“… A sé apostólica, está, por ordem de Deus, estabelecida sobre todas as Igrejas…” (Gregório Magno Livro III, Carta XXX ao Sub-diácono João)
INTRODUÇÃO
É freqüentemente citado por protestantes incautos e cismáticos orientais que São Gregório Magno I, Bispo de Roma entre os séculos VI e VII expressamente repudiou o título de Bispo Universal dado aos Bispos de Roma pelo concílio de Calcedônia. Para responder a isto, este estudo foi feito com base em diversos escritos de são Gregório. As passagens são muitas e por vezes extensas, mas o leitor que desejar conhecer a verdade (tanto protestante quanto católico) como ela realmente é, não pode deixar de lê-las, para que assim ela venha à tona. Procuramos condensar o maior número de provas, nos escritos de Gregório, nas obras de historiadores, e nas atas dos concílios. Todas as referências que se podem encontrar na internet estarão linkadas, para que o leitor que deseje pesquisar mais a fundo, possa o fazer nas fontes primárias.
O trecho de confusão está presente em seu livro V na carta XX onde diz:
“Mas uma vez que não é a minha causa, mas a de Deus, uma vez que as leis piedosas, uma vez que os veneráveis sínodos, uma vez que os próprios mandamentos de nosso Senhor Jesus Cristo são transtornados pela invenção de uma certa orgulhosa e pomposa frase, que seja o piedosíssimo senhor a cortar o lugar da chaga, e prenda o paciente remisso nas cadeias da augusta autoridade. Pois ao atar estas coisas justamente alivias a república; e, enquanto cortas estas coisas, provês o alargamento do teu reinado.
Pois a todos os que conhecem o Evangelho lhes é evidente que pela voz do Senhor o cuidado de toda a Igreja foi confiado ao santo Apóstolo e Príncipe de todos os Apóstolos, Pedro. Pois a ele se diz, «Pedro, amas-me? Apascenta as minhas ovelhas». A ele é dito, «Eis que Satanás desejou peneirar-vos como trigo; e eu orei por ti, Pedro, para que a tua fé não desfaleça. E tu, quando te converteres, fortalece os teus irmãos». A ele se diz, «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. E eu te darei as chaves do reino do céu; e o que ligares na terra será também ligado no céu; e o que desligares na terra, será desligado também no céu». Eis que ele recebeu as chaves do reino celestial, e lhe é dado poder para ligar e desligar, lhe é confiado o cuidado e a principalidade de toda a Igreja, e ainda assim ele não é chamado o Apóstolo universal; enquanto o santíssimo homem, o meu companheiro sacerdote João, pretende ser chamado bispo universal. Estou forçado a gritar e dizer Oh tempos, oh costumes!
Eis que todas as coisas nas regiões da Europa são entregues ao poder dos bárbaros, as cidades são destruídas, os campos arrasados, as províncias despovoadas, nenhum lavrador habita a terra, os adoradores de ídolos prevalecem e dominam para a matança dos fiéis, e ainda assim sacerdotes, que deveriam chorar jazendo no chão e em cinzas, buscam para si nomes de vanglória, e se gloriam em títulos novos e profanos.
Defendo eu a minha própria causa neste assunto, piedosíssimo senhor? Ressinto que se me tenha feito mal a mim especialmente? Não, a causa de Deus Onipotente, a causa da Igreja universal. Quem é este que, contra as ordenanças evangélicas, contra os decretos dos cânones, ousa usurpar para si um novo nome? O teria se realmente por si mesmo fosse, se pudesse ser sem nenhuma diminuição dos outros – ele que cobiça ser universal.
E certamente sabemos que muitos sacerdotes da Igreja de Constantinopla caíram na voragem da heresia … Se então qualquer um nessa Igreja toma para si esse nome, pelo qual se faz a cabeça de todo o bem, segue-se que a Igreja universal cai do seu pedestal (o que não permita Deus) quando aquele que é chamado universal cai. Mas longe dos corações cristãos esteja esse nome de blasfêmia, no qual é tirada a honra de todos os sacerdotes, no momento em que é loucamente arrogado para si por um (só). Certamente, em honra de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, foi oferecido pelo venerável sínodo de Calcedônia ao romano pontífice. Mas nenhum deles jamais consentiu usar este nome de singularidade, para que, por algo que se dá peculiarmente a um, os sacerdotes em geral não sejam privados da honra que lhes é devida. Como é que então nós não buscamos a glória deste título mesmo quando é oferecido, e outro ousa arrebatá-lo para si próprio embora não se lhe ofereça?“ (Livro V,Epístola XX a Maurício Augusto)
O principal problema para protestantes mal intencionados e cismáticos orientais oportunistas, é a frase:
“Mas longe dos corações cristãos esteja esse nome de blasfêmia, no qual é tirada a honra de todos os sacerdotes, no momento em que é loucamente arrogado para si por um (só).”
