INTRODUÇÃO
“permanecei, pois, constantes, irmãos, e conservai as tradições que aprendestes, ou por nossas palavras, ou por nossa carta” (II Tes. 2, 15)
“que vos aparteis de todos os que andam em desordens e não segundo a tradição que receberam de nós” (II Tes 3, 6)
“Eu vos felicito por vos lembrardes de mim em toda ocasião e conservardes as tradições tais como eu vo-las transmiti.” (1 Cor 11, 2)
Um dos pilares do protestantismo é a doutrina da Sola Scriptura. Esta doutrina afirma que a Bíblia e somente a Bíblia, sob a interpretação liberal de cada crente é a única regra de fé e moral, tem sido a causa das divisões protestantes exponenciais contínuas, cada um fingindo ser regidos exclusivamente pela Bíblia, mas sendo incapazes de chegar a um acordo sobre as doutrinas fundamentais da fé cristã.
A Igreja primitiva não era somente escrituralista. Ela reconheceu a grande autoridade das Escrituras (norma máxima de fé), mas nunca disse que tudo, absolutamente tudo sobre a doutrina devesse estar contido nas Escrituras, e muito menos de ser uma garantia para não se submeter à autoridade da Igreja e a seus pronúnciamentos dogmáticos.
No entanto, o protestantismo criou uma espécie de história alternativa quase mitológica onde afirmam que a Igreja primitiva era apenas escrituralista. Não é raro vê-los citar textos dos pais, onde os pais falam da autoridade das Escrituras, acreditando que isso implica uma rejeição da Sagrada Tradição. Uma análise mais cuidadosa de seus refutam facilmente estas alegações.
ALGUMAS OBJEÇÕES PROTESTANTES
Um exemplo das objeções que os protestantes utilizam para argumentar que a Sola Scriptura era uma doutrina crida pela Igreja primitiva retiramos do site ChristianAnswers.net, do artigo “O que a Igreja Primitiva acreditar sobre a autoridade das Escrituras?”. Eles escrevem:
“O Concílio de Trento, no século XVI declarou que a revelação de Deus não estava só contida nas Escrituras. Ele declarou que está parcialmente contida nas Sagradas Escrituras e em parte na tradição, portanto, as Escrituras não eram materialmente suficientes. Esta foi a posição da Igreja Católica Romana durante vários séculos depois do Concílio de Trento.”
Este site diz que foi no Concílio de Trento (século XVI), quando a Igreja Católica tomou a posição de acreditar que nem tudo estava contido nas Escrituras. Basta dizer que quase um milênio atrás, o Segundo Concílio de Niceia decretou “Se alguém rejeita toda a tradição eclesiástica, escritas ou não seja anátema.”, porém, é apropriado citar textos patrísticos mais antigos para refutar estas alegações.
O artigo do site mais adiante afirma:
“A visão promovida pelo Concílio de Trento foi estava direta contradição com o que ele acreditava e praticava a Igreja Primitiva. A Igreja Primitiva sempre manteve o princípio da “Sola Scriptura”. Ela sustentava que todas as doutrinas deveriam ser submetidos ao ensaio da Escritura e se a doutrina, não passasse no teste, então ela deveria ser rejeitado.”
Neste comentário eles deixam claro a posição protestante que afirma que a Igreja primitiva professava e acreditava na Sola Scriptura.
O QUE ACREDITAVA A IGREJA PRIMITIVA?
INÁCIO DE ANTIOQUÍA (107 d.C.)
No seguinte texto o célebre bispo de Antioquia, um discípulo de Pedro e Paulo, rejeita a posição Sola Scripturista:
“Eu por minha parte cumpri o meu dever, agindo como homem destinado a unir. Deus não mora onde houver desunião e ira. A todos porém que se converterem perdoa o Senhor, se voltarem à unidade de Deus e ao senado do Bispo. Confio na graça de Jesus Cristo, pois Ele livrará de toda cadeia. Exorto-vos a nada praticar em espírito de dissenção, mas sim em conformidade com os ensinamentos de Cristo. É que ouvi alguns dizerem: «Se não o encontro nas escrituras antigas, não dou fé ao Evangelho». Dizendo eu a eles «Está escrito», responderam-me: «É o que se deve provar>>! Para mim, as escrituras antigas são Jesus Cristo; para mim escrituras invioláveis constituem a Sua Cruz, Sua Morte, Sua Ressurreição, como também a Fé que nos vem d’Ele! Nisso é que desejo, por vossa oração, ser justificado.” (Carta aos Filadelfienses, 8)
PAPÍAS DE HIERÁPOLIS (69 – 150 d.C.)
Seu Testemunho é muito importante, já que de acordo com Irineu foi discípulo de São João e amigo de São Policarpo. Sendo considerado um dos pais apostólicos seus escritos são extremamente importantes para a compreensão do cristianismo primitivo.
Surpreendentemente Papias deixa um testemunho de não ser escrituralista, mas dava preferência à tradição oral:
“Não vacilarei em apresentar-te ordenadamente com as interpretações tudo o que um dia aprendi muito bem dos presbíteros e que recordo bem, seguro que estou de sua verdade. Porque eu não me comprazia como outros com os que falam muito, mas com os que ensinam a verdade; nem tampouco com os que recordam mandamentos alheios, mas com os que trazem na memória os (mandamentos) que receberam pela fé da parte do Senhor e nascem da própria verdade. E se por acaso chegava alguém que também havia seguido os presbíteros, eu procurava discernir as palavras dos presbíteros: o que disse André, ou Pedro, ou Felipe, ou Tomás, ou Tiago, ou João, ou Mateus ou qualquer outro dos discípulos do Senhor, porque eu pensava que não aproveitaria tanto o que tirasse dos livros como o que provêm de uma voz viva e durável.” (Fragmento da H.E de Eusébio Livro III, 39, 4-5)
IRENEU DE LIÃO (130 – 202 d.C)
Não menos importante é o testemunho Irineu (bispo, mártir e discípulo de São Policarpo). Em seu famoso tratado Contra as Heresias combate as heresias de seu tempo, especialmente os gnósticos, e se encontram em seus escritos provas suficientes para descartar que ele era a favor de Sola Scriptura.
A exposição sobre a importância da tradição é tão clara em Irineu que os protestantes tentaram diluí-la. Um exemplo é o seguinte comentário site acima mencionado:
“Ambos [referindo-se Tertuliano e Santo Irineu] fornecem o real conteúdo doutrinário da Tradição Apostólica que foi pregado nas igrejas. A partir disso podemos ver claramente que toda a doutrina foi tomada a partir das Escrituras. Não há doutrina a que se referem como tradição apostólica que não estivesse bem fundamentada nas Escrituras”.
No entanto, um estudo cuidadoso das obras de Santo Irineu desmascara essa alegação. Irineu explica como a igreja combate os hereges pela tradição guardada através da sucessão apostólica. Mesmo tendo a Escritura diz que não pode descobrir a verdade se a tradição não é conhecida. Também objeta que os hereges não podem provar que eles foram instituídos pelos apóstolos e ao rejeitar a tradição acaba contrariando não só a tradição, mas também as Escrituras.
“Quando são vencidos pelos argumentos tirados das Escrituras retorcem a acusação contra as próprias Escrituras, dizendo que é texto corrompido, que não tem autoridade, que se serve de expressões equívocas e que não podem encontrar a verdade neles os que desconhecem a tradição. Com efeito – dizem eles – a verdade não foi transmitida por escrito, mas por viva voz, o que levou Paulo a dizer: “É a sabedoria que pregamos entre os perfeitos, não porém, uma sabedoria deste século”. E cada um deles diz que esta sabedoria é a que ele descobriu, ou melhor, inventou, e assim se torna normal que a verdade se encontre ora em Valentim, ora em Marcião, ora em Cerinto e depois em Basílides ou nalgum outro contendente, sem nunca ter podido afirmar nada acerca da salvação. Cada um deles está tão pervertido que, falsificando a regra da verdade, não cora de vergonha ao pregar a si mesmo.
E quando, por nossa vez, os levamos à tradição que vem dos apóstolos e que é conservada nas várias igrejas, pela sucessão dos presbíteros, então se opõem à tradição, dizendo que, sendo eles mais sábios do que os presbíteros, não somente, mas até dos apóstolos, foram os únicos capazes de encontrar a pura verdade. Com efeito, os apóstolos teriam introduzido, junto com as palavras do Salvador, as prescrições da Lei; e não somente os apóstolos, mas até o próprio Senhor, teriam pronunciado palavras provindas ora do Demiurgo, ora do Intermediário, ora da Potência suprema. Quanto a eles, conheceriam o mistério escondido, sem a mínima dúvida, sem contaminação e confusão. Ora, esta é a maneira mais desavergonhada de blasfemar contra o seu Criador! Acontece com isso que já não concordam nem com as Escrituras nem com a tradição.” (Contra as Heresias III, 2, 1-2)
Irineu, em seguida, afirma que a unidade doutrinária que existe nas igrejas não se deve apenas às Escrituras, mas a sucessão apostólica, que garante a salvaguarda ortodoxia e tradição, sem “corta-la”.
