Quarta-feira, Maio 8, 2024

A questão da renuncia do Papa – Para a mídia, hereges e pseudo pesquisadores

O mundo ficou chocado com a recente notícia do pronunciamento do Papa Bento XVI declarando sua renuncia ao Trono de Pedro. Este acontecimento tomou conta da mídia e das redes sociais, e como não é novidade a indústria da desinformação começa a fabricar as suas diversas lendas e achismos sobre a doutrina e história da Igreja Católica, com seus jornalistas que se acham teólogos e historiadores que podem dar palpites e interpretarem aquilo que a Igreja tem como lei. A fim de combater o erro, refutar a crítica e sanar a duvida dos leitores confusos com tanta desinformação propagada, trataremos nesta matéria sobre todos os assuntos que tangem a renuncia papal.

 

 

 

 

 

 

 

 

PAPAS QUE JÁ RENUNCIARAM ANTES DE BENTO XVI

 

Clemente I

 

Foi o primeiro Papa a renunciar ao pontificado, ocupou a cátedra petrina desde o ano 88 até 96, padecendo martírio ao ano seguinte. Jogaram-no no Mar Negro encadeado a uma âncora.

São Ponciano

 

Governou de 230 a 235, foi eleito após Hipólito de Roma que havia se erigido como antipapa. Ambos foram exilados na Sardenha (Itália). São Ponciano renunciou ao pontificado junto a Hipólito para permitir que a Igreja de Roma tivesse uma nova eleição que elegeu São Antero.

São Silvério

 

Governou de 536 a 537, renunciou pelo bem da paz e da Igreja, depois de ser deposto pelo general bizantino Belisário.

São Martinho

 

Renunciou em 654 depois de ser deposto e deportado.

Bento IX

 

Subiu ao trono durante uma fase conturbada da Igreja, com apenas 20 anos, governou intermitentemente em três ocasiões entre 1032 e 1048, pois por disputas políticas foi deposto e reassumiu estas 3 vezes, mas após isso renunciou e se retirou ao monastério da Grottaferrata para fazer penitência, assim como fará Bento XVI.

Celestino V

 

Em 1294 renunciou o pontificado, consciente de sua incapacidade para conduzir os assuntos da Igreja devido a seu caráter fraco e submisso.

Gregório XII

 

Renunciou em 1415, após um momento muito conturbado na Igreja.

 

A LEGITIMIDADE CANÔNICA DA RENUNCIA

 

Algumas emissoras de televisão em telejornais afirmaram que foi o Papa Gregório XII que promulgou o decreto que os papas poderiam renunciar, ora, se antes dele diversos outros já tinha renunciado como é que foi ele que promulgou isto?

A renúncia de um papa, bem como de qualquer clérigo está prevista no Código de Direito Canônico:

“Qualquer um, cônscio de si, pode renunciar a um ofício eclesiástico por justa causa.” (CDC – Cânon 187)

Porém estabelece que para que seja válida é necessário que seja livre e especifica que não precisa ser aceita por ninguém, já que acima do papa não é ninguém na terra, diferente do caso dos outros bispos e padres que precisam ser aceitas para poderem ser válidas.

“Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie a seu múnus, para a validade se requer que a renúncia seja livremente feita e devidamente manifestada, mas não que seja aceita por alguém.” (CDC- Cânon 332,2)

 

O PRENUNCIO DA RENUNCIA

 

2009 (28/ABRIL)

O papa visitou o túmulo de São Celestino V (Que também renunciou) em Áquila e depositou ali o pálio que recebeu em sua entronização.

2010 (4/JULHO)

 

Fez alusão a este gesto de 2009 na homilia por motivo do “perdão de Celestino V” e também no livro “A luz do mundo” de 2010, disse que “um papa ao alcançar a clara consciência de que já não é física, mental e espiritualmente capaz de realizar seu encargo, então tem o direito e até o dever de demitir-se”.

2012 (FEVEREIRO)

 

O chamado VatiLeaks publicou segredos do Vaticano, fazendo correr rumores sobre um atentado contra a vida do papa; Uma entrevista de Dom Luigi Bettazzi, bispo emérito de Ivrea, dada no programa Un Giorno da Pecora, da Radio2.bispo anunciou então que o Papa queria se demitir: “Não vejo motivos para atentar contra ele(o papa). Por isso, quando se publicou essa notícia, pensei é que se trata de preparar a eventualidade da demissão, indicou o bispo, que perguntado “mas, Ratzinger queria se demitir?”, adicionou: “Sim, eu creio que sim”.

2012 (MARÇO)

 

Segundo algumas fontes o papa tomou a decisão de demitir-se.

2013 (11/FEVEREIRO)

 

O Bento XVI publica sua renúncia com o motivo de não contar mais “as próprias forças”. Um fato inédito na história da Igreja, pois nenhum dos Papas renunciou por este motivo, o que causou mais controvérsias ainda, pois João Paulo II em uma condição muito pior foi até o fim.

 

A QUESTÃO DA INFALIBILIDADE

 

Um tal pesquisador do CNPQ, de nome Francisco Carlos Teixeira, em uma entrevista a Globo News (pode ser vista aqui) afirma que a renuncia do Papa coloca em cheque o dogma da infalibilidade Papal, por que, segundo ele, sendo o Papa infalível não pode alegar falta de forças. Esta é mais uma daquelas pérolas desses pseudo pesquisadores que não sabem absolutamente nada sobre as doutrinas da Igreja Católica, mas se acham doutores nela.