Segundo eles aqui são Gregório estaria repudiando o título e dizendo que nenhum cristão pode usá-lo, o que parece muito estranho já que ele mesmo diz na continuação da frase:
“Certamente, em honra de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, foi oferecido pelo venerável sínodo de Calcedônia ao romano pontífice.”
Será que São Gregório estaria dizendo que o Venerável concílio de Calcedônia deu um nome de blasfêmia ao bispo Romano? Na mente dos oportunistas sim! Explicaremos a frase mais adiante.
A controvérsia surgiu por que são Gregório Magno explica que o patriarca de Constantinopla (João) havia outorgado para si o título de bispo universal, que o Papa havia se recusado a usar, mesmo reconhecendo que tinha o direito de usá-lo, pois ele mesmo diz que o Concílio Ecumênico de Calcedônia havia dado aos bispos de Roma em honra ao apóstolo Pedro. É por isso que o papa diz que qualquer um dessa Sé (Constantinopla) que por usurpação se apodere desse título, sem lhe ser dado, é precursor do anticristo no livro VII na Carta 33 a Maurício Augusto, e explica por que repudiava a atitude de João e diz:
“Agora eu digo com confiança que todo aquele que chama a si mesmo, ou deseja ser chamado, Sacerdote Universal, é em sua exaltação o precursor do Anticristo, porque ele orgulhosamente se coloca acima de todos. É pelo orgulho ele é levado ao erro, pois, como perverso que se deseja aparecer acima de todos os homens, por isso todo aquele que ambiciona ser chamado único sacerdote, exalta-se acima de todos os outros sacerdotes.” (Livro VII, Carta 33, a Mauricio Augusto).
Aqui São Gregório deixa clara a razão pela qual não preferia não ser chamado de Bispo universal, pois não era por que este título era mal em si mesmo, mas preferia no sentido que significaria que todos os outros bispos não são realmente bispos, mas meros agentes de um Bispo único, um conceito que é totalmente contrário ao ensinamento católico que sustenta que todos os bispos são verdadeiros sucessores dos Apóstolos. E na ocasião, durante o pontificado de Gregório, João um Patriarca de Constantinopla estava querendo outorgar para si este poder de único, ser chamado de único sacerdote e se exaltar a cima de todos os outros.
Perceba o Leitor que ele diz o motivo “todo aquele que ambiciona ser chamado único sacerdote”, ou seja, o título de Universal, outorgado por João, estava ligado a ele ser o único sacerdote, privando os outros sacerdotes do sacerdócio, o que é totalmente contrário ao sentido do título de “bispo universal”, usados pelos bispos de Roma, que foi dado pelo Concílio de Calcedônia.
A DEFINIÇÃO DE GREGÓRIO ESTÁ PLENAMENTE DE ACORDO COM A DOUTRINA CATÓLICA
O Concílio Vaticano I em 1870, define justamente o mesmo que São Gregório(cap.III):
“Este poder do Sumo Pontífice em nadaderroga opoder ordinário imediato de jurisdição episcopal, em virtude da qualosbispos,nomeados peloEspírito Santo[Atos 20, 28], sucederam ao lugardos Apóstoloscomo verdadeirospastores, para alimentar e governaros seus vários rebanhos, cada um como lhe foi atribuído: que o poder é mantido, confirmado e defendido pelo pastor supremo” (Enchir., n 1828.).
Ou seja, o título de “Sumo Pontífice”, “bispo universal”, “sacerdote universal” que os bispos de Roma utilizam, de maneira nenhuma priva a autoridade instituída por Jesus aos sucessores dos outros apóstolos, logo todos os discursos de Gregório I, estão plenamente de acordo com a doutrina católica. Gregório não repudiou o título e sim a aplicação dele no sentido que priva a autoridade instituída nos outros sacerdotes.
O nome de Blasfêmia
A frase que gera toda a confusão é:
“Mas longe dos corações cristãos esteja esse nome de blasfêmia, no qual é tirada a honra de todos os sacerdotes, no momento em que é loucamente arrogado para si por um (só).”
