Quarta-feira, Maio 8, 2024

Refutando o argumento do Cânon Interno das Escrituras

Alegação protestante

Se examinarmos as citações de dentro dos livros protocanônicos da Bíblia, torna-se claro que a própria Bíblia reflete seu próprio cânon. Para começar, os cinco primeiros livros da Bíblia, são atribuídos a Moisés e eles são imediatamente aceito por todos os judeus como tendo autoridade divina e estes livros são repetidamente citado como autoridade em toda a Escritura. O Livro de Josué também foi aceito porque Josué foi o sucessor de Moisés como foram os juízes que o seguiram. Os profetas posteriores citam os profetas anteriores. As citações do Novo Testamento de ambos os profetas anteriores e posteriores. São Paulo cita o Evangelho segundo Lucas. Pedro confirma os escritos de Paulo como Escrituras. Finalmente, o livro do Apocalipse cita muitas Escrituras. Por este exame de como a Escritura confirma Escritura, vemos que os livros protocanônicos afirmam o status autoritário e inspirado uns dos outros.”

Resposta: Esse argumento tem a aparência de seguir do que é conhecido para o que não é conhecido, neste, começa com os primeiros cinco livros da Bíblia (cujo status ninguém nega) e baseia-se no Pentateuco para confirmar os outros livros da Escritura. Um exame mais atento revela algo muito diferente.

Sim, o opositor começa com os livros de Moisés, Josué e Juízes de modo a dar a impressão de que irá continuar em ordem cronológica, mas o argumento então passa para os livros mais tardios, a fim de confirmar os livros anteriores e continua neste mesmo padrão até ao fim. A base para esse argumento não é na realidade os primeiros cinco livros da Bíblia; e sim II Pedro e o Livro do Apocalipse. II Pedro supostamente confirma os escritos paulinos. Os escritos paulinos, então, por sua vez, confirmam os Evangelhos. Os Evangelhos, então, supostamente confirmam os profetas posteriores, e os profetas posteriores confirmam os anteriores e todos eles citam os primeiros cinco livros de Moisés. Porém nenhuma justificação é dada para estabelecer a bona fides ou a confirmação de II Pedro ou Apocalipse!

O argumento é, na verdade, muito pior. Vamos examiná-lo passo-a-passo, começando da conclusão e trabalhando em frente às premissas anteriores. O Livro do Apocalipse cita muitos dos profetas (especialmente Ezequiel e Daniel), mas que livros inspirados citam o  Apocalipse? Como Apocalipse é geralmente considerado o último livro a ser escrito no Novo Testamento, nenhum livro do Novo Testamento pode confirmá-lo. II Pedro é usado pelo autor desta objeção para tentar confirmar os escritos de Paulo. II Pedro diz:

Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras.” (II Pedro 3, 15-16)

Como o livro do Apocalipse, nada é citado para estabelecer o estado inspirado de II Pedro. Mesmo se admitirmos autenticidade de II Pedro, como sabemos quantos e quais escritos de Paulo, Pedro tinha em mente? Uma vez que eles não são nomeados, é impossível saber que “todas as suas cartas” são aquelas mesmas cartas que estão em nossas Bíblias. Quanto à citação de São Paulo ao Evangelho de Lucas, onde está a confirmação para os outros três Evangelhos ou das três cartas de João, I Pedro e Judas? E sobre eles, onde são confirmados?

O argumento do cânon interno apenas afirma que o Evangelho de Lucas, as cartas de Paulo (do qual o número não sabemos nem sabemos se inclui o livro de Hebreus), II Pedro e Apocalipse (embora nenhuma prova é fornecida para confirmar estes dois livros). Claramente, este método não consegue produzir nenhum cânon idêntico ao atual, nem muito menos ao cânon protestante.

A situação torna-se pior quando passamos para o Antigo Testamento. Vários livros protocanônicos do Antigo Testamento não são mencionados ou citados no Novo Testamento. Portanto, de acordo com a teoria de nosso opositor, eles também ficam desaparecidos no “cânon interno”. Logo se o Novo Testamento não cita nenhum destes livros, então sabemos que há vários livros a menos para confirmar os livros anteriores. Quando essa teoria estiver dita, feita e aplicada, o cânon das Escrituras não corresponderá nem ao cânon Católico, nem ao protestante, muito menos ao judaico.

Os livros omitidos do pseudo “cânone interno” não são o único problema com este argumento. O Antigo e Novo Testamento citam os deuterocanônicos e se utilizam livros apócrifos que ninguém aceita. Por exemplo, o livro do Novo Testamento de Judas cita o Livro apócrifo de Henoc 1, 9.

Também Henoc, que foi o oitavo patriarca depois de Adão, profetizou a respeito deles, dizendo: Eis que veio o Senhor entre milhares de seus santos para julgar a todos e confundir a todos os ímpios por causa das obras de impiedade que praticaram, e por causa de todas as palavras injuriosas que eles, ímpios, têm proferido contra Deus.” (Judas 14-15)

Se citação equivale a canonicidade, então o Livro de Henoc é canônico e deveria estar na Bíblia de todos. Certamente, ninguém diria tal coisa hoje.

Se uma cotação é igual canonicidade, o que constitui uma citação? Será que uma citação tem que ser um jogo de palavra-por-palavra literalmente ou pode ser uma paráfrase? Será uma alusão prova suficiente para inspiração? Se sim, então como é que alguém descarta tantas alusões aos deuterocanônicos no Novo Testamento? Se uma alusão não confirma a inspiração, com que base é que alguém conta para determinar se uma referência de qualidade serve para confirmar a inspiração?

Conclusão, o Espírito Santo não nos deu uma tabela inspirada de conteúdos para a Bíblia, nem nos deu um código interno pelo qual se pudesse reconstruir um cânon. Ao contrário, a revelação do Pai nos foi dada através da inspiração do Espírito Santo, e concedeu a Igreja pelo Filho. A Igreja não definiu o cânone por algum tipo de quebra-cabeça interno das escrituras, mas apenas recebe as Escrituras como parte do depósito da fé dado a ela por Cristo e os Apóstolos e propagado pela tradição da Igreja.

© 2004 por Gary Michuta. Todos os direitos reservados. Este material possui direitos autorais. Nenhuma cópia, distribuição ou reprodução (eletrônico ou não) é permitida sem a autorização expressa do proprietário dos direitos autorais.

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