“Tendo, portanto, recebido esta pregação e esta fé, como dissemos acima, a Igreja, mesmo espalhada por todo o mundo, as guarda com cuidado, como se morasse numa só casa, e crê do mesmo modo, como se possuísse uma só alma e um só coração; unanimemente as prega, ensina e entrega, como se possuísse uma só boca. Assim, embora pelo mundo sejam diferentes as línguas, o conteúdo da tradição é um só e idêntico. As Igrejas fundadas na Germânia não crêem e não ensinam um modo diferente, nem as da Ibéria, nem as dos celtas, nem as do Oriente, nem as do Egito, nem as da Líbia, nem as estabelecidas no centro do mundo; mas como o sol, criatura de Deus, é em todo o mundo um só e o mesmo, assim a luz da pregação da verdade brilha em todo lugar e ilumina todos os homens que querem chegar ao conhecimento da verdade. E nem o que tem maior capacidade em falar dentre os que presidem às Igrejas, dirá algo diferente, porque ninguém está acima do Mestre; nem quem tem dificuldade em expressar-se inferioriza a Tradição. Sendo a fé uma só e a mesma, nem quem pode dizer muito sobre ela a amplia, nem quem pode falar menos a diminui.” (Contra as Heresias I, 10, 2)
Inflexívelmente afirma que a verdade pode ser encontrada na Igreja, desde que os apóstolos ali depositaram e mantiveram na Tradição Apostólica.
“Sendo as nossas provas tão fortes, não é necessário procurar noutras pessoas aquela verdade que facilmente podemos encontrar na Igreja, porque os apóstolos trouxeram, como num rico celeiro, tudo o que pertence à verdade, a fim de que cada um que o deseje, encontre aí a bebida da vida. É ela definitivamente o caminho de acesso à vida e todos os outros são assaltantes e ladrões que é mister evitar. Por outro lado, deve-se amar com zelo extremo o que vem da Igreja e guardar a tradição da verdade. Ora, se surgisse alguma controvérsia sobre questões de certa importância, não se deveria recorrer a igrejas mais antigas, onde viveram os apóstolos, para saber delas, sobre a questão em causa, o que é líquido e certo? E se os apóstolos não nos tivessem deixado as Escrituras, não se deveria seguir a ordem da tradição que transmitiram àqueles aos quais confiavam as Igrejas?” (Contra as heresias III, 4, 1)
O Artigo protestante também escreve:
“Para Irineu, com certeza, a doutrina da Igreja nunca é simples tradição. Por outro lado, a noção de que pode haver alguma verdade transmitida exclusivamente de “viva voz” (por via oral) é a linha de pensamento dos gnósticos.”
O Irineu não pretende limitar a propagação do evangelho a tradição oral, mas o fato é nem também é limitado ao meio de transmissão escrita. O que cria o santo quase dois milênios atrás, é exatamente o que um católico acredita que, hoje, não limita a transmissão da revelação ou Escritura ou Tradição. No entanto, chama a atenção nos seus comentários, que os bárbaros, sem ter tido meios de transmissão escrita receberam o “sem papel e tinta” o evangelho e pode reconhecer uma doutrina ortodoxa, de doutrina herética.
“Muitos povos bárbaros que creem em Cristo se atêm a esta maneira de proceder; sem papel nem tinta, levam a salvação escrita em seus corações pelo Espírito, guardam escrupulosamente a antiga tradição, creem num só Deus, Criador do céu e da terra e de tudo o que está neles e em Jesus Cristo, Filho de Deus, o qual, pela sua imensa caridade para com os homens, a obra por ele modelada, submeteu-se à concepção da Virgem para unir por seu meio o homem a Deus; padeceu sob Pôncio Pilatos, ressuscitou, foi assunto na glória e, na glória, virá como Salvador dos que se salvarão e Juiz dos que serão julgados e enviará ao fogo eterno os deformadores da verdade e os que desprezam seu Pai e sua vinda. Os iletrados que aceitaram esta fé são uns bárbaros quanto a nossa língua, mas, no que se refere ao pensamento, aos usos e costumes, são, pela fé, sumamente sábios e agradáveis a Deus e vivem na completa justiça, pureza e sabedoria. E se alguém, falando na língua deles, lhes anunciasse as invenções dos hereges, logo tapariam os ouvidos e fugiriam bem longe para sequer escutar esses discursos blasfemos. Assim, graças à antiga tradição dos apóstolos, não admitem absolutamente se possa pensar em nenhuma das invenções mentirosas dos hereges.” (Contra as heresias III, 4, 2)
A prova de que esta tradição tem sido preservada na Igreja, diz, é que eles podem enumerar aqueles que foram constituídos bispos, sucessores dos apóstolos até eles.
“Portanto, a tradição dos apóstolos, que foi manifestada no mundo inteiro, pode ser descoberta em toda Igreja por todos os que queiram ver a verdade. Poderíamos enumerar aqui os bispos que foram estabelecidos nas igrejas pelos apóstolos e os seus sucessores até nós; e eles nunca ensinaram nem conheceram nada que se parecesse com o que essa gente vai delirando. Ora, se os apóstolos tivessem conhecido os mistérios escondidos e os tivessem ensinado exclusiva e secretamente aos perfeitos, sem dúvida os teriam confiado antes de a mais ninguém àqueles aos quais confiavam as próprias Igrejas. Com efeito, queiram que os seus sucessores, aos quais transmitiam a missão de ensinar, fossem absolutamente perfeitos e irrepreensíveis em tudo, porque, agindo bem, seriam de grande utilidade, ao passo que se falhassem seria a maior calamidade.” (Contra as Heresias III, 3, 1)
E, em seu tratado considera muito longo listar a sucessão de todas as igrejas, simplesmente lista a sucessão apostólica da Igreja de Roma, que ele chama de “a mais velha”. Assim ele lista a Igreja de Roma, fundada por Pedro e Paulo.
“Mas visto que seria coisa bastante longa elencar numa obra como esta, as sucessões de todas as igrejas, limitar-nos-emos à maior e mais antiga e conhecida por todos, à igreja fundada e constituída em Roma, pelos dois gloriosíssimos apóstolos, Pedro e Paulo, e, indicando a sua tradição recebida dos apóstolos e a fé anunciada aos homens, que chegou até nós pelas sucessões dos bispos, refutaremos todos os que de alguma forma, quer por enfatuação ou vanglória, quer por cegueira ou por doutrina errada, se reúnem prescindindo de qualquer legitimidade. Pois é uma questão de necessidade que cada Igreja concorde com esta Igreja, com relação à preeminente autoridade, ou seja, os fiéis em todos os lugares, na medida que a tradição apostólica tem sido preservada continuamente por aqueles [homens fiéis] que existem em todos os lugares.” (Contra as Heresias III,3,2)
Mais adiante, no quinto livro da mesma obra referindo-se hereges escreve:
“Todos eles vieram muito tempo depois dos bispos aos quais os apóstolos confiaram as igrejas. Também isso nós mostramos, com toda a precisão possível, no nosso terceiro livro. Todos estes hereges que mencionamos, por serem cegos em relação à verdade, são obrigados a trilhar caminhos diferentes e impraticáveis: por isso, os vestígios de seus ensinamentos, discordes e contraditórios, estão espalhados por todos os lados. O que não acontece com os que pertencem à Igreja, cujos caminhos percorrem o mundo inteiro conservando a sólida tradição que vem dos apóstolos, mostrando-nos uma única e idêntica fé em todos, porque todos acreditam num só e idêntico Deus Pai, admitem a mesma economia da encarnação do Filho de Deus, reconhecem o mesmo dom do Espírito, observam os mesmos preceitos, conservam a mesma forma de organização da Igreja, esperam a mesma vinda do Senhor e a mesma salvação de todo o homem, isto é, da alma e do corpo. A pregação da Igreja é, portanto, verdadeira e firme e nela há caminho único e idêntico em todo o mundo. A ela foi concedida a luz de Deus: ‘eis por que a sabedoria de Deus com a qual salva os homens é celebrada nas estradas, age corajosamente nas praças, é proclamada do alto dos muros e fala com segurança nas portas da cidade’. Com efeito, em todo lugar, a Igreja prega a verdade, verdadeiro candelabro de sete braços, trazendo a luz de Cristo.” (Contra as Heresias V,20,1)
CLEMENTE DE ALEXANDRÍA (150 – 217 d.C.)
São Clemente enfatiza a importância de preservar a Tradição para que não se perda:
“Mas ele, salvaguardando a verdadeira Tradição dos ensinamentos abençoados, que nos vêm direto dos apóstolos Pedro, Tiago, João e Paulo e foram transmitidos de pai para filho, chegara até nós, com a ajuda de Deus para que em nós fossem depositadas as sementes destes apóstolos. Bem, eu sei que eles exultarão; Não quero dizer encantado com este tributo, mas apenas por causa da preservação da verdade, de acordo como entregue. Para um esboço assim, bem, eu acho, estão sujeitos a uma alma desejosa de preservar a tradição abençoada perdido” (Stromata 1, 11).
“Os dogmas ensinados pelas seitas notáveis serão apresentados; e a estes se oporá todo aquilo que dve ser premissa de acordo com a contemplação mais profunda do conhecimento, o qual, como procedemos do renomado e venerável cânone da tradição… De modo de podermos ter os ouvidos abertos para a recepção da tradição do verdadeiro conhecimento, que é o terreno previamente limpo de espinhos e cada erva daninha pelo semeador, com o plantio da videira.”(Stromata, 7, 104).
HIPÓLITO DE ROMA (235 d.C.)
