Objeção protestante “Fílon, judeu de Alexandria, faz uso extensivo da tradução grega do Antigo Testamento chamada Septuaginta e seria de esperar que os deuterocanônicos, se eles estivessem incluídos na tradução, seriam usados por ele também. Apesar do fato de que os escritos de Fílon conterem várias citações e alusões da Sagrada Escritura, Ele nunca cita os deuterocanônicos. Claramente, este silêncio indica que ele não considerou os deuterocanônicos como inspirados apesar de serem parte da Septuaginta. Se este teólogo judeu de Alexandria não reconheceu os deuterocanônicos, certamente os judeus na Palestina não reconheceriam também.” |
Resposta: Aqui, mais uma vez, temos um argumento de silêncio. Já que os livros deuterocanônicos não foram citados por Filon, é fundamentado que eles devem ter sido rejeitados.
Não poderia ser a simples razão que Filon nunca tivesse encontrado uma oportunidade para usá-los? O acusador tenta fazer uma sugestão indutiva observando que Filon fez uso extensivo do Antigo Testamento o que implicaria que a sua omissão aos deuterocanônicos tenha sido de propósito. Embora seja verdade que as obras de Filon contêm um grande número de citações do Antigo Testamento, o número de livros que ele cita é relativamente pequeno. Na verdade, Filon também não faz uma única citação dos livros de Ezequiel, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos, Daniel, Ester e talvez também Crônicas. Então seguindo a lógica protestante, Filon teria também rejeitados todos estes livros por não mencioná-los. No entanto, Filon estava familiarizado com esses textos, uma vez que (como os livros disputados) estavam incluídos na Septuaginta.
É verdade que o trabalho de Filon contém um grande número de citações, cerca de 2.050 citações do Antigo Testamento. No entanto, um estudo mais profundo a respeito de onde vinham as suas citações é bastante esclarecedor. De 2050 citações do Antigo Testamento, a Torá (os cinco primeiros livros da Bíblia) é citada 2000 vezes, (ou seja Filon faz uso de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio 2000 vezes) deixando apenas cerca de 50 citações para o resto das Escrituras!
Para Filon, a Torá era a soma e ápice da revelação de Deus, e todos os outros livros sagrados eram apenas comentários. Dada esta dependência da Torá, seria perfeitamente razoável esperar que tanto os outros livros quando os deuterocanônicos não eram susceptíveis de serem utilizados por ele, já que ele acreditava que tudo estava na Torá. Portanto, o argumento baseado no silêncio de Filon não prova nada.
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