únicas de sua época) e no início da sua edição dá várias explicações a respeito dos vários textos controversos das obras de São Tomás, uma delas é exatamente a que estamos analisando.  Assim diz Rossi em sua obra:

TomasI

[..]

 TomasII

 TomasIII

Tradução:

Foi feito um apelo aos manuscritos originais. Manuscritos, temos. Vamos colocar um fim à questão.

[…]

Em adição a estes códices, encontramos dezesseis outros, depois de um trabalho diligente diuturnamente, com a colaboração do instituto, o termo “nec originalle”, o que se destaca mesmo em Astorga e quatro outros manuscritos coletados por P. De Alva [26], achei todos esses Códices, a saber:

1.      METENSI – Bibl. Civitatis – 1158 (1282 d.C) fol. 100 va.
2.      VAT. LAT 807 (Circ. Na. 1323) fol. 229 vb.
3.      RHEMENSI – Bibl. Comm. – 475 (saec XIV) Fol; 197 ra
4.      VAT. URBIN. LAT. 127 (saec XV) fol. 225 rb
5.      PARIS. – Bibl. S. Genovefae – 238 (saec. XIII ex.-XIV in.) fol. 185 ra
6.      PARIS. NAT. LAT. 17276 (saec. XV) fel. 158 v
7.      PARIS. ANSENALIS 532 (an. 1408) fol. 931:
8.      GUELFERBYTANO – Bibl. Ducis Augusti – 59. 1. Aug. 2 (saec. XIV-XV) fol. 54 va
9.      VAT. LAT. 10275 (saec. XV) fol. 43r
10.  DIVIONENSI – Bibl. Munic. – 223 (saec. XV) rol. 113 rb
11.  GRATIANOPOLITANO – Bibl. Civitatis – 293 (saec. XV) fol. 131r
12.  BURDIGALENSI – Bibl. Munic. – 131 (saec. XIV) fol. 69 ra
13.  MATRITENSI  Nat. 4196 (saec. XV) fol. 110 v
14.  PARIS. NAT. LAT. 426 (saec. XIV) fol. 79 vb
15.  PARIS. NAT. LAT. 14546 (saco. XIII en.-XIV in.) foi. T1 rb
16. POMMERSFELDENSI – Bibl. Schönborn – 90-2656 (saec. XIII ex.-XIV in.) fol. 111 rb.

Por questão de brevidade recortei somente as partes que interessam do livro de Rossi, no fim do texto colocarei o texto digitalizado por completo. [1]

Rossi menciona os 16 manuscritos, muitos do mesmo século no qual viveu são Tomás, que ele consultou e que contém ao termo “nec originale” presente, dando o nome e referencia das bibliotecas onde se encontram. Rossi menciona antes disso mais 4 outros manuscritos conhecidos onde a palavra foi suprimida ou raspada por alguém. Mas o protestante não satisfeito vai duvidar das palavras de Rossi, achar que ele está mentindo e não consultou os manuscritos, porque Rossi quer “salvar o dogma católico”. Passemos então a demonstração nos manuscritos antigos.

As leituras dos códices são bastante difíceis para quem não está acostumado com a escrita latina antiga, vou recordar aqui o trecho em questão para que o leitor recorde

Ipsa enim purissima fuit et quantum ad culpam, quia nec originale, nec mortale nec veniale peccatum incurrit”.

Para não precisar apresentar todos os 16 manuscritos, porque além de ser obviamente um grande trabalho para apenas um texto e demorar muito tempo para conseguir todos, selecionei apenas os 3 mais antigos e melhores que contém a palavra “Nec Originale” e solicitei a Biblioteca do Seminário de Torino, e que já servem como prova, por serem justamente os mais antigos que se tem conhecimento. Também solicitei 1 dos 4 outros que a palavra foi raspada ou suprimida.

 

1.1      METENSI – BIBL. CIVITATIS – 1158 (1282 D.C) FOL. 100 VA[2]

O primeiro manuscritos que temos a apresentar aqui é datado de 1282:

TomasCodiceI

Para quem não consegue identificar as palavras “nec originale, nec mortale, nec vienale” estão abreviadas ai da seguinte forma “nec orle , nec Mole , nec Venle.

Assim temos aqui apenas 8 ou 9 anos após a morte de Santo Tomás um códice que contém as palavras “nec originale” presentes, claro, porque alguém 9 anos após a morte de São Tomás  já teria a ideia de adulterar os escritos dele, principalmente sendo ele dominicano.

 

1. 2 – VAT. LAT 807 (CIRC. NA. 1323) FOL. 229 VB[3]

Outro códice muito antigo é o que se encontra na biblioteca do Vaticano, datado de 1323.

 TomasCodiceII

Assim temos outro manuscrito 50 anos após a morte de São Tomás que provam que as palavras “nec originale” estão ali desde o início.

 

1.2      – POMMERSFELDENSI – BIBL. SCHÖNBORN – 90-2656 (SAEC. XIII EX.-XIV IN.) FOL. 111 RB[4]

O próximo manuscrito é datado do fim do século XIII e início do século XIV:

 TomasCodiceIII

O protestante poderá duvidar que seja verdadeiro, dizer que adulteramos esses manuscritos, ou questionar se as datas que apresento são verdadeiras, quanto a isso nada posso responder, não detenho a tecnologia de datação radioativa, Potássio 40 ou de Carbono 14 para satisfazer tais exigências.

