Esta é a segunda parte do estudo sobre a Virgindade de Maria na História da Igreja nos primeiros cinco séculos. Trataremos sobre virgindade pós-parto.
2. A VIRGINDADE DE MARIA APÓS O PARTO
2.1. Segundo e terceiro séculos
Flávio Josefo (37-100):
“Mas o jovem Anano, que, como já dissemos, assumia a função de sumo-sacerdote, era uma pessoa de grande coragem e excepcional ousadia; era seguidor do partido dos saduceus, os quais, como já demonstramos, eram rígidos no julgamento de todos os judeus. Com esse temperamento, Anano concluiu que o momento lhe oferecia uma boa oportunidade, pois Festo havia morrido, e Albino ainda estava a caminho. Assim, reuniu um conselho de juízes, perante o qual trouxe Tiago, irmão de Jesus chamado Cristo, junto com alguns outros, e, tendo-os acusado de infração à lei, entregou-os para serem apedrejados”. (Antiguidades Judaicas, Parte 1, Livro XX, Cap. 8)
O argumento do blogueiro se encerra em Tiago ser chamado de irmão de Jesus, enquanto na obra há utilização da palavra ‘primo’, onde poderia o autor, portanto, designar assim Tiago se o quisesse, caso soubesse que este era primo de Jesus e não irmão de fato. Há duas formas de resolver esse problema. A primeira forma a julgar por critério puramente científico parece-nos mais provável. Basta responder que Josefo tinha São José como pai de Jesus (como as próprias Escrituras assim o entendem) e Tiago era conhecido como filho de São José de um casamento anterior. A segunda forma de resolução é pensar que a intenção de Josefo em chamar Tiago de irmão de Jesus era para designá-lo tal como ele era conhecido nos meios cristãos e judaicos, prescindindo a precisão do parentesco. Por exemplo, na Escritura, Zacarias filho de Baraquias, e da família de Ado, é chamado em Esdras 5, 1 de “filho de Ado”, onde, portanto, não se quer exatamente precisar o parentesco.
Ademais, como o Cristiano Macabeus provou em seu artigo “O 3º Tiago Protestante (DI NOVO!)” o Tiago da história relatada por Josefo não foi reconhecido como o irmão carnal do Senhor pelos Pais da Igreja que também repetiram o relato, como São Clemente de Alexandria[1] e Eusébio de Cesaréia[2].
Sobre o velho caso do Ossuário de Tiago, que contém a inscrição: “Ya’akov bar Yosef akhui di Yeshua” (“Tiago, filho de José, irmão de Jesus”) cabe dizer que não há provas que a inscrição completa do Ossuário seja do primeiro século. A absolvição de Oded Golan, segundo as palavras da própria decisão do magistrado para o caso, “não significa que a inscrição no ossuário é autêntica ou que foi escrita há 2.000 anos atrás” e “Tudo o que foi estabelecido é que as ferramentas e a ciência atualmente à disposição dos especialistas que atestaram não foram suficientes para provar as alegadas falsificações para além de uma dúvida razoável como é exigido pelo direito penal.[3]”
Ademais, vale destacar o que escreve Gabriel Klautau sobre o assunto em seu excelente estudo “A virgindade perpétua de Maria na Bíblia e na Tradição da Igreja”:
“Em 18 de junho de 2003, o IAA anunciou em conferência de imprensa que o ossuário realmente era autêntico, entretanto o termo “irmão de Jesus” era uma fraude, forjada no século IV. 13 dos 14 acadêmicos constataram a falsificação. Um breve relatório dos 14 pode ser lido aqui[4]. A seguinte citação do membro do subcomitê materiais Jacques Neguer é suficiente para dar o essencial das conclusões da comissão IAA:
“O ossuário é autêntico. Sua inscrição é uma falsificação. Todos os vários arranhões no ossuário são revestidos na patina original e apenas a inscrição e as suas imediações são revestidas com uma “patina artificial” – como [um] material de grânulos cristalinos redondos. A inscrição corta a pátina original e parece ter sido escrito por dois escritores diferentes através de diferentes ferramentas.”
Depois disso, o Ossuário de Tiago foi rejeitado por mais milhares de pessoas e por vários estudiosos. Entre eles, destaca-se a paleógrafa Rochelle Altman[5]”.
De qualquer modo, mesmo se verdadeiro fosse não seria uma evidência contra a virgindade perpétua de Maria, mas de São José.
Papias de Hierápolis (70-140):
“(1) Maria, a mãe do Senhor; (2) Maria, a esposa de Cléofas ou Alfeu, que era mãe de Tiago, bispo e apóstolo, de Simão, de Tadeu e de um dos que se chamavam José; (3) Maria Salomé, esposa de Zebedeu, mãe de João, o evangelista, e Tiago; (4) e Maria Madalena. Estas quatro mulheres são encontradas no Evangelho. Tiago, Judas e José são filhos de uma tia do Senhor. Maria, mãe de Tiago, o menor, e José, esposa de Alfeu, era irmã de Maria, mãe do Senhor, e que João liga a Cléofas; eram irmãs por parte de pai, por parte da família do clã ou por outra ligação qualquer. Maria Salomé é chamada simplesmente por Salomé por causa de seu marido ou de seu vilarejo. Alguns afirmam que ela é a mesma pessoa que Maria de Cléofas, já que teria se casado duas vezes”. (Fragmento 10)
O testemunho de Pápias de Hierápolis, apesar da disputa sobre a autenticidade do fragmento, está claramente a favor à virgindade de Maria após o parto, pois coloca os nomeados “irmãos” de Jesus dos Evangelhos como primos dEle. O blogueiro diz que o testemunho de Pápias é problemático já que seria improvável que duas irmãs chamassem-se do mesmo nome. Reparemos, no entanto, que Pápias diz que são irmãs ou por parte de pai, por parte da família do clã ou por outra ligação qualquer. Sendo elas irmãs somente por parte do pai a dificuldade diminuiria consideravelmente, sendo irmãs por parte da família do clã ou por outra ligação qualquer a dificuldade simplesmente desaparece. Neste sentido o testemunho de Pápias confirma que a palavra “irmão” ou “irmã” era mesmo no grego utilizada com maior abrangência e não se resumia a irmão carnal. Ou, talvez, a ligação encontraria resposta em Hegésipo (cf. HE III, 11, 1) que diz que São José era irmão de Cleófas. Na explicação de São Roberto Belarmino “Maria, a mulher de Cleófas, era chamada irmã da Bem-aventurada Virgem porque Cleófas era o irmão de São José, o esposo da Bem-aventurada Virgem, e as esposas de dois irmãos têm o direito de chamar-se e ser chamadas irmãs” (De Septem Verbis A Christo in Cruce Prolatis, cap. 8). Além disso, é evidente que Pápias diz que Tiago, bispo e apóstolo, é o “menor”, filho de Maria, esposa de Alfeu ou Cléofas.
Hegésipo (110-180):
“Sucessor na direção da Igreja é, junto com os apóstolos, Tiago, o irmão do Senhor. Todos dão lhe o sobrenome de “Justo”, desde os tempos do Senhor até os nossos, pois eram muitos os que se chamavam Tiago” (HE II, 23, 4)
“E depois que Tiago o Justo sofreu o martírio, o mesmo que o Senhor e pela mesma razão, seu primo Simeão, o filho de Clopas, foi constituído bispo. Todos o haviam proposto, por ser um segundo primo do Senhor”. (HE IV, 22, 4)
“Quando em toda a Igreja se fez paz profunda, vivem ainda até o tempo do imperador Trajano, até que o filho do tio do Salvador, o anteriormente chamado Simão, filho de Clopas, foi denunciado e acusado igualmente pelas seitas, também pela mesma razão, sob o governador consular Ático”. (III, 32, 6)
“Existiam ainda da linhagem do Salvador os netos de Judas, o chamado irmão segundo a carne do Senhor…” (HE, III, 20, 1)
Comecemos pelas duas primeiras passagens que tratam de Tiago e Simão, e deixemos a que trata de Judas por último por ter um ponto especial. Comecemos também com as evidências em favor da virgindade após parto antes de tratar das dificuldades que foram postas. O mesmo Tiago que é dito irmão do Senhor na primeira passagem é demonstrado como um primo do Senhor na segunda passagem. Também na segunda passagem vemos que Simão é chamado de primo do Senhor. Portanto, as duas passagens evidenciam que Tiago e Simão são primos do Senhor e não seus irmãos. É verdade que para os acatólicos Zahn[6] e A. Meyer-W. Bauer[7] a segunda passagem seria melhor traduzida como “ao qual o elegeram todos segundo [bispo de Jerusalém] por ser primo do Senhor”, querendo tirar, portanto, a possibilidade de Tiago ser entendido como outro primo do Senhor nessa passagem. No entanto, essa tradução é contestada por vários autores, como Lagrange[8], L. Fonck[9], M. Meinertz[10], F. W. Maier[11], A. Durand[12], F. Prat[13], J. Lebreton[14], J. Blinzler[15] e o protestante K. Endermann[16]. O Pe. De Aldama diz que a tradução como “segundo primo” é certamente mais provável, mas não pode se dizer absolutamente a única possível[17].
Outra passagem que dá um indicativo que Tiago não foi irmão de fato de Jesus é a seguinte: “Mas somente este foi santo desde o ventre de sua mãe. Não bebeu vinho nem bebida fermentada, não comeu carne; sobre sua cabeça não passou tesoura nem navalha e tampouco ungiu-se com azeite nem usou do banho” (HE II, 23, 5). O Pe. De Aldama assim comenta: “as palavras (…) designam uma santidade que provém, não da consangüinidade estreita com Jesus, mas do nazareísmo; o qual situa toda a infância de Tiago em um plano estritamente judeu, distinto em absoluto do que conhecemos da infância do Senhor”[18].
