Quarta-feira, Dezembro 25, 2024

A Igreja de Cristo e a Igreja Católica

 

Descrição


Desde o Concílio Vaticano II tem havido alguma confusão sobre se a Igreja Católica Romana é ou não a verdadeira e única Igreja de Jesus Cristo. O debate centra-se muitas vezes na expressão “subsiste na” que ocorre na Lumen Gentium,n. 8. Neste artigo, Pe. James O’Connor analisa os documentos conciliares pertinentes e demonstra que o Concílio reafirmou que a Igreja Católica Romana é a única Igreja fundada por Jesus Cristo.


 

Com base em inúmeras declarações do Magistério, era comum para os católicos, antes do Concílio Vaticano II, defender a tese de que eles pertenciam à “única e verdadeira Igreja”, fundada pelo próprio Jesus Cristo. Para eles, a confissão de fé de Nicéia: “cremos na Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.” referia-se sem ambiguidade àquela comunidade cristã que estava unida na fé e na obediência ao Bispo de Roma, sucessor de São Pedro.

Desde a celebração do último Concílio, esse senso de auto-identidade católica tem sido desafiado e até mesmo negado. Tem-se afirmado que a Igreja de Cristo e a Igreja Católica não são a mesma realidade. Tem-se alegado que o Concílio – que empregou ambas expressões, ou seja, “Igreja de Cristo” e “Igreja Católica” – teria feito uma distinção entre as duas, o que indicaria que não são uma única e a mesma realidade. Ao falar da sociedade fundada pelo próprio Jesus, o Concílio referiu-se à “Igreja de Cristo” e professou que esta “é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica.”[1]. Não está, no entanto, expresso em nenhum lugar que essa única Igreja de Cristo é a Igreja Católica Romana, nem está afirmado que Jesus fundou a realidade histórica que conhecemos como a Igreja Católica – pelo menos assim como é reivindicado. Enquanto ensina que, de fato, a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, o Concílio explicitamente reconheceu o direito de outras entidades cristãs de serem chamadas de “Igrejas”, dando assim reconhecimento oficial para o uso de uma linguagem que foi por tanto tempo e consistente, pelo menos no que diz respeito às Igrejas separadas do Oriente, ou seja, a Ortodoxa Oriental.

Os bispos no Vaticano II, além disso, formalmente admitiram que as Igrejas e Comunidades cristãs separadas da Igreja Católica foram e estão sendo usadas pelo Espírito Santo como “meios de salvação”[2] para aqueles que pertencem a elas.

Ora, deve ser considerado que nos confrontamos com três fatos relativos ao ensinamento do Concílio Vaticano II sobre a Igreja de Cristo e a Igreja Católica: em primeiro lugar, a afirmação de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica; em segundo lugar, a admissão de que, pelo menos, algumas comunidades que não estão em comunhão com a Igreja Católica são realmente Igrejas; em terceiro lugar, o reconhecimento de que tais Igrejas e até mesmo outras comunidades eclesiais servirem como “de meio” na efetivação do plano redentor de Deus em Cristo. Uma vez que o Concílio Vaticano II não nos legou uma eclesiologia elaborada, foi deixado à reflexão teológica oferecer uma visão integrada do seu ensino, tendo em mente os três fatos que acabamos de mencionar.

Esse quadro teológico foi desenvolvido por alguns autores da seguinte maneira: a única Igreja de Cristo, fundada por Ele, hoje em dia continua a existir ou subsiste em várias formas ou manifestações, cada uma das quais conserva – em maior ou menor grau – as características eclesiais essenciais desejadas pelo Senhor. Nenhuma das várias formas pode reivindicar identidade exclusiva com a Igreja de Cristo – que atualmente existe como uma espécie de vulto platônico, que de forma variada se apresenta em diferentes comunidades. De facto, a única Igreja fundada por Cristo agora existe em corpos diferentes e separadas, embora não necessariamente em graus de igualdade.

As consequências de tal visão são múltiplas. Entre as mais importantes podem ser citadas a diminuição na valorização do papel único da Igreja como meio e sacramento de salvação, e a necessidade dos Sacramentos e da graça sacramental. Foram levantadas questões sobre o verdadeiro ecumenismo daqueles Concílios realizados desde quando a divisão entre os cristãos tornou-se um fato, particularmente sobre os Concílios de Trento e do Vaticano I. A atividade missionária da Igreja tem igualmente sofrido, sendo reduzido às vezes, na teoria e na prática a não mais do que os esforços para melhorar a situação social, política e econômica temporal dos povos. Os esforços voltados a conversão entre os não-cristãos e trazer cristãos não-católicos enquanto indivíduos para plena comunhão com a Igreja Católica tem sido afetada de forma negativa.