Até aqui provamos tanto as palavras de Garrigou Lagrange, quanto as palavras de Giovani Felice Rossi. A não ser que o protestante queira exigir que demonstremos os 16 por completo, trabalho este que demoraria um tempo gigantesco, para o qual não posso me dedicar simplesmente para um texto na internet, e até mesmo seria inútil, porque mesmo com os 16 ainda assim o protestante possivelmente iria dizer que todos são falsificados ou que alguém fez isso pra tentar salvar o dogma católico, criando assim outros critérios para invalidar as evidências. 

Vamos então provar aqui as palavras d o Dr. Pedro Espinosa, que foram desdenhadas pelo protestante.

Pedro Espinosa afirmou duas coisas:

1– As palavras “nec originale” foram retiradas

2– Foram substituídas por Ipsa Virgo

Recordemos o que o protestante diz sobre Pedro Espinosa:

Pedro Espinosa não é especialista em Tomás. Na verdade se trata de um ilustre desconhecido sem qualquer relevância acadêmica. O pior de tudo é a tese de que na verdade a falsificação foi trocar “nec originale” por “ipsa virgo”. Trata-se de uma tese para a qual não é apresentado nenhum argumento

Além de não ser dito no meu texto que Pedro Espinosa era especialista em São Tomás, vamos satisfazer a vontade protestante.

Perceba o leitor que em nenhum desses códices apresentados, estão presentes as palavras “ipsa virgo”, estas só aparecem em edições mais tardias, só isso já bastaria para provar este ponto de Espinosa. Mas vamos demonstrar materialmente a afirmação de Espinosa. A mesma coisa que ele disse em 1849, cinco anos antes do dogma, disse também Rossi em 1931:

TomasIV

Tradução:

No Codex 35 cantabrigiensem (Corpus Christi College) IOL. 278 se lê assim: “ipsa enim purissima fuit et quantum ad culpam quia nec oríginale (nec) venale, nec mortale peccatum incurrit”, mas a palavra “originale” foi raspada. Certamente um sapientíssimo corretor não um escriba, nem provavelmente algum leitor do século 13 ou 14. Um erro de Escriba suprimindo por raspagem não é encontrado; correções foram feitas por exagero ou um sinal de omissão (na – cat), a estética que deixa sobreviventes.

Isso pode ser visto quando vemos o Códice Cantabrigiense [5]:

 TomasIV

É claríssimo neste manuscrito que as palavras “originale nec” foram apagadas ou raspadas como diz Rossi. Perceba novamente o leitor que nesse códice não estão presentes as palavras “ipsa virgo”, confirmando assim o que Espinosa disse.

Gostaria de agradecer a Paola Voz, bibliotecária do Seminário de Torino, que apesar da raridade e idade dos manuscritos, com todo cuidado, prontamente nos enviou as páginas solicitadas digitalizadas.

Diante de todas essas provas, o que eu tenho a ver se algum autor não mencionou a questão ou não defendeu esta tese? 

Claro que tudo isso não será suficiente para satisfazer o apologista protestante, porque ainda vai estar baseado em uma pretensa maioria que da qual ele não apresenta nenhuma prova. Ninguém é convencido do que não quer.

Finalizo este item com as palavras de Giovani Felice Rossi:

 TomasV

Tradução:

Portanto, não resta nenhuma dúvida sobre a autenticidade do texto “nec originale…. in currit”. Além disso, a partir do que já disse, é claro que no lugar da palavra houve a prática em sucessivas edições – quase todas – em colocar ‘ipsa Virgo’, quando na verdade a repetição do tema (ipsa enim…. ipsa Virgo) torna-se inútil, ou melhor, corrompe a elegância da língua latina.

Logo, além de “nec orginale” ser original do texto, a adição posterior com as palavras “ipsa virgo” corrompe a elegância da língua latina escrita por São Tomás.

 

A EXPLICAÇÃO DO TRECHO ANTERIOR QUE SUPOSTAMENTE NEGA A IMACULADA CONCEIÇÃO


O protestante alega em seu texto que não tratamos da passagem que precede o termo “nec originale” e que supostamente estaria em contradição em poucas linhas.

Assim ele diz:

“Agora, o principal argumento do meu texto, com o qual ele não interagiu, é que Tomás nega explicitamente a Imaculada Conceição na mesma obra

Cita então o texto anterior a frase de “nec originalle”:

Sed Christus excellit beatam virginem in hoc quod sine originali conceptus et natus est. Beata autem virgo in originali est concept, se non nata (…)

Cristo excedeu a Virgem Santíssima no fato de que ele foi concebido e nascido sem original. Mas a Santíssima Virgem foi concebida em original, mas não nasceu nele.

Percebam que o texto em latim, não há a presença da palavra “pecado” que seria “peccato”, apenas “in originali concept”. Claro que devido ao contexto pode se presumir que ali queira significar o “pecado original”, mas no tomismo isso muda muita coisa.