A objeção do blogueiro diz respeito a Hegésipo usar as palavras ‘irmão’ e ‘primo’, mostrando distinguir uma coisa de outra no grego. Essa dificuldade não é maior do que podemos encontrar nas Sagradas Escrituras. Ora, São Paulo usa a palavra primo (anepsios) em Colossenses 4, 10 ao se referir a Marcos como primo de Barnabé, ao mesmo tempo que usa a palavra irmão(s) (adelphon/adelphoi) para se referir aos parentes do Senhor em 1 Coríntios 9,5 e Gálatas 1:19. Ninguém duvida que São Paulo ou Hegésipo conheciam a distinção entre uma coisa e outra. O argumento tradicional católico é que havia uma razão especial para que no caso dos primos do Senhor se quisesse preservar o sabor semítico e se traduzisse como “irmãos”. Se quis nomeá-los segundo a forma que eram conhecidos nos círculos cristãos. São Paulo em relação a Barnabé usou a palavra que melhor designaria o parentesco entre este e Marcos, enquanto no caso dos irmãos do Senhor, São Paulo estava traduzindo uma expressão aramaica comum[19] entre os cristãos para identificar os primos do Senhor e que tinham consciência de que, de fato, não eram irmãos de sangue. Essa forma de designar Tiago continuou presente na Igreja, mesmo quando se tinha consciência que não eram irmãos de fato, como em Eusébio, já citado, ou mesmo no Concílio de Trento (Cf. 14ª sessão – unção dos enfermos, cap 1).
A outra objeção está em Hegésipo dizer que Judas era chamado de irmão segundo a carne do Senhor. A expressão “Segundo a carne”, segundo o blogueiro, expressaria, sem sombra de dúvidas, que eram irmãos de sangue. Para tanto ele usa como referência John P. Meier, que merece alguma consideração. O blogueiro também usa curiosamente a feminista abortista Rosemary Radford Ruether, que nem cristã pode ser considerada[20].
Sobre o assunto seguimos a opinião de que essa expressão significava que Judas não era irmão simplesmente espiritual do Senhor, mas parente do Senhor, de fato. O Dicionário de Mariologia explica:
“Quanto a Judas, Hegesipo escreve que “era chamado seu [=de Jesus] irmão segundo a carne” e que descendia de Davi. A especificação “segundo a carne” quer dizer que Judas não era irmão de Jesus em sentido puramente espiritual, como os apóstolos e discípulos (cf. Mt. 28, 10; Jo 20, 17). O ser, pois, descendente de Davi faz pensar que também ele fosse filho de Cléofas, que pertencia à estirpe davídica. Com toda a probabilidade, é este o “Judas, irmão de Tiago”, autor da carta homônima do NT (Jd 1, 1)” (Dicionário de Mariologia, dirigido por Stefano de Fiores e Salvatore Meo, ano 1995, Paulus, p. 1326)
Eusébio, tendo em conta o relato de Hegésipo, diz sobre o caso de Judas:
“Mas quando este mesmo Domiciano ordenou que os descendentes de Davi fossem mortos, uma tradição antiga diz que alguns dos hereges fizeram acusação contra os descendentes de Judas (dito como tendo sido irmão do Salvador de acordo com a carne), com base de que eles eram da linhagem de Davi e estavam relacionados com o próprio Cristo. Hegésipo relaciona estes fatos com as seguintes palavras: “Da família do Senhor ainda haviam netos de Judas vivos, do qual se diz ter sido o irmão do Senhor de acordo com a carne. Foi dada a informação de que eles pertenciam à família de Davi, e foram levados ao Imperador Domiciano por Evocatus. Pois Domiciano temia a vinda de Cristo como Herodes também temera … Mas, quando foram libertados, governaram as igrejas porque eram testemunhas e também parentes do Senhor. A paz sendo estabelecida, eles viveram até o tempo de Tróia. “Essas coisas são relacionadas por Hegésipo.” (HE, III, 19-20).
O teólogo ortodoxo Laurent Cleenewerck comenta a passagem acima:
“Pois a leitura que Eusébio faz de Hegésipo, ele não entende “irmãos segundo a carne” como que Tiago, Judas e Jesus fossem irmãos uterinos de Jesus, mas, sim, no sentido de que este termo foi usado como sendo conexões familiares reais (em oposição a meros vínculos espirituais; como em Atos 1: 14-15, comparar com Rom 9: 1-3).” (Aiparthenos | Ever-Virgin? Understanding the Orthodox Catholic Doctrine of the Perpetual Virginity of Mary, the Mother of Jesus, and the Identity of James … and Sisters of the Lord).
Acrescentamos, enfim, que essa expressão, irmão segundo a carne, continuou a ser usada na Igreja mesmo depois do consenso entre os cristãos estar claro sobre a virgindade perpétua de Maria e existir definição dogmática sobre o assunto. O próprio Concílio Quinissexto de 692 identifica Tiago, outro irmão apontado pelos protestantes, de forma parecida: “Pois também Tiago, o irmão, segundo a carne, de Cristo nosso Deus, a quem o trono da igreja de Jerusalém primeira foi confiada, e Basílio, o arcebispo da Igreja de Cesaréia, cuja glória se espalhou por todo o mundo, quando nos deu instruções para o sacrifício místico, por escrito, declarou que o Santo Cálice está consagrado na Divina Liturgia com água e vinho.” (CÂNON XXXII). O Decreto de Graciano do ano de 1142, por sua vez, diz: “Tiago, irmão do Senhor segundo a carne, e Basílio, bispo de Cesaréia, estabeleceram a celebração da missa” (Decreto de Graciano, p. III, dist. 1, can. 47). Na própria Liturgia, podemos ler: “Tu eras o Irmão de Jesus segundo a carne, e foi favorecido com a sua santa amizade”. ( Hymn, Die XXIII. Octobris)
Proto-Evangelho de Tiago (110 – 150):
“Eis que apareceu-lhe um anjo do Senhor e disse-lhe: ¨Ana, Ana! O Senhor ouviu as tuas preces. Eis que conceberás e darás à luz. Da tua família se falará por todo o mundo¨. Ana respondeu: ¨Glória ao Senhor, meu Deus! Se for-me dado menino ou menina, fruto de Sua bênção, ofertá-lo-ei ao Senhor e a Seu serviço estará por todos os dias de sua vida¨(…) E Maria passou a ficar no Templo como uma pequena pomba, recebendo seu sustento das mãos de um anjo. Entretanto, quando completou doze anos, os sacerdotes se reuniram e disseram: ¨Maria atingiu os doze anos no Templo. O que devemos fazer para que ela não macule o Santuário?¨ Então disseram ao sumo sacerdote: ¨O altar está a tua disposição. Entra e ora por ela pois o que o Senhor te revelar, isso será o que deveremos fazer¨(…) Mas eis que um anjo do Senhor lhe apareceu e disse: ¨Zacarias, Zacarias! Sai e chama todos os viúvos do povoado; que cada um traga um bastão e a quem o Senhor mostrar um sinal, este será o seu esposo¨. Então os mensageiros percorreram toda a Judéia e se apresentaram ao soar da trombeta (…) Então o sacerdote disse: ¨A ti caberá receber sob teu teto a Virgem do Senhor¨. Mas José respondeu: ¨Tenho filhos e já estou avançado na idade; ela, porém, ainda é uma menina. Não quero ser zombado pelos filhos de Israel¨ (…) Entretanto, Anás, o escriba, veio até sua casa(…) Anás percebeu a gravidez de Maria. Então correu até o sacerdote e disse-lhe: ¨José cometeu falta grave e tu respondes por ele¨. Perguntou o sumo sacerdote: ¨O que estás dizendo?¨. Respondeu Anás: ¨Ele violou a virgem que recebeu do Templo de Deus e fraudou seu casamento, não declarando-o ao povo de Israel¨. Disse o sacerdote: ¨Estás certo de que realmente José fez isso?¨ Respondeu Anás: ¨Manda a comissão e confirmará a gravidez da menina¨. Então os enviados saíram e encontraram [Maria] tal como Anás dissera. E a levaram ao Tribunal, juntamente com José. O sacerdote tomou a palavra e disse: ¨Por que fizeste isso, Maria? Por que manchaste tua alma, esquecendo do Senhor, teu Deus? Tu, que foste criada no santo dos santos e recebias o sustento das mãos do anjo, que ouviste os hinos e dançaste diante de Deus: por que fizeste isso?¨ Ela passou a chorar amargamente e disse: ¨Juro pelo Senhor, meu Deus, que permaneço pura diante Dele! Não conheci varão algum!¨”
Já tratamos sobre o valor do testemunho do Proto-Evangelho ao referi-lo na parte 1 deste estudo (pedimos que o leitor retorne ao texto anterior caso tenha restado ainda alguma dúvida) e resolvemos dificuldades postas pelo blogueiro.
Sobre o Proto-Evangelho, o patrístico Questen diz:
“O fim principal de toda a obra é provar a virgindade perpétua e inviolada de Maria antes do parto, no parto e depois do parto. Por isso bebe “da água da prova do Senhor”, a fim de apartar de si toda suspeita (c.16)”. (Questen, Patrologia, v. I, bac, 1978 (originalmente publicada em 1950-1953), p. 127)
O Pe. De Aldama sobre também diz:
“Neste último ponto, a Natividade de Maria é realmente singular. Porque esta primeira monografia mariana da segunda metade do século II, que tanto influência havia de ter mesmo nos escritos dos Padres e na vida litúrgica da Igreja, está evidentemente concebida como um hino de glória à virgindade de Maria” (María en la patrística…,pp. 244-245)
O Pe. De Aldama também argumenta que a vacilação de José em chamá-la de esposa no relato de Proto-Evangelho quer expressar a virgindade perpétua de Maria:
“Toda essa maneira de se expressar tinha evidentemente quer produzir, sobretudo nos meios de populares aos que se destinava a obra, a convicção clara da perpétua virgindade de Maria, tal como correspondia à qual se apresentava como “a Virgem do Senhor”. Sem dúvida, a virgem eleita por Deus para si e a virgem consagrada a Deus” (p. 246).
Evangelho da Infância segundo Tomé (120 – 180):
“E José enviou seu filho Tiago para juntar madeira e trazê-la para casa, e o menino Jesus também o seguiu. E quando Tiago estava juntando os feixes de madeira, uma víbora picou a mão de Tiago. E estando ele atormentado pela dor, prestes a morrer, Jesus aproximou-se e soprou sobre a ferida; e a dor cessou imediatamente, a fera explodiu, e instantaneamente Tiago ficou são e salvo” (c. 16).