Santo Hipólito enfatiza a importância de preservar a Tradição para manter-se imune ao erro em sua obra intitulada A Tradição Apostólica:
“Agora, movidos pelo amor que devemos a todos os santos, atingimos o ponto máximo da tradição o que diz respeito às igrejas. Todos, assim, bem instruídos, devem conservar a tradição que perdura até hoje e, conhecendo-a através de nossas palavras, devem permanecer absolutamente firmes, já que o ocorrido recentemente (heresia ou erro) foi motivado pela ignorância e também pelos ignorantes. Que o Espírito Santo conceda a graça perfeita àqueles que crêem na verdade ortodoxa, para que aqueles que lideram a Igreja possam saber como ensinar e preservar tudo de forma conveniente.” (Tradição Apostólica I, 1 Prefácio)
Na terceira parte desta mesma obra aconselha:
“Se todos ouvirem e seguirem a tradição dos apóstolos, nenhum herege (nenhum mesmo!) poderá vos afastar do reto caminho. Na verdade, muitas heresias se desenvolveram porque os chefes não quiseram aprender a doutrina dos apóstolos, mas seguindo a própria fantasia, fizeram o que quiseram, isto é, o que não deveriam fazer.” (Tradição Apostólica III, 38)
ORÍGENES (185 – 254 d.C.)
Orígenes mantém a mesma ideia que Irineu, a qual afirma que o ensinamento da igreja foi salvaguardado pela sucessão apostólica. Também afirma a importância do que ele chama de “a tradição eclesial e apostólica”, e afirma categoricamente que não se deve aceitar como verdade mais do que aquelo que em nada difere da tradição eclesiástica e apostólica:
“Embora existam muitos que acreditam que eles mantêm os ensinamentos de Cristo, ainda existem alguns entre eles que pensam de forma diferente de seus antecessores. O ensinamento da Igreja se impôs devido a uma ordem pela sucessão dos apóstolos e permanece nas igrejas até o presente momento. Não há de aceitar como verdade algo além daquelo que difere em nada da tradição eclesiástica e apostólica.” (As Doutrinas Fundamentais 1, 2)
Não é à toa que Orígenes para apoiar certas doutrinas não recorreu à Bíblia, mas apenas com a Tradição da Igreja. Assim, defende precisamente o batismo infantil, dizendo que é uma tradição que recebeu dos apóstolos.
“A Igreja recebeu dos Apóstolos o costume de administrar o batismo até mesmo para as crianças. Pois aqueles que foram confiados os segredos dos mistérios divinos sabiam muito bem que todos carregam a mancha do pecado original, que deve ser lavada com água e do espírito.” (Homilias Sobre Romanos – Comentário 5, 9)
Não só rejeita o que difere da tradição eclesiástica e apostólica, mas afirma que aqueles que divergem dessa e se tornam hereges não podem ser salvos. Proclama que fora da Igreja não há salvação “domum hanc Extra, id est Ecclesiam, salvatur nemo”. Assim, para o escritor eclesiástico, doutrinas e leis que Cristo trouxe à humanidade são encontrados apenas na Igreja. Portanto diz, não pode haver fé fora desta Igreja. A fé dos hereges não é fides, mas uma credulitasarbitraria(Comentários Sobre Romanos 10, 5).
Fala que aprendeu da Tradição a origem dos evangelhos, ou seja separando claramente o que é Escritura e o que é Tradição:
“A respeito dos quatro Evangelhos que por si só são indisputáveis na Igreja de Deus debaixo do céu, tenho aprendido pela tradição que o Evangelho segundo Mateus, que era ao mesmo tempo um publicano e, posteriormente, um apóstolo de Jesus Cristo, foi escrito primeiro, e que ele compôs na língua hebraica e publicou-o para os convertidos do judaísmo. O segundo foi escrito que, de acordo com Marcos, que escreveu-lo de acordo com as instruções de Pedro, que, em sua Epístola Geral, reconheceu-o como um filho, dizendo: A igreja que está em Babilônia, eleita junto com vocês, saúda vocês e assim também Marcos meu filho. (I Pedro 5, 13)” (Comentário Sobre Mateus Livro I)
TERTULIANO (160 – 220 d.C)
A visão pré-Montanista de Tertuliano claramente define que os hereges não podem afirmar ter uma Igreja legítima, mas pode verificar se a sua origem descende das Igrejas fundadas pelos apóstolos que mantêm a verdadeira Tradição (sucessão apostólica).
Seria absurdo pensar que ele teria sido Sola Scripturista, se inclusive negava aos hereges apelarem para as Escrituras já que est pertencem à Igreja:
“Se aparecer alguma heresia com a intenção de ter suas origens em tempos apostólicos, de modo que pareça uma doutrina entregue pelos próprios apóstolos, porque eles são, eles dizem, daquele tempo, nós podemos dizer-lhes: que no mostre as origens de suas igrejas, que nos mostrem a ordem de seus bispos em sucessão desde o começo, de modo que seu primeiro bispo tenha como autor e antecessor um dos apóstolos ou dos homens apostólicos que trabalharam em estreita colaboração com os apóstolos. Porque é assim que as igrejas apostólicas transmitem suas listas: como a igreja de Esmirna, que sabe que Policarpo foi colocado lá por João, como a igreja de Roma, onde Clemente foi ordenado por Pedro. Assim, todas as outras igrejas que tiveram lhes mostram em que tem as raízes apostólicas, tendo recebido o episcopado pela mão dos apóstolos. Talvez os hereges queiram inventar listas fictícias: afinal, se foram capazes de blasfemar, o que vai lhes parecer tão pecaminoso? […] Portanto, que nos tragama esta prova, até mesmo igrejas que são de origem posterior no tempo – novas Igrejas surgindo a cada dia – e não têm fundador imediato como um apóstolo ou um homem apostólico, mas já que tem a mesma doutrina das igrejas de origem apostólica também são consideradas igualmente apostólica pela estreita relação de suas doutrinas.” (Prescrição contra os hereges 32, 1)
Como outros pais e escritores eclesiásticos não considerava válido que qualquer um baseado somente nas Escritura tentasse impor sua interpretação sobre a Igreja. Tertuliano atentava para o fato de que os hereges muitas vezes cobrem as suas doutrinas em um amálgama de textos bíblicos e os rejeita escrevendo-se:
“Eles [os hereges] expoem Escrituras e, com tanta audácia, impressionam imediatamente a alguns. Mas no próprio debate desgastam, certamente, o forte, e capturam a fraco, cheio de escrúpulos para deixar a condição de intermediário. É por isso que os atacamos adotando essa posição, o melhor: não admitemos qualquer discussão sobre as escrituras. Se estes são os seus pontos fortes, para que possam usá-los, você deve primeiro saber quem tem a posse das Escrituras, de modo que não seja admitido a eles a quem de nenhum modo correspondem. Você poderia ter introduzido esta abordagem com desconfiança ou por gosto de apressar o assunto de outra forma, mas não há razões. Em primeiro lugar, que a nossa fé deve obedecer o Apóstolo, que proíbe empreender discussões atender a novas palavras…” (Prescrições contra os Hereges 15, 2-4)
Outro ponto importante é que Tertuliano refere-se repetidamente sobre a Regra de Fé (que era uma tradição oral que se manteve a Igreja resumindo as principais doutrinas da fé cristã). Essa regra permitia identificar quando um herege distorcia as Escrituras para apoiar suas doutrinas heréticas.
“Se as coisas estão de forma que a verdade julgamos que pertende a nós, para aqueles que andam por esta regra que as igrejas têm sido transmitida desde os apóstolos, os apóstolos de Cristo, Cristo de Deus, então mantém-se firme a razão da nossa decisão, que afirma que hereges não devem ser admitidos para realizar um desafio nas Escrituras, pois sem as Escrituras provar que eles não têm nada a ver com elas.” (Prescrição contra os Hereges 37, 1)
Imediatamente criticou a atitude dos hereges em seu uso da Escritura, onde só admitem algumas, ou não ou não as admitem interiramente, mas deformam para sustentar suas posições.
“Essa heresia não admite certas Escrituras, e se admite algumas, não as admite intactas, as adulteram, no entanto, compondo interpretações contrárias à fé cristã. Tanto se opõe a verdade uma inteligência falsificadora como uma caneta corruptora. Suas conjecturas vãs necessariamente recusa-se a reconhecer as passagens através das quais são refutados; contam com aqueles que de fraudulentamente retocam e aquelas que optaram por causa de sua ambigüidade.” (Ibdem 17, 1-3)
Para Tertuliano conhecer o verdadeiro significado das Escrituras exige o recurso à escola de Cristo, isto é, os apóstolos, portanto, apenas nas Igrejas apos-tólicas, podese ter a correta interpretação das Escrituras.
