Sábado, Dezembro 21, 2024

São Cipriano pensava como um protestante?

 

INTRODUÇÃO

Recentemente tive a oportunidade de debater com um amigo protestante (batista) que me afirmou que vários Padres da Igreja, entre eles São Cipriano, possuíam “atitudes protestantes”. Alegou que em seus escritos dar poder a todos os bispos por Igual e não havia provas de que ele considerava o bispo de Roma uma autoridade superior ao resto dos bispos.

 

QUEM FOI SÃO CIPRIANO

Nosso Santo foi um importante teólogo africano nascido até o ano 200 d.C. Eleito Bispo de Catargo em 248, e martirizado em 258. Dele se conservam uma grade variedade de escritos (uma dezena de opúsculos e 81 cartas). Sobre sua vida se conserva Vita Cypriani (Um conjunto de manuscritos atribuídos a seus diácono Poncio) e sobre seu martírio se conservam as Acta proconsularia Cypriani, baseada em documentos oficiais. Na antiguidade Cristã e em sua idade média foi um dos autores mais populares e seus escritos se conservaram em um grande número de manuscritos.

Durante sua vida enfrentou dois grandes conflitos. Um, sobre a atitude a tomar com aqueles que em tempos de perseguição concordaram em sacrificar aos ídolos, e solicitavam aos confessores (aqueles que se mantiveram firmes à custa de torturas e tormentos) certificados declarando que se fizeram participantes de seus méritos. Manteve firmemente que um pecado grave  exigia uma penitência e que os tais certificados não poderiam conferir a absolvição automática, se não pela bsolvição que tinha que ser concedida pela Igreja através de seus ministros, após o arrependimento garantido por uma satisfação congruente.

O segundo problema que enfrentou o santo era sobre o batismo dos hereges. Ele não reconhecia o batismo dos hereges como válido enquanto o Papa Estevão aceitava. A controvérsia se agravou quando são Cipriano não queria ceder (aqui os protestantes afirmam que se reconhecesse o primado do Bispo de Roma havia cedido imediatamente). Em seguida, começou a perseguição de Valeriano que causou o martírio de ambos. No final da posição do Papa prevaleceu.

 

QUAL IMPORTÂNCIA TEM OS ESCRITOS DE SÃO CIPRIANO?

Os escritos de São Cipriano (e o resto dos pais da igreja) são muito importantes, não só para os alunos da patrística e patrologia, mas para qualquer cristão, permitindo a compreensão profunda do pensamento da Igreja primitiva e sua forma de interpretar as Escrituras.

Apesar disso, a partir da rejeição da Sagrada Tradição pelos protestantes na época da “Reforma”, estes são principalmente agrupados em dois grandes grupos. Uns que reconhecer que os escritos patrísticos são recomendados para a doutrina cristã não como fonte de dogma, mas para a construção e cultura geral, e outros (os fundamentalistas extremistas), que levam a máxima a doutrina da Sola Scriptura, e os sem mais ou mas, como escritos de “homens” com pouco ou nenhum valor, mostrando na maioria dos casos, a ignorância da vida e da história da Igreja em seus primeiros séculos

No entanto, algo que ambos os grupos compartilham em comum, é que eles nunca, ou quase nunca, citam os pais, exceto quando pensam que o que eles dizem pode ser “água para seus próprios moinhos”. Essa é a oportunidade para estudar os escritos do santo, não só em termos dos pontos em que os protestantes muitas vezes o citam, mas como um todo, a fim de fazer uma comparação justa e não fora do contexto do seu pensamento.

 

SÃO CIPRIANO E O PRIMADO DE PEDRO

O santo trata este assunto no tratado De Ecclesiae unitate (A unidade da Igreja), a qual dirige aos confessores romanos quando se opunham junto com Novaciano contra o Papa Cornélio.