Sobre esta frase os oportunistas, principalmente protestantes, fazem um circo completo sobre algo que seria simples de se entender, por vezes até mesmo adulteram a frase para dar um tom mais agressivo como no caso da frase que roda a internet:
“Aquele que quer fazer-se chamar pontífice universal torna-se pelo seu orgulho o precursor do anticristo; nenhum cristão deve tomar este nome de blasfémia” (Greg. Ep. Liv. VI, 80: citado por Puaux em Anatomia del papismo, Firenze 1872, pag. 65)
Veja que alguém fez uma montagem da frase fazendo a citação errada e interpolando discursos de são Gregório para dar um tom de repúdio de são Gregório ao título. Vejamos então o que realmente Gregório quis dizer com a frase verdadeira baseado em seus próprios escritos:
“Mas longe dos corações cristãos esteja esse nome de blasfêmia”
Ou seja, longe de alguém querer outorgar para si mesmo, o título de universal sem ser lhe dado, e privando os outros sacerdotes da honra que lhes é devida, o que torna o título um nome de blasfêmia, não em seu próprio sentido, mas quando se aplica em querer tirar dos outros sacerdotes a honra e como ele diz:
“no qual é tirada a honra de todos os sacerdotes, no momento em que é loucamente arrogado para si por um (só).”
Ou seja o nome se trona blasfemo quando tira a honra dos sacerdotes e quando é loucamente outorgado para quem não se deve usar, e a quem não foi dado como ele diz:
“Como é que então nós não buscamos a glória deste título mesmo quando é oferecido, e outro ousa arrebatá-lo para si próprio embora não se lhe ofereça?”
Portanto fica claro que Gregório Magno nunca rejeitou o título de bispo universal, e sim o uso no sentido da privação dos outros sacerdotes. A seguir veremos provas claras de como Gregório se colocava como bispo universal.
O CONCÍLIO DE CALCEDÔNIA DÁ O TÍTULO DE BISPO UNIVERSAL AO PATRIARCA DE ROMA.
Segundo as palavras de são Gregório Magno, o título de Bispo Universal, foi dado ao bispo de Roma, em virtude da honra do Santo Apóstolo Pedro, pelo concílio de Calcedônia:
“Certamente, em honra de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, foi oferecido pelo venerável sínodo de Calcedônia ao romano pontífice.” (Livro V,Epístola XX a Maurício Augusto).
Foi Concílio de Calcedônia que deu o título ao Bispo de Roma e não eles que abraçaram isso posteriormente. Constatamos então que antes mesmo de São Gregório os Bispos de Roma já eram chamados de universais, titulo que foi dado pelo concílio, como então são Gregório iria rejeitar uma definição conciliar?
E neste concílio, o que não faltam são provas de que o bispo de Roma é universal e tem a primazia sobre todos os outros bispos.
“Está é a fé dos Padres! Está é a fé dos apóstolos! Devemos crê-la! Seja anátema quem não crê! Pedro nos fala por meio de Leão… está é a verdadeira fé!” (Concilio de Calcedônia, Atas do Concilio, Sessão 2)
“Por que o Santíssimo e bem aventurado Leão, Arcebispo da grande e Antiga Roma, através de nós, e através deste presente Sacrossanto Sínodo, junto com os três vezes bem aventurado e glorioso Pedro, o Apóstolo que é a Rocha e fundação da Igreja Católica, e a fundação da fé ortodoxa… ”. (Concilio de Calcedônia, Atas do Concilio, Sessão 3)
Da mesma forma, ao concluir o seu Sínodo, os padres conciliares escreveram ao Papa Leão, dizendo:
“Você está definido como um intérprete para toda a voz de Pedro, e tudo o que você transmitir das bênçãos da fé.” (Calcedônia ao Papa Leão, Ep 98)
“Pois, se onde estiverem dois ou três reunidos em Seu nome, Ele disse que ali Ele está no meio deles, nào foi diferente com os 520 sacerdotes, que preferiam a disseminação de conhecimento sobre Deus […] De quem você é Chefe, como Cabeça para os membros, mostrando a sua boa vontade.” (Calcedônia ao Papa Leão – Repletum est Gaudio)
“Além de tudo isso, ele (Dióscoro) estendeu sua fúria contra ele mesmo que tinha sido carregado com a custódia da videira pelo Salvador. Referimo-nos a Vossa Santidade.” (Calcedônia ao Papa Leão, Ep 98)
“Você muitas vezes estendeu o seu brilho Apostólico até à Igreja de Constantinopla.” (Calcedônia ao Papa Leão, Ep 98)
“Sabendo que todo o sucesso das crianças repercuti aos pais, nós portanto, pedimos a ti honrar a nossa decisão por seu consentimento, e como nós concordamos com a Cabeça em coisas nobres, por isso pode o Chefe também cumprir o que é apropriado para as crianças.” (Calcedônia ao Papa Leão, Ep 98)
SÃO GREGÓRIO SE COLOCA COMO BISPO UNIVERSAL
Apesar de rejeitar o título de Bispo Universal por sua humildade e em virtude de não rebaixar a autoridade apostólica de todos os outros bispos, são Gregório Magno, se colocava como superior a todos os outros bispos e inclusive sujeitava todas as outras Igrejas à Igreja de Roma, como veremos a seguir em seus próprios escritos.