O importante da passagem é que mostra claramente que Tiago é filho mais velho de José e não um irmão carnal de Jesus. A obra em si pretende falar da infância de Jesus e em nenhum momento menciona irmãos do Senhor.
O teólogo ortodoxo Laurent Cleenewerck: “O único elemento que é relevante para a nossa discussão já foi citado na breve história de como o menino Jesus certa vez acompanhou seu irmão mais velho, Tiago, que tinha sido enviado por José para coletar madeira. O melhor texto (grego) deixa claro que Jesus era mais jovem do que Tiago, o que é consistente com a visão epifaniana encontrada em similares” (Aiparthenos | Ever-Virgin? Understanding the Orthodox Catholic Doctrine of the Perpetual Virginity of Mary, the Mother of Jesus, and the Identity of James … and Sisters of the Lord).
Comenta Quasten, no entanto, que o evangelho segundo Tomé vem de um ambiente herético, provavelmente gnóstico (cf. Patrologia, vol. I, ano 1978, BAC, p. 129). De qualquer forma, serve como testemunho dessa crença na cristandade.
Evangelho segundo Pedro (120 – 190):
Orígenes refere que alguns baseando-se em uma tradição do evangelho segundo Pedro creram que os chamados irmãos de Jesus eram filhos de José de uma primeira esposa:
“Mas alguns dizem, baseando-se em uma tradição no Evangelho segundo Pedro, como é intitulado, ou O Livro de Tiago, que os irmãos de Jesus eram filhos de José por uma ex-esposa, com quem ele se casou antes de Maria. Agora, aqueles que o dizem desejam preservar a honra de Maria na virgindade até o fim, de modo que o corpo daquela que fora nomeada para se oferecer à Palavra que dizia: O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra Lucas 1:35 pudesse não ter conhecido relações sexuais com um homem, depois que o Espírito Santo entrou nela e o poder do Altíssimo a cobriu com sua sombra”. (Comentário sobre Mateus, 10, 17)
Afirma Quasten: “Eusébio afirma que o bispo Serapião de Antioquia rechaçou este evangelho até o ano 190 por seu sabor doceta. Não pode ser, então, posterior à segunda metade do século II.” (p. 122)
Santo Inácio de Antioquia (35 – 107):
“E ficou oculta ao Príncipe deste mundo a virgindade de Maria e o parto dela…”(Carta aos Efésios, cap. 8)
O ponto se restringe na expressão virgindade de Maria por Santo Inácio. Estaria falando nisto somente da concepção e o parto virginal de Jesus ou, além disso, de um estado de virgindade de Maria?
Cecchin[21] defendeu a segunda alternativa, dizendo: “Pelo contexto me parece que Inácio, com o termo παρθενία, quer expressar um estado permanente de Maria, isto é, o que nós precisamos dizendo virgindade ante-in-post-partum”.
Gila e Grinza no mesmo sentido sustentavam como hipótese:
“Parece-nos poder afirmar que Inácio, pelo próprio fato de usar o termo “virgindade de Maria”, quer entender um estado livremente eleito; de outro modo não poderia falar de virgindade”[22].
O Pe. De Aldama[23] não exclui a possibilidade dessa opinião ser verdadeira, no entanto, não acha que ela demonstre suficientemente seu ponto.
Santo Irineu de Lião (130 — 202):
“E como a substância de Adão, o primeiro homem plasmado,foi tirada da terra simples e ainda virgem– “Deus ainda não fizera chover e o homem ainda não a trabalhara” – e foi modelado pela mão de Deus, isto é, pelo Verbo de Deus com efeito, “todas as coisas foram feitas por ele”, e o “Senhor tomou do lodo da terra e modelou o homem”, assim o Verbo que recapitula em si Adão,recebeu de Maria, ainda virgem, a geração da recapitulação de Adão”.(Contra as Heresias 3:21:10)
“Único e idêntico é, pois, o Espírito de Deus que nos profetas anunciou as características da vinda do Senhor e que nos anciãos traduziu bem as coisas profetizadas. Foi ainda ele que, pelos apóstolos, anunciou ter chegado a plenitude dos tempos da adoção filial, que o Reino dos céus estava próximo e que se encontrava dentro dos homens que criam no Emanuel nascido da Virgem.Assim eles testemunharam que antes que José se juntasse à Maria, enquanto ela era ainda virgem, achou-se grávida pelo Espírito Santo”.(Ibid., 3:21:4)
“A sedução de que foi vítima, miseravelmente, a virgem Eva, destinada a varão, foi desfeita pela boa-nova da verdade, maravilhosamente anunciada pelo anjo à Virgem Maria, já desposada a varão. Assim como Eva foi seduzida pela fala de anjo e afastou-se de Deus, transgredindo a sua palavra, Maria recebeu a boa-nova pela boca do anjo e trouxe Deus em seu seio, obedecendo à sua palavra. Uma deixou-se seduzir de modo a desobedecer a Deus, a outra deixou-se persuadir a obedecer a Deus, para que, da virgem Eva, a Virgem Maria se tornasse advogada. O gênero humano que fora submetido à morte por uma virgem, foi libertado dela por uma virgem; a desobediência de uma virgem foi contrabalançada pela obediência de uma virgem; mais, o pecado do primeiro homem foi curado pela correção de conduta do Primogênito e a prudência da serpente foi vencida pela simplicidade da pomba: por tudo isso foram rompidos os vinculos que nos sujeitavam à morte” (Contra Heresias L. 5, 19.1)
“(…) Como, por causa de uma virgem desobediente, o homem foi ferido, caiu e morreu, assim também, por causa de uma virgem obediente à Palavra de Deus, [o homem] foi ressuscitado e recobrou a vida. Pois o Senhor veio buscar a ovelha perdida, ou seja, o homem que se perdeu. Por isso, não formou um corpo diverso, mas, por meio daquele que descendia de Adão, conservou a semelhança daquele corpo. Adão, de fato, foi recapitulado por Cristo, a fim de que o que é mortal fosse submerso na imortalidade, e Eva em Maria, a fim de que uma virgem, tornada advogada de uma virgem, dissolvesse e destruísse com a sua obediência de virgem a desobediência de uma virgem. O pecado cometido por causa da árvore foi anulado pela obediência cumprida sobre a árvore, obediência a Deus, pela qual o Filho do homem foi pregado na árvore, abolindo a ciência do mal, e proporcionando e doando a ciência do bem. O mal é desobedecer a Deus. O bem é, ao invés, obedecer. (…)” (Demonstração da Fé Apostólica I,33)
“Da mesma forma, encontramos Maria,a Virgem obediente, que diz: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”, e, em contraste, Eva, que desobedeceuquando ainda era virgem. Como esta, ainda virgem se bem que casada – no paraíso estavam nus e não se envergonhavam, porque, criados há pouco tempo ainda não pensavam em gerar filhos, sendo necessário que, primeiro, se tomassem adultos antes se multiplicassem -, pela sua desobediência se tornou para si e para todo o gênero humano causa da morte, assim Maria, tendo por esposo quem lhe fora predestinado e sendo virgem, pela sua obediência se tomou para si e para todo o gênero humano causa de salvação”.(Ibid., 3:22:4)
O argumento protestante resume-se à expressão “ainda virgem”, como se esta desse entender que posteriormente Maria perdeu a virgindade. O blogueiro ignorou neste momento “Juniper Carol(sic!)”, pois quando a investigação do teólogo católico lhe contesta parece não ter muita importância. O teólogo sobre essa controvérsia diz: “Certos críticos (H. Koch, especialmente em seus dois trabalhos sucessivos, dos quais o segundo é um desenvolvimento do primeiro e uma contestação aos críticos: Adhuc Virgo: Mariensjungfrauschaft und Ehe in der altchristlichen Uberlieferung bis zum Ende des IV Jahrunderts (Tubingen, 1929); Virgo-Eva, Virgo-Maria: Neue Untersuchungen uber die Lehre von der Jungfrauschaft und der Ehe Mariens in der altesten Kirche (Berlin-Leipzig, 1937)) acreditam-se justificados em sustentar que Irineu negou a virgindade perpétua de Maria, mas sem nenhuma prova decisiva (Koch by J. Lebon, in Revue d’Histoire Ecclesiastique, Vol. 39, 1938, pp. 338-340, and by P. Simonin, in Revue des Sciences Philosophiques et Theologiques, Vol. 28, 1939, p. 299 f. )(…)”
Walter J. Burghardt, por sua vez, diz:
“Pode-se dizer de Irineu, apesar da opinião de H. Koch, que não existe um texto em sua obra que ponha em dúvida a virgindade de Maria em Belém. O conhecido texto do adhuc virgo – no qual, por exemplo, o nascimento de Cristo de Maria, “que era ainda virgem”, se compara com a formação de Adão de solo virgem e sem sulcos” (Adversus haereses l.3 c.30: Massuet, 3, 21, 10; HARVEY, 2, 120: MG 7, 954-955); também a obediência virginal de Maria em contraste com a desobediência de Eva “quando ainda era virgem” – não tem verdadeiro interesse pela parte de Irineu no problema da virgindade de Maria e somente o tem quando se trata do nascimento virginal de Jesus”. (p. 123)
Merkelbach apresenta mais argumentos sobre esse ponto:
“Por isso não se deve prestar ouvidos aos que pensam que o sentido da expressão ainda virgem (adhuc virgo) se deve entender como se implicasse que a Virgem Santíssima perdeu a virgindade depois da concepção de Cristo. Santo Irineu, v. gr., menciona uma vez, Adv. Haer. III, 21 de Maria a expressão: “a qual era ainda virgem”, mas esta locução foi provocada mais pelo paralelismo literário com Gen. II, 5, que pelo próprio dogma. Porque o propósito do autor é expor a semelhança com a terra virgem, ao ser formado Adão dela, mas não urgir a comparação com a terra depois de que esta deixou de ser virgem; ao empregar esta expressão não pensou nas consequências, da mesma maneira que o I Mac. V, 54. É manifesto pelo lugares paralelos, Adv. Haer. III, 22 e Epideixis o Dem. Ap. 22, ao dizer que Eva era ainda virgem; pelo contrário, de Maria diz simplesmente: virgem, omitindo intencionalmente o ainda (o adhuc). E também porque Orígenes diz igualmente de Maria: ainda virgem (M. G. XIII, 1902 D, 1904 A)[24], e contudo admite sem dúvida e prega explicitamente a virgindade perpétua de Maria, v. gr., in Ion. I, 6; em Mt. X, 17; em Ioan II, 11. Pode confirmar-se porque São Justino, Dial. 100 e o Ambrosiaster, q. 40 dizem simplesmente: virgem”. (p. 334)
Explica-nos também Gabriel Mª Roschini:
“O modernista Hugo Koch tomou ocasião das palavras de S. Irineu: Maria, ainda Virgem, gerou a Jesus, para dizer que este Padre nega a virgindade de Maria depois do parto. O advérbio ainda (adhuc) – observa Koch – indica que o estado de que se fala (o estado de virgindade de Maria) mudou andando o tempo. Brevemente: não poderia dizer “ainda Virgem” se houvesse ficado sempre tal. Confirma sua dedução com a fórmula bíblica cum adhuc puer esset, cum adhuc viveret, cum adhus longe esset. Mas há que advertir que o próprio S. Irineu – como Tertuliano, Justino e Orígenes –, em outra parte (Adv. Haeres, 3, 22, 4, PG., 7, 959 a: Epideixis, Texte u. Unt 31/1, p. 19), ao estabelecer o paralelismo entre Eva e Maria, enquanto que de Eva diz expressamente que era “ainda Virgem” (adhuc virgo), chama a Maria simplesmente Virgem (virgo). Donde se pode concluir que o advérbio ainda (adhuc) não tem no texto de S. Irineu outro membro de comparação. Pode-se, além disso, notar que nem sempre o advérbio adhuc contém uma alusão ao futuro; com frequência se refere exclusivamente a um sucedido no passado, ao qual se opõe o estado presente como algo singular, inesperado. Assim, na Epístola de São Paulo aos Hebreus (11, 4) se diz que Abel, “defunto, fala ainda” (defunctus adhuc loquitur). O advérbio “ainda” não indica nada futuro, ou seja, a ressurreição de Abel, mas indica algo admirável, inesperado, isto é: “enquanto esteja morto, ainda está falando” (já que a morte quita a faculdade de falar). Assim podemos dizer: “Pobrezinho! Morreu sendo ainda muito jovem”. Se quer dizer: “Com o muito que ainda lhe restava até a velhice!” O mesmo poderíamos dizer da expressão de S. Irineu: “Embora Maria estivesse grávida, isto não obstante, “ainda” era Virgem. (p. 169)
Pe. Aldama traduz assim a segunda passagem colocada pelo blogueiro: “antes que houvessem coabitado José e Maria, portanto, estando certamente intacta sua virgindade…” E explica: “É uma consequência (igitur), na qual se deduz a virgindade de Maria no momento da concepção de Jesus, que é o que interessa no contexto, sem referir-se em nenhum sentido a uma situação posterior, qualquer que fosse” (p. 235).