“Um tratado sobre este assunto não será totalmente inútil para educar tanto aqueles que ainda estão em fase de formação e aqueles que, satisfeito com a sua fé simples, não investigam os fundamentos da tradição, e por causa de sua ignorância, tem uma fé que está à mercê de todas as tentações.” (Sobre o Batismo I)
“Nosso apelo, portanto, não deve ser feito com as Escrituras; nem deve ser admitido controvérsia sobre os pontos em que a vitória será ou impossível, ou incerta, ou não determinada o suficiente. Mas mesmo se uma discussão a partir das Escrituras não deve vir de tal forma a colocar ambas as partes em pé de igualdade, (ainda) a ordem natural das coisas seria necessário que este ponto deveria ser a primeira proposto, que agora é a única que temos de discutir: Com quem reside naquela mesma fé para quem as Escrituras pertencem. Do que, através de quem, quando, e a quem, tem sido transmitida essa regra, por que os homens se tornam cristãos? Para onde quer que ela será manifesta essa verdadeira fé e regra cristã será igualmente as verdadeiras Escrituras, a exposições das mesmos, e todas as tradições cristãs.” (Prescrição contra os Hereges – 19)
“[Os Apóstolos] logo foram pelo mundo e pregaram a mesma doutrina da mesma fé às nações. Eles, portanto, de modo semelhante, andaram pelas igrejas em cada cidade, e dessas para todas as igrejas, uma após outra, e transmitiram a tradição da fé e as sementes da doutrina, e a cada dia as passavam adiante para constituírem igrejas. Certamente, é por causa disso somente que foram capazes elas próprias de se considerarem apostólicas, tendo sua origem nas igrejas apostólicas. Cada espécie de coisa deve necessariamente voltar às suas origens para sua adequação. Daí, as igrejas, embora sejam tantas e tão grandes, são ligadas a uma única igreja primitiva [fundada] pelos apóstolos, delas todas [fonte]. Dessa maneira todas são primitivas e todas apostólicas, enquanto são todas confirmadas por uma, [indissolúvel] unidade, por sua comunhão pacífica, por característica de irmandade e por laço de hospitalidade, privilégios que nenhuma outra norma determina senão que uma única tradição do mesmo mistério.” (Tertuliano, Prescrição Contra os Hereges, 20).
“Erros de doutrina nas comunidades eclesiais devem ter surgido necessariamente sobre vários assuntos. Quando, contudo, se encontrava de forma unânime e igual aquela doutrina que fora passado a muitos, não era resultado de um erro, mas da tradição. Pode alguém, então, ser tão irresponsável que diga que aqueles que receberam a tradição estavam em erro?” (Prescrição contra os Hereges, 28).
CIPRIANO DE CARTAGO (200 – 258 d.C.)
San Cipriano não era um estudioso das Escrituras, no entanto, manda com toda a diligência manter a tradição divina e práticas apostólicas:
“Com toda a diligência deve manter a tradição divina e prática apostólica, e temos de aderir ao que é feito entre nós, que é o que é feito em quase todas as regiões do mundo…” (Epist. 67, 5)
Também rejeita qualquer um ostente autoridade na Igreja sem ter a sucessão apostólica, o que ele chama de um insulto à tradição evangélica, a emergir por conta própria:
“Portanto, uma vez que só a Igreja tem a água viva, e o poder de batizar e de limpar o homem, ele diz quem qualquer um pode ser batizado e santificado por Novaciano deve primeiro mostrar e ensinar que Novaciano está na Igreja ou que preside a Igreja. Pois a Igreja é una, e como ela é uma, não pode estar tanto dentro como fora. Porque, se ela está com Novaciano [o herege], ela não pode estar com Cornélio [o Papa]. Mas se ela estava com Cornelio, que sucedeu o Bispo Fabiano pela ordenação legal, e quem, ao lado da honra do sacerdócio, o Senhor glorificou com o martírio também, Novaciano não está na Igreja, nem pode ser contado como bispo, que não sucede a ninguém, e despreza a tradição evangélica e apostólica, surgiu por conta própria. Pois ele quem não foi ordenado na Igreja não pode ter nem pertencer à Igreja de forma alguma.” (Cipriano, Epístola 75,3)
São Cipriano é muito citado pelos protestantes por causa de seu conflito com o Papa Estêvão, onde ele persistiu em sua posição para rebatizar hereges. Enquanto o seu caso pode ser citado como um exemplo de um bispo que em um ponto resistiu a autoridade do bispo de Roma, não há base para sugerir que São Cipriano foi sola escriturista. Na verdade, a sua obra sobre a unidade da (unitate De Ecclesiae) Igreja, escrita por volta de 251, combatendo o cisma de Novaciano e se mostra como excelente expoente da doutrina católica, de sua unidade, universalidade e exclusividade. Sua visão da Igreja como um corpo visível é radicalmente oposta à visão protestante de uma igreja invisível (inclusive reconhecido como historiadores protestantes como Philip Schaff) onde todo o pretextode governar-se só pela Bíblia, se separada da Igreja e causa cismas divisões.
Na mesma carta (c.12) compara a Igreja com a Arca de Noé “Fora da arca de Noé nada se salvou; o mesmoa contece com a Igreja” e alerta contra os hereges que abandonando da Igreja fundaram seus próprios grupos religiosos: “Eles enganam a si mesmos interpretando mal as palavras do Senhor: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles’. Não se pode entender esta passagem corretamente, independentemente do contexto. Aqueles que citam somente as últimas palavras, e omitem o resto, corrompem o Evangelho.”
“Assim fala o Senhor a Pedro: “Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas dos infernos não a vencerão. Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus e tudo o que ligares na terra será ligado também nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado também nos céus” (Mt 16,18-19). Sobre um só edificou a sua Igreja. Embora, depois da sua ressurreição, tenha comunicado igual poder a todos os Apóstolos, dizendo: “Como o Pai me enviou, eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo, a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados, a quem os retiverdes ser-lhe-ão retidos” (Jo 20,21-23), todavia, para tornar manifesta a unidade, dispôs com a sua autoridade que a origem da unidade procedesse de um só. É verdade que os demais Apóstolos eram o mesmo que Pedro, tendo recebido igual parte de honra e de poder, mas a primeira urdidura começa pela unidade a fim de que a Igreja de Cristo aparecesse uma só. O Espírito Santo, falando na pessoa do Senhor, designa esta Igreja única quando diz no Cântico dos Cânticos: “Uma só é a minha pomba, a minha perfeita, única filha da sua mãe e sem igual para a sua progenitora” (Cânt 6,9). Aquele que não guarda esta unidade poderá pensar que ainda guarda a fé? Aquele que resiste e faz oposição à Igreja poderá confiar que ainda está na Igreja? Paulo apóstolo inculca o mesmo ensinamento e mostra o sacramento da unidade, dizendo: “Um só corpo e um só espírito, uma é a esperança da vossa vocação, um Senhor, uma fé, um Batismo, um só Deus” (Ef 4,4-5). E, depois da ressurreição, diz ao mesmo: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17). Sobre ele só constrói a Igreja e lhe manda que apascente as suas ovelhas. Embora comunique a todos os Apóstolos igual poder, todavia institui uma só cátedra, determinando assim a origem da unidade. É verdade que os demais [Apóstolos] eram o mesmo que Pedro, mas o primado é conferido a Pedro para que fosse evidente que há uma só Igreja e uma só cátedra. Todos são pastores, mas é anunciado um só rebanho, que deve ser apascentado por todos os Apóstolos em unânime harmonia. Aquele que não guarda esta unidade, proclamada também por Paulo, poderá pensar que ainda guarda a fé? Aquele que abandona a cátedra de Pedro, sobre o qual foi fundada a Igreja, poderá confiar que ainda está na Igreja?” (Da Unidade da Igreja IV)
EUSÉBIO DE CESAREIA (263 – 340 d.C.)
Reconhecido como o maior historiador da Igreja Primitiva Escreve:
“Por estes tempos294 florescia na igreja Hegesipo, a quem já conhecemos pelo que foi dito anteriormente; também Dionísio, bispo de Corinto, e Pinito, bispo por sua vez dos fiéis de Creta. E além destes, Felipe, Apolinário, Meliton Musano, Modesto e, sobre todos, Irineu. Deles chegou até nós por escrito a ortodoxia da santa fé da tradição apostólica.” (HE IV, 21)
Eusébio dá um dado significativo quando ele narra o conflito que existia entre o Papa Santo Estêvão e São Cipriano. O Papa era contra o rebatismo dos hereges, mas São Cipriano os fazia batizar. Ele escreve uma carta que diz “não inove qualquer coisa que tenha sido transmitida” (Epístola 74, 1). É interessante este evento por que o próprio Eusébio entende que São Cipriano introduzia uma novidade contrária a tradição.
“Cipriano, pastor da igreja de Cartago e primeiro dos de então462, cria que não se deveria admitir quem não tivesse primeiramente sido purificado do erro mediante o batismo. Mas Estevão, por outro lado, julgando que não se deveria juntar inovação nenhuma contrária à tradição que havia prevalecido desde o princípio, desagradou-se muito com ele.” (HE VII, 3)
ATANÁSIO DE ALEXANDRIA (295 – 373 d.C.)
A carta a seguir não é obra exclusiva de Santo Atanásio, mas de noventa bispos do Egito e da Líbia que se reuniram em um sínodo de Alexandria em 369, tornando-se o mais relevante como prova de quão importantes e autoritários os concílios ecumênicos foram para a Igreja:
“Mas as palavras do Senhor que vieram através do Concílio Ecumênico de Nicéia, permanecerão para sempre.” (Carta Sinodal aos Bispos da África – 2)
Em sua carta em defesa dos decretos do Concílio de Nicéia (De Decretis Nicaenae sysynodi) pede os arianos para provarem que eles têm tido os seus pontos de vista (professor ou tradição) sobre a criação do Verbo, o que seria absurdo se não desse crédito a importância da Tradição. O mesmo pode ser visto quando ele diz que os decretos de Nicéia tinha a mesma doutrina que eles receberam por tradição.
