Sábado, Dezembro 21, 2024

Os Católicos são idólatras! Porque quero, porque quero, porque quero!

É fato que a Bíblia condena a adoração a imagens, e por isso alguns protestantes usam esses trechos bíblicos para apoiar suas afirmações.

Mas há uma diferença entre ídolos (imagens que são adoradas como se fossem deuses) e imagens que servem como uma lembrança e inspiração para as pessoas. Então, o fato dos católicos utilizarem imagens não significa que eles são idólatras (adoram as imagens como se fossem deuses). Quem faz isso, segundo a doutrina católica, não é católico.

Existem passagens bíblicas que proíbem a fazer imagens e outras em que Deus ordena que se faça imagens. Deus pode se contradizer? Nós cristãos acreditamos que não, então deve haver uma explicação para isso, e vamos observar o que a bíblia diz para ter essa explicação. Caso não acredite na explicação, o que resta é a conclusão de que Deus se contradisse, o que nenhum cristão pode acreditar.

No primeiro exemplo Deus ordena que uma serpente seja construída para que qualquer pessoa que olhasse para ela fosse curada. No momento esta serpente não era adorada, apenas a tinham como um instrumento de livramento que o seu Deus havia ordenado. Só a partir do tempo em que davam a essa serpente adoração e glória devidas a Deus que ela foi destruída. O mesmo se pode dizer dos anjos na arca e das imagens que tinha no tempo.

Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã. (2Reis 18:4)

O que está implícito aí é que a serpente foi preservada pelos que sucederam Moisés, como Josué, em tempos posteriores. Nesse caso, o problema não foi a confecção da imagem que foi ordenada pelo próprio Deus, mas a adoração como se fosse um Deus.

Outro exemplo interessante são as imagens que estavam no templo, que, segundo a bíblia, eram revestidas de ouro (1Reis 6:21,22). Adiante o livro relata que:

E no oráculo fez dois querubins de madeira de oliveira, cada um da altura de dez côvados. E uma asa de um querubim era de cinco côvados, e a outra asa do querubim de outros cinco côvados; dez côvados havia desde a extremidade de uma das suas asas até à extremidade da outra das suas asas. Assim era também de dez côvados o outro querubim; ambos os querubins eram de uma mesma medida e de um mesmo talhe. A altura de um querubim era de dez côvados, e assim a do outro querubim. E pôs a estes querubins no meio da casa de dentro; e os querubins estendiam as asas, de maneira que a asa de um tocava na parede, e a asa do outro querubim tocava na outra parede; e as suas asas no meio da casa tocavam uma na outra. E revestiu de ouro os querubins. E todas as paredes da casa, em redor, lavrou de esculturas e entalhes de querubins, e de palmas, e de flores abertas, por dentro e por fora. Também revestiu de ouro o soalho da casa, por dentro e por fora. E à entrada do oráculo fez portas de madeira de oliveira; o umbral de cima com as ombreiras faziam a quinta parte da parede. Também as duas portas eram de madeira de oliveira; e lavrou nelas entalhes de querubins, e de palmas, e de flores abertas, os quais revestiu de ouro; também estendeu ouro sobre os querubins e sobre as palmas. (1Reis 6:23:32)

Os Querubins tinham 10 cúbitos, sendo que cada cúbito possui 50cm! Até mesmo o véu tinha Querubins 2Cr 3:7. Nas crônicas relata que tinha também animais:

Fez também o mar de fundição, de dez côvados de uma borda até a outra, redondo, e de cinco côvados de altura; cingia-o ao redor um cordão de trinta côvados. E por baixo dele havia figuras de bois, que cingiam o mar ao redor, dez em cada côvado, contornando-o; e tinha duas fileiras de bois, fundidos juntamente com o mar. E o mar estava posto sobre doze bois; três que olhavam para o norte, três que olhavam para o ocidente, três que olhavam para o sul e três que olhavam para o oriente; e o mar estava posto sobre eles; e as suas partes posteriores estavam todas para o lado de dentro. (2Cronicas 4:2-4)

O que podemos compreender nisso tudo é que o que Deus proíbe é a idolatria, que é diferente de veneração.