Então, conclui o Protestante:

Poucas linhas antes do texto onde é alegado que Tomás defendeu a imaculada conceição, ele a negou.[…]

e

A explicação mais plausível é que a ideia da liberdade do pecado original não faz parte da obra original.

Não me recordo dessa “explicação plausível” no texto onde afirmara que era uma “falsificação romanista”.

Por que necessariamente as palavras “nec originale” não fazem parte da obra original a partir dessa suposta contradição? Poderíamos argumentar também que o discurso anterior onde há a suposta contradição é que não está na obra, ou seja, esse argumento de “explicação plausível” pode servir também pra quem quiser dizer que o trecho anterior é falso, baseado na veracidade das palavras “nec originale”. Ele está escolhendo o que quer aceitar como verdadeiro ou não baseado em uma suposta contradição. Por que ele não diz que o trecho anterior é o que não faz parte do discurso? Claro, porque não convém a ele, só convém achar que “nec originale” é que é “falsificação romanista”.

Ao contrário do que ele afirma tratamos disso sim no texto anterior, ou ele não quis ler ou pode ser que eu não tenha deixado claro. Vamos dar o benefício que eu não tenha deixado claro. Vamos então explicar a questão toda.

O texto do anterior da mesma obra diz o seguinte:

Cristo excedeu a Virgem Santíssima no fato de que ele foi concebido e nascido sem original. Mas a Santíssima Virgem foi concebida em original, mas não nasceu nele.

Primeiramente, como conciliar os dois textos então? Estariam em contradição? A solução é simples, no trecho anterior a “nec originale” São Tomás está falando que ela foi “in originali concepta” isto obviamente deve ser entendido no sentido que ela foi concebida pelos pais que tinham a mancha do pecado original, logo temos que entender ai “concebida” no sentido da cópula dos pais, não da transmissão do pecado pelos pais a ela. Assim na primeira frase ela foi concebida com os pais com a mancha do pecado original e na segunda frase fica claro que esse pecado não foi transmitido a ela, por isso mesmo ele fala que não lhe ocorreu pecado original.

Argumento parecido é dado por protestantes que negam a existência do pecado original quando apresentamos os Salmos 38, quando o salmista diz:

Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.” (Salmo 51, 5)

Esses protestantes argumentam que “em pecado me concebeu minha mãe” é condição própria da mãe, não da criança. A mesma explicação pode ser dada a São Tomás, claro que o pensamento de São Tomás é diferente do protestante neste sentido, até pelas implicações biológicas e metafisicas, porém a solução fica totalmente fundamentada no estado dos pais e da não transmissão deste pecado a Maria quando se demostra que o texto com “nec originale” é autêntico. Logo, Cristo neste texto foi “concebido” sem pecado, porque sua mãe não tinha pecado nem teve contato sexual, e Maria foi “concebida” em pecado, porque seus pais tinham pecado, que não foi transmitido a ela, então “concebida” deve se entender ai como o estados dos pais no ato sexual que como diz ele próprio, não se pode realizar sem libidinagem” (Compêndio Teológico – CCXXIV), logo essa é uma das explicações que harmoniza o texto.  Se isso não satisfizer o protestante, podemos então adotar a opção presentada de achar que São Tomás era esquizofrênico. Claro que aqui vai argumentar que “isso é malabarismo” ou “está deturpando”, então que prove que todos os manuscritos são falsos.

Ele também afirma que Garrigou Lagrange não lida com este fato, sendo que eu coloquei nos comentários a obra “A Sintese Tomista”, onde o Garrigou fala desta questão:

É verdade que, neste mesmo lugar, um pouco antes, diz Tomás: “B. M. V. in originali est concepta, sed non nata”, mas sabemos que para ele a concepção do corpo tem uma prioridade tempo notável sobre a animação, e se quer evitar neste escrito uma contradição inaceitável em algumas linhas de distância, deve se ver nas palavras “in originali concepta” o “debitum contrahendi” em razão do corpo formado por geração ordinária, e não o pecado original em si, o que só pode estar na alma (cf. Fríetoff C., loc. cit., p. 329, e P. Mandonnet em “Thomiste Bulletin”, de Janeiro a março 1933 Notas et Communications, pp. 164- 167). Concluímos com Fr. Vosté:  “No fim do curso de sua vida neste mundo, pouco a pouco, o Doutor Angélico voltou-se para a primeira afirmação, tal foi a pureza da Virgem, que estava imune do pecado original e atual” (1 Sent. 1254)” ( Garrigou Lagrange – A Sintese Tomista – pg 277-278)

Percebam aqui que Garrigou Lagrange faz menção a mais 2 Tomistas o Padre Frietoff e também outra sessão de outra edição do Boletim Tomista escrita em 1933 por Mondonnet. São mais dois tomistas apoiando a ideia, até aqui já mostramos cinco.

