A crença na infalibilidade conciliar é completamente incompatível com o protestantismo, porque este sistema de fé sustenta que a Bíblia é a única fonte infalível de autoridade. A aceitação da infalibilidade conciliar é (em outras palavras) incompatível com a sola Scriptura. É o que os Padres acreditaram.
Eu usei o exemplo do Concílio de Jerusalém em vários lugares de minha apologética, para argumentar, pelo próprio conceito da infalibilidade conciliar, que (como você pode ver) ela é absolutamente bíblica; por exemplo, em meus livros: “The Catholic Verses” (pp 7-11.) e “The One-Minute Apologist” (pp 4-5.). Veja também o meu artigo: “O Concílio de Jerusalém (Atos 15, 6-30) vs Sola Scriptura e James White.”
Você pode ler a passagem inteira de “The One-Minute Apologist”, cortesia da disponibilidade de busca da Amazon para o livro: segue o link de pesquisa; digite “Atos 15” na caixa de pesquisa, clique em “ir” e selecione a página 4 dos resultados; depois, clique em uma das setas à direita da página para acessar a página 5.
Os leitores também podem ler a destacada passagem de “The Catholic Verses”, seguindo o link da “busca interna”, novamente pesquisar por “Atos 15” e selecionar a página 7, em seguida, dirigir a seta para a direita para as páginas 8 e 9. Ao voltar para os resultados da busca inicial, podem acessar separadamente as páginas 10 e 11. Deste modo, é possível acessar todas as passagens.
Agora, o protestante Philip Schaff, ilustre historiador da Igreja, confirma que esse era o consenso dos Padres da Igreja (embora como um protestante, ele mesmo iria discordar disso), em parte baseado na passagem de Atos 15, que é o que eu tenho argumentado por anos:
“A autoridade dos Concílios [ecumênicos] na decisão de todos os pontos de controvérsia foi suprema e final.
Suas decisões doutrinárias logo cedo foram investidas com infalibilidade; as promessas do Senhor respeitando a indestrutibilidade de sua Igreja, sua presença permanente com o ministério, e a orientação do Espírito da Verdade, foram sendo aplicadas em pleno sentido a esses Concílios, representando toda a Igreja. A exemplo do Concílio apostólico, a fórmula habitual para um decreto foi: Visum est Sprirtui Sancto et nobis. Constantino, o Grande, em uma carta circular às igrejas, concebe os decretos do Concílio de Nicéia como uma ordem divina; uma expressão, no entanto, em relação a qual o abuso da palavra divina na linguagem dos déspotas bizantinos, não deve ser esquecida. Atanásio diz, com relação à doutrina da divindade de Cristo: “O que Deus falou pelo Concílio de Niceia, permanece para sempre”. O Concílio de Calcedônia declarou os decretos dos Padres de Nicéia como estatutos inalteráveis, já que o próprio Deus havia falado com eles. O Concílio de Éfeso, na sentença de deposição contra Nestório, usa a fórmula: “…O Senhor Jesus Cristo, a quem blasfemou, determina através deste santíssimo Concílio…”. O Papa Leão fala de um “consenso irretractabilis” do Concílio de Calcedônia sobre a doutrina da pessoa de Cristo. E Papa Gregório Magno ainda coloca os quatro primeiros Concílios, que refutaram e destruíram, respectivamente, as heresias e impiedades de Ário, Macedônio, Nestório e Eutiques, no mesmo nível que os quatro evangelhos canônicos. Da mesma forma Justiniano coloca os dogmas dos primeiros quatro concílios em pé de igualdade com as Sagradas Escrituras, e seus cânones ao lado das leis do império.” (História da Igreja Cristã, Vol III: Cristianismo Niceno e Pós-Niceno: AD 311-600, Grand Rapids, MI:. Eerdmans Publishing Company, 1974, a partir da quinta edição revisada de 1910, 340-342 disponível on-line: § 65 O Sistema Sinodal. Os Concílios Ecumênicos)”
Esta é apenas a ponta do iceberg sobre a rejeição do sola Scriptura pelos pais da Igreja. Eu tenho vários escritos sobre isso, e meu livro prestes a ser publicado, com os olhares “católicos” dos Padres, documenta maciçamente esta rejeição.
Mas, apesar da montanha de evidências, pessoas como os polemistas anti-católicos David T. King e William Webster afirmam, a propósito, precisamente o contrário: que supostamente os Padres aceitaram o sola Scriptura em massa, como um caráter de consenso. Eles argumentam isso em seu livro, “A Sagrada Escritura: O fundamento e pilar de nossa fé, Volume III: os escritos dos Padres da Igreja, afirmando o princípio da Reforma de Sola Scriptura”. Eu mesmo já vi King numa situação ridícula em algum blog ou fórum de discussão (possivelmente James Swan’s), afirmando que todos os pais da Igreja acreditavam no sola Scriptura. Como alguém pode ser tão néscio?
Não caia neste constante revisionismo histórico e “provas” descontextualizadas anacrônicas. Qualquer um faria muito melhor em aceitar a palavra erudita de historiadores protestantes como Schaff, Pelikan, Kelly, e Oberman, em vez dos “argumentos” ignorantes de anti-católicos resolvidos em estar em desacordo com as posições da apologética católica, não importando quantos fatos históricos e opiniões eruditas apareçam em seu caminho.
É preciso, portanto, dar grande crédito a um apologista anti-católico reformado que contrariou a tendência: um “santo e pecador”, que, na verdade, admitiu este ponto. Talvez ele possa convencer seus amigos King, Webster, White, Svendsen, Engwer (?) Et al a seguir o exemplo. Seria uma mudança satisfatória.
PARA CITAR
ARMSTRONG, Dave. Historiador protestante Philip Schaff confirma os Padres da Igreja: A aceitação da infalibilidade conciliar baseada no Concílio de Jerusalém (Atos 15) – Disponível em: <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/magisterio/estudos-dos-concilios/738-historiador-protestante-philip-schaff-confirma-os-padres-da-igreja-a-aceitacao-da-infalibilidade-conciliar-baseada-no-concilio-de-jerusalem>. Desde: 08/11/2014. Tradução: Lucas Oliveira.