Os Padres da Igreja é um grupo formado por autores eclesiásticos cuja autoridade em assuntos doutrinários tem peso especial. Sua autoridade é utilizada infalivelmente somente quando eles ensinam a doutrina por unanimidade. Seus ensinos individuais não são considerados infalíveis, mas devem ser respeitados. Nós iremos destacar seus pensamentos sobre os Anjos brevemente abaixo. Nós agradecemos a Madre Alexandra pela pesquisa em seu livro Os Anjos Sagrados (Livro III páginas 131-168).
PADRES APOSTÓLICOS
Os Padres Apostólicos são aqueles que seguiram imediatamente os Apóstolos. Eles preservaram os Evangelhos e Epístolas para nós. Muitos tiveram contato direto com os Apóstolos. Eles não fizeram muitas referências aos Anjos. Nós incluímos nesta Seção Padres do período 100-325 AD.
SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA
Ele recebeu seu bispado de São João Evangelista. Ele escreve:
“Poderia eu vos escrever sobre as coisas celestes? Temo, porém, fazer-vos mal, pois ainda sois crianças. Perdoai-me. Não podendo assimilar, poderíeis sofrer indigestão. Quanto a mim, embora esteja acorrentado e me seja possível conceber as coisas celestes, as hierarquias dos anjos, os exércitos dos principados, as coisas visíveis e invisíveis, não sou ainda discípulo. Falta-nos muitas coisas para que Deus não nos falte.” (Carta Aos Tralianos V).
Observe o primeiro entendimento da Hierarquia Angélica a qual era um ponto de vista dos primeiros dias da igreja e não uma invenção de tempos depois. Veja Dionísio o Areopagita.
SÃO CLEMENTE ROMANO
São Clemente foi o terceiro na sucessão de São Pedro. Em Alexandria, São Clemente encontrou o santo Apóstolo Barnabás, ouvindo a suas palavras com bastante atenção, e percebendo o poder e a verdade da Palavra de Deus. Chegando na Palestina, São Clemente foi batizado pelo santo Apóstolo Pedro e se tornou um discípulo zeloso e companhia constante, dividindo sua labuta e sofrimentos com ele. Ele era um dos conterrâneos de Santo Inácio e foi possivelmente um dos “amigos camaradas cujos nomes estão no livro da vida” conforme diz Paulo (Fil. 4:3). Ele era muito preocupado com a organização da primeira comunidade Cristã, e seu ministério e liturgia.
“Seja ele o nosso orgulho e franqueza. Submetamo-nos à sua vontade. Consideremos como toda a multidão de seus anjos, estando junto dEle, estão a serviço de sua vontade. De fato, a Escritura diz: “Miríades e miríades estão junto dEle; milhares e milhares estão a seu serviço. E eles gritam: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos! Toda a criação está cheia de sua glória.” Também nós, na concórdia, unidos na mesma consciência, como uma só boca, chamemos a ele com insistência, a fim de que tenhamos parte nas suas grandes e magníficas promessas. Ele, de fato, diz: “Nenhum olho viu, nenhum ouvido ouviu, e não entrou no coração do homem aquilo que Deus preparou para aqueles que o esperam.” (Epístola Aos Coríntios Capítulo XXXIV 5-8).
Ele destacou que os Anjos servem a Deus e que eles estão unidos a Ele em harmonia.
O PASTOR DE HERMAS
O Pastor de Hermas é um texto do início da igreja Cristã do século segundo, durante o período no qual o Novo Testamento estava sendo canonizado. Um texto popular durante os séculos segundo e terceiro, o Pastor era considerado uma escritura por muitos teólogos do tempo. O autor é desconhecido. Ele menciona um anjo da guarda bem como um anjo do demônio ligado a cada pessoa. Ele diz:
“Existem dois anjos com um homem – um da justiça, e outro da iniquidade.” E eu disse a ele, “Como, sr., eu vou saber o poder destes, para cada um dEles duelarem comigo?”. “Ouça”, ele diz, e “os entenda. O anjo da justiça é modesto e gentil, manso e pacífico. Quando, porém, ele sobe ao seu coração, imediatamente ele fala a sua justiça, puridade, castidade, contentamento, e de cada escritura de justiça e virtude gloriosa. Quando tudo entrar em seu coração, saiba que o anjo da justiça está com você. Essas são as escrituras do anjo da justiça. Acredite nele e em suas ações. Olhe agora as ações do anjo da iniquidade. Primeiro, ele é irado, amargo, e tolo, e sujas ações são más, e arruínam os servos de Deus. Quando, então, ele entra em seu coração, você o conhecerá por suas ações.” E eu disse a ele, “Como, sr., eu irei percebê-lo, eu não sei.” “Ouça e entenda” disse ele. “Quando a raiva estiver em você, ou a aspereza, saiba que ele está em você; você irá saber se é este o caso também, quando você se sentir atacado pela saudade após muitas transações, e pelas iguarias mais deliciosas, as revelações da bebida, as luxúrias diversas, as coisas impróprias, a por uma ânsia atrás de mulheres, por ganância, orgulho estrondoso, e por quaisquer coisas deste tipo. Quando essas coisas entrarem em seu coração, saiba que o anjo da iniquidade está em você. Agora que você conhece suas ações, se aparte dEle, e não acredite nele, porque suas escrituras são malignas, e inapropriadas aos servos de Deus. Estas, então, são as ações de ambos os anjos. Entenda-os, e acredite no anjo da justiça; mas se aparte do anjo da iniquidade, porque sua instrução é ruim em cada escritura. Porque um homem pode ser bastante fiel, e se o pensamento do anjo entrar em seu coração, o homem ou mulher poderá pecar. Por outro lado, se um homem ou mulher sendo maus, ainda, se as ações do anjo da justiça entrarem em seu coração, ele ou ela farão algo de bom. Veja você, portanto, é bom seguir o anjo da justiça, mas dê adeus ao anjo da iniquidade.” (O Pastor de Hermas, nos Padres Pré-Nicenos, Vol. II, p. 266).