No trecho que da obra de Garrigou Lagrange, citada por mim, ele menciona o Padre P. Synave, e fala assim:

Apesar da objeção levantada pelo Pe P. Synave (42) o texto parece ser autêntico. Se for, então, São Tomás voltou atrás no final da sua vida e mudou –  podemos acreditar por seu amor a Mãe de Deus – para a posição que ele tinha adotado quando afirmou Imaculada Conceição, em seu Comentário sobre as Sentenças. Nem é o texto que estamos considerando a única indicação de tal retorno (43).” (Garrigou- Lagrange – A mãe do Salvador – Pg 69-70.)

A objeção do Pe P. Synave é justamente essa dos textos estarem em contradição, o protestante achou que as palavras do Pe. Paynard eram em relação a autenticidade do texto ou não e diz:

O próprio Garrigou aponta a objeção de outro estudioso católico. A questão é – se a autenticidade do texto é objetada até mesmo por estudiosos católicos, como o apologista católico pode afirmar que é certo que Tomás mudou de posição?

Ao que parece o nosso interlocutor passou por cima. As palavras do Pe P. Synave são exatamente as que eu coloquei do boletim tomista de Julho-Dezembro de 1932, citarei novamente:

Será que este texto contradiz o outro que ocorre algumas linhas mais tarde? É altamente improvável que São Tomás iria contradizer-se no espaço de algumas linhas. A dificuldade desaparece quando se recorda que na visão de São Tomás a concepção do corpo e o início da evolução do embrião é precedido por um mês, pelo menos, a animação (ou concepção passiva consumada) antes da qual a pessoa não existia, até então não havia ainda nenhuma alma racional. (Boletim Tomista de Julho-Dezembro de 1932 página 579)

Aqui o Pe P. Synavefala que são Tomás não iria se contradizer em poucas linhas e que isso tudo é explicado justamente pelo problema do entendimento entre concepção e animação na doutrina de São Tomás. A conclusão do Pe. Paynard é também razoável e possível, porém ainda incorre do problema da dificuldade que existe entre tomistas pela determinação se a purificação ocorreu no instante da infusão ou pouco tempo depois da infusão da alma.  No entanto nossa explicação e também a do Garrigou estão em consonância com o texto e o harmoniza, uma vez que foi provado que “nec originale” é autêntico, não só pelos manuscritos que o contém, mas também pelo fato que foi demonstrado a raspagem dos trechos em outros manuscritos, demonstrando na realidade que o termo “nec originale” é que foi retirado em edições posteriores. Claro que tudo isso não satisfará o protestante, em relação a isso não poderemos fazer nada, basta apenas então que prove que os manuscritos foram falsificados, ou comece a propor a ideia que São Tomás era esquizofrênico.

 

DEMAIS CITAÇÕES QUE COMPROVAM A MUDANÇA DE SÃO TOMÁS


Demonstramos outras citações que comprovam o fato de que São Tomás afirmou que Maria não nunca teve nenhum pecado, o protestante não entendeu a questão e apenas diz que ali não tem nada a respeito disso. O protestante menciona um erro que eu cometi, de fato, que foi o de não traduzir, só me dei conta depois.

Comentários Aos Gálatas

No meu texto eu citei a referencia ao comentários aos Gálatas que Pedro Espinosa faz: 

Na exposição da Epístola aos Gálatas, Lição 6. C. o santo doutor diz:“Virum de mille unum reperi, scilicet Christum, qui esset sine omni peccato; mulierem autem non inveni quae omnino à peccato immunis esset, ad minus originali vel vienali: excipitur purissima et omni laude dignissima Virgo”. Assim lê a edição de Paris de 1541. As últimas expressões, que manifestadamente favorecem a concepção imaculada, se lê em uma multidão dos códices mais confiáveis, e foram suprimidas em edições modernas

O protestante novamente pega a referencia do site Corpus Thomisticus e diz que ali não estão essas palavras, mesmo eu colocando a outra edição que claramente apresentava as palavras com várias provas.

O trecho em português é esse:

Por isso, é dito, ‘Eu estou sozinho até que passe’; e, novamente ‘Não há ninguém que faça o bem, nem um sequer’; ‘Um homem entre mil que eu encontrei’ (ou seja, Cristo, que foi sem qualquer pecado), “uma mulher entre todos elas eu não encontrei”, que fosse totalmente imune de todo pecado, pelo menos original ou venial. Exceto a puríssima e louvável Virgem.

Perceba o leitor que São Tomás está falando claramente ai que dentre as mulheres a Virgem não tinha pecado, nem original, nem venial. O que ele faz neste texto é comprar que entre os homens só Cristo não teve pecados, e entre as mulheres só Maria não teve pecados. Eu coloquei o Volume XXIII do Sancti Thomas Opera Ominia de 1862 onde são demonstradas as várias versões dos comentários aos Gálatas e os antiquíssimos manuscritos que a contém, como demonstrei no caso de “nec originale”, porém esse trecho aos Gálatas é trabalho para outro texto que vai resultar no mesmo trabalho deste. O protestante simplesmente ignorou isso e todas as explicações que tem no link e nas palavras de Pedro Espinosa e simplesmente foi na internet procurar os textos baseado nas versões posteriores nas quais as palavras foram retiradas.