 

Eu Gostaria de Abordar  esta Alegação

 

Em resposta a um tal estado de coisas, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou, em 1973, a Declaração Mysterium Ecclesiae, que dizia em parte:

 

… os católicos estão obrigados a professar que pertencem, por dom misericordioso de Deus, à Igreja fundada por Jesus Cristo e guiada pelos sucessores de Pedro e dos outros Apóstolos, depositários da tradição apostólica originária, intacta e viva, que é patrimônio perene de doutrina e de santidade da mesma Igreja.

Os fiéis não podem, por conseguinte, supor a Igreja de Cristo, como nada mais que um conjunto – diferenciado e, de algum modo, unitário ao mesmo tempo – de Igrejas e comunidades eclesiais; e também não lhes é lícito supor que a Igreja de Cristo hoje em dia já não exista em parte alguma, e que, portanto, não deva ser considerada senão como um objectivo que todas as Igrejas e comunidades têm o dever de procurar.[3]

 

Estas conclusões da Mysterium Ecclesiae não eram novas. Em um artigo publicado após o Concílio e antes da declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, Karl Rahner tinha antecipado muito do pensamento e até mesmo da expressão verbal da declaração da Congregação. Ele escreveu:

 

A Igreja Católica não pode pensar a si mesma como uma dentre muitas manifestações históricas em que o mesmo Deus-homem Jesus Cristo se torna presente, que são oferecidas por Deus ao homem para ele escolher a seu gosto. Pelo contrário, Ela deve necessariamente pensar a si mesma como a única e total presença na história do único Deus-homem na sua verdade e graça, e, como tal, tendo uma relação fundamental para com todos os homens … Por isso, a Igreja Católica não pode simplesmente pensar a si mesma como uma dentre muitas Igrejas e comunidades em pé de igualdade com ela … E a Igreja não pode aceitar que esta unidade seja algo que deva ser alcançado somente no futuro e por meio de um processo de unificação entre as Igrejas cristãs, de modo que até que este ponto seja atingido, simplesmente não existira.[4]

 

Infelizmente, a Mysterium Ecclesiae não teve o efeito desejado. Recorreu-se ao ensinamento do próprio Concílio, com a alegação de que a Mysterium Ecclesiae era uma leitura restritiva dos textos conciliares, que, pretensamente, fazia distinção entre a Igreja de Cristo e a Igreja Católica.

É esta alegação de falta de harmonia entre os documentos conciliares e a Declaração Mysterium Ecclesiae que eu gostaria de abordar diretamente nesse artigo. Com a publicação dos volumes finais, incluindo o Index, da Acta Synodalia do Vaticano II, as ferramentas para tal estudo estão agora à mão. Meu objetivo, portanto, é não dar uma eclesiologia geral, nem mostrar a coerência entre a doutrina do último Concílio com o ensino anterior. Também não é o meu propósito de me envolver em polêmica teológica. (Por essa razão, eu não relacionei a eclesiologia “alternativa” acima esboçado acima de qualquer teólogo individual ou teólogos, embora tal poderia facilmente ser feito). Em vez disso, eu espero determinar o sentido claro das seções da Lumen Gentium e Unitatis redintegratio pertinentes à questão em apreço, usando a Acta para estabelecer, quando possível, a intenção exata do texto encontrado na última versão conciliar da Constituição e do Decreto.

 

Os Relaciones Contêm a Chave

 

Talvez uma palavra preliminar sobre as Acta Synodalia seja pertinente. Elas compreendem vinte e cinco volumes, contendo todos os documentos do Concilio nas suas várias fases de desenvolvimento, bem como as expressões escritas e orais de todos os participantes do Concilio no que dizem respeito a todos os trabalhos do Concilio. Cada um dos documentos finais do Concilio passou por várias versões. Estas versões ou esquemas foram escritos por comissões especiais designadas para este fim. Quando uma comissão concluía o seu trabalho, a versão ou esquema era então apresentado aos Padres Conciliares por um dos bispos responsáveis pela sua preparação. Esta apresentação é tecnicamente chamada de Relatio e seu propósito era apresentar o documento e explicar aos bispos sua finalidade e significado como um todo, bem como o propósito e significado de suas partes. Portanto, as diversas apresentações ou relationes são a chave para a interpretação correta de um determinado documento. Sem o relatio poderia-se “ficar no escuro” quanto à intenção precisa de algumas das declarações do Concílio.

No entanto, o relatio por si só não é suficiente. O documento, uma vez apresentado, tinha de ser aceito pelos bispos como o documento de trabalho para a discussão. Isto feito, cada seção do documento em questão era então discutido pelos bispos, com vistas à aprovação final. Frequentemente, sugestões se constituiriam emendas à redação ou mesmo às várias partes do documento de trabalho. Estas sugestões, chamadas de modi, eram consideradas pela comissão responsável pela elaboração do documento e quer seriam incorporadas quer rejeitadas. O documento era então ressubmetidos aos bispos como um todo, juntamente com uma explicação oficial sobre a incorporação ou rejeição dos vários modi. São estas explicações, juntamente com os originais ou os subsequentes relationes, que devem ser utilizados na determinação da intenção final do texto. Felizmente, os documentos finais são normalmente claros o bastante quanto ao seu significado e intenção. O recurso aos vários relationes e respostas ao modi ou às emendas sugeridas não é necessária para uma compreensão adequada do texto. No nosso caso, no entanto, uma vez que a redação dos documentos finais está sujeita a várias interpretações, deve-se recorrer aos relationes e as explicações oficiais sobre as emendas ou as correções.