SÉCULO II
SANTO IRINEU (c. 130-202 AD)
Um dos primeiros grandes teólogos da Igreja universal.
Em seus escritos os anjos são mencionados a fim de refutar noções heréticas sobre eles, um pouco para descrevê-los. Por exemplo, ele refuta que o mundo foi criado por anjos.
CLEMENTE DE ALEXANDRIA (c. 150-215 AD)
Ele esboçou a fé da Filosofia Cristã básica bastante precisamente. Sobre os anjos ele escreveu o seguinte em oposição aos Gnósticos:
“… anjos, sejam vistos ou não, o poder divino os confere coisas boas. Assim como o modo adotado no Advento do Senhor, e também como “inspira” poderosamente os pensamentos e ações dos homens, e “coloca” em seus corações “fortaleza” e uma percepção afiada, e provê “proeza” e “ousadia de prontidão”…” (Os Estromas das Miscelâneas, nos Padres Pré-Nicenos, Vol. 1, p.518).
Em outros escritos ele diz:
“… essas primitivas e primeiras virtudes criadas são imutáveis em substância, e juntamente com anjos subordinados e arcanjos cujos nomes eles dividem, operam efeitos divinos. Assim como Moisés ouviu e falou com ele face a face. Nos outros profetas através das ações dos anjos suas impressões foram feitas, vistas e ouvidas.
“Nisto ocorre que eles são também ouvidos, e eles também são vistos…Se a voz foi dita e comungada, ela poderia ser ouvida por todos…Ela foi ouvida por ele somente, nos quais a impressão feita pelos anjos operou.” (Fragmentos de Clemente de Alexandria, em Padres Pré-Nicenos, Vol. 1, p. 575).
Além disso ele diz:
“… por uma antiga e divina ordem os anjos são distribuídos entre as nações…[e] a melhor coisa na terra é o homem mais piedoso; e a melhor coisa no céu, o mais próximo da pureza, é um anjo, o participante da abençoada vida eterna. Mas a natureza do Filho, é a mais perfeita…” (Os Estromas das Miscelâneas, nos Padres Pré-Nicenos, Vol. 1, p.524).
ORIGENES (C. 185-254 AD)
Ele era um estudioso bíblico. Até achou que alguns de seus pontos de vista diferiam da Ortodoxa. Ele permanece como o primeiro grande crítico bíblico do início do Cristianismo. Ele comentou os diferentes papéis que Deus designou aos seus anjos:
“….ou nós estamos supondo que é o resultado de um acidente o ofício particular que é designado a um anjo em particular: como a Rafael, por exemplo, o trabalho de curar e sarar; para Gabriel, a condução das guerras; para Miguel, o trabalho do atendimento das preces e súplicas dos mortais. Nós não devemos imaginar que eles obtém esses ofícios por causa de seus próprios méritos, e pelo zelo e qualidades excelentes as quais eles solidariamente receberam depois que seu mundo foi formado; então depois na ordem dos arcanjos, esse ou aquele ofício foi designado para cada um, enquanto outros mereceram ser envolvidos na ordem dos anjos, e a agir abaixo deste ou daquele arcanjo, ou aquele líder ou chefe de uma ordem.
… para um anjo a Igreja de Éfeso deveria ser confiado; para outro, a dos Cristãos de Esmirna; um anjo para Pedro, outro para Paulo; e então através de cada um dos pequenos que estão na Igreja, para cada um dos anjos com até mesmo diariamente ver a face de Deus deveria ser designado a cada um dEles;
…devemos acreditar que eles foram conferidos por Deus, e justo e imparcial Juiz de todas as coisas, de acordo com os méritos e boas qualidades e vigor mental de cada espírito individual.