“Deixe-os dizer-nos que o professor ou a tradição, deles derivam essas noções a respeito do Salvador.” (De Decretis Nicaenae sysynodi 13)
“Com efeito, o que nossos pais tenham entregue , essa é a verdadeira doutrina , e este é verdadeiramente o símbolo dos doutores, que confessam o mesmo uns com os outros, e não discordam entre si ou entre seus pais; como eles não têm esse recurso são chamados não de verdadeiros doutores, mas malvados” (De Decretis Nicaenae sysynodi 4)
“Mas os sectários, que caíram para fora do ensinamento da Igreja, têm naufragado em relação à sua fé” (Contra os pagão 6)
“Desde o início, a autêntica tradição, a doutrina e a fé da Igreja Católica, que o Senhor deu , os apóstolos pregaram e os pais conservaram.” (Carta a Serap. 1, 28)
“Mas depois ele e com ele são todos os inventores de heresias ímpios , que na verdade se referem as Escrituras, mas não mantêm os pontos de vista como os santos foram aprovadas, e recebem-as como as tradições dos homens , se equivocam, porque não conhecem adequadamente o seu poder” (Cartas Festais 2,6)
A carta epíteto (Epistula ad Epictetum episcopum Corinthi), que teve uma grande reputação e foi amplamente citada nas controvérsias cristológicas a tal ponto que o Concílio de Calcedônia adotou como a melhor expressão de suas crenças, é bastante ilustrativo ao ponto nos reúne, já que inclusive Santo Atanásio estando convencido que a doutrina trinitária tinha apoio bíblico profundo, responde que para refutar os hereges apenas mostrar-lhes que o que eles professam é diferente da doutrina da Igreja e os pais.
“É o suficiente apenas para responder a esses tipos de coisas o seguinte: Nós estamos felizes com o fato de que este não é o ensinamento da Igreja Católica, nem o que os pais mantém. Mas, para evitar que os inventores de maldades façam todo o silêncio da nossa parte um pretexto para a falta de vergonha, seár bom mencionar alguns pontos da Sagrada Escritura.” (Epistula ad Epictetum episcopum Corinthi, 3).
AGOSTINHO DE HIPONA (354 – 430 d.C.)
Os protestantes tendem a ter Santo Agostinho como um defensor da Sola Escritura, no entanto, a evidência aponta para o contrário.
“Mas você deverá se encontrar comuma pessoaque ainda nãocrer no evangelho, como você respondea eleseelequer disser,eu não acredito? De minha parte, eu não deveria acreditar noEvangelhoexceto quandomovidopela autoridadeda Igreja Católica.Então, quandoaquelesemcuja autoridadeeutenho consentidoa crerno evangelhomedizem para nãoacreditar emManiqueeus, o que posso senão consentir? Faça sua escolha.” (Contra a Carta de Mani 5, 6)
O texto que cito abaixo é particularmente revelador porque, como ensina Santo Agostinho, na Igreja deve observar tudo o que vem da tradição, embora não achado escrito. Isso aconteceu mais de um milênio antes de Trento, no qual, de acordo com o artigo protestante citado, foi quando começou a professar a Igreja Católica.
“Mas com relação àquelas observâncias que seguimos cuidadosamente e que o mundo todo mantém, e que não vêm da Escritura, mas da Tradição, é-nos concedido compreender que foi ordenado e recomendado que a guardássemos seja pelos próprios apóstolos, seja pelos Concílios plenários, a autoridade que é tão vital para a Igreja. Por exemplo, a paixão do Senhor, a ressurreição, a ascensão ao céu, a vindado Espírito Santo do céu, são celebradas a cada ano. O mesmo podemos dizer de qualquer outra tal prática que se observa em toda a Igreja universal” (Carta a Januário 54, 1,1).
Em Sobre o Batismo, contra os donatistas, escreve comentando sobre a posição do Papa sobre o rebatismo dos convertidos:
“Os apóstolos, de fato, não deu instruções sobre este ponto, mas o costume que se opõe a Cipriano, pode ter tido sua origem na Tradição Apostólica, assim como há muitas coisas que são observados por toda a Igreja e, portanto, são firmemente sustentadas por terem sido ordenadas pelos Apóstolos, ainda que não são mencionados em seus escritos” (Sobre o Batismo, contra os donatistas 5, 23).
Para Agostinho a autoridade dos concílios e do Bispo de Roma é indiscutível. Foi ele que na controvérsia pelagiana deu a causa concluída quando o Papa Inocêncio emitiu um decreto de aprovação dos concílios de Cartago e Milevis.
“Aqueles que não estão na comunhão católica, e, no entanto, se gloriam do nome de cristão, se veeem forçado a opor-se os crentes; se atrevem a enganar os ignorantes como se se valessem da razão, sendo assim, que o Senhor veio totalmente trazer essa medicina da fé imposta às pessoas. Mas os hereges são obrigados a fazer isso, como eu disse, porque eles sentem que seriam repudiados com desprezo se comparassem a sua autoridade com a Igreja Católica.
Tentam, portanto, psuperar a autoridade da Igreja inalterável com o nome e a promessa da razão. Esta imprudência é normal em todos os hereges. Mas isso imperador misericordioso da fé, também nos deu o aparelho magnífico da razão invicta, usando varões escolhidos, piedosos, doutos e realmente espirituais. E enquanto fortificou a Igreja como uma cidadela da autoridade, usando concílios famosos de todos os povos e nações das mesmas sés apostólicas.” (Carta a Dióscoro Ep 118,32)
Em uma carta que escreveu contra os maniqueístas (Contra epistolam Manichaei liber quam vocant fundamenti I) rejeita as objeções que foram baseadas nas Escrituras para atacar a Igreja Católica. Responde que acredita nas Escrituras, precisamente por causa de sua autoridade, e mesmo se eles tiverem sucesso em usar as Escrituras para encontrar uma testemunha contra ela, eles iriam conseguiriam fazer ele parar de acreditar tanto a Igreja Católica quanto nas Escrituras.
Em outros escritos:
“Acredito que esta prática venha da tradição apostólica, assim como tantas outras práticas não encontradas nos escritos deles nem nos concílios de seus sucessores, mas que, porque são observadas por toda a Igreja em todos os lugares, acredita-se que tenham sido confiadas e concedidas pelos próprios apóstolos.” (Batismo 1,12,20)
“Mas a advertência de que ele nos dá, ‘que devemos voltar à fonte, isto é, a Tradição Apostólica, e daí ligar o canal da verdade para os nossos tempos’, é exelentíssima, e deve ser seguido sem hesitação.” (ibid., 5:26).
“Eles guardaram o que encontraram na Igreja; o que lhes foi ensinado, ensinaram; o que receberam dos pais, transmitiram aos filhos.” (Santo Agostinho, Contra Juliano, 2,10,33, 421 D.C).
“Esta Igreja é santa, a única Igreja, a verdadeira Igreja, a Igreja Católica, lutando como o faz contra todas as heresias. Ela pode lutar, mas não pode ser vencida. Todas as heresias são expelidas dela, como galhos inúteis são podados de uma vinha. Ela permanece fixa à sua raiz, em sua vinha, em seu amor. As portas do inferno não a conquistarão.” (S. Agostinho, Sermão aos Catecúmenos sobre o Credo, 6,14, 395 D.C).
“É óbvio que se a fé permite e a Igreja Católica aprova, então deve ser crido como verdade” (Santo Agostinho, Sermão 117,6).
JOÃO CRISÓSTOMO (347 – 407 d.C.)
Nos deixa una excelente evidência de como a Igreja há mais1600 anos interpretava 2 Tesalonicenses 2,15 da mesma forma que os católicos de hoje (Como uma prova contra a Sola Scriptura):
“Dessa forma, irmãos, fiquem firmes e guardem as tradições que lhes foram ensinadas, seja por palavra ou por carta. Isso deixa claro que eles não transmitiram tudo por carta, mas que havia muita coisa também que não foi escrita. Como a que foi escrita, a não escrita também é digna de crédito. Então vamos considerar a tradição da Igreja como sendo digna de crédito. Isto é uma tradição? Não procure outra coisa.” (Homilias sobre a 2ª Epístola aos Tessalonicenses 4,2).
BASÍLIO O GRANDE (330 – 379 d.C.)