 

Comentários aos Salmos

Para não me delongar nesta questão paralela no meio do texto, farei isso nos comentários, aqui deixo o comentário do Dr. Paulo Faitanin:

De fato outras obras desta época afirmavam igualmente este retorno, como a Postiila Super Psalmos de 1273 onde se lê no comentário do Salmo 16, 2: Em Cristo a Bem-Aventurada Virgem Maria não incorreu absolutamente em nenhuma mancha ou no Salmo 18, 6: Que não teve nenhuma obscuridade de pecado. Mesmo na Expositio in orationem dominicam, também de 1273, em a.5: e a Bem-Aventurada Virgem Maria, que foi cheia de graça e que não incorreu em nenhum pecado. Note-se que a expressão nenhum pecado exclui, obviamente, o original.” (fonte)

 

SOBRE A QUESTÃO SER CONHECIDA POR DIVERSOS AUTORES E TOMISTAS


Por brevidade, já que este texto está ficando demasiadamente grande, apenas faremos menção aos autores que ele menciona omitindo as citações apresentadas que não tem relevância. Ele menciona A Enciclopédia Católica, Jimmy Akin, Carol Juniper e mais 3 autores católicos como desconhecedores da tese de São Tomás ter mudado de opinião, já que segundo ele, essa tese vinha apenas do Garrigou, agora pergunto: o que isso tem a ver na prova de algo? Para se afirmar algo é necessário provas, não autores que conheçam ou desconheçam.

O protestante então entra um vortex que junta falácia de apelo a autoridade junto com ad ignorantiam, para dizer algo é falso ou desconhecido simplesmente porque ele menciona autores que não falavam da questão. E o que argumento tem a ver com isso? Por acaso todos os autores católicos que falaram da questão tem que ter o mesmo conhecimento ou serem oniscientes de tudo quanto tange ao assunto? Chegou até o nível de plagiar todo a referencia a Mariano Spada do wikipedia em inglês, só fez traduzir sem mencionar a fonte e quer realmente vir passar aqui que sabe algo do assunto?

Por acaso para eu desenvolver uma tese, preciso necessariamente ter que mostrar 300 autores tenham mencionado o mesmo que eu falo? Se for assim de imediato o protestante tem que avisar ao apologista americano William Webster (novamente “nadando contra a corrente”) para abandonar sua tese que Hipona e Cartago não tinham a mesma lista de livros canônicos de Trento, porque segundo ele, esses concílios aceitaram I Esdras da septuaginta, para o qual, além de não ser apresentada nenhuma prova, não é mencionado por nenhum autor na história, no entanto, tem sido adorado entre protestantes brasileiros.

Em um de seus comentários a esses autores, o protestante diz:

Mas, nada poderia estar mais longe da realidade. Juniper Carol, considerado a maior autoridade em mariologia no séc. XX, cuja obra é considerada de referência no meio católico, escreveu:

São Tomás de Aquino (1225-1274) tratou a questão da Imaculada Conceição apenas incidentalmente, como cognato à sua consideração da impecabilidade de Cristo. Ele seguiu o ensino de St. Bernardo, e assim possivelmente se pode considerar que sua relutância em admitir a imunidade de Maria do pecado desde o primeiro momento da sua concepção foi devido ao fracasso dos escolásticos em desenvolver uma noção precisa do momento da concepção e animação. Alguns expoentes de St. Tomás têm se esforçado para estabelecer que o Doutor Angélico virtualmente ensinou a Imaculada Conceição, e certamente eles têm sustentando que a “concepção” tinha sido tratada de forma completamente por ele. Mas a maioria dos estudantes de St. Tomás estão bastante preparados para admitir que o Doutor Angélico simplesmente negou a liberdade de Maria do pecado original. (Fonte)

Na sequencia diz:

Se Carol acreditasse numa mudança de posição, ele obviamente faria menção a isso, afinal estamos falando de um autor católico romano que acredita nesse dogma mariano.

Ao que parece o protestante não leu direito a obra de Carol Juniper ou simplesmente pegou trechos internet a fora. Só pra deixar claro aqui, o texto que ele traz não é do Carol Juniper, e sim de Aidan Carr e Germain Williams, isto está logo na introdução do item sobre a imaculada conceição desta obra.

TomasVIII

Portanto, o que ele apresenta como sendo um texto da “maior autoridade em mariologia do séc. XX”, não é a opinião deste. Este texto de fato está na obra do Carol Juniper, só que Carol Juniper é apenas o editor, organizador e autor de alguns dos textos da obra, porém ela é um conjunto de vários autores que reunidos por Juniper, deram luz a esta magnifica obra.

E por que é que “Carol Juniper” seria obrigado a mencionar a tese da mudança? A obra tem apenas poucas linhas que falam do pensamento de São Tomás, será que esses autores vasculharam os diversos autores tomistas? Obvio que não, eles estão apenas dando uma introdução geral ao tema, e mesmo que não conhecessem isso não prova absolutamente nada. Está é uma tentativa fracassada, está simplesmente querendo que determinados autores sejam obrigados a citar algo para que isso seja verdadeiro.

Além citar algo que é de outra pessoa como se fosse de Carol Juniper, ele cita o trecho justamente que concorda com o que eu falei, vejam o trecho destacado:

e assim possivelmente se pode considerar que sua relutância em admitir a imunidade de Maria do pecado desde o primeiro momento da sua concepção foi devido ao fracasso dos escolásticos em desenvolver uma noção precisa do momento da concepção e animação.