O Pe. Aldama refuta com muito mais detalhe o erro de Koch, repetido pelo blogueiro. Vale a pena pesquisar em sua obra o tema: https://pt.scribd.com/doc/304928021/ALDAMA-J-a-de-Maria-en-La-Patristica-de-Los-Siglos-I-y-II-BAC-1970
Alguns especialistas, como Gabriel Mª Roschini e Przybylski vêem nos escritos de Santo Irineu, fundamentalmente no paralelo entre Maria e Eva, uma alusão a virgindade perpétua de Maria. Explica o primeiro autor: “Santo Irineu alude pelo menos a ela. Com efeito, o Santo Bispo de Lião omite várias vezes, especialmente quando a força do paralelismo entre a virgindade temporal de Eva e a virgindade de Maria o exige, tudo aquilo que possa sugerir aos leitores que a virgindade de Maria foi unicamente durante algum tempo (Cfr. Przybylski, O. P., De Mariologia S. Irenaei Lugdunensis, p. 111)” (p. 169)
Pe. Aldama apresenta alguns paralelos nas passagens de Santo Irineu:
“terra adhuc virgo Maria adhuc virgo.
Terre encore vierge la Vierge.
Eva adhuc virgo Maria virgo.
Virgo tamen adhuc Maria tamen virgo.
Virgo adhuc …” (p. 238)
Pe. Aldama também menciona outro especialista, Capelle (“Adhuc virgo” chez saint Irénée: RecThAncMéd 2 (1930), 392), que vê nessas omissões ao se referir a Maria como indício de uma persuasão íntima de que Maria foi sempre virgem.
Apresentamos, portanto, quatro especialistas que ao estudarem a Obra do Santo Doutor tiram conclusões totalmente opostas da do blogueiro.
São Clemente de Alexandria (150 – 215):
“Judas, que escreveu a Epístola Católica, sendo um dos filhos de José e irmão [do Senhor], um homem de profunda piedade, embora estivesse ciente de sua relação com o Senhor, no entanto não disse que era Seu irmão …” (Hypotyposis)
Essa passagem do autor é testemunhada por Cassiadorus em sua Institutiones Divinarum et Saecularium Litterarum. Diz que Judas era um dos filhos de São José e, portanto, irmão do Senhor, embora não queria se dizer irmão dEle por humildade.
Tertuliano (160 – 220):
“As duas sacerdotisas de santidade cristã, a monogamia e a castidade: uma modesta em Zacarias o sacerdote, outra absoluta em João o mensageiro: uma apazigua Deus; outra prega Cristo; uma proclama um sacerdote perfeito; outra exiba “mais do que um profeta” – ele que não só tem pregado ou pessoalmente apontado, mas batizou Cristo. Pois quem era mais digno de realizar o rito inicial sobre o corpo do Senhor, do que carne semelhante em tipo àquela que concebeu e deu à luz esse [corpo]? E na verdade era uma virgem, prestes a casar-se uma vez por todas depois do seu parto, que deu à luz Cristo, para que cada título de santidade pudesse cumprir-se na parentela de Cristo, por meio de uma mãe que era tanto virgem, como esposa de um só marido. (Sobre a Monogamia 8)
“Quem é minha mãe e meus irmãos?” (…) Ele estava justamente indignado de que pessoas tão próximas d`Ele “permanecessem fora”, enquanto uns estranhos estivessem dentro aferrando-se às Suas palavras. Isto é particularmente assim dado que sua mãe e seus irmãos desejavam apartá-lo da obra solene que tinha entre mãos. Mais que negá-los, Ele os desautorizou. Portanto, à pergunta prévia, “Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?” acrescentou a resposta: “Ninguém senão os que ouvem as minhas palavras e as praticam”. Deste modo transferiu os nomes das relações consanguíneas a outros que considerava mais estreitamente relacionados com Ele por causa da fé deles (…) Não é surpreendente que preferisse gente de fé aos seus próprios parentes, que não possuíam tal fé. (Contra Marcião 4:19).
De fato, Tertuliano negou a virgindade de Maria pós parto.
Walter J. Burghardt sobre isso diz: “(…) a negação de Tertuliano não é necessariamente sintoma da existência de uma negação tradicional da virgindade de Maria ou de uma negação oficial. Resulta muito difícil saber onde apoia Tertuliano sua tese, se é que existiu esta fonte ou se, simplesmente, escreve movido por um afã de polêmica” (p. 128)
Mais detalhes sobre a posição de Tertuliano e sua trajetória ao montanismo pode-se ler na parte 1 do estudo.
São Justino de Roma (100 – 165):
“Maria, a galileia que foi a mãe de Cristo, o que foi crucificado em Jerusalém, não pertenceu a nenhum varão, e José tampouco a repudiou; mas José permaneceu puro, sem mulher, ele e seus cinco filhos de uma primeira mulher; e Maria permaneceu sem varão” (CApol 5, 374s)
É um claro testemunho a favor da virgindade pós parto de Maria se a autoria for verdadeira. A autenticidade deste fragmento é defendida por Zahn[25], mas tida como duvidosa por Harnack[26] e Bardenhewer[27].
Santo Hipólito de Roma (170 – 235):
“Aqueles que, segundo a carne, eram considerados seus irmãos, o Salvador não os reconheceu, porque não eram verdadeiramente irmãos. Eles nasceram da semente de José, mas ele era nascido de uma virgem e do Espírito Santo” (De benedictione Moisis 10)
Nessa passagem, baseado em Campenhausen, acredita o blogueiro existir uma negação a virgindade de Maria.
No entanto, o estudioso Christfried Böttrich tem uma visão totalmente oposta sobre essa passagem, entendendo que é uma indicação que São Hipólito cria na virgindade perpétua de Maria:
“Hipólito de Roma, escrevendo no início do terceiro século, explicitamente diz que os irmãos Jesus não são irmãos biológicos, alegando que “aqueles que, de acordo com a carne foram considerados seus irmãos, o Salvador não os reconheceu, porque eles não eram verdadeiramente irmãos. Eles eram nascidos da descendência de José, mas ele nasceu de uma virgem e do Espírito Santo “(De benedictione Moisis 10) A distinção de Hipólito entre Jesus tendo nascido de uma virgem e seus irmãos tendo nascidos da semente de José, mas aparentemente não de uma virgem, sugere que ele provavelmente foi influenciado pela ideia da virgindade perpétua de Maria” (Josephus und das Neue Testament, 2006, p.131)
O blogueiro cita a n. 152 de “Juniper” (sic!):
“Os textos mais pertinentes que conhecemos de Hipólito relativos à virgindade de Maria são extratos da “A Arca da Aliança” (conservado por Teodoreto); cf. a edição em Griechische christliche Schriftsteller, publicado pela Kirchenvater Kommission da Academia Prussiana, Vol. 1, Parte 2 (Leipzig), p. 146 f.; Também PG, 1, 83, 85-88. Há também uma passagem da Benedictiones Moysis, se alguém pode invocar a versão georgiana que temos em Texte und Untersuchungen, Vol. 26, Parte 1, p. 75.Os dois textos não são definitivos a favor ou contra a virgindade de Maria. Cf. Também G. Jouassard, art. cit. (Supra, nota 129), Vol. 12, 1932, pp. 509-532 e Vol. 13, 1933, pp. 25-37”.(Ibid)
Ora, Philip J. Donnelly está justamente falando que essa passagem da Benedictiones Moysis não é uma prova definitiva nem a favor e nem contra a virgindade de Maria.