A infalibilidade não tem nada haver com as decisões particulares do papa, o papa é infalível somente quando si pronuncia ex-cathedra em matéria de fé e moral, e não em decisões pessoais ou em qualquer discurso que ele faça.

Goza desta infalibilidade o Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força de seu cargo quando,na qualidade de pastor e doutor supremo de todos os fiéis e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, proclama, por um ato definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé ou aos costumes… A infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal quando este exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro”, sobretudo em um Concílio Ecumênico. Quando, por seu Magistério supremo, a Igreja propõe alguma coisa “a crer como sendo revelada por Deus” como ensinamento de Cristo, “é preciso aderir na obediência da fé a tais definições. Esta infalibilidade tem a mesma extensão que o próprio depósito da Revelação divina.” (Catecismo da Igreja Católica 891)

Além do mais, a infalibilidade não repousa sobre o Papa em si e sim sobre a cathedra de Pedro, ou seja, sobre o cargo. Como Bento XVI renunciou, a partir do dia 28 de Fevereiro, apesar dele continuar como Bispo emérito de Roma, não vai mais ter o poder da infalibilidade, pois ele renunciou ao trono de Pedro onde repousa a infalibilidade.

Tais pesquisadores, bem como a Globo News, deveriam ao menos consultar um teólogo ou autoridade da Igreja para realmente terem algo de concreto e certo sobre o assunto.

 

A CELEUMA PROTESTANTE

 

Não bastasse a mídia sensacionalista e desinformativa, ainda temos que lhe dar com a balbúrdia causada por alguns protestantes, principalmente por aqueles que são adeptos da loucura que a besta do apocalipse é um papa, baseados no capítulo 17, 10-11:

São também sete reis: cinco já caíram, um subsiste, o outro ainda não veio; e quando vier, deve permanecer pouco tempo.  Quanto à Fera que era e já não é, ela mesma é um oitavo (rei). Todavia, é um dos sete e caminha para a perdição.”

Segundo estes os 8 reis mencionados no Apocalipse são os 8 Papas contando a partir de 1929 quando foi assinado o tratado de Latrão tornando o Vaticano uma cidade estado.

Se formos levar em consideração a sandice, teriamos:

Pio XI

Pio XII

João XXIII

Paulo VI

João Paulo I

João Paulo II

Bento XVI

O papa Bento XVI seria o sétimo rei, logo estaríamos prestes a ter a ressurreição de um dos outros papas já falecidos, uma vez que o Apocalipse fala que o 8º  é um dos 7. Esta é uma sandice sem precedentes. Sete Reis.


Cinco já caíram. Um estava em atuação. E o sétimo “permaneceria por pouco tempo”. Sendo assim, na tese desses hereges, o PAPA Bento XVI seria o sétimo Rei que iria durar pouco tempo, nesse caso, o seu papado não poderia ultrapassar nenhum dos seis PAPAS anteriores a ele, pois Bento XVI seria o Papa que iria durar menos.

Se estudarmos um pouquinho de história veremos que o Apocalipse fala dos imperadores Romanos da época de João:

“Cinco já caíram…” –>  1.º Calígula (37-41dC);

2.º Cláudio (41-54dC);

 

3.º Nero (54-68dC);


4.º Vespasiano (69-79 d.C
… em 69 houveram mais três imperadores Vitélio, Otão e Galba ao mesmo tempo mas que não se destacaram);

5.º Tito (79-81dC: só 2 anos!);

“Um ainda existe…” -> 6.º Domiciano (81-96dC) tempo em que S. João escreveu Apocalipse

“… e um que durará pouco –> 7.º Nerva (96-98dC – apenas dois anos!!!)

“a besta é um oitavo rei…” –>  8.º Trajano (98-117dC)


 

 

 

Ou seja, o Apocalipse fala justamente dos reis que viveram na época de João, é só notar que ele fala no presente: “Um ainda existe”, ou seja justamente o 6º reis Domiciano.

 

A CONSPIRAÇÃO

 

A quem diga que a renuncia do papa foi forçada, pois parece que o ímpio Anticristo já quer mostrar seu focinho ao mundo para ser adorado e a Elite Global mundana vem celerada, e acelerada para impor sua Nova desordem Mundial, com sinais de desordens civis para implantar o Governo Mundial ainda este ano de 2013, e segundo estes, Bento XVI deve ter recebido ordens para renunciar e por medo renunciou, pois a explicação de sua renúncia não foi muito convincente principalmente depois de alguns escândalos no vaticano.

Tudo não passa ainda de especulações até por que não se tem provas concretas de nada, só o que podemos acreditar até agora é na palavra de Bento XVI, pois não temos provas de nenhuma outra versão.

Assim sendo, não devemos sair por ai ouvindo a mídia sensacionalista, hereges protestantes e outros, a Igreja de Cristo só pode ser compreendida e explicada por aqueles que fazem parte dela e são fiéis a ela, fora isso tudo deve ser ignorado.

PARA CITAR


 

RODRIGUES, Rafael. Apologistas Católicos:A questão da renuncia do Papa – Para a mídia, hereges e pseudo pesquisadores. Disponível em: <http://www.apologistascatolicos.com/index.php/apologetica/papado/563-a-questao-da-renuncia-do-papa-para-a-midia-hereges-e-pseudo-pesquisadores>Desde: 15/02/2013.

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