“O Senhor disse a Pedro: ‘Digo-te (disse Ele) que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela.’ E, embora a todos os apóstolos conferido o poder mesmo após ressurreição diz: ‘Como o Pai me enviou, eu também vos envio. Recebei o Espírito Santo. “Se a alguém perdoar-lhe os pecados serão perdoados; se a alguém retiveres serão retidos”, no entanto, para mostrar a unidade estabeleceu uma cátedra, e com a autoridade determinou que a origem desta unidade empeza-se por um. É verdade, que o mesmo que Pedro, eram os outros Apóstolos, adornados com a mesma proporção de honra, e poder, mas o princípio é derivado da unidade. A Pedro foi dada a primazia, para manifestar que a Igreja é uma em Cristo... Aquele que não tem esta unidade da Igreja, crêr ter fé?… Quem se opõe e resiste à Igreja tenha confiança de estar dentro da Igreja? […] O episcopado é um só, que é parcialmente propriedade por cada[…] A Igreja também é uma, que estende a sua fertilidade prodigiosa no meio da multidão, a maneira que muitos raios do sol, e um só sol, e muitos ramos de uma árvore, mas um só troco é fundado na firme raiz, e quando vários córregos vêm da mesma fonte, embora seu número aumente com a abundância de água, preserva a unidade de sua origem.”(De Ecclsiae unitate 4, 5). [1]

Este texto é muito revelador, começa citando Mateus 16, 18 e ai afirma que a todos os apóstolos confere igual poder, logo depois agrega um “contudo” que para manter a unidade estabeleceu, o senhor, com sua autoridade uma cátedra em Pedro a quem deu o primado.

Agora, é difícil ver onde no texto coincide com alguma doutrina protestante que difere da doutrina católica. Em primeiro lugar ele reconhece como a santa Igreja é governada por bispos, um dos quais tem a primazia, o que implica um reconhecimento explícito da doutrina da sucessão apostólica, o que eles rejeitam. Em seguida, condena aqueles que se apartam da unidade da Igreja Católica para fundar suas próprias denominações, não é exatamente o que os protestantes têm feito desde Lutero? Estabelece claramente que fora da Igreja não há salvação e que “Ninguém pode ter Deus como Pai se não tem a Igreja como Mãe”. Para São Cipriano, o mártir não pode se desviar a unidade da Igreja, porque o sangue não pode apagar a mancha de heresia e cisma.

Nos Escritos de São Cipriano se pode encontrar evidências adicionais da autoridade do bispo de Roma sobre a Igreja. A primeira, temos quando se instala a perseguição de Décio (250). São Cipriano estava escondido, mas enviou uma carta à Igreja de Roma explicando as razões que o motivou a fugir:

Senti a necessidade de escrever esta carta para dar conta da minha conduta, minha linha de disciplina e de meu ciúme… Mas, ainda que ausente no corpo, tenho estado presente em espírito …” (Cipriano, Epístola 20)

É claro que nesse reconhecia a Igreja de Roma a autoridade a quem teria que dar conta, caso contrário, uma carta justificando sua conduta a Roma teria sido desnecessária.

Outra evidência é encontrada em sua Epístola 59. Nela de vê como uns hereges em conflito com São Cipriano recorrem a Igreja de Roma através de cartas ao Papa para atuar em seu favor. Embora são Cipriano não tenha gostado desta atitude, porque, em sua opinião, devem defender a sua posição diante do seu próprio bispo, isso mostra que mesmo entre os cismáticos havia o reconhecimento de que a autoridade da Igreja de Roma era superior ao o resto, e, consequentemente, de apelaram a ela. Também é notável como epístola de São Cipriano refere-se à Igreja de Roma como a “Cátedra de Pedro” e a igreja principal, que surgiu a unidade do sacerdócio: “ad ecclesiam principalem unde unitas sacerdotalis exorta est”.

