Objeção: “Como pode o segundo livro de Macabeus ser inspirado se ele não inclui material original? O próprio texto afirma que é apenas um resumo de um trabalho maior não-inspirado, ‘Tudo isto, que Jasão de Cirene registrou em detalhes, em cinco volumes, vamos tentar condensar em um único livro.’”[1] |
Resposta: Qualquer pessoa que alega que a composição de uma compilação de único volume retirado de um trabalho de cinco volumes, não é uma nova composição nunca escreveu nada na vida. Em um projeto como este, o autor tem de escolher o material adequado a partir do original e editá-lo, compor um esquema abrangente, em seguida, escrever uma narrativa para juntar todas as várias peças em uma história contínua. Em outras palavras, II Macabeus é um novo trabalho que contém material retirado de outras fontes e que este novo trabalho (de edição e composição) foi realizado sob a inspiração do Espírito Santo.
O uso que II Macabeus faz de outro material abri a possibilidade de que este material possa ser inspirado? Não. Se assim fosse, teríamos também de rejeitar o Evangelho de Lucas, que também usou uma variedade de fontes. Como ele diz:
“Também a mim me pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escrevê-los a ti…” (Lucas 1, 3).
O mesmo poderia ser dito dos livros das Crônicas. Note bem que Lucas e os outros livros foram desenhando seu material de fontes não-canônicas. Mesmo alguns dos profetas eram palavra por palavra dependentes de outros profetas.[2] Certamente, se Deus pode inspirar narrativas históricas, utilizando outras fontes, porque ele não pode fazer o mesmo com os livros dos Macabeus?
Objeção: “Os livros disputados não acrescentam nada de novo ao corpo da revelação, que já não tenha sido dado nos livros não disputados”. |
Resposta: Este argumento de “não pode estar no cânon porque não acrescentam nada de novo” é perigoso. Se um descrente fosse aplicar este teste à nossa Bíblia, como seria seu cânon? Será que ele incluiria os dois livros das Crônicas? Quantos dos Evangelhos sinópticos ele rejeitaria, já que os evangelhos tem basicamente a mesma coisas em vários capítulos? Será que ele retiraria o Evangelho de Marcos já que seus elementos são tantas vezes citado nos outros três Evangelhos, e não acrescenta nada de novo?
Como argumento de “alegação de inspiração”, a repetição de certas doutrinas e temas, na verdade, faz com que os livros disputados encaixem-se melhor no corpus da Escritura do que se eles não tivessem. O Espírito Santo gosta de tocar nos mesmos pontos, mais e mais, de modo a enfatizar as coisas que podem não ter recebido atenção suficiente mencionando-se apenas uma vez. Desta forma, apesar de “nada de novo” ser adicionado ao conteúdo das Escrituras como um todo, a repetição serve para reforçar certas verdades ou avisos. Assim, neste sentido, algo novo está sendo revelado caso contrário não estaria lá.
Essa objeção é raramente colocada como um argumento sério. É realmente mais de uma pincelada mal dada ou como uma forma fazer questões laterais difíceis para desmerecer a importância destes livros. É uma forma erudita de dizer:
“Nós não precisamos analisar porque estes livros não estão em nossas Bíblias, pois eles realmente não acrescentam nada de novo. Portanto, eles não têm importância.”
A única resposta que se pode dar a tal objeção irreverente: “Se eles não têm importância e não acrescentam nada de novo ao corpo da doutrina cristã, então por que não, para o bem da paz no corpo de Cristo e da unidade entre os cristãos, não os aceitam como Escritura? Por que separar o corpo de Cristo – a sua Igreja – sobre algo que faz tão pouca diferença? Além disso, por que então Martinho Lutero, João Calvino e os outros reformadores eram contra o uso de algumas de suas passagens nos livros disputa para provar doutrina? Eles acreditavam que esses livros continham algo de novo. Não teria por que repudiar livros que contém as mesmas coisas que o resto das escrituras.
Este argumento chega ao cúmulo do absurdo quando é emparelhado com a objeção aos supostos “erros teológicos” dos livros. Se os livros disputados “não acrescentar nada de novo” às Escrituras e estes livros contêm erros, então a Escritura também contém erros, uma vez que esses mesmos erros devem estar presentes em outros lugares na Escritura já que tudo que está nos deuterocanônicos, está nos outros livros. Ou um ou outro argumento deve ser verdade. Ambos se excluem mutuamente.