Coloca Constantinopla abaixo de Roma
“ Pois, assim como o que eles dizem sobre a Igreja de Constantinopla, quem pode duvidar que ela esteja sujeita à Sé Apostólica, como ambos o mais piedoso Senhor o imperador e nosso irmão, o bispo daquela cidade continuamente reconhecida? No entanto, se esta ou qualquer outra Igreja algo de bom, eu estou preparado a imitar o que é bom, mesmo de meus inferiores, e proibindo-os de coisas ilícitas. Pois ele é um tolo que se acha primeiro de tal forma a desprezara aprender o que quaisquer coisas boas que ele possa ver.” (Livro IX, Carta 12 a João, Bispo de Syracuse)
O Papa não teria agido de forma diferente se não tivesse convencido de sua primazia jurisdicional até mesmo sobre o patriarca de Constantinopla. Esta declaração é a mais explícita, a ponto de afirmar que ninguém duvida de que a Igreja de Constantinopla está sob sujeição à Sé Apostólica.
Diz que todas as Igrejas estão abaixo de Roma
“… A sé apostólica, está, por ordem de Deus, estabelecida sobre todas as Igrejas…” (São Gregório Magno Livro III, Carta XXX ao Sub-diácono João)
Todas as Igrejas estão por ordem de Deus estabelecidas de baixo da sé apostólica, ou seja, Roma.
Mostra que o bispo de Roma tem autoridade para anular concilios:
“Agora já há oito anos, no tempo de meu predecessor de santa memória, Pelágio, nosso irmão e companheiro, o bispo João, na cidade de Constantinopla, (…) convocou um sínodo no qual tentou se proclamar Bispo Universal. Assim que meu predecessor soube, enviou cartas anulando pela autoridade do Santo Apóstolo Pedro os atos do referido sínodo; cartas as quais eu cuidei e mandei cópias para Sua Santidade.” (Livro V Epístola XLIII, aos bispos Eulogius e Anastasius)
Ou seja, o título de Bispo universal era reclamado por outro, João Bispo em Constantinopla, que outorgou para si este título através de um sínodo, porém o Bispo de Roma imediatamente cancelou este, pela sua autoridade universal, logo todos acataram a decisão, se ele não fosse universal como é que poderia anular algo em outro patriarcado que não era jurisdição dele?
Enquanto João, que não tinha nenhuma autoridade, nem competência para ser chamado de Bispo Universal, se auto proclamava “Patriarca Ecumênico” e “Bispo Universal”, São Gregório que tinha verdadeiro direito se humilhou e se auto proclamou “Servus Servorum Dei” ou seja “Servo dos Servos de Deus” e até hoje este mesmo título, por ele criado, é usado pelos Papas.
Pedro foi eleito o chefe de toda a Igreja
São Gregório se “opunha” ao titulo justamente para aqueles que não o mereciam, pois não eram bispos de Roma, portanto só ao bispo de Roma compete esta autoridade. Ele era ciente e exercia seu papel de Bispo Universal, apenas não se exaltava por isso, mas tinha a plena consciência que era sucessor de Pedro e chefe da Igreja:
“Para todos os que conhecem o Evangelho, está claro que pelas palavras de Nosso Senhor o dever de cuidar de toda a Igreja foi confiado ao Bendito Pedro, o Príncipe dos Apóstolos (…) Ora, ele recebeu as chaves do reino dos céus, o poder de ligar e desligar foi dado a ele e o governo e principado de toda a igreja foram confiados a ele (…).” (Epístola 5, 37 a Mauricio Augusto)
Interessante notar que São Gregório escreveu que Pedro era o Chefe da Igreja, a Cabeça dos Apóstolos, então segundo a lógica dos heresiarcas, São Gregório estaria Chamando Pedro de precursor do Anticristo, ou que carregava um nome de blasfêmia.