Epístola 59, 14. Sobre a Legitimidade da Apelação a Roma

Post ista adhuc pseudoepiscopo sibi ab haereticis constituto nauigare audent, et ad Petri Cathedram adque ad ecclesiam principalem unde unitas sacerdotalis exorta est ab schismaticis et profanis litteras ferre, nec cogitare eos esse Romanos, quorum fides Apostolo praedicante laudata est, ad quos perfidia habere non possit accessum

Com um bispo falso apontado para si, hereges, eles se atrevem sequer a navegar e realizar cartas de cismáticos e blasfemos para a cátedra de Pedro e à Igreja principal, em que a unidade sacerdotal tem a sua fonte; eles nem pensaram que estes são romanos, cuja fé foi elogiada na pregação pelo Apóstolo, e entre os quais não é possível a perfídia de ter entrada. (Cipriano, Carta 59 (54), 14)

Na carta 67 ocorre algo similar, Cipriano denuncia Basilides, depois de ter se confessado culpado foi a distante Roma para apelar para a autoridade de Estevão (Bispo de Roma) e enganá-lo para que restaura-se o bispado. Mais uma vez, se todos os bispos têm autoridade igual, não há sentido este tipo de apelos para o bispo de Roma, e não seria possível que ele pudesse restaurar bispos ao seu ministério contrariando o conjunto de bispos que depuseram. Mas isso não é novidade, desde o primeiro século há evidência inicial de como o bispo de Roma disciplinou e ditou sentenças em comunidades em conflito (como no caso de dissensão em Corinto que cedeu à autoridade de São Clemente de Roma)

Por que razão você deve diligentemente observar e manter a prática derivada a partir de tradição divina e a observância apostólica, que também é mantida entre nós, e quase todas as províncias; que para a condigna celebração de ordenações todos os bispos da mesma província vizinha deve, se reunir com essas pessoas para um prelado seja ordenado. E o bispo deve ser escolhido na presença das pessoas, que conheceram mais plenamente a vida de cada um, e viram as ações de cada um no que concerne a sua conduta habitual. E isso também, nós vemos, foi feito por você na ordenação de Sabino nosso colega; para que, pelo sufrágio de toda a fraternidade, e pela sentença dos bispos que haviam se reunido em sua presença, e que tinham escrito cartas para você a respeito dele, o episcopado lhe foi conferido, e as mãos foram impostas sobre ele no lugar de Basilides. Nem pode rescindir uma ordenação Justamente aperfeiçoada, que Basilides, após a detecção de seus crimes, e descoberta de sua consciência, mesmo por sua própria confissão, foi para Roma e enganou Estevão colega nosso, colocando-o distante e ignorante do que tinha feito, e da verdade, para convencer que ele poderia ser substituído injustamente durante o episcopado de que ele tinha sido justamente deposto.O resultado disso é que os pecados de Basilides não estão nem desfeitos nem reparados, na medida em que seus antigos pecados ele também acrescentou o crime de fraude e evasão.”. (Cipriano Epístola 67, 5)

 

SÃO CIPRIANO, A SALVAÇÃO, A FÉ E AS OBRAS.

Queria por acaso ver um protestante citando São Cipriano, a este respeito, e é que até o menos objetivos delesteria que reconhecer que o próprio Lutero tinha sofrido um ataque cardíaco, antes de reconhecer o que São Cipriano ensina em De Opere et eleemosynis (As boas obras e esmolas). Ele ensina que, assim como eles foram redimidos do pecado pelo sangue de Cristo, e também a misericórdia divina lhes proporciona um meio para assegurar a salvação pela segunda vez, se a fraqueza e fragilidade humana tivessem arrastaram para o pecado depois do batismo (Não verão São Cipriano ensinando o grito protestante “Uma vez salvo, salvo para sempre”). Diz o santo:

Como acontece com a lavagem da água salvífica o fogo do inferno é extinto, assim a chama também é subjugada, pelas esmolas e boas obras. Por que o batismo concede a remissão dos pecados de uma vez para sempre, o exercício constante e incessante das boas obras, como o batismo, dá de volta a misericórdia de Deus…; os que depois da graça do batismo se desviaram, podem ser limpos de novo”.

 

SÃO CIPRIANO, A EUCARISTÍA E A PENITÊNCIA.