 

A Fórmula Disputada É “Subsiste Na”

 

Podemos agora olhar primeiramente para a Constituição Dogmática sobre a Igreja, Lumen Gentium, particularmente no n. 8 (Capítulo Primeiro) do referido documento, onde se encontra a disputada fórmula “subsiste na”[5].

A versão original ou esquema para a Constituição sobre a Igreja foi submetido ao Concílio em 1962. Esta versão afirmou que a Igreja Católica Romana e o Corpo Místico de Cristo eram idênticos e que somente a Igreja Católica Romana poderia ser chamada, sola iure, Igreja.[6] Quanto a quem pertenceria a esta Igreja, o Relator Cardeal Franic admitiu que a filiação em um sentido impróprio ou análogo era uma matéria abertamente questionada.[7]

Esta versão não foi aceita pelos bispos como documento de trabalho. Foi considerada muito restritiva, demasiadamente escolástica e sem espírito ecumênico. No entanto, mesmo o Bispo Christopher Butler, que se pronunciou contra esta versão, perguntou retoricamente: “Quem daqueles (que desejam que esta versão seja rejeitada) negaria que a Igreja, em comunhão com o Vigário de Cristo, o sucessor de Pedro, seja aquela Igreja que Cristo fundou?”[8]

Um segundo esquema ou versão foi apresentada aos bispos em 1963. Esta versão foi aceita para discussão como o documento de trabalho, e, após emendas, tornou-se a Constituição Dogmática Lumen Gentium. No número sete (Capítulo Primeiro) deste documento de trabalho lê-se:

 

Este Sagrado Sínodo ensina e solenemente professa que só há uma única Igreja de Jesus Cristo … que depois da Ressurreição, o Salvador entregou-a a Pedro e aos Apóstolos e aos seus sucessores … Por isso, esta Igreja … é a Igreja Católica, governada pelo Romano Pontífice e os bispos em comunhão com ele.[9]

 

Observe que a Igreja de Cristo e a Igreja Católica são identificados: “Por isso, esta Igreja … é a Igreja Católica.” Juntamente com uma série de outros pontos na versão de trabalho, esta frase veio a ser alterada na versão emendada. Esta versão foi apresentado aos bispos na Assembleia Geral do Concílio em 15 de Setembro de 1964. Este versão emendada foi acompanhada por um relatio escrito para cada seção ou o número do documento. O que tinha sido a seção ou o número sete no documento de trabalho tinha aqui se tornado seção ou número oito, que veio a se tornar a Constituição Lumen Gentium final. Lia-se (e lê-se, uma vez que não foi mais emendada):

 

Esta é a única (unica) Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica; a qual Nosso Senhor depois da Sua Ressurreição entregou-a a Pedro para ser apascentada … Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele, que embora fora da estrutura de seu corpo, sejam encontrados muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica.[10]

 

Observe que, juntamente com pequenas alterações não pertinentes ao nosso tema, o “é” foi substituído por “subsiste na”. Qual, então, é o significado desta substituição e como se pode entender todo o número ou a seção oito? Assim se lê como encontrado nas Acta o relatio escrito ou explicação sobre a seção.

A partir do grande número de observações e objeções, que foram levantadas pelos bispos em relação a este número (como apresentado na versão de trabalho), é evidente que a intenção e o contexto desta seção não estavam claros para todos.

Ora, a intenção é mostrar que a Igreja, cuja natureza profunda e oculta é descrita e que está perpetuamente unida a Cristo e Sua obra, concretamente se encontra aqui na terra, na Igreja Católica. Esta Igreja visível revela um mistério – não sem sombras até que seja trazido à plena luz, assim como o próprio Senhor através de Seu “esvaziamento” veio à glória. Assim, deve ser evitada a impressão de que a descrição que o Concílio apresenta da Igreja seja meramente idealista e irreal.

Portanto, uma subdivisão mais clara é estabelecida, na qual os seguintes pontos são tratados sucessivamente:

a) O mistério da Igreja está presente e manifesta-se em uma sociedade concreta. A assembleia visível e o elemento espiritual não são duas realidades, mas uma realidade complexa, abraçando o divino e o humano, os meios de salvação e os frutos da salvação. Isto é ilustrado por uma analogia com o Verbo Encarnado.

 

b) A Igreja é uma única (unica), e aqui na terra está presente na Igreja Católica, embora fora dela sejam encontrados elementos eclesiásticos.[11]

 

Eu não creio que a declaração pudesse ser mais clara. O número oito da Lumen Gentium, de acordo com a explicação oficial, tem a intenção de ensinar que há apenas uma única Igreja de Cristo e que esta Igreja é encontrada concretamente na Igreja Católica. Cada tipo platônico de pensar está excluído. A sociedade concreta e seu elemento espiritual não são duas realidades, mas antes uma realidade complexa, a realidade espiritual sendo ela tanto revelada como ocultada pela sociedade concreta, assim como a humanidade de Cristo, tanto revelava como ocultava a divindade do Logos.