Orígenes (185 – 254):
“Pois, se Maria, como declarado por aqueles que de mente sã a exaltam, não teve outro filho além de Jesus, e ainda Jesus diz a Sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho’, e não ‘Eis que tu tens este filho também’, então Ele quase lhe diss: Eis aqui Jesus, a quem tu deste a luz.’ Não é verdade que todo aquele que é perfeito não vive mais, mas Cristo vive nele? E se Cristo vive nele, então diz-se dEle a Maria: ‘Eis aqui o teu filho Cristo’. Que espírito, portanto, devemos ter que nos permita interpretar de maneira digna esta obra, embora esteja comprometido com a terrena fonte da linguagem comum, de escrever de forma que qualquer transeunte possa ler, e que possa ser ouvido quando lido em voz alta por quem quer que empreste a ele seus ouvidos corporais?” (Comentário sobre João, Capítulo VI)
“Não há filho de Maria senão Jesus, segundo a opinião dos que pensam corretamente sobre ela” (Comentário a João I, 4)
“Ignoro quem é que porrompeou tal necedade para afirmar que foi negada a Maria (a virgindade) pelo Salvador, somente porque depois do nascimento deste estive unida a José. Enquanto ao que afirmam de que ela se casou depois do parto, não tem por onde demonstrá-lo. Pois estes filhos que se diziam de José não haviam nascido de Maria, nem Escritura alguma que o consigne” (Hom. 7, In Luc)
“Que necessidade terá havido de Maria se ter desposado com José, senão que isso fosse para que este mistério ficasse escondido ao diabo e assim aquele maligno não encontrasse absolutamente nenhum plano fraudulento contra a virgem desposada? Ora ela fora desposada com José, para que, depois de nascido o Menino, se visse que José tinha o cuidado de Maria, quer na viagem para o Egipto, quer no seu regresso. Por isso é que ela se desposou com José, não para uma união de concupiscência”. (Hom. 17, In vigilia nativitatis Domini)
(…) alguns dizem que os irmãos de Jesus são filhos de José e de uma esposa anterior a Maria. A isto lhes move uma tradição do chamado Evangelho segundo São Pedro, ou Livro de Tiago. Então, os que isto dizem desejam preservar a dignidade de Maria virgem até o fim para que o corpo escolhido como morada do Verbo(…) não conhecesse varão depois que o Espírito Santo havia vindo sobre ela e o poder do alto a havia coberto com sua sombra. E eu creio que é razoável pensar que foi Jesus entre os homens e Maria entre as mulheres as primícias da pureza, que reside na castidade; porque a piedade nos proíbe atribuir a alguma outra que fosse dela as primícias da virgindade” (Comm. In Matthaeum t. 10 c. 17)
Luigi Gambero entende que a segunda passagem implica que Orígenes pensava que a virgindade de Maria pós parto era um dado de fé:
“Quando se trata do mistério da virgindade perpétua de Maria, Orígenes não só não tem dúvidas, mas parece implicar diretamente que esta é uma verdade já reconhecida como parte integrante do depósito da fé. Parece que uma de suas declarações deve ser interpretada nesse sentido: “Não há filho de Maria senão Jesus, segundo a opinião dos que pensam corretamente sobre ela”. A expressão “pensar corretamente” com toda a probabilidade significa pensar de acordo com à doutrina da fé revelada “. (Luigi Gambero – Maria e os Padres da Igreja – A Santíssima Virgem em Patrística Tu, 75)
Por outro lado, Philip J. Donnelly crê que Orígenes tomou sua posição sobre a virgindade de Maria “não da tradição propriamente dita ou do magistério eclesiástico, mas da opinião de certos apóstolos partidários da virgindade” (p. 658)
São Gregório de Neocesareia (213 — 270):
“Para a santa Virgem guardado cuidadosamente a tocha da virgindade, e deu ouvidos diligentemente que não deveria ser extinta ou contaminada.” (A Segunda Homilia. Na Anunciação à Santa Virgem Maria)
Sobre o debate da autenticidade das homilias do autor , veja-se a parte 1 do estudo.
2.2. Quarto e quinto séculos
Eusébio de Cesareia (265 — 339):
“Por tanto, se tomarmos os filhos da sua mãe, designados assim neste salmo, por estes, forçoso é que chamemos à Santa Virgem mãe dos seus irmãos. Na verdade, Tiago, que é chamado irmão do Senhor, não parece ter sido estrangeiro para ele, nem estranho à fé nele. Pelo contrário, ele era um dos que estavam com os primeiros entre os discípulos seus irmãos, de tal maneira que foi o primeiro a receber a cátedra da igreja de Jerusalém. Da mesma maneira os outros irmãos, embora a princípio não acreditassem nele, o certo é que depois acreditaram. Com efeito, narra o Evangelho que a mãe e os irmãos dele estavam da parte de fora procurando falar com ele. E nos Actos dos Apóstolos se diz que os Apóstolos estavam todos juntos perseverando em oração com Maria sua mãe e os seus irmãos. Portanto como é que se pode considerar estrangeiro para estes? Não há mais nenhuma passagem em que se diga acerca destes: «Tornei-me um estranho para os meus irmãos e um estrangeiro para os filhos de minha mãe». De facto para estes ele não era estrangeiro, mas sim muito precioso, de tal modo que de forma alguma é lícito crer que os referidos irmãos dele fossem filhos de Maria. Sem dúvida que houve outros que no salmo se chamam filhos da sua mãe, para os quais ele se tornou estranho”. (Comment. In Psalmos 68, 9)
“Então Tiago, a quem os antigos sobrenome o Justo por conta da excelência da sua virtude, é lembrado por ter sido o primeiro a ser feito bispo da igreja de Jerusalém. Este Tiago foi chamado de irmão do Senhor, porque ele era conhecido como um filho de José, e José era suposto ser o pai de Cristo, porque a Virgem, sendo prometida a ele, foi encontrada com o filho pelo Espírito Santo antes de chegarem juntos, Mateus 1:18 como a conta dos shows santos Evangelhos”. (HE III 1,2)
“E o mesmo autor, no livro VII da mesma obra, diz ainda sobre ele o que segue: “O Senhor, depois de sua ascensão, fez entrega do conhecimento a Tiago o Justo, a João e a Pedro, e estes o transmitiram aos demais apóstolos, e os apóstolos aos setenta, um dos quais era Barnabé”. Houve dois Tiagos: um, o Justo, que foi lançado do pináculo do templo e morto a golpes com um bastão; e o outro, o que foi decapitado. Também Paulo menciona Tiago o Justo quando escreve: Outros apóstolos não vi, além de Tiago, irmão do Senhor” (HE II, 1, 5)
“Mas quando este mesmo Domiciano ordenou que os descendentes de Davi fossem mortos, uma tradição antiga diz que alguns dos hereges fizeram acusação contra os descendentes de Judas (dito como tendo sido irmão do Salvador de acordo com a carne), com base de que eles eram da linhagem de Davi e estavam relacionados com o próprio Cristo. Hegésipo relaciona estes fatos com as seguintes palavras: “Da família do Senhor ainda haviam netos de Judas vivos, do qual se diz ter sido o irmão do Senhor de acordo com a carne. Foi dada a informação de que eles pertenciam à família de Davi, e foram levados ao Imperador Domiciano por Evocatus. Pois Domiciano temia a vinda de Cristo como Herodes também temera … Mas, quando foram libertados, governaram as igrejas porque eram testemunhas e também parentes do Senhor. A paz sendo estabelecida, eles viveram até o tempo de Tróia. “Essas coisas são relacionadas por Hegésipo.” (HE, III, 19-20).
Há muita clareza nas passagens de Eusébio sobre a virgindade pós parto. Diz que os chamados irmãos do Senhor não o são de fato, mas filhos de São José, o que por si já é uma demonstração de sua crença na virgindade pós parto de Maria, visto que é totalmente descabido pretender que um Pai da Igreja apresente a solução teológica sem defender juntamente a virgindade pós parto de Maria. Além disso, na primeira passagem, chama Nossa Senhora de “Santa Virgem” no contexto em que se falava dos “irmãos” do Senhor. Sobre esta passagem o Pe. Philip, após dizer que Eusébio nega explicitamente que os “irmãos do Senhor” sejam filhos de Maria, comenta em nota: “O único texto que parece ser decisivo para esta refutação está em seu Comment. In Psalmos 68,9: MG 23,737-740. Eusébio é pródigo em sonoros epítetos que aplica a Maria. É provavelmente o primeiro em chama-la “a santa Virgem”, e utiliza o título com frequência (…)” (p. 661-662,nota 160).
Santo Atanásio (296 – 373):
“Portanto, que aqueles que negam que o Filho do Pai, por natureza, e é adequado a esta essência, negam também que Ele se tornou verdadeiro humano da Sempre Virgem Maria…” (Discurso 2. Contra os arianos, 21, 70)
“Inclusive, a própria Mãe do Senhor e sempre Virgem Maria, ao conhecer o que se gerou nela, disse: De agora em diante todas as gerações me chamarão de bem aventurada” (Fragmenta in Lucam: MG 27, 1393).
“O Salvador está nos instruindo isso claramente quando ele ensina que sua mãe Maria permaneceu em virgindade para sempre. Pois, quando ele subiu à cruz, deu à João sua mãe (João 19: 26-7). Porque disse-lhe: Eis aí o teu filho, e disse ao discípulo: Eis aí a tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.“. (Carta às Virgens).