Ora, não foi justamente isso que eu falei no outro texto, que a visão de São Tomás foi desfavorável por conta de sua noção de tempo entre concepção e animação? O protestante simplesmente passou por cima disso e quis apenas focar na omissão de algo, sendo que o texto diz muito em nosso favor.

Já apresentamos aqui, 1) Garrigou Lagrange, 2) Giovani Felice Rossi, 3) Pedro Espinosa, 4) Jaques-Marie Vosté,  5) Padre Frietoff  6)  Mondonnet 7) o Dr. Paulo Faitanin, diretor do Instituto Aquinat. Vamos citar mais alguns.

 

O maior tomista brasileiro sobre a questão

Será que o protestante sabe quem é considerado o maior tomista brasileiro? Se não sabe, vou lhe apresentar. O maior tomista brasileiro é Dom Odilão Moura que dedicou toda sua vida teológica no estudo da teologia de São Tomás e é responsável pela tradução de várias das obras do Santo para o português. Aqui os leitores poderão ver quem foi Dom Odilão Moura. Ao lado de Dom Odilão, outros também citam o Padre Penido, que é o mais conhecido tomista brasileiro no mundo.

E o que maior tomista brasileiro fala sobre a questão? O que ele falou está em sua tradução do Compêndio Teológico de São Tomás de Aquino Publicado pela Editora Presença em 1977, página 138, no comentário ao item CCXXIV:

Parece que a doutrina de Santo Tomás sobre a imaculada conceição tenha passado por três fases: primeiro, ele afirmou a isenção de pecado original na Virgem (I Sent. 441,3, a3); depois, para que fosse salva a universidade da redenção operada por Cristo, negou ter a Virgem sido totalmente isenta do pecado original (S. T. III, 27,2); finalmente, de modo claro, propôs a verdade da isenção total de pecado original na Virgem (Expositio Super Salutationem Angelicam).

Está aqui a foto da página para não dizerem que eu estou adulterando:

TomasVI

Não estamos falando aqui de qualquer pessoa, de qualquer autor que possamos encontrar na internet, mas de Dom Odilão Moura, um célebre tomista brasileiro que dedicou toda sua vida intelectual a estudar o tomismo. Como é que o protestante pode afirmar que essa era opinião minoritária de Lagrange baseado na omissão de outros autores, se vários vultos do tomismo falam sobre a questão? É por isso que não há qualquer condição de debater com alguém que tem a menor noção do assunto, mas que acha que pode chegar na internet e falar do negócio com uma simples pesquisa no google.

Vamos aqui nos agarrar novamente com unhas e dentes (sic!) com o Garrigou Lagrange. A evidência de outros autores é farta nas obras do Garrigou Lagrange, vamos ver o que ele fala na “A Sintese Tomista” que coloquei nos comentários do texto anterior:

Entre os teólogos que sustentam que São Tomas é bastante favorável a este privilégio, eles devem ser citados entre os dominicanos S. Capponi de Porrecta (+1614), João de St. Thomas (+ 1644) (CURS. Theol,, initio, De Approbationedoctrince S. Thomce, d II, 2) ..; Alejandro Natividad, mais recentemente Spada, Rouart de Cartão, Berthier, e nos últimos tempos N. del Prado (Divtis Thomas et Bulla “Ineffabilis Deus”, 1919); Th. Pegues (“Rev. Thom.”, 1909, pp 83-87.); E. Hugon (op cit, p 748 …); Portos P. (São Tomé e da Imaculada Concepicion, 1923); C. Frietóff (caro quomodo B. M. V. no fuerit peccatum oginali concepta, in Angelicum, 1933, pp 321-334.); J. M. Vosté (Commentarius em IIIam th P. Summa S. Thomce, te Mysteriis vita Christe, 2ª ed, 1940, pp 13-20 …); e entre os jesuítas, Perrone, Palmieri, Hurter, Cornoldi.

São aqui mais 14 tomistas a favor de que São Tomás não era contrário ao dogma ou mudou de opinião, todas as obras estão referenciadas para quem quiser procurar, claro que não vamos citar todos aqui, pois seria um trabalho longo. Vamos deixar que o protestante diga que é referencia anedótica, que Garrigou simplesmente está mentindo para obter apoio para salvar o dogma católico.

Dentre esses que Garrigou menciona vale frisar Norberto Del Prado, que também defende esta tese, inclusive menciona várias outras citações de São Tomás a favor da Imaculada Conceição. Seu livro pode ser visto aqui.

Sobre a enciclopédia católica

A mais recente edição de 1967 já menciona a tese de Norberto Del Prado, logo parece que se inteiraram da questão, que omitiram em 1907:

Para a visão de que São Tomás não pretende negar a Imaculada Conceição como a Igreja define, ver N. Del Prado, Divus Thomas et bula dogmatica ” Ineffabilis Deus ” (Fribourg 1919); P. Lumbreras, ” St. Thomas and the Immaculate Conception’,’Homiletic and Pastoral Review 24 (1924) 253-263. (Enciclopédia Católica 1967 – Volume 7 – Página 333)

Diante disso tudo, qual a relevância do protestante em trazer autores que não mencionaram a tese?