O Relatio oral sobre todo o capítulo um da Lumen Gentium traz os mesmos pontos de forma sucinta:

 

O mistério da Igreja não é uma criação idealista ou irreal, mas antes existe na própria sociedade católica concreta, sob a liderança do sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. Não há duas igrejas, mas apenas uma. … [12]

 

Em face de tais declarações inequívocas relativas a Igreja de Cristo-Igreja Católica, o que deve ser dito da substituição de “é” para ” subsiste na “? O relatio escrito dá a explicação oficial.

Certas palavras foram alteradas: no lugar de “é”, “subsiste na” é usado para que a expressão possa estar em melhor harmonia com a afirmação sobre os elementos eclesiais que estão presentes em outras partes.[13]

A razão para a mudança de “é” para “subsiste na” é, por conseguinte, precisão técnica. O Concílio não deseja parecer negar em uma frase o que seria afirmado na próxima, a saber, que os elementos eclesiais de santificação e de verdade estão presentes fora da sociedade visível da Igreja Católica. Devemos agora examinar a natureza dessa precisão técnica mais de perto. A expressão “subsiste na”, ou “subsistir” não é uma peculiaridade em nosso texto na Lumen Gentium, n. 8. Ela ocorre outras cinco vezes nos documentos finais do Concílio Vaticano II, e é interessante ver como a popular tradução de Abbott dos textos conciliares traduz essas outras aparições do termo ou suas variantes.[14]

 

1. No Decreto sobre o Ecumenismo, n. 4, encontramos a frase:

 

Essa unidade, acreditamos, habita na Igreja Católica como algo que ela nunca pode perder. . . . [15] (Em latim se lê: “Ecclesia catholica em subsistere Credimus.“)

 

2. A Declaração sobre a Liberdade Religiosa, n. 1, lê-se:

 

Primeiramente, este sagrado Concílio professa a sua convicção de que o próprio Deus deu a conhecer à humanidade a maneira pela qual os homens hão de servi-Lo e, assim, serem salvos em Cristo … Nós acreditamos que esta única verdadeira religião subsiste na Igreja Católica e Apostólica.[16]

 

3. A Declaração sobre a Relação da Igreja com as Religiões Não-cristãs, n. 13, lê-se:

 

Sobre os muçulmanos, também, a Igreja olha com estima. Eles adoram um único Deus, vivo e permanente (Lat. “Viventem et subsistentem”).[17]

 

4. Gaudium et Spes, n. 10, lê-se:

 

Qual o sentido da dor, do mal, e da morte, que, apesar do enorme progresso alcançado, continuam a existir? “(Lat.“Quinam est sensus doloris, mali, mortis quae … subsistere pergunt?”)[18]

 
O quinto exemplo deixarei para considerar mais abaixo. Olhando para os usos acima, pode-se observar que a palavra “subsistere” é traduzido por diferentes verbos como “habitar em,” “existir”, “permanecer”, bem como pelo literal “subsistir em.” Dependendo de qual tradução se escolha, obtém-se uma compreensão um pouco diferente da Lumen Gentium, n. 8. Leria-se:

 

Esta Igreja (de Cristo) … habita na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro.

 

Esta Igreja (de Cristo) … existe na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro.

 

Esta Igreja (de Cristo) … permanece na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro.

 

Esta Igreja (de Cristo) … subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro.

 

As Rejeições São Significativas

 

A pergunta é: qual das traduções melhor preserva a intenção declarada da LG, n. 8, que afirma que a Igreja de Cristo “concretamente se encontra aqui na terra na Igreja Católica”? A importância da questão é destacada quando se percebe que o Concílio, no seu Decreto sobre as Igrejas Orientais Católicas (promulgada no mesmo dia que a Lumen Gentium), não disse que o Corpo Místico de Cristo subsiste na Igreja Católica, mas, sim, que a Igreja Católica é o Corpo Místico de Cristo. Lemos em Orientalium Ecclesiarum, n. 2: “A Igreja santa e católica, que é o Corpo Místico de Cristo …”[19]

Uma resposta precisa à pergunta sobre o significado e a tradução de “subsiste na” só pode ser dada quando se examina a doutrina conciliar sobre a relação entre a Igreja Católica e os “elementos eclesiais” presentes fora de suas fronteiras visíveis, pois, pela explicação oficial, é devido a esses elementos eclesiais que o “subsiste na” foi introduzido no texto. Devemos, portanto, examinar brevemente o Decreto sobre o Ecumenismo, Unitatis redintegratio, e, particularmente, no número 3 do referido documento. Esse número diz, em parte:

 