Ele afirma que os dogmas e mensagens preservadas na Igreja foram recebidos tanto por meios orais, quanto por meio impressa, e rejeita a idéia de abandonar os costumes não escritos:
“Vamos investigar quais são nossas concepções comuns na relação com o Espírito, assim como as que sã reconhecidas por nós a partir da Sagrada Escritura em relação com aquelas que recebemos da tradição não escrita dos Pais.” (Sobre o Espírito Santo 9, 22)
“O objetivo do ataque é a fé. O único propósito de toda a banda de adversários e inimigos da “sã doutrina.” é sacudir os alicerces da fé em Cristo levantado ao selo da tradição apostólica e destruí-la completamente. Assim como devedores, – é claro, os mutuários de boa-fé. – Eles pedem um teste escrito, e rejeitar como inútil a tradição não escrita dos Pais.” (Sobre o Espírito Santo 10, 25)
“Em um só Espírito, diz: ‘todos nós fomos batizados em um só corpo’. E, em harmonia com esta estão as passagens: ‘Ele vos batizará com o Espírito Santo’ e ‘Eles serão batizados no Espírito Santo’.Mas ninguém a este respeito justificaria em chamar esse batismo, um batismo perfeito, onde apenas o nome do Espírito Santo, foi chamado. Porque tradição que tem sido dada a nós pela graça deve permanecer para sempre inviolável.” (Sobre o Espírito Santo12, 28)
“Entre as verdades conservadas e anunciadas na Igreja, umas nós as recebemos por escrito e outras nos foram transmitidas nos mistérios, pela Tradição apostólica. Ambas as formas são igualmente válidas relativamente à piedade. Ninguém que tiver, por pouco que seja, experiência das instituições eclesiásticas, há de contradizer. De fato, se tentássemos rejeitar os costumes não escritos, como desprovidos de maior valor, prejudicaríamos imperceptivelmente o evangelho, em questões essenciais. Antes, transformaríamos o anúncio em palavras ocas.”(Tratado sobre o Espírito Santo – 27, 66)
“Um dia inteiro não nos bastaria se quiséssemos expor os mistérios da Igreja que não constam das Escrituras. Deixando de lado tudo mais, pergunto de quais passagens retiramos a profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Se a extraímos da tradição batismal, de acordo com a piedade (pois devemos crer segundo a maneira como fomos batizados), para entregarmos uma profissão batismal, essencial ao batismo, consequentemente nos seja permitido também glorificar conforme nossa fé. Mas, se esta forma de dar glória nos é recusada, por não constar das Escrituras, sejam-nos mostradas provas escritas da profissão de fé e de todo o restante, que enumeramos. Desde que há tantas coisas que não foram escritas, e coisas tão importantes para o mistério da piedade, ser-nos-á recusada uma só palavra, proveniente dos Pais, que nós vemos persistir por um uso espontâneo nas Igrejas isentas de desvios, uma palavra muito razoável, e que muito contribui para a força do mistério?” (Tratado sobre o Espírito Santo 27, 67).
“Meta comum de todos os adversários, inimigos da sã doutrina, é abalar o fundamento da fé em Cristo, arrasando, fazendo desaparecer a Tradição apostólica. Por isso, eles, aparentando ser detentores de bons sentimentos, recorrem a provas extraídas das Escrituras, e lançam para bem longe, como se fossem objetos vis, os testemunhos orais dos Padres.” (Tratado sobre o Espírito Santo, Cap. 25).
EPIFÂNIO DE SALAMINA (315 – 403 d.C.)
“É necessário também fazer uso da tradição, por que nem tudo se pode consegui nas Sagradas Escrituras. Os santos apóstolos deixaram algumas coisas nas Escrituras, outras coisas na Tradição.” (Panarion 61,6).
GREGÓRIO DE NISSA (331 – 394 d.C.)
É frequentemente citado por protestantes como um fiel defensor da Sola Scriptura, devido a textos como este:
“Não nos é permitido afirmar o que queremos. As Escrituras Sagradas são, para nós, a norma e a medida e todos os dogmas. Aprovamos somente aquilo que podemos harmonizar com a intenção destes escritos.” (Sobre a Alma e a Ressurreição).
São Gregório nestes textos fala sobre a suficiência material das Escrituras. (Ao contrário da posição protestante, onde as Escrituras são o principio Material e o julgamento privado o princípio formal). Uma análise completa, do pensamento do Santo, revela que ele não exclui a Tradição Apostólica, portanto, sustenta que deve recebido como verdade aquilo que é recebido “dado pela Igreja a cerca toda a Escritura”.
“Se um problema é desproporcional ao nosso raciocínio, o nosso dever é permanecer bem firmes e irremovíveis na Tradição que recebemos dos Padres” (Quod non sint tres dii, MG 45,117).
“Pois é suficiente para provar nossa afirmação de que a Tradição veio até nós por nossos pais, transmitida como uma herança, por sucessão dos apóstolos e dos santos que os sucederam. Aqueles, por outro lado, que mudaram suas doutrinas com novidades, necessitariam do suporte de abundantes argumentos, se quisessem mostrar seus pontos de vista, não à luz de homens controversos e instáveis, mas de homens de peso e firmeza. Mas já que suas posições se apresentam sem fundamentos e sem provas, quem é tão louco e tão ignorante para considerar os ensinamentos dos evangelistas e apóstolos, e daqueles que sucessivamente brilharam como luzes nas igrejas de menos força do que tais coisas sem sentido e sem provas?” (Contra Eunômio, 4,6).
São Gregório também proclama a Igreja coluna e fundamento da verdade, não é lícito para ele, a separação de cristão em seitas, e chama qualquer grupo que se separe da Igreja como “abominável”.
CIRILO DE JERUSALÉM (315 – 386 d.C.)
Os textos comumente citados (recortados) como prova que São Cirílo seguia a Sola Scriptura são:
“Terás sempre em sua mente este selo, que para o presente foi levemente tocado em meu discurso, através de resumo, mas devem ser indicado, se o Senhor o permitir, para o melhor de meu poder com a prova das Escrituras. Pois sobre os mistérios divinos e sagrados da fé, nem mesmo uma declaração informal devem ser entregue sem as Sagradas Escrituras, nem devemos ser desviados por mera plausibilidade e artifícios de linguagem. Mesmo para mim, que te digo estas coisas, não dê crédito absoluto, a menos que receba a prova das coisas que eu anuncio a partir das Escrituras Divinas. Por esta salvação que acreditamos não depende de raciocínio engenhoso, mas da demonstração das Sagradas Escrituras.” (Leituras catequéticas IV, 17)
Não há em nenhum local desta passagem afirmação de Sola Scriptura, são Cirílo fala apenas que “a menos que receba a prova das coisas que eu anuncio a partir das Escrituras Divinas”, ele não está falando para os leitores receberem somente o que está nas Escrituras, ele fala que só se deve receber aquilo que ele demonstrou pelas Escrituras se tiver provas, não existem virgulas interpolando o discurso, ou seja, significa que mesmo mostrando as escrituras tem que haver provas daquilo. Então é exatamente o contrário do que se pretende entender pelos protestantes, Cirilo mostrou algo pelas escrituras, então seria necessário provas para poder acreditar naquilo, as provas não são as próprias Escrituras e sim a Igreja. Por isto ele afirma nos versículos posteriores:
“Aprenda também diligentemente, e da Igreja, quais são os livros do Antigo Testamento, e que os do Novo.” (IV, 33)
Cirilo não manda procurar nas Escrituras o cânon bíblico e sim aprender da Igreja, ou seja, por exemplo se ele mostrasse que um livro é Inspirado utilizando as escrituras, quando um livro cita outro, seria necessário ainda que houvesse a prova da Igreja para este livro, e também para todos os livros das Escrituras.
Outra citação utilizada é:
“E antes vamos perguntar por que causa Jesus desceu. Agora não preste atenção nas minhas argumentações, pois talvez, você possa serr enganado, mas a menos receba o testemunho dos profetas em cada assunto, não acredite no que eu digo: a não ser que tu aprendas com as Sagradas Escrituras sobre a Virgem, e o lugar, o tempo, e a forma, não receba testemunho de homem. Pois quem atualmente ensina, portanto, pode, eventualmente, ser suspeito, mas do que o homem de bom senso vai suspeitar de quem profetizou mil e mais anos antes? Se, então você procurar a causa da vinda de Cristo, volte para o primeiro livro das Escrituras.” (Leituras Catequéticas, XII, 5)
Os católicos não têm nenhum problema com estas declarações. Nós somente teriamos se Cirílo mostrasse estar em oposição ou em exclusão a autoridade da Igreja e da tradição, mas é claro que ele não faz isso. Em outras passagens que protestantes convenientemente omitem, ele reconhece estas.
Na catequese 4 (citaço acima), São Cirilo escreve longamente sobre a Sagrada Escritura (seções 33-36). Como é que ele instrui um crente para determinar quais livros estão na Bíblia? Ele faz isso por uma autoridade extra-bíblica: a Igreja:
“Aprenda também diligentemente, e da Igreja, quais são os livros do Antigo Testamento, e que os do Novo.” (IV, 33)
Logo de cara, isso é contrário a vários dos princípios que os autores protestantes conhecidos estabelecem em seu discursos, como no caso de William Webster na Introdução do seu livro Holy Scripture: The Ground and Pillar of Our Faith, Volume III:
1) Todas as doutrinas deve ser comprovadas a partir das Escrituras.
2) O que os apóstolos ensinaram oralmente foi transmitido na Escritura.
3) A Escritura é o juiz final em todas as controvérsias.
4) A Escritura é a autoridade máxima e suprema para a Igreja.
5) Se a Escritura não se pronuncia sobre uma questão, esta não pode ser conhecida.
O cânon das Escrituras não é listado nas Escrituras, o que contradiz todos os cinco princípios acima. A Escritura é omissa sobre essa questão, e Webster, portanto, diz que não pode ser conhecido (# 7). Mas o cânon é conhecido através da autoridade da Igreja Católica. A Igreja oferece a Sagrada Escritura para o crente cristão. O Protestantismo nunca foi capaz de racionalizar essa contradição clara da Sola Scriptura. Assim, Cirilo declara:
“Estude sinceramente só estes que lemos abertamente na Igreja. De longe mais sábios e mais piedosos do que você mesmo eram os apóstolos, e os bispos dos tempos antigos, os presidentes da Igreja que transmitiram esses livros. Sendo, portanto, um filho da Igreja, não ultrapasse seus estatutos.” (IV, 35)
Além disso, quando Cirílo lista os livros do Antigo Testamento, entregue com autoridade pela Igreja, ele inclui “Jeremias … incluindo Baruc e Lamentações e a Epístola” (IV, 35). Baruc foi multilado das Bíblias protestantes, mas aceito pelos católicos e pais da Igreja. A “Epístola de Jeremias” é o último capítulo de Baruc em Bíblias Católicas, mas excluído por protestantes. Na próxima seção (IV, 36), ele lista todos os livros do Novo Testamento, exceto o Apocalipse, e afirma: “…o que os livros não são lidos nas igrejas, estes não leia nem mesmo por si mesmo, …”
Assim – assim Cirilo diria -, o Apocalipse não só não é Escritura, mas é para ser lido de qualquer forma por um indivíduo. Isso ocorre porque o cânon da Bíblia era em si uma doutrina desenvolvida da Igreja. O Apocalipse foi um dos últimos livros aceitos. Cirilo morreu na década antes de a Igreja finalizar o cânone nos concílios de Hipona (393) e Cartago (397). Estes incluíram os livros deuterocanônicos.