Por isso que logo quando criticam a Igreja Católica dizendo que Deus condena a idolatria eu digo que é verdade, o problema é: o que é idolatria? Qual a definição bíblica de idolatria?

Por isso fica um dilema para os que dizem que Deus condena a simples confecção de imagens: Ou Deus se contradisse, ou mentiu. A pessoa que acredita nisso não pode, de hipótese alguma, ser considerada cristã, pois para os cristãos Deus não pode mentir nem se contradizer. A única saída é acabar com o preconceito sobre a confecção de imagens e admitir que o que Deus proíbe é a adoração delas como se fossem um deus, o que se vê pelo contexto das proibições. Se não fosse isso, Deus não teria dado sua benção sobre o templo como a bíblia relata:

E sucedeu que, saindo os sacerdotes do santuário, uma nuvem encheu a casa do SENHOR. E os sacerdotes não podiam permanecer em pé para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do SENHOR enchera a casa do SENHOR. (1Reis 8:10,11)

É bom lembrar que a questão aqui não é o objetivo das imagens, mas se todo e qualquer tipo de imagem são proibidos por Deus. Se Deus abominasse, não teria enchido a casa com sua glória garantindo a aprovação de tudo que foi feito.

Alguns se utilizam de subterfúgios como o dicionário para dizer que veneração tem o mesmo significado de adoração. Ora, a definição do dicionário é superior a definição bíblica? Além disso, o dicionário atribui o mesmo significado para “amar” e “honrar”, então Deus teria mandado os filhos adorar os pais?

Quando não conseguem condenar o uso de imagens pela bíblia, com seu preconceito infundado, algumas pessoas apelam para a afirmação de que os cristãos primitivos não faziam o uso de imagens, o que é mentira. Qualquer um que observar as catacumbas cristãs primitivas vai perceber que eles faziam sim o uso de imagens, como se pode ver em pesquisas sobre as catacumbas cristãs. Esse é um dos vários motivos que se faz concluir que os cristãos primitivos eram mais católicos que protestantes, além das doutrinas que seguiam.

É importante citar que a reforma protestante inicialmente não condenou o uso de imagens, já que como observamos, não é algo anti-biblico. Eles tratavam de outras questões como a justificação do cristão, por exemplo. Com o passar do tempo e o aumento do preconceito e implicância com o catolicismo, além da falta de conhecimento bíblico devido à Sola Scriptura (afinal, qualquer um poderia ler e concluir o que bem entendesse já que, segundo eles o Espírito Santo os inspiraria e daria entendimento), os protestantes criaram esse clichê anti-católico de que os católicos adoram imagens. Com essa atitude de ignorar a importância das imagens no cristianismo, algumas pessoas têm agido com extrema falta de respeito em outras ocasiões do culto que merecem reverência.

Quero destacar, também, que quando se olha uma imagem não é para venerá-la, como se ela pudesse ver. A bíblia fala claramente que estátuas não ouvem, tocam ou enxergam. O que se faz é lembrar-se da pessoa retratada. Ninguém considera idólatra um filho que ama a mãe e vive recordando seu exemplo através de seu retrato (que é uma imagem), seria idolatria se o filho adorasse a mãe como se fosse o Deus criador do universo.

É fato também que algumas pessoas dão honras exageradas aos santos, entretanto esse não é o ensino católico. Vários afirmam que os padres poderiam acabar com esse tipo de atitude apenas afirmando que não se deve adorar aos santos, e é o que fazem. Quanto a alguns que não conhecem piamente sua doutrina, é bom lembrar que Deus não leva em conta o tempo de ignorância. Por essas e outras razões que ainda serão apresentadas, não se deve julgar o todo por causa de uma pequena parte.