Nesta una e única Igreja de Deus já desde os primórdios surgiram algumas cisões, … Nos séculos posteriores, porém, originaram-se dissensões mais amplas. Comunidades não pequenas separaram-se da plena comunhão da Igreja católica, algumas vezes não sem culpa dos homens dum e doutro lado. Aqueles, porém, que agora nascem em tais comunidades e são instruídos na fé de Cristo, não podem ser acusados do pecado da separação, e a Igreja católica os abraça com fraterna reverência e amor. Pois que crêem em Cristo e foram devidamente baptizados, estão numa certa comunhão, embora não perfeita, com a Igreja Católica …

Ademais, dentre os elementos ou bens com que, tomados em conjunto, a própria Igreja é edificada e vivificada, alguns e até muitos e muito importantes podem existir (no latim é possunt exstare, enão existere possunt) fora do âmbito da Igreja católica: … Tudo isso, que de Cristo provém e a Cristo conduz, pertence por direito à única Igreja de Cristo.

Disto resulta que estas Igrejas e Comunidades separadas, embora acreditemos que sofram com os defeitos citados, não foram de todo privadas de significado e importância no mistério da salvação. O Espírito de Cristo não se recusou a usá-las como meios de salvação, cuja eficácia é derivada da própria plenitude da graça e da verdade confiadas à Igreja Católica (Lat. “Quorum derivatur virtus ab ipsa plenitudine gratiae et veritatis quae Ecclesiae catholicae concredita est”).[20]

 

Antes das votações finais, esta parte inteira tinha sido objeto de muita discussão, e muitas alterações sugeridas. A maioria das sugestões foram rejeitadas pela comissão responsável pela elaboração do documento, mas as razões dadas para as rejeições são significativas para a compreensão do texto em si.

Foi sugerido, por exemplo, que à sentença “todas estes (elementos e dons) … pertencem por direito à única Igreja de Cristo” fosse adicionada a frase “e por meio dela chegam a todos aqueles que erram de boa fé.” Esta proposta foi rejeitada com o fundamento de que esses dons são derivados do próprio Cristo e que “a validade e eficácia dos diversos sacramentos e outros meios de salvação não são capazes de ser impedidos pela Igreja, uma vez que não dependem da vontade e da jurisdição da Igreja, mas da vontade salvífica de Cristo. “[21]

 

O Entendimento É Confirmado

 

Tal resposta parece indicar que as Igrejas e Comunidades separadas funcionam como meios de salvação por si ou de si mesmas, diretamente dependentes de Cristo. Tal não é o significado que, contudo, é imediatamente esclarecido por duas respostas subsequentes. É dito que

 

Sem dúvida, Deus usa as Comunidades separadas, na verdade não como separadas, mas como conformadas pelos elementos eclesiais anteriormente mencionados …[22]

 

e que

 

A necessidade de comunhão com a Igreja Católica para obter a graça de Cristo e a salvação está suficientemente indicada no contexto como um todo (do documento).[23]

 

A partir dessas respostas, encontradas nas Acta, pode-se deduzir que os elementos eclesiais e os meios de santificação, que estão presentes nas Igrejas e Comunidades separadas estão presentes lá na medida de sua união com a Igreja Católica. Esta verdade está, de fato, afirmada tanto pela Lumen Gentium e pela Unitatis Redintegratio. A Lumen Gentium, n. 8 diz que esses elementos são “dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica”. Ainda mais claramente, o Decreto sobre o Ecumenismo, n. 3. afirma que a eficácia destes elementos e meios de santificação “deriva da própria plenitude de graça e verdade confiada à Igreja Católica.” A inserção de “Católica” é o ponto esclarecedor, impedindo esforços para inventar a falsa distinção entre “Igreja de Cristo” e “Igreja Católica”. O tempo presente dos verbos em ambas as sentenças também é importante. O Concílio não está falando sobre “vestigia Ecclesiae“, “traços da Igreja” que as Igrejas e Comunidades separadas retêm e que agora as detêm como suas próprias, porque já estiveram em plena comunhão com a Igreja Católica. Pelo contrário, os elementos estão operacionais aqui e agora, porque eles pertencem por direito à Igreja e atualmente derivam sua eficácia a partir da plenitude da graça confiada à Igreja Católica. Em outras palavras, os elementos eclesiais são elementos da Igreja Católica atualmente operativas nas Igrejas e Comunidades separadas por causa de sua verdadeira, embora imperfeita, unidade com a Igreja Católica.

Este entendimento da natureza dos elementos eclesiais e sua relação com a Igreja Católica está confirmada no Decreto sobre o Ecumenismo naquele quinto uso da palavra “subsiste na” que adiamos acima mencionar. No n. 13 do Decreto, lemos:

 

(Na época da Reforma), muitas Comunhões, nacionais ou confessionais, se separaram da Sé Romana. Entre aquelas nas quais continuam parcialmente as tradições e as estruturas católicas (Lat. “in quibus traditiones et structurae catholicae ex parte subsistere pergunt”) ocupa um lugar especial a Comunhão Anglicana.