Santo Hilário (300 – 368):
“Mas muitas pessoas irreligiosas e aquelas que são completamente estranhas aos ensinamentos espirituais aproveitam a oportunidade para lidar com este assunto, sustentando noções desonestas sobre Maria, porque está escrito: “Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu”, e mais uma vez: “não temas receber Maria por esposa”, e novamente “E, sem que ele a tivesse conhecido, ela deu à luz”. Eles não se lembram de que ela estava noiva para se casar e que isso foi dito a José, que queria deixá-la, porque ele era um homem justo e não queria que ela fosse julgada pela lei. Para que não houvesse incerteza sobre sua descendência, José, portanto, torna-se testemunha de Cristo, que foi “concebido pelo Espírito Santo”. Além disso, porque ela estava noiva, que ela foi tomada em casamento, e assim ele a conheceu após o nascimento. Ou seja, o termo casamento se aplica às relações deles, pois ela era conhecida por José, não apenas em termos de estarem legalmente relacionados. Finalmente, quando José fugiu para o Egito, lhe foi dito: “Tome o menino e sua mãe”, e, “toma o menino e sua mãe e retorna”, e novamente em Lucas, “E havia José e a sua [da criança] mãe”. Contudo, por mais frequente que seja a referência a uma e a outra, ela é autenticamente a mãe de Cristo, pois não era o caso dela ser chamada de esposa de José, porque ela não era. Mas também esta é a razão pela qual o anjo, indicando que ela estava comprometida com José, um homem justo, chamou-a de esposa. Porque, como ele disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa.” A designação “noiva” adquiriu a de “cônjuge”, e embora ela fosse reconhecida por estar noiva post partum, ela foi revelada exclusivamente como a mãe de Jesus. Assim como José foi considerado justo por seu casamento com Maria, que era virgem, assim em sua maternidade de Jesus a santidade de sua virgindade foi revelada. E, no entanto, alguns homens muito depravados tomam como base de sua visão de que havia muitos irmãos de nosso Senhor como um ponto de tradição. Se existissem filhos de Maria que não tivessem sido anteriormente gerados a partir de um casamento anterior de José, Maria nunca teria sido transferida para o apóstolo João como sua mãe no tempo da Paixão, nem o Senhor teria dito a ambos “Mulher, eis o teu filho”, e a João,”Eis a tua mãe”, a menos que talvez ele estivesse deixando o amor filial de seu discípulo consolar a quem fora deixada para trás”. (Commentarius em Matthaeum c.1, n° 3-4)
Comenta Walter J. Burghardt sobre essa passagem: “A linguagem de Hilário é tão forte, que nos permite crer que seus adversários foram hereges. Contudo, sua conclusão não é apodítica” (p. 129).
E Philip J. Donnelly diz: “Se fossem hereges inveterados, considerados como tais, poderia usar linguagem mais forte contra eles? Não há dúvida que os termos que emprega Hilário tendem a classifica-los como heterodoxos”. (p. 668)
São Zenão de Verona (300-371):
“Mariae superbus emicat venter, non munere coniugali sed fide, verbo non semine. Decem mensium fastidia nescit, utpote quae in se creatorem mundi concepit. Parturit non dolore, sed gaudio. Mira res! Exsultans exponit infantem, totius naturae antiquitate maiorem. Interea rudis non gemit feta. (…) Non mater eius tanti partus pondere exhausta, totis pallens iacuit resoluta visceribus. Non filius matris aut suis est ullis sordibus delibutus (…) Nulla adhibita rudi fetae sueta fomenta (…) Oh mistério maravilhoso! Maria concebeu sendo uma virgem incorrupta; depois da concepção deu à luz como virgem, e assim permaneceu sempre depois do parto” (Serm 2, 8, 2)
Santo Efrém (306 – 373):
“Alguns se atrevem a dizer que Maria se uniu carnalmente a José depois do nascimento do Salvador(…) Como poderia ser isto, que aquela que era a morada do Espírito Santo, aquela a qual cobriu a sombra de Deus, se unisse a um homem mortal?(…) Assim como concebeu em pureza, assim permaneceu em santidade” (Explanatio Evangelli concordantes c.2 n. 6)
Santo Epifânio (310 – 403):
“De onde vem esta perversidade? De onde é que irrompeu tamanha audácia? Porventura o próprio nome não é suficiente atestado? Quem jamais houve, em tempo algum, que ousasse proferir o nome de Maria e espontaneamente não lhe acrescentasse a palavra virgem? O nome de Virgem foi dado a Santa Maria, nem se mudará nunca, ela sempre permaneceu ilibada” (Panarion, Contra os hereges, 78).
É interessante notar que nesta Obra tal crença é classificada como uma heresia. Sobre isso escreve o padre Philip J. Donnelly: “Enquanto o termo “heresia” não era naquela época demasiado preciso e não tinha o sentido técnico que hoje tem, está muito claro que, embora nem em todas as partes nem imediatamente, a doutrina atacada por Epifanio, geralmente, se considerava oposta à ortodoxia” (p. 666).
Didimo o Cego (313 – 398):
“Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada“. (A Trindade 3,4)
São Gregório Nazianceno (329 – 390):
“Como pintor, ao desenhar imagens inanimadas em painéis de madeira, primeiro traça as formas com pinceladas claras, depois com outras mais ousadas, e finalmente completa a imagem inteira com cores de cada tipo, assim a virgindade, herança de Cristo eterno, foi primeiramente manifestada em poucas pessoas e permaneceu obscurecida durante o tempo em que a lei estava em vigor. Pois, sob a lei, as cores se mostraram fracas e o esplendor oculto [da virgindade] cintilava em poucas pessoas. Mas depois que Cristo nasceu de uma mãe casta e virgem, não ligada por cadeias carnal e semelhante a Deus (pois era necessário que Cristo viesse ao mundo sem relações conjugais e sem pai), a virgindade começou a santificar as mulheres e a expulsar a Eva amarga. Ela tirou as leis da carne e, por meio da pregação do Evangelho, a letra deu lugar ao espírito, e a graça entrou. Então a virgindade brilhou claramente diante dos mortais; Ela apareceu no mundo gratuitamente, como a libertadora de um mundo desamparado. É tão superior ao matrimônio e à iniciação da vida como a alma é superior ao corpo e como os céus são superiores à terra, como a vida eterna dos abençoados é superior à vida fugaz da terra, como Deus é superior a homem”. (Moral Poems I, 189-208, PG 37, 537 A-538 A)
São Basílio Magno (330 – 379):
“Como a humanidade daquela época não tinha nada que se igualasse à pureza de Maria, para ser capaz de acomodar a obra do Espírito Santo, estava totalmente limitado pelo casamento, a Santíssima Virgem foi escolhida, já que sua virgindade era totalmente não contaminada pelo casamento”. (On the Holy Generation of Christ, 3)
“(a opinião de que Maria teve vários filhos depois de Cristo)… não afetaria a doutrina da nossa religião; porque a Maria foi imposta à virgindade como algo necessário somente até o momento em que serviu de instrumento para a encarnação, enquanto que, por outro lado, sua virgindade posterior não tinha grande importância para o mistério da encarnação. Mas uma vez que os amantes de Cristo não toleram ouvir que a Mãe de Deus deixou de ser virgem num determinado momento, consideramos seu testemunho suficiente”. (Homilia in Sanctum Christigenerationem, 5)
O Pe. Philip J. Donnelly entende que a última passagem implica que São Basílio “não considerava a virgindade perpétua de Maria como verdade dogmática, nem tampouco suas igrejas metropolitanas…” (p. 664).
Luigi Gambero, por outro lado, interpreta no sentido oposto: “O bispo de Cesaréia considera que o consenso dos fiéis é um argumento mais do que suficiente para estabelecer que a virgindade perpétua da Mãe de Deus é um requisito indispensável da fé eclesial” (p. 147).
Santo Ambrósio (334 – 397):
“Houve quem negasse que Maria tivesse permanecido virgem. Desde muito temos preferido não falar sobre este tão grande sacrilégio. Maria (…) que é mestra da virgindade, (…) não podia acontecer que aquela que em si tinha trazido Deus , resolvesse andar às voltas com um homem. Nem José, varão justo, cairia nessa loucura de querer misturar-se com a mãe do Senhor, em relação carnal“.(De Institutione virginis et et S. Mariae virginitate perpetua5 , 35 – 6,45).
“A virgindade nos é assim proposta, como se fosse uma pintura, na vida de Maria. De sua vida, a beleza de sua castidade e a sua virtude exemplares brilham como de um espelho. Aqui você pode muito bem receber instruções sobre como levar uma vida em que a virtude, instruída pelo exemplo, mostra o que você deve fazer, corrigir ou evitar (…) Quantas virtudes diferentes brilham em uma única Virgem! Ocultamento modesto, bandeira de fé, obediência devota. Ela era uma virgem em sua casa, uma companheira no serviço, uma mãe no Templo” (De virginibus 2, 6-r6).
São Gregório de Nissa (335 – 394):
“Pois se José a tomou como sua esposa com o proposito de ter filhos, por que ela ficou pensando sobre o anuncio de sua maternidade, se ela mesma aceitou o fato de se tornar mãe de acordo com a lei da natureza? Mas assim como era necessário Guardar o corpo da consagrada a Deus como oferenda intocada e Espírito Santo, por esta mesma razão, ela afirma, mesmo se você é um anjo que desceu do céu e mesmo que este fenômeno está além da capacidade dos homens, no entanto, impossível para mim conhecer homem. Como devo tornar-me mãe sem conhecer homem? Pois, embora considere um José para ser meu marido, ainda assim não conhecerei homem” (Sobre a Geração de Santo Cristo, 5)
“Ó evento maravilhoso! A Virgem se torna mãe e permanece virgem! Observe este novo ordenamento da natureza. Todas as outras mulheres, para permanecer virgens, não se tornam mães; quando uma mulher se torna mãe, já não tem virgindade. Aqui, em vez disso, os dois termos são aplicados à mesma pessoa. Pois é a mesma mulher que é apresentada como mãe e como virgem, assim como sua virgindade não representou nenhum obstáculo para ela dar à luz, nem a sua procriação destruiu sua virgindade. De fato, era apropriado que [o Redentor], tendo entrado na vida humana para nos tornar todos incorruptíveis, fosse originário de um nascimento incorruptível. Na verdade, de acordo com a nossa maneira usual de falar, uma mulher que não teve relações com um homem é chamada de ‘incorrupta’ “. (On the Birth of Christ)
São Anfiloquio de Iconio (339 – 395):
“dado à luz pela sempre virgem Maria” (Adversus falsam ascesim, em G. FICKER, Amphilochiana 66).