A posição de São Cipriano a respeito da Eucaristia é outro ponto onde os protestantes não mencionam nem por engano. Acontece que os textos eucarísticos de são Cipriano abundam em indicações específicas, ricas em significado e doutrina, e são absolutamente contra a tendência entre a maioria protestante sobre este ponto. Para eles, a Eucaristia não tem caráter de sacrifício, e o pão e  o vinho não tornam-se corpo e sangue do Senhor, mas são simplesmente símbolos. Para São Cipriano (como a Igreja Católica) o caráter sacrificial é indiscutível, na Eucaristia (que também é chamado de o Santo “pão da vida” e “corpo de Cristo”) se apresenta ao Pai o sacrifício perfeito (Malaquias 1, 11) de seu Filho. Testemunha também a celebração diária da mesma.

Os textos sagrados também são valiosas fontes de informação sobre a disciplina penitencial da Igreja, é necessário para ele, que o pecador confesse seus pecados na igreja e seja absolvido pela imposição das mãos do bispo e do clero. É essencial fazer isso antes de receber a Eucaristia, para não profanar o corpo do Senhor. (Confirmando o que já sabíamos de outros escritos patrísticos como a Didaqué, e Orígenes).

Para Cipriano a Santa Eucaristia se celebrada no altar, (curiosamente os protestantes também  rejeitam) e não podem consagrar os hereges.

É relevado também por São Cipriano o costume comum das orações Eucaristias e oferta para o repouso eterno dos mortos. Parece que não estamos lendo os escritos de literatura cristã primitiva, mas um catecismo católico atual.

“… E assim, Victor, posto contra a forma prescrita faz pouco do concílio por seus sacerdotes, se atreveu constituir ao presbitério Geminius Faustino, não é para ser feito vocês um sacrifício por sua morte ou ler qualquer oração por ele na Igreja, para que nos observemos o decreto dos sacerdotes elaborado religiosamente e por necessidade, e ao mesmo tempo dê exemplo para os outros irmãos, para que nada chamem as moléstias mundanas para os sacerdotes e ministros de Deus dedicado ao seu altar e à sua Igreja.”(Carta 1 n.2 (HARTEL: CSEL v.3 p.2 pg.463s, L. BAYARD, São Cipriano. Correspondance (Paris 1945), ML 4,399 A – B: epist. 66).

Note que aqui são Cipriano deixa implícito o costume de oferecer a eucaristia pelos defuntos. Nega-a em um caso particular em virtude da violação das decisões conciliares que atribui a Victor ao ordenar a Geminio Faustino como presbítero.

Finalmente anotai também os dias quando eles morrem, para que possamos celebrar suas comemorações entre as memórias dos mártires: por mais que Tertuliano, nosso irmão fidelíssimo e devotíssimo, com aquela sua aplicação e cuidados, que partilhara aos irmãos sem menosprezar as suas atividade, e que nem no cuidado dos cadáveres anda remisso lá, escreveu e escrevia, e deixe-me saber, entre outras coisas, os dias em que os nossos irmãos abençoados partem do cárcere para a imortalidade com o fim de uma morte gloriosa, e aqui nós celebramos oblações e sacrifícios em comemoração a eles, tais coisas que em breve comemoraremos com vocês, com a ajuda de Deus”. (Carta 12 n.2 (HARTEL, 503s, BAYARD, ML 4,328 b – 329 a: EPIST. 37))

Estes… sem levar em conta nem o temor de Deus nem a honra do bispo, posto que me havia dirigido cartas nas quais pedia que fossem examinados vossos desejos e se desse a paz a alguns caídos, quando acabada a perseguição, comecemos a nos reunir e escolher o clero; contra a lei do Evangelho e contra o seu pedido honroso, antes de ter feito penitência antes de fazer a confissão do delito grave e extremo, antes de ter sido imposta a mão em penitência pelo Bispo e o clero, ousam  oferecer e dar para eles Eucaristia, isto é, profanar o sagrado corpo do Senhor, quando está escrito,Aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e sangue do Senhor.’ (Carta 15 n.1 (HASRTEL, 513s; BAYARD; ML 4,254 A – B, epist. 10).)