“Quem pode ignorar o feito de que a Santa Igreja é estabelecida na solidez do príncipe dos apóstolos, cuja a firmeza do caráter se estendeu ao seu nome tal que deveria ser chamado Pedro, então ‘Rocha’, quando a voz da verdade disse: ‘Eu te darei as chaves do reino dos céus’. Para ele ainda e dito: ‘quando voltares seja o apoio para teus irmãos’”(São Gregório Magno Carta XL)
HISTORIADORES RECONHECEM QUE GREGÓRIO COLOCAVA-SE COMO BISPO UNIVERSAL
Homes Dudden (A maior autoridade no meio protestante sobre a vida de São Gregório Magno):
“Em suas relações com as Igrejas do Ocidente, Gregório agiu sempre no pressuposto de que todos estavam sujeitos à jurisdição da Sé Romana. Dos direitos invocados ou exercidos por seus antecessores, ele não iria diminuir um til; pelo contrário, ele fez tudo em seu poder para manter, reforçar e estender o que ele considerava como as justas prerrogativas do papado. É verdade que ele respeitava os privilégios dos metropolitas ocidentais, e desaprovou interferências desnecessárias no âmbito da sua jurisdição canonicamente exercida... Mas do seu princípio geral não pode haver qualquer dúvida.” (Homes Dudden, Gregory The Great His Place In History And Thought, pg. 475).
Por que será que o protestante Homes Dudden que fez uma obra completa sobre a vida de São Gregório Magno, não percebeu que ele rejeitou o primado romano? Simplesmente por que não há absolutamente nada em seus escritos que neguem o primado, muito pelo contrário.
Jaroslav Pelikan (Historiador luterano)
“As igrejas da Grécia Oriental, também, juraram uma aliança especial a Roma (…) Uma Sé após outra capitulou nessa ou naquela controvérsia com a heresia. Constantinopla deu lugar a vários hereges durante o quarto e quinto séculos, destacadamente Nestório e Macedônio, e as outras Sés também ficaram conhecidas por se afastarem da fé verdadeira ocasionalmente. Mas Roma tinha posição especial. O bispo de Roma tinha o direito por sua própria autoridade de anular os atos de um sínodo. De fato, quando se falava de um concílio para sanar controvérsias, Gregório estabeleceu o princípio no qual “sem a autoridade e o consentimento da Sé Apostólica, nenhum dos assuntos definidos [por um concílio] tem qualquer poder de obrigar” (The Emergence of the Catholic Tradition (100-600), Univ. of Chicago Press, 1971, 354; cita a Epístola 9.156 de Gregório).
Diante deste testemunho deste autor protestante, é possível pensar que Gregório não se colocava como bispo universal?
J.N.D Kelly (Um dos maiores patrologistas protestantes)
“… foi incansávelna defesa doprimado romano, e conseguiu manter com sucesso a competência jurisdicional de Roma, no oriente ….Gregório argumentou que a missão de São Pedro [por exemplo, em Mateus 16:18f] fez todas as igrejas,incluindo Constantinopla, sujeitas a Roma” (The Oxford Dictionary ofPopes, página 67).
É interessante notar como estes 3 renomados autores protestantes, que não tinha nenhum interesse em afirmar o primado romano, não perceberam que são Gregório Magno rejeitava o primado romano, e ao contrário de polemistas, afirmaram que seu princípio era de que Roma estava posta acima de todas as outras Igrejas.
CONCLUSÃO
Em suma, se Gregório Magno acredita que o sé apostólica é a cabeça de todas as Igrejas (Ep. 13,1), que os concílios não têm autoridade ou poder sem o consentimento da Sé Apostólica (Ep 9,156), como o Papa sucessor de Pedro chefe dos apóstolos tem um direito divino do primado (Ep 3,30) devemos pensar que ele rejeitava ser o bispo universal da Igreja?
Infelizmente apesar destas definições, também os católicos cismáticos do oriente ainda assim rejeitam a primazia Jurisdicional Romana. Os protestantes nem crêem nas definições conciliares nem nas palavras de São Gregório. Para acreditarem em alguma coisa têm que falsificar textos, eles mesmo se enganam e se cegam em prol da destruição da verdadeira fé!
PARA CITAR
RODRIGUES, Rafael. Apologistas Católicos: São Gregório condenou o título de Bispo Universal?. Disponível em: <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/478-sao-gregorio-condenou-titulo-de-bispo-universal>. Reeditado em 16/11/2011.