….não é nem por falta de discriminação, nem por qualquer causa acidental, ou que os “principados” mantenham seu domínio, ou as outras ordem de espíritos tenham obtido seus respectivos ofícios; mas que eles tenham recebido os passos dos seus postos por causa de seus méritos, embora não seja o privilégio de saber ou perguntar o que esses atos dEles foram, na qual eles ganharam um lugar em uma ordem particular.” Sobre os Princípios, Capítulo VIII. – Nos Anjos, págs. 265-266
Anjos na Era da Teologia – Padres Nicenos e depois
Em 313AD depois de Constantino o Grande de tornar Imperador, sanção total foi dada ao Cristianismo e as perseguições pararam. E em todos este tempo o Credo Niceno se tornou o resultado do Primeiro e Segundo Conselho Ecumênico da Igreja. Os Padres deste período tiveram que combater severas heresias na formulação do Credo que protegeram os ensinamentos de Cristo e seus apóstolos. Os Padres deste período são chamados Padres Nicenos.
A crença firme dos Padres em um mundo espiritual é estabelecida no primeiro artigo do Credo. “Eu acredito em Um Deus, o Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e em todas as coisas visíveis e invisíveis.” Por coisas invisíveis eles querem dizer os anjos e a alma humana.
SANTO ATANÁSIO (c. 296-373 AD)
Atanásio foi bastante influente na formulação do Credo. Ele nunca questionou ou mostrou qualquer dúvida sobre a realidade dos anjos. Ele explica seu lugar designado:
…para o ministro as coisas são originadas dos servos, mas para planejar e criar o papel é somente de Deus, e Sua própria Palavra e Sua Sabedoria. Portanto, no assunto da concepção, nós iremos encontrar não somente a Palavra de Deus; para “todas as coisas são feitas na Sabedoria”, e “sem a Palavra nenhuma coisa foi feita.” Mas no que diz respeito como os ministérios foram feitos, não um somente, mas o homem fora de número inteiro, quem o Senhor vos enviar. Para eles existem tantos Arcanjos, tantos Tronos, e Autoridades, e Domínios, milhares e milhares, e miríades de miríades, em pé diante dEle, ministrando e prontos para serem enviados. (Discurso II sobre os Arianos, Capítulo XVII em Padres Nicenos e Padre Pós-Nicenos, séries II, Vol. 1, p. 362).
Ele também disse que um anjo não pode salvar mas somente fazer a vontade de Deus.
…É próprio então para um Anjo ministrar ao comando de Deus, e frequentemente ele vai em frente para expulsar o Amorreus, eé enviado para guardar o povo no caminho; mas estes não são seus atos, mas é Deus quem os ordena para irem,
….quando o Pai trabalha, não é o trabalho de um Anjo, ou outra criatura qualquer; para nenhum desses é uma causa eficiente, mas são como as coisas irão se tornar; e além disso estando separados e divididos de Deus somente, e outros na natureza, e sendo trabalhados, eles podem tanto fazer o que Deus faz, quando Deus dá a graça, eles podem dar a graça com Ele. Nem tendo visto um Anjo poderia um homem dizer que ele viu o Pai; para os Anjos, como está escrito, eles são “espíritos ministeriados” enviados para ministrar, e são arautos das graças dadas por Ele através da Palavra para aqueles que irão recebê-los. E os Anjos eu suas aparições, confessam que eles foram enviados pelo Senhor; assim como Gabriel confessou na passagem de Zacarias, e também na passagem de Maria, portadores do Senhor. E aquele que tem a visão de Anjos, sabe que ele viu um Anjo mas não Deus…
…Mas se em qualquer tempo, quando os Anjos eram vistos, alguém que o viu ouviu a voz de Deus, assim como ocorreu na sarça (com Moisés); para “o Anjo do Senhor foi visto em uma brasa ardente que saía da sarça, e o Senhor chamou Moisés pela sarça, dizendo, Eu sou o Deus de seus pais, o Deus de Abraaão e o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”, ainda não era o Anjo do Deus de Abraaão, mas pelo Anjo Deus falou. E o que foi visto foi um Anjo; mas Deus falou nele. (Discurso III Contra os Arianos, Capítulo XXV em Padres Nicenos e Pós-Nicenos, séries II, Vol. 1, p. 4—401)
O grande Paxá Atanásio teria escrito a suas igrejas. Em uma dessas cartas ele descreve sua grande celebração incluindo toda as coisas criadas.
