A divisão da Bíblia em capítulos e versículos é uma característica distintiva que facilita a referência e o estudo das Escrituras Sagradas. Este sistema de organização não foi originalmente concebido pelos autores bíblicos, mas sim introduzido posteriormente por estudiosos e religiosos católicos ao longo da história.
A divisão em capítulos
Um dos primeiros a introduzir a divisão em capítulos foi Stephen Langton, um arcebispo inglês do século XIII. Langton, que foi o arcebispo da Cantuária, é mais conhecido por seu papel na elaboração da Magna Carta, um documento histórico que limitava o poder do rei da Inglaterra e estabelecia direitos fundamentais. Além de suas contribuições políticas, Langton também foi um notável estudioso bíblico, sendo responsável por dividir o texto da Bíblia em capítulos.
Outra figura importante na divisão da bíblia em capítulos foi Hugo de São Caro, quem em 1250 também dividiu a Bíblia em capítulos, porém a divisão que permeneceu até os dias de hoje foi a de Langton.
A divisão católica em capítulos, inventada por Langton ganhou entrada na Bíblia Hebraica. No início foi feito pelo Rabino Solomon ben Ismael, que foi o primeiro (c. 1330 d.C.) a colocar os numerais desses capítulos na margem do texto hebraico. Nas Bíblias impressas, esse sistema apareceu pela primeira vez nas duas primeiras edições de Bomberg de 1518. Arias Montanus, em sua Bíblia de Antuérpia de 1571, “dividiu o próprio texto hebraico em capítulos e introduziu os numerais hebraicos no corpo do próprio texto” (Ginsburgo). Isto, embora contrário às orientações massoréticas, ainda é seguido em quase todas as Bíblias Judaicas impressas devido à sua grande utilidade.
A divisão em versículos
Já a divisão em versículos foi introduzida mais tarde, no século XVI, por um impressor francês chamado Robert Estienne, também conhecido como Estevão de Estienne. Estienne dividiu o Novo Testamento grego em versículos durante a década de 1550, enquanto trabalhava em sua famosa edição do Novo Testamento Grego. Sua motivação para esta divisão era facilitar a consulta e o estudo das Escrituras, tornando-as mais acessíveis aos leitores.
Outro contribuidor significativo foi São Pagnino, um estudioso e teólogo italiano do século XVI. São Pagnino é conhecido por sua influência no estudo das Escrituras e na organização do texto bíblico. Sua abordagem meticulosa e sua dedicação ao estudo das Sagradas Escrituras contribuíram para o desenvolvimento do sistema de divisão em versículos.
Todos esses católicos deixaram um legado duradouro no estudo da Bíblia, tornando possível a referência precisa e aprofundada nas Sagradas Escrituras. Suas contribuições não só facilitaram o estudo da Bíblia, mas também ajudaram a preservar e disseminar a mensagem contida nela ao longo dos séculos.
Além disso, é importante mencionar que ao longo dos anos, diversas revisões e adaptações foram feitas na divisão dos capítulos e versículos, visando melhorar a compreensão e a precisão do texto bíblico. No entanto, o crédito por esta importante organização inicialmente deve-se a Langton, Hugo de São Caro, São Pagnino e Estienne, cujo trabalho continua a impactar a maneira como milhões de pessoas em todo o mundo estudam e interpretam a Bíblia.