 

Assim, não só a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, mas subsistem elementos da Igreja Católica nas Igrejas e Comunidades separadas. Nessa medida, e por essa mesma razão, elas funcionam como meios de salvação, recebendo a sua eficácia a partir da plenitude de graça e da verdade na Igreja Católica. Por esta razão, parece ser verdade dizer que, se fosse possível a Igreja Católica desaparecer, os elementos católicos nas Igrejas e Comunidades separadas ficariam privados de sua eficácia, pois teriam perdido a fonte de onde atualmente os recebem. É também por essa razão, creio eu, que o Bispo Charue, ao dar o relatio para o n. 14 da Lumen Gentium, pode dizer que a Igreja Católica Romana é necessária para a salvação.[24]

 

Seguem as Conclusões

 

É verdade, de fato, que os elementos eclesiais nas Igrejas e Comunidades separadas não funcionam por causa de um ato permissivo da jurisdição da Igreja Católica. Mas isso, como regra geral, é verdade dentro dos limites visíveis da própria Igreja. Mesmo um arcebispo suspenso pode servir como um instrumento eficaz do Senhor, mas o faz – como as Igrejas e Comunidades separada – na medida em que não exista separação, mas apenas por causa da comunhão incompleta preservada com a Igreja Católica.

Qualquer estudante das obras de Santo Agostinho reconhecerá que o ensinamento do Concílio Vaticano II sobre os elementos eclesiais presentes fora dos limites visíveis da Igreja Católica, como eu acabei de tentar delineá-lo, é semelhante à posição de Agostinho sobre a questão durante a sua controvérsia com o Donatistas. Ele escreveu em seu Tratado Sobre Batismo:

 

… há uma única Igreja que por si só é chamada Católica; e o que quer que tenham de si nessas diversas comunhões separadas da unidade, é, com toda certeza em virtude dela [a Igreja Católica], e não delas por si mesmas, que tem o poder de gerar.[25]

 

Se me permitem agora sumariar as conclusões e para me aproximar a um desfecho:

 

1. O relatio oficial sobre n. 8 de Lumen Gentium declara que a intenção do parágrafo foi mostrar que a Igreja de Cristo concretamente se encontra aqui na terra, na Igreja Católica.

A resposta da Comissão a uma mudança proposta no n. 3 do Decreto sobre o Ecumenismo declara que o decreto “claramente afirma que apenas a Igreja Católica é a verdadeira Igreja de Cristo.”[26]

Os bispos votaram as versões finais da Lumen Gentium e da Unitatis Redintegratio, no contexto destas e muitas outras explicações semelhantes. E os documentos finais, independente de uma leitura arbitrária ou feita fora do contexto, testemunham uma clara afirmação de que a Igreja de Cristo e Igreja Católica não são duas realidades, mas apenas um.

 

2. Afirma-se que o próprio Senhor é o fundador dessa única Igreja.

 

3. A afirmação da Mysterium Ecclesiae que “os católicos estão obrigados a professar que pertencem, por dom misericordioso de Deus, à Igreja fundada por Jesus Cristo …” é uma reafirmação totalmente precisa e concisa da intenção e do ensinamento da Igreja no Concílio no Vaticano II.

 

4. Elementos desta única Igreja estão presentes fora de suas fronteiras visíveis e estão operantes como meios de salvação dentro das Igrejas e Comunidades separadas. Esses elementos pertencem à Igreja por direito, recebem a sua eficácia desde a Igreja Católica, e são forças que impelem à plena comunhão com a Igreja.

 

5. A presença destes elementos católicos fora dos limites visíveis tem ocasionado uma nova terminologia, não um fato novo uma vez que este fato já foi abordado por Agostinho. Esta terminologia fala da Igreja de Cristo como subsistindo na Igreja Católica e dos elementos desta Igreja Católica que subsistem nas Igrejas Cristãs e Comunidades separadas.

 

6. As Igrejas e Comunidades separadas, apesar da presença de elementos católicos, são estruturalmente deficiente. Esta deficiência estrutural admite graus maiores ou menores, dependendo da natureza e da extensão da sua comunhão imperfeita com a Igreja Católica. O alcance dessa comunhão imperfeita também determina sua capacidade de serem maiores ou menores as realizações parciais da única Igreja Católica.[27]

 

7. A presença de elementos católicos fora das fronteiras visíveis da Igreja não pode ser entendida de tal forma que implique em uma diminuição desses elementos dentro da própria Igreja. 

Quando um homem é ordenado bispo, o elemento da apostolicidade não tem acréscimo na Igreja. Pelo contrário, é estendida a ele uma participação no que a própria Igreja possui de forma plena. Da mesma forma, quando ele morre, a Igreja na terra não sofre um decréscimo no que tange a apostolicidade.