Este é um exemplo de por que os católicos não seguem pais da Igreja individualmente como autoridade obrigatória: só a Igreja em seus pronunciamentos de autoridade (por meio de concílio e papas) pode isso. Os pais são guias quando eles concordam unanimamente. O cânon foi desenvolvido, e atingiu o seu desenvolvimento final logo após Cirílo. Mas nem o que ele disse sobre o cânon bíblico, nem o que a Igreja declarou pouco depois, comporta totalmente com o que os protestantes pensam, nem com a Sola Scriptura.
Sabemos que São Cirilo citou livros deuterocanônicos nestas mesmas catequeses, por exemplo, a Sabedoria de Salomão (9, 02; 9, 16; 12, 05), Eclesiástico (6, 4; 11, 19; 13, 8), e os capítulos de Daniel que os protestantes descartam (14, 25; 16, 31).
Comentando sobre o Credo, Cirílo novamente defende uma forte noção da autoridade da Igreja Católica:
“Agora, então deixe-me terminar o que ainda resta a ser dito sobre o artigo, em uma Santa Igreja Católica, na qual, no entanto pode-se dizer muitas coisas, vamos falar, mas brevemente.
Ela é chamada de católica então porque ela se estende por todo o mundo, a partir de uma extremidade da terra até a outra, e porque ensina universalmente e completamente uma e todas as doutrinas que devem chegar ao conhecimento dos homens, no tocante às coisas visíveis e invisíveis, celestiais e terrenas. . .” (XVIII:22-23)
Agora, imagine se Cirílo tivesse dito isso sobre a Escritura, que “ensina universalmente e completamente uma e todas as doutrinas que devem chegar ao conhecimento dos homens” protestantes teriam esta passagem como a principal prova de que ele estava ensinando suficiência material das Escrituras e também suficiência formal (“completa”). Mas aqui ele está afirmando esses atributos no que diz respeito à Igreja, não as Escrituras (a Igreja ensina com integridade, assim como a Escritura), e por essa razão, protestantes não a citam, por que esta passagem não é compatível com o seu plano sofístico de “provar” que só a Escritura fornece este tipo de suficiência ou “completude”- e eles deliberadamente a omitem.
Esta é a prática padrão dos protestantes com todos os padres da Igreja, e é intelectualmente desonesta, e está sobre o fundamento de uma meia verdade ou uma verdade parcial que é quase tão ruim quanto uma mentira. Eles habitualmente apresentam uma deformação do ensinamento patrístico que concorda com o catolicismo: ressaltam o que os padres falam sobre a Sagrada Escritura, ignorando tudo o que é dito sobre a Igreja, a tradição, a sucessão apostólica, os bispos, os concílios, os papas, e etc.
Isso seria aceitável se a intenção declarada deles fosse simplesmente mostrar o que os pais acreditavam sobre as Escrituras. Não teríamos problemas com isso. Mas isso não é o que eles fazem. Eles afirmam que os pais ensinaram Sola Scriptura: a noção de que nada é infalível ou finalmente obrigatório senão é ensino bíblico. Isso não é verdade (como uma questão de fato demonstrável), e é mostrado não ser verdade, precisamente referindo o que estes pais pensavam sobre esses outros elementos de autoridade (a Igreja, a tradição, a sucessão apostólica, bispos, concílios, papas).
Fala sobre o depósito da Tradição Apostólica:
“E agora, amados irmãos, a palavra de instrução exorta a todos, a prepararem suas almas para a recepção dos dons celestiais. Quanto a Santa e Apostólica Fé entregue a você para professar, temos falado com a graça do Senhor, em tantas muitas palestras, quanto foi possível…” (XVIII:32)
Na Leitura XII fala sobre os ensinamentos sobre Jesus nas Escrituras e nos profetas e em seguida diz que a Transfiguração de Jesus ocorreu no monte Tabor, algo que não é encontrado em nenhum lugar das escrituras e só é conhecido através da Tradição Apostólica, logo é claro que Cirilo reconhecia tanto as Escrituras quanto a Tradição como fonte de revelação das coisas divinas:
“No mais, temos duas testemunhas, aqueles que estavam diante Senhor no Monte Sinai: Moisés estava em uma fenda na rocha, e Elias foi uma vez em uma fenda da rocha: eles estavam presentes com Ele na Sua Transfiguração no monte Tabor, falou aos discípulos de Sua morte, que deveria cumprir-se em Jerusalém. Mas, como eu disse antes, se provou possível para Ele ser homem, e o resto das provas podem ser deixadas para o estudioso de recolher.” (XII, 16)
A TRÍPLICE DIVISÃO DO DEPÓSITO DA FÉ CATÓLICA MENCIONADOS POR CIRÍLO
Ele se refere a “as divinas Escrituras utilizadas na Igreja” e “a tradição dos intérpretes da Igreja” (XV, 13). Isso vai contra a noção protestante tipicamente que “a Escritura interpreta a Escritura, ou seja, é auto-interpretada”.
São Cirílo é claro ao menciona a tríplice regra de fé católica: a tradição, a Igreja, e as Escrituras, todas em harmonia entre si:
“Mas na aprendizagem da Fé e professando a, adquira e mantenha isso apenas, QUE AGORA É ENTREGUE A VOCÊ PELA IGREJA, e que foi estruturado fortemente de todas as escrituras. POIS NEM TODOS PODEM LER AS ESCRITURAS, alguns sendo prejudicados quanto ao conhecimento delas por falta de ensino, e outros por uma falta de tempo, a fim de que a alma não pereça na ignorância, nós incluímos toda a doutrina da Fé, em algumas linhas. Neste resumo desejo-lhe tanto a comprometer-se a memoriza-lo quando eu recitá-lo, quanto ensaiar com toda a diligência entre vós, NÃO ESCREVA-A NO PAPEL, MAS GRAVE PELA MEMÓRIA NO SEU CORAÇÃO, CUIDANDO QUANDO VOCÊ REPASSA PARA QUE NENHUM NÃO CATECÚMENO TENHA A CHANCE DE OUVIR AS COISAS QUE FORAM ENTREGUES A VOCÊ. . . pois o presente ouve enquanto eu simplesmente digo o Credo, e o memoriza, mas, na época adequada esperar a confirmação da Sagrada Escritura de cada parte do conteúdo. Pois os artigos da Fé não foram compostos conforme pareceu bem aos homens, mas os pontos mais importantes recolhidos de toda a Escritura constituem um ensino completo da Fé. E assim como a semente de mostarda em um pequeno grão contém muitos ramos, assim também esta Fé adotou em poucas palavras todo o conhecimento da piedade no Antigo e Novo Testamentos. ACAUTELAI-VOS, POIS, IRMÃOS, E GUARDAI AS TRADIÇÕES QUE AGORA RECEBEM, E GRAVAI-AS NA TÁBUA DO SEU CORAÇÃO.” (V: 12-13)
Nestas palavras Cirílo mostra a autoridade da Igreja para ensinar, mostra a autoridade das Escrituras e que os artigos mais importantes do credo foram tirados das escrituras, por último fala da Tradição passada por ele para que seja guardada e levada no coração.
Novamente fala para guardamos as tradições de como se portar na Igreja, claramente algo que não está nas Escrituras:
“Em seguida, depois de ter participado do Corpo de Cristo, se aproxime também do cálice do Seu Sangue, não estendendo suas mãos, mas ajoelhando, e dizendo com ar de adoração e reverência, Amém, santifique-se pela participação também do Sangue de Cristo. E enquanto a umidade ainda está sobre os seus lábios, toque-os com as mãos, e santifique os seus olhos e testa e os outros órgãos dos sentidos. Então espere para a oração, e dê graças a Deus, que tem lhe considerado digno de tão grandes mistérios.
Guardem estas tradições sem mácula, guardai-vos livre de ofensa. Não se privem da Comunhão; não vos depraveis, através da poluição dos pecados, destes santos mistérios e espiritual. E o Deus de paz vos santifique em tudo; eo vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, (I Tessalonicenses 5, 23) – Para quem seja a glória, a honra e o poder, com o pai e o Espírito Santo, agora e sempre, e para todo o sempre. Amém”. (XXIII, 23).
Se são Cirilo achasse que tudo deveria estar nas Escrituras, de onde é que ele tirou estes ensinamentos acima, e por que os chama de “tradições”?