“Toda a criação contém uma alegria, meus irmãos, e cada coisa que respira louva ao Senhor assim como o Salmista…Oh que alegria e como grande felicidade no céu! Como pode tudo se alegrar e exaltar, assim como eles se regojizam e assistem em nossas assembléias, aqueles que são guardados continuamente, e especialmente aqueles na Páscoa?….Quem então irá nos guiar para a companhia dos anjos assim? Quem, chegando com o desejo de participar da festa divina, e do feriado anjelical.
“Portanto não vamos celebrar a festa de maneira terrestre, mas como se participássemos de um festival no céu com os anjos….Vamos fazer como Daniel; vamos orar sem cessar, assim como Paulo nos ordena; todós nós reconhecemos a época da oração, mas especialmente aqueles que foram casados com honra; então sendo testemunhas de todas essas coisas, e temos guardado as festas, nós podemos ser capazes de entrar no Glória de Cristo no reino do céu….vamos primeiro ser purificados e libertados da corrupção, de modo que quando partirmos daqui, tendo tido o cuidado de jejuar, nós poderemos ascender para a câmara superior com o Senhor, para cear com Ele; e poderemos ser participantes da alegria a qual é o céu….” (Carta VI, 9, 11, Páscoa, p. 523)
Santo Atanásio acreditava que os anjos acompanharam Cristo em sua ascenção. Haviam anjos que vieram com Ele do céu e O acompanharam na terra. Em sua Ascenção eles anunciaram Ele para que as virtudes celestiais abrissem os portões.
“Os poderes estão em estupor ao Vê-lo em carne e osso. Razão pela qual eles choram, estupefatos nesta instituição surpreendente: Quem é esse? Os anjos se juntam a Cristo e respondem: O Senhor das virtudes, é o Rei da Glória que ensina aqueles que estão no céu o grande mistério, para que saibam que quem venceu os inimigos espirituais é o Rei da Glória.” (Jean Danielou, Os Anjos e sua Missão, edições de Chevetogne, p. 51)
SÃO BASÍLIO O GRANDE (c. 330-379)
Basílio foi um dos mais altamente respeitados santos do século 4. Adicionando ao seu cuidado com os pobres e doentes, a criação da comunidade monástica de vida e defesa da fé contra o Arianismo, ele nos deixou muitos escritos importantes. Ele veio de uma das maiores famílias Cristãs das quais saíram santos da Igreja. Para São Basílio os anjos são um fato inegável.
Assim como o irmã de São Basílio, que também é uma santa, Santa Macrina, estava morrendo e orou para “um anjo de luz que a guiasse nas pastagens calmas e águas puras ao seio do Pai Santo.” (Robert Payne, O Fogo Santo), Nova Iorque: Harper e Irmãos, 1957, p. 54)
Ele escreve sobre a criação:
Parece, na verdade, que antes mesmo do mundo e as coisas existentes nas quais nossa mente pode formar uma ideia…O nascimento do mundo foi precedido por uma condição de coisas adequadas para o exercício de poderes sobrenaturais, ultrapassando os limites do tempo, eterno e infnito. O Criador e Artífice do universo criou seu trabalho perfeito nele, luz espiritual para a alegria daqueles que amam o Senhor, naturezas intelectuais e invisíveis, todo o arranjo ordenado das inteligências puras que estão além do alcance da nossa mente e as quais não é possível nem descrever seus nomes. Eles preenchem a essência do mundo invisível, assim como Paulo nos ensina. “Por Ele todas as coisas criadas que estão no céu, e as que estão na terra, visíveis e invisíveis onde quer que possam estar os tronos e domínios os principados e potestades” ou virtudes ou anfitriões de anjos ou as dignidades de arcanjos. (O Hexamerão, Homília 1,5, Padres Nicenos e Pós-Nicenos, séries II, vol. VIII, p. 54)
São Basílio também escreve sobre os anjos em relação à Santíssima Trindade esclarecendo a doutrina do Espírito Santo.
Portanto, das coisas criadas no início podemos aprender a organização do Espírito com o Pai e o Filho. Os puros, inteligentes, e super-mundanos poderes são denominados santos, porque eles tem a santidade e a graça dados pelo Espírito Santo…Mas fazem, quem tem poder sobre as coisas que são vistas para formar a analogia do que não é visto, glorificados pelo Criador por aqueles a qual todas as coisas foram criadas, visíveis e invisíveis, principados e potestades, autoridades, tronos e domínios e todas as outras naturezas compreendidas que não possuem nome….os espíritos que ministram subsistem pela vontade do Pai, são trazidos para serem operados pelo Filho, e aperfeiçoados pela presença do Espírito. Portanto, a perfeição dos anjos é a santificação e a continuidade disso. (Sobre o Espírito Santo, Capítulo XVI, 38, p.24)
Assim como Atanásio, São Basílio não atribui aos anjos quaisquer virtudes inatas. Eles foram criados com a capacidade de atingi-las. Eles tem que lutar muito pela perfeição. Os poderes do céu não são santos por natureza; se assim fosse não haveria diferença entre eles e o Espírito Santo. (ibid)
Ele nos diz que tanto o homem quanto os anjos servem a Deus. O anjo protege o homem onde ele não pode se proteger. O objetivo de ambos é Deus e o entendimento disso é dado pelo Espírito Santo.