O mesmo com os elementos católicos nas Igrejas e Comunidades separadas. Estes elementos não são como pedaços de uma torta que foram levados a existir em outros lugares. A Igreja Católica de Cristo continua a ser plenamente uma única mesmo quando as Igrejas separadas compartilham imperfeitamente naquela unidade. A diminuição ocorre no que foi separado e na extensão desta separação. Imaginar o contrário seria compreender os elementos eclesiais como material de realidades não espirituais. O número de pessoas unidas à Igreja podem aumentar ou diminuir; a unidade da própria Igreja não aumenta nem diminui. E assim com os outros elementos eclesiais.

 

Muito Mais Poderia Ser Dito

 

Uma analogia com o mistério da Eucaristia é apropriado. O número de Hóstias Consagradas em um cibório não tem nada a ver com a plenitude da presença do Senhor. Ele é tão plenamente presente em uma como Ele está em uma centena. Assim com a Igreja. Sua unidade não cresce; é estendida a outros para compartilhar.

Há muito mais que poderia e deveria ser dito. Estou ciente de que há muitas “pontas soltas”. Algo poderia ser dito sobre o que fazem algumas das Comunidades e Igrejas separadas e outras não. Algo poderia ser dito sobre a forma como os elementos eclesiais presentes nas Igrejas e Comunidades separadas manifestam-se em uma riqueza de formas e espiritualidade, que serviriam para enriquecer a própria Igreja Católica. Muito poderia ser dito sobre toda a noção da Igreja enquanto comunhão. Muito mais poderia ser dito sobre Nossa Senhora como Mãe da Unidade. Nunca seria demais repetir o papel da Eucaristia. Mas, por ora, creio que o objetivo deste artigo tenha sido alcançado. Em conformidade com os ensinamentos do Concílio Vaticano II, a Igreja de Cristo e a Igreja Católica Romana são uma e a mesma realidade complexa.

 

Reverendo James T. O’Connor é sacerdote da Arquidiocese de Nova York. Membro do corpo docente do Seminário de São José, Yonkers, Nova Iorque desde 1972, é atualmente presidente do departamento de dogma. Este é seu primeiro artigo na HPR.

  

– Veja mais em: http://www.catholicculture.org/culture/library/view.cfm?recnum=3420#sthash.7tcfFbGs.dpuf

  

© The Homiletic & Pastoral Review, Ignatius Press, 2515 McAllister St., San Francisco, CA 94118, 1-800-651-1531.

  

 



[1] Lumen Gentium, #8.

[2] Unitatis Redintegratio, #3

[3] Mysterium Ecclesiae, #l.

[4] K. Rahner, “Church, Churches and Religions,” Theological Investigations X, Herder and Herder, New York, 1973, pp. 40-41.

[5] N.T.: No texto original em latim: “… , subsistit in Ecclesia catholica, …”; na versão oficial para língua inglesa: “…, subsists in the Catholic Church, …”; na versão oficial para língua portuguesa: “, é na Igreja católica, , que se encontra,

[6] Acta Synodalia Sacrosancti Concilii Oecumenici Vaticani II, Typis Polyglotis Vaticanis, Rome, vol. I, pt. 4, p. 15.

[7] Idem., p. 122.

[8] Idem., p. 389.

[9] Idem., vol. 2, pt.1, pp. 219-220. “Docet autem Sacra Synodus et sollemniter profitetur non esse nisi unicam Jesu Christi Ecclesiam Salvator post resurrectionem suam Petro et Apostolis eorumque successoribus tradiitHaec igitur Ecclesia est Ecclesia Catholica, a Romano Pontifice et Episcopis in eius communione directa

[10] Idem., vol. 3, pt. 1, pp. 167-168. “Haec est unica Christi Ecclesia, quam in Symbolo unam, sanctam, catholicam et apostolicam profitemur, quam Salvator noster, post resurrectionem suam Petro pascendam tradidit, eique ac ceteris Apostolis diffundendam et regendam commisit, …. Haec Ecclesia, in hoc mundo ut societas constituta et ordinata, subsistit in Ecclesia catholica, a successore Petri et Episcopis in eius communione gubernata, licet extra eius compaginem elementa plura sanctificationis et veritatis inveniantur, quae ut dona Ecclesiae Christi propria, ad unitatem catholicam impellunt.”

[11] Idem., p. 176. “Ex magno numero observationum et obiectionum, quae de hac paragrapho a Patribus prolatae sunt, patet intentionem et contextum huius articuli non omnibus fuisse perspicua.

 

Intentio autem est ostendere, Ecclesiam, cuius descripta est intima et arcana natura, qua cum Christo Eiusque opere in perpetuum unitur, his in terris concrete inveniri in Ecclesia catholica. Haec autem Ecclesia empirica mysterium revelat, sed non sine umbris, donec ad plenum lumen adducatur, sicut etiam Christus Dominus per exinanitionem ad gloriam pervenit. Ita praecavetur impressio ac si descriptio, quam Concilium de Ecclesia proponit, esset mere idealistica et irrealis.