 

DA ATUALIZAÇÃO


Depois de ter feito o texto, o protestante atualizou-o com o que ele chama de um “excelente apontamento”,  que só fez piorar a situação do texto dele. Assim ele começa:

O primeiro texto onde Tomás de Aquino supostamente teria afirmado a imaculada conceição NÃO FALA DA CONCEIÇÃO DE MARIA. Diz apenas que Maria foi imune do pecado original e do atual, mas não diz que isto aconteceu na sua concepção.

Mesmo com o trecho falando que Maria era imune ao pecado original, ele tenta dizer que isso não era na concepção, como que alguém poderia ser imune ao pecado original sem ser na concepção, que é onde o pecado é transmitido, temos aqui uma bela pirueta interpretativa. Para essa interpretação ele citou o texto que mostramos onde São Tomás no inicio de sua vida afirma que Maria era imaculada, citando a continuação:

Ao terceiro, respondo dizendo que se consegue a pureza pelo afastamento do contrário: por isso, pode haver alguma criatura que, entre as realidades criadas, nenhuma seja mais pura do que ela, se não houver nela nenhum contágio do pecado; e tal foi a pureza da Virgem Santa, que foi imune do pecado original e do atual. [Continuação] Foi todavia sob Deus, visto que havia nela o poder de pecar.

A tradução correta do termo “potentiam ad peccatum” é “potência ao pecado”, e não “poder de pecar”, explicaremos isso mais adiante. Dai então continua:

Por exemplo, a doutrina católica diz que todos os fiéis são imunes do pecado original no batismo. A doutrina da imaculada conceição não é ficar imune do pecado original mas ter sido concebida sem pecado original. Não há no texto nenhuma referência à concepção de Maria logo não há nenhuma afirmação da imaculada concepção.”

Onde é que ele achou que a doutrina católica fala que com o batismo somos inumes do pecado original? Olhei no catecismo, internet e alguns livros aqui e nunca vi tal expressão em nenhum teólogo ou catecismo, nem que seja para significar outra coisa qualquer, quanto mais ao que ele quer insinuar.

A doutrina católica diz que com o batismo somos purificados do pecado original, não só do original, mas como de todos os outros pecados que tivermos cometido antes de sermos batizados. Logo, não nos tornamos imunes ao pecado original e sim purificados dele, e nunca poderíamos nos tornar imunes a ele porque só adquirimos o pecado original uma vez por transmissão dos pais, logo o batismo não tem nenhum efeito protetivo contra algo que de nenhuma forma poderemos adquirir novamente, a não ser nascendo de novo. Isso é ilógico, o tal “excelente apontamento” comete um erro de lógica rudimentar.

Imunização indica precedência, prevenção a algo nocivo, uma criança quando nasce é imunizada com uma série de vacinas, isso não significa que ela teve todas as doenças, e é justamente para que ela não tenha as doenças é que ela é imunizada. Logo, imunização indica precedência. Claro que no caso de uma doença você pode adquirir se curar e depois ser imunizado, mas o princípio de precedência permanece o mesmo, e no caso do pecado original, você só pode adquirir pecado original uma vez que é quando é concebido pelos pais, depois não há como adquirir pecado original, a não ser que acreditemos que possamos ser concebidos de novo ou reencarnar para adquirir o pecado original, ai já é doutrina espírita, não católica.

Logo, Maria não poderia estar “imune ao pecado original” no sentido que o protestante quer propor, simplesmente porque só faz sentido ser imune ao pecado original se é concebido sem ele, depois de concebido com o pecado, você só pode ser purificado dele, imunização não existe para algo que só pode ser adquirido se for concebido de novo. Logo, Imune ao pecado original, só faz sentido se precede a concepção, porque não tem como adquiri-lo de outra forma.

Pra refutar isso bastaria apenas mostrar as palavras de São Tomás no período que foi a contra a Imaculada conceição em seu Compêndio teológico:

Ela não foi imune apenas de pecado atual, como também, por privilégio especial, foi purificada do pecado original Convinha, contudo, ser Ela concebida com pecado original, porque foi concebida de união de dois sexos.

São Tomás faz aqui a distinção entre IMUNIDADE e PURIFICAÇÂO. Assim fala que ela foi imune ao pecado atual, mas que foi purificada do pecado original, em nenhum lugar quando no período que ele nega a Imaculada conceição de Maria, diz que ela foi “imune do original”, só do atual, logo as próprias palavras de São Tomás refutam o protestante, pois para Tomás imunidade significa que nunca poderia ter o pecado, portanto a passagem está a salvo do malabarismo protestante.

No caso da potencia ao pecado assim comenta o protestante:

Aquino diz que havia nela o poder de pecar necessariamente não podia entender que ela foi imaculadamente concebida

O autor protestante traduz o termo “potentiam ad peccatum” inexatamente, este significa “potência ao pecado”, e não “poder de pecar”, muito embora possa em algum contexto ser traduzido assim, mas no caso isso deve ser entendido como os Escolásticos entendiam. Fora isso o protestante tem que urgentemente estudar o que é “ato” e “potência” para os escolásticos, explicar isso aqui é demasiado extenso.