“É na proporção da sua excelência relativa que eles necessitam da santidade do Espírito. A marca feita pelo ferro quente é concebida junto com o fogo; e o material e o fogo são distintos. Assim acontece no caso dos poderes celestes; sua substância é, porventura, um espírito etéreo, um fogo imaterial, o qual é escrito, “Quem criou seus espíritos angelicais e seus ministros é uma chama de fogo;”. Portanto, eles existem no espaço e se tornam visíveis, e aparecem em sua forma corporal própria para o que eles são destinados. Mas sua santificação, sendo externa a sua substância, persuadem sua perfeição através da comunhão com o Espírito. Eles guardam sua categoria por sua permanência na bondade e na verdade, e enquanto eles retém sua liberdade de vontade, nunca falham em sua atenção paciente Naquele que é verdadeiramente bom.” (ibid)
SÃO GREGÓRIO DE NISSA (330-395 AD)
Um irmão para São Basílio o grande e também um defensor da fé do Arianismo.
Em seus trabalhos nós tivemos um diálogo com sua irmã Santa Macrina sobre a natureza da alma. Ele perguntou a ela o que Paulo quer dizer em sua Epístola aos Filipenses em “…ele faz menção de certas coisas que estão “debaixo da terra” “todo joelho deve se dobrar” para Ele “das coisas no céu, e coisas na terra, e coisas debaixo da terra.”
“Eu não acho, ele respondeu, que aquele Apóstolo divino dividiu o mundo intelectual em localidades, quando ele nomeou partes como céu, como terra, e debaixo da terra. Existem três estados na qual criaturas de raciocínio podem ser: uma a partir do princípio recebeu uma vida imaterial, e nós podemos chamá-la de angelical: outra é a união com a carne, e nós podemos chamar de humano: a terceira é formada pela morte a partir de envolvimentos carnais, e é encontrada em almas puras e simples. Agora eu acho que o Apóstolo divino em sua profunda sabedoria procurava por isso, quando ele revelou o futuro de acordo com todas as coisas razoáveis no trabalho da bondade; e ele colocou o mundo angelical desencarnado “no céu”, e ainda envolveu com um corpo “na terra,” e que ele criou um corpo “debaixo da terra”; ou, na verdade, se existe outro mundo a ser classificado debaixo daquilo que é possuído de razão (não há outra saída); e qualquer que seja a escolha a chamar estes últimos “demônios” ou “espíritos”, ou qualquer outra coisa deste tipo, nós não devemos nos importar. Nós certamente acreditamos, tanto por causa da opinião prevalecente, e ainda mais pelo ensino da Escritura, que existem outros mundos de seres além, despojado desses organismos, que são opostos aquilo que é bom e são capazes de machucar as vidas dos homens, tendo por um ato de vontade decorrido a partir da visão mais nobre, e por sua revolta da bondade personificou neles próprios o princípio contrário; e seu mundo é o que, alguns dizem, o Apóstolo adicionou ao número de “coisas debaixo da terra,” significando a passagem quando o demônio será algum dia aniquilado na longa revolução das eras, nada será deixado de fora do mundo da bondade, mas que, mesmo esses maus espíritos se levantarão em harmonia e confessarão o Senhorio de Jesus.” (Sobre a Alma e a Ressurreição, em Padre Nicenos e Pós-Nicenos, séries II, vol. V, p. 103)
SÃO GREGÓRIO NAZIANZENO (329-391)
Falando sobre a interação das Três Pessoas da Trindade no ato da criação Gregório diz,
“Mas desde o movimento da auto-contemplação não poderia somente satisfazer a Bondade, mas Deus precisou verter fora de si e procurar além de Si para multiplicar objetos de Sua beneficência, para isso era essencial a maior Bondade, Ele primeiro concebeu o Céu e os Poderes Angelicais.”
Isto não era suficiente pata Deus simplesmente contemplar a Si mesmo, mas ele desejou dividir sua bondade e multiplicá-la. O primeiro ato da criação foi os anjos que eram Seus ministros.
“E esta concepção foi um trabalho profetizado por Sua Palavra, e aperfeiçoada por Seu Espírito. E então os Esplendores secundários passaram a existir, assim como os Ministros do Esplendor Primário; se estamos a concebê-los como Espíritos inteligentes, ou um Fogo de algum tipo imaterial e incorruptível, ou como alguma outra natureza abordaria esta tão perto quanto pudesse ser.”