“Como você vê, Simeão chamou de uma “espada” os muitos pensamentos que feriram seu peito e alcançou as articulações e medula. A Virgem Maria meditava em pensamento, porque ela ainda não sabia sobre o poder da Ressurreição e não sabia que estava perto. E assim, depois da Ressurreição, a espada não era mais ambígua, mas uma causa de alegria e exultação. Simeão, portanto, chamou a Cruz um sinal de contradição, e assim foi no momento em que a espada desses pensamentos estava perfurando a Virgem”. (Sobre o Hypapante 8)
Carmen Laudibus-Domini (séc IV) (anônimo):
“Mas para que nenhum sinal extraordinário manifeste a tua gloriosa origem, tu és concebido de uma virgem; não foi suficiente que ela fosse uma mulher casta; nem alguém que, ligado pelo matrimônio, fosse capaz ter um irmão para o Senhor, para que nenhuma mancha ignóbil se aproximasse de ti desde o ventre”.
Rufino de Aquileia (340 – 410):
“A porta que estava fechada (Ezech. 44,2) foi a sua virgindade, través dela o Senhor Deus de Israel entrou, por isso Ele avançou a este mundo através do ventre da virgem. E, porque a sua virgindade foi preservada intacta, portão da Virgem permaneceu fechado para sempre “. (Comentário do Credo dos Apóstolos, 9)
São João Crisóstomo (347 – 407):
“A expressão “até” não deve levar você a acreditar que José a conheceu posteriormente; antes, é usado para informar de que a Virgem não foi tocada por homem até o nascimento de Jesus. A Escritura está acostumada a usar a expressão “até” sem pretender estabelecer um período de tempo limitado. . . . O evangelista usa esta expressão para estabelecer o que aconteceu antes do nascimento de Jesus, deixando a você a inferir o que aconteceu depois “(Homilia sobre Mateus 5, 3)
“Ele mesmo disse o que você precisava aprender sobre ele: que a Virgem não foi tocada por homem até o nascimento. Ele deixa para você tirar a conclusão óbvia e necessária, a saber, que este homem justo (José), mesmo após o nascimento de Cristo, absteve-se de se aproximar dela, que tinha se tornado uma mãe de tal maneira e tinha sido digna de um novo tipo de maternidade “. (Ibid)
“Se [depois] José conheceu Maria e viveu com ela como sua esposa, por que nosso Senhor na Cruz a confiou a seu discípulo, ordenando-lhe que a levasse para sua própria casa, como se ela não tivesse quem mais que dela cuidasse? Por que não, você pergunta, São Tiago e outros chamados de “irmãos” de Jesus Cristo? Eles são chamados de irmãos de Jesus da mesma maneira que José é chamado marido de Maria. Deus quis cobrir esse grande mistério com muitos véus, para que o nascimento divino pudesse permanecer escondido por um tempo “. (Ibid)
São Jerônimo (347 – 420):
“Rogo também a Deus Pai para que demonstre que a mãe de Seu Filho – que se tornou mãe antes de se casar – permaneceu Virgem ainda após o nascimento de seu Filho.” (Contra Helvídeo, sobre a virgindade perpétua de Maria, cap II)
Pelágio da Bretanha (350 – 423):
“Alium autem apostolorum vidi neminem. Ne [vel] ab aliis didicisse videretur. Nisi Iacobum fratrem Domini. Contra eos qui dicunt beatam Mariam alios filios habuisse, quia duos Iacobos apostolos fuisse legimus, unum Aphaei et alterum Zebedaei, neminem Mariae vel Ioseph, sed fratres Domini de propinquitate dicuntur”. (In Epistolam ad Galathas, 19)
Santo Agostinho (354 – 430):
“Virgem que concebe, virgem que dá à luz, virgem grávida, virgem que traz o feto, Virgem perpétua”(Sermão CLXXXVI, 1, 1)
“Concebeu-O [a Cristo Jesus] sem concupiscência, uma Virgem; como Virgem deu-lhe à luz, Virgem permaneceu” (Sermão sobre a Ressurreição de Cristo, segundo São Marcos, PL XXXVIII, 1104-1107).
”Antidicomaritas; chama-se assim aos hereges que se opõem à virgindade de Maria, de tal modo que afirmam que, depois de nascido Cristo, ela esteve unida com seu marido” (As Heresias, 56)
São Paulino de Nola (352 – 431):
“Iam scilicet ab humana fragilitate, qua erat natus ex femina, per crucis mortem demigrans in aeternitatem Dei, ut esset in gloria Dei Patris, delegat homini iura pietatis humanae; et discipulis suis adolescentiorem eligit, ut convenienter assignet virgini apostolo virginem matrem…” (Epistola L)
Teodoreto de Ciro (393 – 457):
“Anátema a Nestório e àqueles que recusam o título de Mãe de Deus à Santa Virgem Maria e àqueles que dividem em dois filhos o único Filho, o Unigênito” (Discurso no Concílio de Calcedônia)
“Et mansi apud eum diebus quindecim. Alium autem apostolorum vidi neminem, nisi Iacobum fratrem Domini. Vocabatur quidem frater Domini, sed non erat natura. Nec vero fuit Iosephi filius, ut quidam existimarunt, ex priori matrimonio natus, sed Cleophae filius erat, Domini consobrinus. Matrem enim habuit matris Domini sororem”. (Interpretatio Epistolae ad Galatas, Cap. I, 19)
São Nilo do Sinai († 430):
“Scripsisti : Si prius non cognoscebat Virginem Joseph, donec pareter, omnino post partum cognovit. QUomodo itaque cognovit? Manifestum est cognovisse, illi, quae a Deo ita cohonestata fuerat, ut virgo ante partum, et rursum virgo post partum permaneret, honorem ac reverentiam exihibere” (Epistolae l. 1, ep. 269)
Acácio de Melitene (+ 449)
“Deiparam Virginem eo honore non privo, quem dispensationis ministerium gratuito ipsi impertivit. Etenim, charissimi, absurdum fuerit, crucem ignominiosam, quae Christum portavit, cum altaribus Christi conglorificari, atque in fronte ecclesiae splendentem apparere; eam vero quae ad tantum beneficium deitatem suscepit, Deiparae honore privari. Deipara igitur est sancta Virgo”. (Homilia in Concilio Ephesino dicta)
São Cirilo de Alexandria (375 – 444):
“Vejo aqui uma alegre companhia de homens cristãos reunidos em pronta resposta ao chamado de Maria, a santíssima e sempre virgem Mãe de Deus. O grande pesar que pesou sobre mim é transformado em alegria por vossa presença, veneráveis Padres.
“Eis a alegria de todo o universo. Que a união de Deus e do homem no Filho da Virgem Maria nos encha de admiração e adoração. Devemos temer e adorar a Trindade sem divisão enquanto cantamos o louvor da sempre virgem Maria, o santo templo de Deus e do próprio Deus, seu Filho e Noivo sem macha. A ele seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém”. (Discurso em Concílio de Éfeso, Hom. 4)
“Salve, Maria Theotkos, Virgem-Mãe, portador de luz, vaso incorrupto. Salve, Ó Virgem Maria, mãe e serva; Virgem, por causa daquele que nasceu virginalmente de vós; Mãe, por amor daquele que vós carregastes nos vossos braços e amamentastes com o vosso leite; Serva, por causa daquele que tomou a forma de servo. Porque o rei entrou na vossa cidade; Ou melhor, em vosso ventre, e ele saiu dele como quis, e vossa porta permaneceu fechada. Porque vós concebestes sem semente e deveis nascer divinamente … Salve Maria, sois a criatura mais preciosa do mundo; Salve, Maria, pomba incorrupta; Salve, Maria, lâmpada inextinguível; porque de vós nasceu o Sol da justiça “. (Homilia 2)
São Pedro Crisólogo (406-450):
“Introduzes astutamente os irmãos e mostras as irmãs, para que a virgindade da santa Mãe se eclipse em partos numerosos, para que sua integridade se obscureça e se sinta do Filho tudo o que tem de humano, não o divino. Os judeus que dizes irmãos e irmãs de Cristo, são filhos de Cleofas, irmã de Maria, mas não são filhos de Maria; e aos filhos dos irmãos e das irmãs a lei divina e o parentesco humano os chamam irmãos. Logo os irmãos de Cristo não os fez a que permaneceu íntegra depois do parto, mas a afirmação do parentes da tia materna”” (Serm. 48)
“Virgem concebe, virgem dá a luz, e permanece virgem. Ergo virtutis est caro conscia, non doloris, quae magis pariendo integritatis augmenta suscipit, damna pudoris ignorat; testis potius sui partus, quae nullas partus pertulit passiones; et sacramentis caelestibus interfuisse se nova mater miratur, quae nascentis ordinem intelligit humanae consuetudinis nihil habere”. (Serm. 117)
“O Espírito gera, virgem concebe, virgem dá à luz, permanece virgem depois do parto” (Serm. 62)
Apponius (séc. V):
“Quae tria admiranda simili ratione in hanc convallem mundi Dominus apportasse cognoscitur; hoc est abolitionem peccati, abstersionem mendacii, et refrigerii temperamentum ignium genitalium, de quo nascitur amor conservandae virginitatis (…) Amores autem sive integritatis servandae, vel castitatis in utroque sexu, cuius nisi gloriosi assumpti hominis et Beatae Mariae Virginis accenduntur exemplis?” (Canticum canticorum, lib. III)
“[Congrua aestati] huius castissimae avis vox, gloriosae virginitatis, in supradicto tempore per Beatam Mariam primum audita est in terra nostra, dicendo ad Angelum Gabrielem: Quomodo hoc erit, cum virum non cognoscam?” (Ibid, lib. IV)
Praedestinatus seu praedestinatorum haeresius (anônimo, séc V):