Sobre potência de pecar o Duns Scotus que foi o célebre defensor da Imaculada Conceição, também cria nisso, e ainda mais, dizia que Maria necessitou mais do que qualquer um da Graça de Cristo:

Maria mais do que ninguém precisou de Cristo como seu Redentor, uma vez que ela teria contraído o pecado original… se a graça do Mediador não impedisse isso. Assim, como os outros precisaram de Cristo como outros para que o pecado já contratados fossem remetidos para eles através de Seu mérito, Maria tinha ainda mais necessidade de um Mediador preveniente para que não houvesse pecado a ser contraído e para que ela não contraísse (In 3 sentences 3.1).

Há potencia ao pecado pela própria natureza intrínseca de qualquer humano de poder pecar, mas a graça infundida em Maria não permitia ela pecar. Adão não tinha pecado original, mas ele tinha a potência ao pecado mesmo sendo feito limpo de qualquer pecado, e não pecou até determinado momento, porém Maria, mesmo tendo potência ao pecado, nasceu sem ele como Adão, e não pecou durante sua vida por consequência da Graça de Deus que necessitou mais do que qualquer um de nós, mas continuou com a potência.

O SITE CORPUS THOMISTICUS SE RETIFICA


O protestante disse que estava baseando sua crença na falsificação do texto porque o site “Corpus Thomisticus” que é mantido pela universidade de Navarra, na versão da Obra Expositio Salutationis angelicae não menciona as palavras portanto eles também achavam que era falsificação.


Assim diz o protestante:

Nós trouxemos uma versão crítica dessa obra produzida por autores católicos que não contém essa expressão. Perceba que essa não é somente a opinião de autores protestantes, mas de católicos. Isso por si só já seria suficiente para refutar a certeza aludida pelo católico, pois até mesmo entre os críticos textuais católicos, a questão é disputada e gera dúvidas.

 Além disso, o link acima pertence à Fundação Tomás de Aquino, que é ligada a Universidade de Navarra. Eles têm como projeto disponibilizar todos os textos de Tomás através da internet. A apresentação inicial da fundação pode ser vista aqui. Portanto, estamos falando de uma fonte confiável.

Diante disso que o protestante falou, enviei um email para o Dr. Professor Enrique Alarcon, que é docente da universidade de Navarra e diretor desse projeto, falando sobre a questão e mandei o livro de Rossi e os manuscritos aqui presentes, e perguntei por que não havia nenhum nota ou apontamento da questão. Pois bem, eis que a mágica aconteceu, o Dr. Alarcon respondeu-me dizendo que essa passagem era controversa, porém que está reconsiderando a questão, e adicionou uma nota explicativa, como sugerido por mim, para demonstrar que as palavras estavam em outra versão, é só entrar aqui e passar o mouse por cima da palavra “mortale” que vocês verão a nota que eles colocaram:

TomasVII

Vale lembrar que este site está colocando diversas versões das obras de São Tomás, que serão reconsideradas a partir da nosso apontamento.

Colocarei aqui a resposta do Dr. Alarcón:

“Dear Mr. Rodrigues,

Thank you for your message. It is certainly a controversial passage, prone to either omissions or interpolations from copists. I agree with Fr. Synard, but I will reconsider the issue. For the time being, I have added a note, as you asked: when the new text is published, you will find that the words “nec mortale” appear in a different typography, thus indicating a note. If you move the mouse over those words, a small window pops up, with the note: “Rossi: nec originali nec mortali”.

Yours,

Enrique Alarcón”

 

Só resta agora ver onde o protestante vai dizer que está apoiado.

 

CONCLUSÃO


 1)      Ficou provado a autenticidade do termo “nec originale” presente nos manuscritos mais antigos.

2)      Ficou provado a raspagem dos manuscritos antigos para retirar as palavras “nec originale”

3)      Ficou provado a existência da tese em célebres tomistas e que a tese não era de Garrigou Lagrange e sim bastante difundida entre tomistas.

4)      Ficou provado tudo quanto afirmei e mostrei no texto anterior que foi simplesmente desdenhado pelo protestante.

Por fim, até que se mostre que os manuscritos apresentados são falsificações, não é necessário mais nenhuma resposta a isso, a causa está encerrada.

 

APENDICE


[1] Comentário Crítico de Giovanni Felipe Rossi: <http://apologistascatolicos.com.br/TomasImaculada/Rossi – Da Originalidade do texto Nec Originale.pdf>

[2] Códice Mentensi: <http://apologistascatolicos.com.br/TomasImaculada/CodiceMetensi.pdf>

[3] Códice Vat.Lat 807: <http://apologistascatolicos.com.br/TomasImaculada/CodiceVatLat807.pdf>

[4] Códice Pommersfeldensi: <http://apologistascatolicos.com.br/TomasImaculada/CodicePommersfeldensi.pdf>

[5] Códice Cantabrigiensi: <http://apologistascatolicos.com.br/TomasImaculada/CodiceCantabrigiensi.pdf>

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