“Então quando Sua primeira criação estava em boa ordem, Ele concebe um mundo secundário, material e visível…”
Depois Ele iria criar o homem com as características visíveis e invisíveis.
“Agora a Palavra-Criada, determinando a exibir isso, e a produzir um ser vivente singular a partir de ambos – as criações visíveis e as invisíveis, digo – Homem criado; e pegando um corpo de uma matéria já existente, colocando nela o Sopro dEle mesmo o qual a Palavra sabia que se tornaria uma alma inteligente e a Imagem de Deus, como uma espécie de segundo mundo. Ele o colocou, grande em pequenez em um microcosmo na terra; um novo Anjo, um adorador misturava, totalmente iniciado dentro da criação visível, mas somente parcialmente no intelecto; Rei de toda a terra onde havia sido colocado, mas sujeito ao Rei superior; terrestre e celestialmente; temporal e ainda imortal; visível e ainda intelectual; meio-termo entre superior e inferior; em uma pessoa a combinação do espírito e da carne…” (Oração XXXVIII, IXX, Na Teofania do Nascimento de Cristo, Padres Nicenos e Pós-Nicenos, Séries II, Vol. VII, p.347)
SÃO CIRILO DE JERUSALÉM
São Cirilo vê os anjos como mensageiros de Deus mas não iguais ou para serem confundidos com o Espírito Santo. Ele também estende a Glória para a Trindade.
Aqueles que viram Seu poder, o qual está no mundo; não mais na terra, mas ascendendo ao alto. Ascende, eu digo, na imaginação tanto como no primeiro céu, e perante a incontáveis miríades de Anjos. Montar-se em teus pensamentos, se você puder, mais alto ainda; considere, eu assim rezo a ti, os Arcanjos, considere também os Espíritos; considere as Virtudes, considere os Principados, considere os Poderes, considere os Tronos, considere os Domínios – de todos eles o Consolador e Regente de Deus, o Mestre e o Santificador. dEle Elias necessitou, e Eliseu, e Isaías, entre os homens; dEle Miguel e Gabriel O necessitam entre os Anjos. Nenhuma das coisas criadas são iguais em honra a Ele: para as famílias dos Anjos, e todos os convidados que congregam juntos, não se igualam a Espírito Santo. Todos estes são o poder todo-excelente do Consolador. E eles na verdade são enviados para ministrar, mas Ele procura até dentro das coisas profundas de Des…” (Leitura XVI, 23, p. 121)
São Cirilo disse que o homem não pode compreender a natureza dos anjos. E isto é mais impossível ainda para o homem entender a natureza de Deus.
“Eu nunca questionei a curiosidade dos homens corajosos, quem eles imaginaram cair em reverência dentro da impiedade. Eu pensei que eles não conheciam nada dos Tronos, dos Domínios, dos Principados, dos Poderes, do acabamento de Cristo, ele tentaram escrutinar o Próprio Criador. Diga-me primeiro, o homem mais atrevido, no que os Trones diferem dos Domínios, e então escrutine o que pertence a Cristo. Diga-me o que é um Principado, e o que é um Poder, o que é uma Virtude, e o que é um Anjo: e procure seu Criador, pelo qual todas as coisas foram criadas.” (Leitura XI, 12, p67)
Falando aos catecúmenos ela enfatiza seu ponto de vista que Deus criou tanto o mundo visível como o mundo invisível.
Existe Somente Um Único Deus, o Criador tanto das almas quanto dos corpos: O Único Criador do céu e da terra, o Criador dos Anjos e dos Arcanjos; de muitos o Criador, mas o Único Pai antes de todas as eras, – O Único, O Filho-unigênito, Nosso Senhor Jesus Cristo, por Ele todas as coisas visíveis e invisíveis.” (Leitura IV, 12, p67)
Tenha certeza de se lembrar que quando recitamos o Credo e dizemos que Deus criou todas as coisas visíveis e invisíveis nós estamos nos referindo aos anjos, os servos de Deus, quando nós dizemos “invisíveis”.
Os anjos também são testemunhas para nossa vida. O tempo de nosso batismo é de grande significado.
“Este é na verdade um assunto sério, irmãos, e você precisa abordá-lo e guardá-lo bem. Cada um de vocês será apresentado a Deus depois de dezenas de milhares de Hostes Angelicais…” (Leitura III, 3, p14)
Santo Cirilo nos lembra da grande multidão de anjos que compõem o mundo celeste a qual nós iremos ver face a face no dia do julgamento.