“… Pois, se quando se trata de pecados menores fazem penitência os pecadores no devido tempo, e conforme foi ordenado pela disposição disciplinar vem a confissão e recebem o direito da comunhão pela imposição das mãos do bispo e do clero, agora em tempo difícil, quando ainda dura a perseguição, ainda não tendo sido restaurada a paz à Igreja, são recebidos na comunhão e se oferece ao seu nome, e mesmo sem fazer penitência ou confissão ou ter recebido a imposição das mãos pelo bispo e clero, recebem a Eucaristia, enquanto está escrito: ‘Aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e sangue do Senhor.’

3. Antes de se extinguir o medo da perseguição, antes de nosso regresso, antes quase no mesmo trânsito dos mártires, têm comunhão com os mortos, oferecem e entregam a Eucaristia.. “(Carta 16. n.2ss (HARTEL, 518ss; Bayard; ML 4,251 A – 253 B epist. 9))

Oferecemos por eles Sacrifícios, como os lembrais, sempre que na comemoração atual os dias da paixão dos mártires.” (Carta 39 n.3 (HARTEL, 583, BAYARD, ML 4,323 A: epist. 34)).

“… Em primeiro lugar, você não está apto ao martírio a quem a Igreja não armou para a luta, e dá o espírito ao que não levanta e inflama a Eucaristia recebida.” (Carta 57 n.4 (HARTEL, 651ss, BAYARD, ML 3,856 A – 858 A: epist synod. Conc. Carthag).)

“…Ameaça agora uma luta mais dura e mais feroz, a qual se deve preparar os soldados de Cristo com uma fé incorrupta e uma virtude robusta, considerando que por isso bebem todos os dias o cálice do sangue de Cristo para poder derramar seus próprios sangues por Cristo”. (Carta 58 n.1 (HARTEL, 656s, BAYARD, ML 4,350 A: epist 56).)

“… Armemos também a destra com a espada espiritual, para que rejeitem com força os funestos sacrifícios, para que se lembrem da Eucaristia, a [destra] que recebe o corpo do Senhor, se a feche, ela que em breve há de receber do Senhor o prêmio das coroas celestiais.” (Carta 58 n.9 (HARTEL, 665, BAYARD, ML 4,357 A).)

“Pois é a Eucaristia onde são ungidos os batizados, o óleo santificado no altar, mas não pude santificar a criatura do óleo quem não tem nem altar nem Igreja. Nem tampouco a unção espiritual, pois não pode haver entre os hereges, posto que entre eles é absolutamente impossível consagrar o óleo e fazer a Eucaristia.” (Carta 70 n.2 (HARTEL 768, BAYARD, ML 3,1040 A – 1041 A: epist. Synod. Conc. Carthag).)

Aqui temos a posição de São Cipriano sobre a Eucaristia, esta é uma amostra muito pequena, o leitor pode consultar o resto de suas cartas, assim como  “A Oração do Senhor” (De dominica Oratione), que afirma que o pão diário é Cristo na Eucaristia, “Cristo é o pão daqueles que tocam o seu corpo. Pedimos, portanto, que nos seja dado diariamente, para que os que vivem em Cristo e recebem a sua Eucaristia diária  para o alimento de saúde, não sejamos separados de seu corpo por algum delito grave que nos proíba o pão celeste e nos separe do corpo de Cristo.

 

SÃO CIPRIANO E O BATISMO

Para Cipriano a concepção sobre o batismo é também muito distinta da maioria dos protestantes. Para os protestantes de tendência anabatista que são na sua maioria (batistas, pentecostais e etc.) o batismo é simplesmente um símbolo de fé, não é necessário a salvação e não causa nenhuma regeneração na pessoa. (É necessário dizer que par aos luteranos a postura difere do resto do protestantismo, e também condenam o resto dos protestantes neste sentido, se pode verificar a este respeito a confissão de Augsburgo). Para os católicos diferentemente, o batismo é um sacramento, por meio do batismo se entra na Igreja e se nasce de novo. O pensamento de São Cipriano é totalmente consonante com da Igreja Católica hoje e com o resto da Igreja primitiva. Em seu tratado a Donato se refere ao batismo como o “Sacramento da regeneração” e como através dele passou da corrupção, violência e brutalidade do mundo pagão a paz e felicidade da vida cristã. Tem firme convicção de como no batismo são perdoados todos os pecados da vida passada (Estes grupos protestantes de tendência anabatista negam também que o batismo há remissão dos pecados).