 

Ideo magis dilucida subdivisio proponitur, in qua successive agitur de sequentibus:

 

a) Mysterium Ecclesiae adest et manifestatur in concreta societate. Coetus autem visibilis et elementum spirituale non sunt duae res, sed una realitas complexa, complectens divina et humana, media salutis et fructus salutis. Quod per analogiam cum Verbo incarnato illustratur.

 

b) Ecclesia est unica, et his in terris adest in Ecclesia catholica, licet extra eam inveniantur elementa ecclesialia.”

[12] Idem., p. 180. “Mysterium Ecclesiae tamen non est figmentum idealisticum aut irreale, sed existit in ipsa societate concreta catholica, sub ductu successoris Petri et Episcoporum in eius communione. Non duae sunt ecclesiae, sed una tantum….”

[13] Idem., p. 177. “Quaedam verba mutantur: loco ‘est’ dicitur ‘subsistit in’ ut expressio melius concordet cum affirmatione de elementis ecclesialibus quae alibi adsunt.”

[14] Documents of Vatican II, Walter M. Abbott, S.J., America Press, New York.

[15] Idem., p. 348.

[16] Idem., p. 676-677.

[17] Idem., p. 663.

[18] Idem., p. 208.

[19] “Sancta et catholica Ecclesia, quae est Corpus Christi Mysticum. A tradução oficial para língua inglesa, como podemos ver no texto aqui por nós traduzido, tem maior aderência ao original em latim, do que a tradução oficial para língua portuguesa que assim registra: “A santa Igreja católica, Corpo místico de Cristo,..”

[20] As palavras sublinhadas no texto têm uma história própria. Elas não estavam presentes nem na penúltima versão do texto, nem nas emendas aceitas, que os bispos votaram capítulo por capítulo. No dia 19 de novembro de 1964, o Secretário Geral do Concílio, Péricles Felici, anunciou que, no dia seguinte, a votação do texto final como um todo teria lugar. Em preparação para essa votação, uma versão impressa do texto final foi distribuída. Incluía 19 emendas “inseridas pelo Secretariado para Unidade dos Cristãos, que deste modo aceitou de boa vontade as sugestões que tinham sido expressas de forma oficial” (Ada, vol. 3, pt. 8, p. 422). Felici, em seguida, listou as emendas. Estas correcções, de fato, haviam sido propostas pelo Papa Paulo VI e aceitas pelo Secretariado para Unidade dos Cristãos, que foi responsável pela elaboração do Decreto sobre o Ecumenismo. Elas foram aprovadas pelos bispos na votação final, realizada em 20 de novembro (cf. Idem., P. 553 e 636-637.)

 

Felici referiu-se a estas adições de última hora como clarificações”, e o que de fato eram. Elas esclarecem no próprio texto final o que de outro modo poderia ter ficado impreciso, além de uma leitura atenta das Acta.

[21] Ada, vol. 3, pt, 7, p. 33. bona enumerata ab ipso Christo in fratres separatos derivantur; validitas et efficacia plurium sacramentorum et aliorum mediorum salutis ab Ecclesia impediri nequeunt, cum non a voluntate et iurisdictione Ecclesiae, sed a voluntate salvifica Christi pendeant.”

[22] Idem., p. 35. “Deus procul dubio utitur ipsis Communitatibus seiunctis, non quidem qua seiunctis, sed qua informatis praedictis elementis ecclesialibus, ad conferendam credentibus gratiam salutarem.”

[23] Idem., p. 35. “Necessitas communionis cum Ecclesia catholica ad gratiam Christi et salutem obtinendam sufficienter indicatur in toto contextu.”

[24] Acta, vol. 3, pt. I, p. 202. Posteriormente, ele afirmou que o relatio conservou o seu valor e repetiu a observação citada (Idem, p. 467).

[25] St. Augustine, “On Baptism”, An Augustine Reader, ed. by John J. O’Meara, Doubleday, Image, Garden City, N.Y., 1973, p. 220. O tema é frequente em Agostinho. No fato de que os “elementos eclesiais” pertencem por direito à Igreja Católica, cf. In Johannem, VI, 15-16.N.T.:A passagem de Santo Agostinho, citada pelo autor do artigo, está em De Baptismo Contra Donatistas Libri Septem, Liber I, 10.14.

[26] Acta, vol. 3, pt. 7, p. 12. “Postea clare affirmatur solam Ecclesiam catholicam esse veram Ecclesiam Christi.

[27] É neste sentido que a seguinte declaração deve ser entendida. “In his coetibus unica Christi Ecclesia, quasi tamquam in Ecclesiis particularibus, quamvis imperfecte, praesens et mediantibus elementis ecclesiasticis aliquo modo actuosa est” (Acta, vol. 3, pt. 2, p. 335).

 

PARA CITAR


O’CONNOR, Pe. James. A Igreja de Cristo e a Igreja Católica. Disponível em <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/concilio-vaticano-ii/eclesiologia/848-a-igreja-de-cristo-e-a-igreja-catolica>. Desde 12/02/2016. 

 

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