Quando o Filho do Homem, diz ele, voltar em sua Glória, todos os anjos virão com Ele. Cuidado, oh homem, todas as suas ações aparecerão no julgamento. Cada raça da humanidade estará presente. Calcule, portanto, quantos são da nação de Roma; calcule quantas tribos bárbaras que vivem agora, e quantos morreram nos últimos cem anos; calcule quantas nações foram enterradas durante os últimos mil anos; calcule tudo desde Adão até o dia de hoje. Na verdade é grande a multidão; mas a humanidade é uma só. De acordo com a extensão do espaço universal, nós devemos calcular o número de seus inabitantes. Toda a terra é somente um ponto de um céu, e ainda contém uma grande multidão; que multidão deve o céu contar nos círculos que contém? E não deve o céu dos céus conter um número inimaginável? Assim como está escrito, milhares e milhares ministram com Ele, e dez mil vezes vezes dez mil estavam diante dEle; não só agora a multidão é somente grande, mas por causa de que o Profeta não poderia expressar mais do que isso. Então lá haverá presente no dia do julgamento, Deus, o Pai de todos, Jesus Cristo sentado com Ele, e o Espírito Santo presente com Eles; e a trombeta de um anjo irá convocar a todos nós para trazer os nossos atos conosco. Não deveríamos, então a partir de agora ficarmos preocupados? (Leitura XV, 24, p 111)
SANTO AMBRÓSIO (c. 339-397 AD)
Bispo de Milão e um grande estudioso. Ele era preocupado com a questão da imortalidade dos anjos. Ele aponta que o fato de que os anjos são imortais não é parte da natureza essencial. Eles somente tem a imortalidade pela vontade de Deus.
Ele diz:
A divindade é a única Substância que a morte não pode tocar, e portanto é isso que o Apóstolo, sabendo que tanto a alma humana quanto os anjos são imortais, declarou que somente Deus é imortal. Na verdade, até a alma pode morrer: “A alma que pecou, irá morrer.” e um anjo não é absolutamente imortal, sua imortalidade depende da vontade do Criador. (Exposição da Fé Cristã, Livro III, Capítulo 3, p 245)
Assim como outros a missão de Santo Ambrósio é servir a Deus.
“E o Filho do Homem irá confundi-lo, quando Ele voltar na Glória de Seu Pai, com os santos anjos.” (Marcos 8,38) Os anjos virão em obediência, Ele virá em Glória: eles são seus retentores, Ele está sentado em Seu trono; eles o contemplam, Ele está sentado – para emprestar termos dos afazeres diários da vida humana, Ele é o Juiz: eles são os oficiais da corte. (Exposição da Fé Cristã, Livro III, capítulo XIII, 106, p.257)
Ele também aponta os progressos de outro ângulos.
Todavia, vendo que os anjos (assim como nós) adquirem seu conhecimento passo a passo, e são capazes de avanços, eles certamente devem mostrar poderes diferentes e entendimento, somente Deus está acima e além dos limites impostos pelo avanço gradual, possuindo, como ele faz, cada perfeição do eterno. (Exposição da Fé Cristã, Livro IV, Capítulo I, p. 263)
Santo Ambrósio nos diz que os anjos são parte da Glória de Deus. Quando Ele entra em nosso coração os anjos também vão entrar e eles estão sempre com Ele.
Cristo está parado na porta da alma. Ouça Ele falando. “Veja, Eu estou na porta, e bato: se algum homem abri-la para Mim, Eu entrarei, e cearei com ele, e ele Comigo.” E a Igreja diz, falando Dele: “A voz do meu irmão foi ouvida na porta.” Ele está parado, então – mas não somente antes Dele vão anjos, dizendo: “Levantem os portões, sim ó princesa.” Que portões? Até para eles o Salmista canta também em outro lugar: “Abram para mim os portões da justiça.” Abram, então, os portões para Cristo, Ele poderá entrar e ver – abram os portões da justiça, os portões da castidade, os portões da coragem e da sabedoria. (Exposição da Fé Cristã, Livro IV, Cap. II, p.264)
SANTO AGOSTINHO (c. 354-430 AD)
Santo Agostinho escreveu muito sobre os anjos em seu trabalho Cidade de Deus. Ele disse que os anjos foram criados durante o sexto dia e “Eles eram a luz a qual é chamada de dia.” Os anjos fazem parte da maioria na Cidade Santa. Enquanto os homens vivem em uma cidade do mundo os anjos vivem em uma cidade celeste, os homens podem estar com eles e viver com eles mesmo que eles permanecem invisíveis para a visão normal.