Estes foram os meus pensamentos frequentes. Porque, como eu mesmo estava preso em vínculos com erros inumeráveis de minha vida anterior, da qual eu não acreditava que eu pudesse haver possibilidade ser liberto, então eu estava disposto a concordar com meus vícios; e porque não tinha esperança de coisas melhores, Eu costumava tratar meus pecados, como se fossem, na verdade, partes de mim, naturais a mim. Mas depois disso, com a ajuda da água do novo nascimento, a mancha de anos anteriores havia sido lavada, e uma luz de cima, serena e pura, tinha sido injetadas no meu coração reconciliado – depois disso, pela ação do espírito que soprou do céu, um segundo nascimento me restaurou para ser um novo homem – então, de uma forma maravilhosa, coisas duvidosas de uma vez começaram a assegura-se em mim, coisas ocultas a serem reveladas, coisas escuras para serem iluminadas…” (São Cipriano, A Donato (Ad Donatum))

 

CONCLUSÃO

Se você acha que São Cipriano era protestante então somente responda estas perguntas:

1) Os protestantes creem na sucessão apostólica e que o primado foi dado a Pedro, instituindo uma cátedra em virtude da unidade?

2) Os protestantes creem que a Eucaristia tem caráter igual ao sacrifício perfeito de Cristo e que se apresenta pelo Padre no altar, cumprindo-se o que era profetizado pelo senhor em Malaquias 1, 11 e que o pão e vinho consagrados são realmente (e não símbolos) o corpo e Sangue de Cristo?

3) Os protestantes celebram a eucaristia pelo descanso eterno dos defuntos?

4) Os protestantes confessam seus pecados ao clero e fazem penitência imposta por eles?

5) Os protestantes creem que o batismo é sacramento para a salvação e que é onde nascemos de novo?

Se todas estas respostas você puder responder que sim, então São Cipriano era protestante!

Notas:

(1) Quasten Explica que este capítulo quarto mantém uma versão dupla, uma com ênfase no primado de Pedro, e que, neste sentido, houve uma controvérsia após alegações de Hartel (o editor das obras de Cipriano Corpus Scriptorum Ecclesiasticorum Latinorum. Viena 1866ss.). Dom Chapman provou que estas variações não são devidas a uma corrupção do texto, mas a uma revisão por parte do mesmo Cipriano. Ao rever o original, teria introduzido adições. Isto foi confirmado por estudos realizados D.vanden Eynden, O. Perler e M. Bévenot, mas o último inverteu a ordem das duas versões mais antigas, considerando que enfatiza o primado de Pedro (A última visão Questen parece ser o mais provável). S. Ludwig No entanto apresenta o texto da primazia como o autêntico e o outro como uma questão que é devido à mão de um partidário de Cipriano durante sua polêmica batismal. G. Le Moine discorda.

BIBLIOGRAFIA


 

BAC 206. Patrología I, Johannes Quasten

BAC 88. Textos Eucaristicos primitivos I, Jesús Solano

Sitio Web Católico Mercaba.org, http://www.mercaba.org/TESORO/cartel-patres.htm

Sitio Web Católico del Magisterio de la Iglesia http://ar.geocities.com/magisterio_iglesia/contenido.html

PARA CITAR


 

ARRAIZ, José Miguel. São Cipriano pensava como um protestante? Disponível em: <http://www.apologistascatolicos.com/index.php/patristica/controversias/569-sao-cipriano-pensava-como-um-protestante> Desde 25/02/2013. Tradução: Rafael Rodrigues

 

 

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