“Octogesimam et quartam haeresim. Helvidianos occupasse ab Helvidio memoramus. Qui ita virginitati sanctae Maria contradicunt, ut eam dicant de Ioseph post nativitatem Christi alios filios peperisse. Isti quidem nuper, id est sub Siricio Romanorum antistite orti sunt, et per Italiam atque Gallias direxerunt suos discipulos. Contra hos scripsit Hieronymus doctor egregius duos livros, quos lectos in tempore digna eos exsecratione anathematizabant. Epiphanius autem noster, scrutator haereticorum, seribens contra hos liberllum, qui in illo tempore hanc blasphemiis plenam assertionem proferebant, Antidicomaritas eos censuit appellari”. (Liber I, LV)
Sedulio (V – VI):
“Virgo Maria nitet nullo temerante pudore: Post partum pueri virgo Maria nitet”. (PL 19, 757)
Hesiquio de Jerusalém († 450):
“A mim foi confiado o nascimento da sempre Virgem; Micheas com o lugar em que a maravilha ocorreu; Davi com o tempo. Pois ele pôs na profecia dos Salmos: “eu te gerei antes da aurora“. Gabriel então vai falar do local de origem”. (De Sancta Maria deipara, sermão 4)
Proclo de Constantinopla († 446):
“Agora, vamos todos dançar, não para celebrar o casamento da Mãe do Senhor, porque ela é uma virgem que não conheceu casamento e sem dele ter experiência, mas para honrar o nascimento daquele que é o Imaculado”. (Homilia 4, 1)
“O que está sendo comemorado é o orgulho do sexo feminino, a glória das mulheres, na mãe que é mãe e virgem ao mesmo tempo. Que união tão adorável e maravilhosa!” (Homilia 1, 1)
Arnobius Iunior (+ 455):
“Serapion dixit: Et quae ratio poterit me docere quod Virgo concepit, Virgo peperit, Virgo post partum permansit? – Arnobius dixit: Haec ratio est Deus omnipotens. – Serapion dixit: Ego tecum de puella ago. – Arnobius dixit: Ego tecum de Omnipotente ago. Dicas mihi. Qui fecit coelum et terram, et omnia quae in eis sunt, Omnipotens ipse est, an non Omnipotens?“ (Conflictus, Cap. VIII)
Papa Leão Magno (395 – 461):
“A origem é diferente mas semelhante a natureza: não por intercurso com o homem, mas pelo poder de Deus foi trazido: por uma Virgem concebida, uma Virgem deu à luz, e uma Virgem ela permaneceu”. (Serm 22, c.2)
São Máximo de Turím (+ 413):
“Ela é virgem quando concebe, virgem quando dá a luz, virgem depois do nascimento. Que gloriosa virgindade”. (Sermão 61)
Filostorgio
“O ímpio Philostorgio declara que o odioso Eunomio proferiu ao povo, sob o comando de Eudoxio, na festa da Epifania, um sermão em que a abominável e detestável doutrina daquela escola foi abertamente ensinada. Pois aqueles detestáveis aventuraram-se a afirmar que, depois do nascimento inefável de seu Filho, José teve relações conjugais com a Virgem Maria “. (Hist. Eccl., L, 6)
Leporio:
“Confessamos, pois, que nosso Senhor e Deus, Jesus Cristo, o único Filho de Deus, nascido do Pai antes dos séculos e nos tempos mais recentes, feito homem do Espírito Santo e da sempre Virgem Maria” (Documento Da alteração 3 [AD 426]).
Papa Siricio
“É natural que tenha sentido horror ao ouvir dizer que do ventre de Maria, do qual nasceu Cristo segundo a carne, tenham nascido outros filhos. Jesus Cristo não teria escolhido nascer de uma virgem se soubesse que ela se contaminaria por meio da união com um homem, manchando o lugar onde Ele havia repousado, a corte do Rei Eterno. Esta afirmação nada mais é do que a aceitação da falsa doutrina judia, segundo a qual Cristo não nasceu de uma virgem” (DB 91).
Opus imperfectum (sec. V):
“A partir desta declaração, algumas pessoas que seguem Eunomio, acham que até Maria dar à luz, José não teve relações carnais com ela, mas depois ele a conheceu e ela deu à luz a filhos. Por essa razão ele chama Cristo de primogênito porque se chama de primogênito, porque outros irmãos o seguem. Uma pessoa louca não acredita que alguém seja são; porque ousaram dizer isso sobre ela, eles também pensam que José se atreveu a fazê-lo “(Opus imperfectum, hom.1)
Chrysippus Hierosolymitanus (sec. V):
“Estas coisas Lucas a nós anunciou pela narração do Evangelho, testificando pertencer à descendência de Davi não somente José mas também a Portadora de Deus (Deiparam) sempre virgem.” (Oratio in S. Mariam Deiparam, 4)
“Ave, porta fechada, aberta ao Rei Sol” (Oratio in S. Mariam Deiparam, 1).
Bachiarius Monachus (séc. IV – V):
“Virginem quoque de qua natum scimus, et virginem ante partum, et virginem post partum, ne consortes Elvidiani errori haveamur” (Professio fidei)
Anísio, bispo Tessalônica e outros bispos de Ilíria:
Este Bispo condenou a doutrina de Bonoso, que negava a virgindade de Maria após o parto. O trecho que segue é provavelmente do Papa Siricio referindo e confirmando a condenação feita pelos bispos:
“Você nos escreveu uma carta a respeito do bispo Bonoso, na qual, por amor à verdade ou por modéstia, pergunta nossa opinião. Mas uma vez que foi o julgamento do Concílio de Capua que os vizinhos de Bonos e seus acusadores deveriam ser designados como seus juízes e especialmente os Bispos da Macedônia que, com o Bispo de Tessalônica, julgariam seus atos e escritos, devemos observar que a função de julgar não pode pertencer a nós mesmos (…) Certamente não podemos negar que ele é justamente culpado com relação aos filhos de Maria, e que Sua Santidade merecidamente repudiou a opinião de que do mesmo ventre Virgem, que segundo a carne Cristo nasceu, outros filhos foram dados a luz. Pois o Senhor Jesus não teria escolhido nascer de uma Virgem, se Ele tivesse concebido que ela estaria tão desejosa na castidade para suportar ser o lugar de nascimento do Corpo do Senhor, que o palácio do Rei eterno, viesse a ser contaminado pelas relações humanas. Para propor uma opinião como esta, que apenas fortalece a descrença dos judeus que dizem que era impossível que ele pudesse nascer de uma Virgem e que, assim confirmada pela autoridade dos Bispos cristãos, se esforçará com maior seriedade para derrubar a verdadeira fé? “(Carta sobre o caso de Bonoso, de acordo com o Decreto do Sínodo de Capua)
[1] Hypotyposeis, VII, citado em Eusébio: HE, II, 1, 3-5.
[2] HE, II, 1, 2 e 5; HE II, 23.
[3] http://www.timesofisrael.com/oded-golan-is-not-guilty-of-forgery-so-is-the-james-ossuary-for-real/
[4] http://www.antiquities.org.il/article_eng.aspx?sec_id=17&sub_subj_id=185
[6] Brüder und Vettern Jesu, em Forschungen 6 (Leipzing 1900), p. 237. Referência tirada em Jose Antonio de Aldama, María en la Patrística de los Siglos I y II, p. 229, notas, como as demais referências até a nota 11 deste artigo.
[7] Jesu Verwandtschaft, em Hennecke-Scheneemelcher, Neutestamentliche Apokryphen I (Tübingen 1959) p. 316.
[8] Evangile selon saint Marc (Paris 1942), p. 89 e RevBibl 9 (1900) 620.
[9] Moderne Gegner Mariä: ZtkTh 25 (1901) 670s.
[10] Der Jakobusbrief und sein Verfasser in Schrigt und Ueberlieferung (Freiburg 1905) p. 118s.
[11] Zur Apostolizität de Jakobus und Judas (nach dien Evangelien): BibZt 4 (1906) 172 nt. 2.
[12] Les frères du Seigneur: RevBibl 5 (1908) 11 nt. 2.
[13] La parenté de Jésus: RechScRel 17 (1927) 134; Jésus-Christ I (Paris 1938) p. 140.
[14] La vie et l’enseignement de Jésus-Christ Notre Seigneur I (Paris 1947) p. 66; Jésus-Christ: DBS 4,986.
[15] Simon der Apostel, Simon der Herrenbruder und Bischof Symeon von Jerusalem, em Passauer Studien (Passau 1953) p. 43; Die Brüder und Schwestern Jesu p. 96.
[16] Zur Frage über die Brüder des Herrn: Neue kirchl. Zeitschr. 11 [1900] 859-862.
[17] María en la Patrística de los Siglos I y II, p. 229.
[18] María en la Patrística de los Siglos I y II, p. 227-228. Para corroborar com sua idéia o Pe. De Aldama na nota 11 da página 228 põe como referência: Lagrange, Evangile selon Saint Marc (Paris 1942) p. 197.
[19] Como a tradução grega da Septuaginta fez o mesmo traduzindo do hebraico os livros do Antigo Testamento ao preservar a palavra irmão, mesmo nos casos de primos, tios, etc.
[20] https://www.ewtn.com/library/ISSUES/REUTHER.TXT
[21] Maria nell’ “economia di Dio” secondo Ignazio di Antiochia: Marianum 14 (1952) 375 nt. 7 bis.
[22] La Vergine nelle lettere di S. Ignazio di Antiochia pp. 12-13.
[23] Maria-en-La-Patristica-de-Los-Siglos-I-y-II, p. 233.
[24] Nota do Editor: Eis o que diz Orígenes na referência apresentada pelo teólogo: “Quid a me, inquit, tantum factum est boni, ut Mater Domini mei veniat ad me? Et eam quae adhuc virgo erat, matrem vocat, prophetice eventum ser mone praeveniens, et fructum ventris appellat Salvatorem, eo quod nom ex viro, sed e sola Maria sit: qui enim e parentum seminibus oriuntur, illi sunt eorum fructus”.
[25] Forschungen 6, 308, 3,96.
[26] Geschichte der altchristlichen Literatur 1, 110; 2 1, 5 11).
[27] Geschichte der altkirchlichen Literatur 1, 249).
PARA CITAR
SARMENTO, Nelson. A virgindade perpétua de Maria nos cinco primeiros séculos (parte 2). Disponível em <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/apologetica/virgem-maria/952-a-virgindade-perpetua-de-maria-nos-cinco-primeiros-seculos-parte-2> Desde 08/03/2017.