Um exemplo desse julgamento é o que ocorre por conta do sincretismo religioso. É verdade que algumas pessoas atribuem os mesmos santos cristãos a divindades pagãs, como alguns “católicos” fazem? É verdade. Esse sincretismo ocorreu inicialmente com os negros, que, para poderem praticar seus cultos livremente, identificaram suas divindades aos santos cristãos. Mas isso não quer dizer que a doutrina da igreja permite. É verdade que alguns padres apóiam essa atitude? Também é verdade, mas isso acontece até mesmo no protestantismo com pastores que apóiam atitudes totalmente anti-cristãs, e quando não apóiam são coniventes com essa situação.

Também desde os primórdios do cristianismo houve pessoas que implantavam heresias, e os lideres não estavam livres disse. Portanto, assim como não devemos dizer que todos os evangélicos pisam no sangue de Cristo quando fazem sacrifícios vãos e apóiam doutrinas contrárias à própria escritura, também não devemos julgar toda a igreja católica por conta de uma pequena parte (pois isso ocorre principalmente no nordeste do Brasil). Por conta disso alguns objetam que o uso de imagens leva a idolatria. Isso algumas vezes é verdade, como a bíblia mostra que aconteceu com o povo de Israel, mas nem por isso Deus condenou a sua fabricação, principalmente na arca e no templo. Assim como as musicas muitas vezes levam a idolatrar os músicos e alguns pregadores são exaltados nas alturas, mas não se deixa de fazer musica e pregar devido seu beneficio.

Além dessas situações relatadas na bíblia, é bom lembrar que ela fala de formasiguais que apresentam objetivos diferentes. Para que entenda melhor essa questão, pode-se lembrar de musicas com um mesmo ritmo, tocadas por instrumentos idênticos, mas com mensagens totalmente opostas. Algumas fazem apologia à violência, enquanto outras trazem mensagens de paz. Ou um médico que abre o corpo para salvar uma vida e um psicopata que o faz por prazer mórbido. Ambos possuem a mesma forma (abrir um corpo ou possuir o mesmo ritmo), mas têm objetivos diferentes.

As situações narradas pelas escrituras são semelhantes. Alguns se ajoelham para venerar, como forma de respeito e veneração (1 Reis 1:16; 2 Samuel 14:4; 1 Reis 18:7; Rute 2:10), outros como adoração a ídolos ou a Deus.

Pedro foi prudente falar para o homem que se ajoelhou diante dele pois sua cultura era essencialmente idólatra. João se prostrou diante do Anjo para adorar, o anjo disse para adorar a Deus. O versículo diferencia a forma do objetivo. Assim como o medico abre um corpo para salvar vidas e outro faz o mesmo para matar, João fez com o objetivo errado. Isso faz total sentido pois o anjo não o exortou porque se ajoelhou, mas por causa do objetivo de adorar.

Nem sempre se adora ajoelhado, ou se ajoelha adorando. Por isso, como observamos, na cultura judaica, se prostrar não é necessariamente adorar. Por esses motivos a forma (ajoelhar) não se configura sempre ao mesmo objetivo, que pode ser venerar, adorar ou até mesmo fazer zombaria.

Idolatria, como foi visto não é confeccionar imagens como lembrança ou respeito, mas tratar a criatura como se fosse o criador. Caso os protestantes que defendem isso levassem essa distorção da verdade a sério, e não apenas como preconceito (isso porque nem todos cometem esse erro), não teriam fotos, lembranças artesanais ou até mesmo imagens nos livros que falam contra imagens.

Nesse ponto, não se pode continuar ir de encontro a verdade e afirmar que confeccionar qualquer tipo de escultura é adoração e é condenado por Deus, mas apenas a idolatria, que nem sempre se dá com imagens esculturais.

Em suma: Deus proíbe os ídolos, não as imagens. Tanto que ordenou que dois anjos fossem postos na arca e que Salomão (seu escolhido para construir o templo) colocou várias imagens de tamanho consideráveis no Templo, atitude que foi aprovada por Deus. Por isso qualquer pessoa honesta intelectualmente deve pensar duas vezes antes de chamar os católicos de idólatras e considerar qualquer imagem um ato de idolatria.

Autor: Jonadabe Rios

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