Em sua leitura catequética de número XX:
“Tendo sido suficientemente instruídos nestas coisas, guarde-as, peço-vos, em sua lembrança; que eu também, apesar de eu ser indigno, possa dizer de você, Agora eu te amo, porquanto tu sempre lembras de mim, e guarda às tradições, que vos entreguei. E Deus, que apresentou-lhe como se fosse vivo dos mortos, é capaz de conceder-lhe para andar em novidade de vida: porque Sua é a glória e o poder, agora e para sempre. Amém.” (XX, 8)
Ele considera a Igreja como o determinante da ortodoxia, na medida em que ela detém, é o cristianismo apostólico:
“E, para ser breve, não vamos separá-los, nem fazer confusão: nem digas nunca, que o Filho é estranho ao Pai, nem admita aqueles que dizem que o Pai é em um momento Pai, e no outro Filho: pois estas são declarações estranhas e ímpias, e não as doutrinas da Igreja.” (XI:18)
“A Igreja agora cobra diante do Deus Vivo, ela declara a você as coisas concernentes ao Anticristo antes dele chegar. Se elas vão acontecer em seu tempo, não se sabe, ou se vai acontecer depois que você não souber, mas é bom que, sabendo essas coisas, você deve se garantir de antemão.” (XV, 9)
“… a Igreja Católica protegendo você de antemão entregou a você na profissão da fé,…” (XVII, 3)
São Cirilo rejeita qualquer sectarismo e denominacionalismo:
“Quanto a esta Santa Igreja Católica, Paulo escreve a Timóteo, para que possais saber como você deve se comportar na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade [1 Tm 3, 15].
Mas desde que a palavra Ecclesia é aplicada a coisas diferentes (como também está escrito a multidão no teatro de Efésios, E quando falou assim, ele descartou a Assembleia [Atos 19:14], e desde que se poderia de forma adequada e verdadeiramente dizer que não é uma Igreja de malfeitores, quero dizer as reuniões dos hereges, os Marcionistas e maniqueístas, e o resto, por esse motivo a Fé seguramente entrega a você agora o artigo, e em uma santa Igreja Católica, para que você possa evitar suas reuniões miseráveis, e sempre cumprir com a Santa Igreja Católica em que foram regenerados. E se alguma vez você estiver peregrinando nas cidades, não pergunte apenas onde está Casa do Senhor (pois outras seitas do profano também tenta chamar suas próprias covas de casas do Senhor), nem apenas onde está a Igreja, mas onde está a Igreja Católica. Pois este é o nome peculiar desta Igreja Santa, a mãe de todos nós, que é a esposa de nosso Senhor Jesus Cristo, …” (XVIII, 25-26)
Ensina que a Salvação vem através da Igreja Católica:
“Neste Santa Igreja Católica recebendo instruções e se comportando virtuosamente, Nós atingiremos o reino dos céus, e herdaremos a vida eterna.” (XVIII:28)
Em cada citação, então, vemos que São Cirilo é completamente católico, e não ensina a Sola Scriptura. Protestantes se enganam ao afirmar o contrário, ao isolar apenas duas passagens, ignorando as muitas outras relevantes que destacamos acima.
CONCLUSÃO
Antes de concluir, é importante mencionar outro argumento usado pelos protestantes contra a Tradição Apostólica, e que é um tiro no pé. Transcrevo a continuação do referido artigo:
“É verdade que a Igreja primitiva também ocupou o conceito de tradição em referência a costumes e práticas eclesiásticas. Acreditava-se, muitas vezes que essas práticas tinham sido herdadas dos apóstolos, mesmo que eles não pudessem ser validadas pela Escritura. Essa prática, no entanto, não envolve a doutrina da fé e foram muitas vezes contraditórias entre diferentes segmentos da Igreja.
Um exemplo disso está no início do segundo século, na controvérsia acerca de quando celebrar a Páscoa. Algumas igrejas orientais comemorado em dias diferentes das do Ocidente, mas cada uma alegou que sua prática particular foi herdada diretamente dos apóstolos. Isso realmente criou um conflito entre o bispo de Roma, que exigia que os bispos se submetessem a essa prática do Ocidente. “Eles se recusaram, acreditando firmemente que estavam aderindo à tradição apostólica.”
O primeiro erro deste argumento, é afirmar gratuitamente que a tradição que a igreja primitiva mantinha foi limitada exclusivamente às práticas eclesiásticas, na verdade , nenhum dos textos patrísticos que foram citados é possível tirar uma conclusão similar. Papias não é uma exceção em termos do que ele aprendeu através dos ensinamentos orais, Irineu fala sobre como você não consegue encontrar a verdade nas Escrituras, se a tradição é desconhecida e como usou essa tradição para atacar a heresia (seria absurdo assumir que atacou os hereges com meros costumes e práticas eclesiásticas). Orígenes fala do ensinamento da Igreja transmitido pelos apóstolos através da tradição apostólica (aqui também não parece ser limitado a meras questões de disciplina da igreja). São Basílio Magno fala dos “dogmas e mensagens preservadas na Igreja” através da tradição. Clemente de Alexandria fala desta como a doutrina bendita derivada diretamente dos apóstolos e Agostinho inclui na Tradição o que foi exposto pelos concílios.
O segundo erro é que o evento que mencionamos precisamente mostra quão firmemente a Igreja primitiva apreciava a Tradição, o ponto é quase produziu um cisma só por mantê-la. A este respeito, escreve o historiador José Orlandis:
“No segundo século da Igreja de Roma viu como duas questões muito diferentes foram criadas, mas cada um tinha a sua própria maneira um impacto em sua vida: a controvérsia pascal e as tentativas de infiltração de doutrinas gnósticas.
A controvérsia Páscoa surgiu a partir das diferenças entre a Igreja romana, e o que seguiam quase todas os outras igrejas da Ásia a propósito do dia da celebração da Páscoa.
Eles alegaram que a celebração dessas igrejas ocorria no dia 14 de Nisan, seja qual for o dia da semana que caisse – enquanto a práxis romana, oficialmente instituída pelo Papa Pio I, era de que a Páscoa é sempre comemorada no Domingo, após a data de 14 do Nisan. Embora possa parecer o contrário, não era uma questão trivial, uma vez que a data da Páscoa condicionava o ciclo litúrgico inteiro e era um sinal tangível de comunhão entre todas as Igrejas.
Para abordar esta questão, e apesar de sua idade avançada de 80 anos, no tempo do papa Aniceto (155-166) smudou para Roma o bispo venerável de Esmirna (Policarpo), que morreria pouco depois como mártir. Apesar dos esforços de ambos os lados, era impossível chegar a um acordo. Policarpo não podia dar-se a Tradição da Páscoa das igrejas da Ásia, uma tradição de raízes judaico-cristãs, que ele aprendeu com o bom apóstolo João, o Evangelista, do qual era um discípulo direto; os dois bispos, incapazes de alcançar a unidade litúrgica, queriam deixar registrado constancia de manter a paz entre eles, e como um sinal visível da comunhão, o Papa Aniceto de a Policarpo a honra de celebrar a Eucaristia em sua própria igreja.
O problema foi agravado no final do segundo século, após a introdução da liturgia das igrejas asiáticas de algumas observâncias de sabor judaizante como o rito do cordeiro pascal. Tendo em vista a tendência de tomar a questão, o Papa Victor I (189-198), em um ato significativo de exercer a autoridade primacial, convocou a reunião de sínodos provinciais nas várias igrejas, e todos eles, exceto para a Ásia, eles concordaram com o uso romano. A ásia reafirmou sua posição e, em seu nome, o bispo Polícrates de Éfeso escreveu uma carta apaixonada para o Papa. Victor reagi duramente e ameaçou os asiáticos com penas canônicas, incluindo a excomunhão.
A ruptura nunca foi consumada, e isso ajudou a intervenção calmante de Irineu de Lion que, após reiterar sua adesão à observância Romana, pediu ao Papa para não quebrar a comunhão com aquelas Igrejas, mostrando a ligação com as antigas tradições, sendo que era uma fé de todos. Victor I acolheu os fundamentos de Irineu, e ao longo do tempo, as igrejas da Ásia chegou a aceitar a disciplina romana…” (José Orlandis, El pontificado Romano en la historia, Editorial Palabra, Segunda Edición, Madrid 2003, pág. 37-38)
Não preciso ser um gênio para perceber o grande apego que tinham esses primeiros cristãos para manter a Tradição que tinham recebido dos apóstolos, que, mesmo em uma questão litúrgica e não-dogmática, quase produziu um cisma.
Assim como Sola Scriptura não tem fundamento bíblico, tampouco parte do ponto de vista patrístico. Se Igreja primitiva tevesse pensado como pensa o protestantismo hoje, sofreriam a consequência do que eles estão sofrendo, imersos em uma onda irrefreável de divisões, onde todo mundo quer impor a sua própria interpretação da Escritura isoladamente da Tradição. O simples fato de que os protestantes sabem quais livros da Bíblia devem a tradição, já quem nenhum livro dos livros bíblicos menciona o cânon bíblico. Os protestantes também se fazem de despercebidos para o fato de que os primeiros cristãos não tinham um cânon totalmente definida do Novo Testamento. O fragmento de Muratori, que é o catálogo mais antigo dos livros do Novo Testamento não incluía todos os livros do cânon que conhecemos hoje. Assim, apesar de os livros agora pertencerem ao cânon do Novo Testamento que foram escritos no primeiro século, mas o cânon , como tal, passou a ser definitivamente definido no final do século IV .
PARA CITAR
ARRAIZ, José Miguel. Pais da Igreja e a Tradição Apostólica. Disponível em: <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/629-pais-da-igreja-e-a-tradicao-apostolica >. Desde 16/12/2013. Tradução: Rafael Rodrigues