SÃO JOÃO CRISÓSTOMO
“Vamos manter nossa vigília, amados; nós também aqueles que estão ansiosos para o nosso sucesso, se nós quisermos. Perto de cada uma de nós os anjos estão sentados; e ainda roncamos durante toda a noite. E se fosse só isso. (Homilias aos Hebreus, Hebreus 8:1-2, XIV, p. 438)
“Não são todos eles espíritos que ministram, enviados para ministrar para aqueles que herdeiros da salvação?” Que maravilha (diz ele) se eles ministram para o Filho, quando eles ministram até para nossa salvação? Veja como ele eleva suas mentes, e mostra a grande honra a qual Deus tem para nós, desde que Ele designou aos Anjos que estão acima de nós para ministrar em nosso favor. Se um pudesse dizer, para seu propósito (diz ele) ele os emprega; este é o ofício dos Anjos, de ministrar para Deus por nossa salvação. Isto é o trabalho angelical, o de fazer de tudo pela salvação dos irmãos: ou melhor esta é a missão do próprio Cristo, pois Ele na verdade salva como Senhor, mas eles como servos. E nós, embora servos, somos ainda companheiros de serviço dos anjos. Por que olhar tanto para os Anjos (diz ele)? Eles são servos do Filho de Deus, e muitos caminhos são enviados em nossa causa, e ministrados para nossa salvação. Então eles são companheiros no serviço conosco.
Considere como ele não faz grande acepção entre os tipos de criaturas. E ainda o espaço entre os anjos e os homens é grande; no entanto, ele trazê-los para baixo perto de nós, todos, mas dizendo, para nós o seu trabalho, para nossa causa eles correm: para nós, como um poderoso diz, eles esperam. Isto é seu ministério, serem sempre enviados para nós para nossa causa. (Homilias aos Hebreus, III, p. 377)
E de todos esses exemplos o Velho Testamento está cheio, assim como o Novo. Para quando os anjos trazem notícias alegres para os pastores, ou para Maria, ou para José; quando eles se sentam no sepulcro, quando eles são enviados para dizer aos discípulos, “Sim homens da Galiléia, por que estais olhando para o céu? (Atos 1,11), quando eles soltam Pedro da prisão, quando eles discursam com Felipe, considere quão grande é sua honra; quando Deus envia Seus Anjos para ministrar a nós como amigos; quando a Cornélio (um Anjo) aparece, quando (um Anjo) traz força para todos os apóstolos na prisão, e diz, “Vão, fiquem de pé e falem no templo para as pessoas as palavras de sua vida” (Atos 20); e a Paulo também um anjo aparece. Aqueles que os viram ser ministrados por Deus para seu favor, e aqueles que ministram para nós nos maiores assuntos? Portanto, diz Paulo “Todas as coisas são suas, tanto a vida ou a morte, ou o mundo, ou as coisas presentes, ou as coisas que virão.” (1 Cor 3:20) (Homilías aos Hebreus, III, p.377)
Falando em Oração:
“De baixo, para fora do coração, tirarei a uma voz, fazer a tua oração um mistério…Sim, para todos se juntarem ao coro dos anjos, e em comunhão com os arcanjos, e cantando com os serafins. E todas essas tribos se manifestar em uma ordem muita formosa, e seus hinos sagrados a Deus, o Rei de todos. Com estes, em seguida, misturar-se a si mesmo, quando fores orar, e imitar sua ordem mística.” (Homilia 19 em São Mateus: na Oração do Senhor)
MÁXIMO CONFESSOR
Quando falando na Oração do Senhor e em sua petição “Seja feito assim na terra como no céu,” ele nos dá instruções sobre a natureza dos anjos quando ele escreve:
Aquele que adora a Deus misticamente com o corpo docente da inteligência sozinho, deixando-se livre dos desejos sensuais, realiza a vontade divina na terra assim como as ordens angelicais o fazem no céu. Ele se torna em todas as coisas colaborador e concidadão com os anjos, concordando tudo com a declaração de São Paulo, “Nossa cidadania é no céu” (Filipenses 3:20). Junto com os anjos desejo não minar a intensidade do intelecto através do prazer sensual, não ira-los fazer se deliciar tempestuosamente indecentemente em seus semelhantes: aqui é apenas a inteligência naturalmente levando seres inteligentes em direção a fonte da inteligência, o Próprio Conhecimento…Nada é oferecido para Deus no céu pelos anjos exceto o trabalho da inteligência; e é isso que Deus também exige de nós quando Ele nos ensina a dizer em nossas orações, “Seja feita Vossa Vontade assim na terra como no céu”.
DIONÍSIO AREOPAGITA
Um discípulo de Paulo que escreveu um ponto de vista detalhado da Hierarquia Celeste.
SÃO JOÃO DAMASCENO
Aceito como uma das melhores exposições na fé Ortodoxa ele incluiu uma seção “A respeito dos Anjos”.
FONTE
Saint George Greek Orthodox Cathedral. The Fathers of the Church on Angels <http://www.stgeorgegreenville.org/Angels/Fathers%20Speak.html>
PARA CITAR
Saint George Greek Orthodox Cathedral. Padres da Igreja e os Anjos. <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/doutrina-teologia/angeologia/795-padres-da-igreja-e-os-anjos>. Desde 16/05/2015. Tradução: Reinaldo Palacio Benitez.