Iniciamos a publicação de um breve estudo sobre a obra de Roberto de Mattei , “Concílio Vaticano II, uma história nunca escrita”, Turim, Lindau, 2010. Esperamos que estas mensagens sejam de algum interesse para os nossos leitores.
No debate que há alguns anos está incendiando a mente de vários católicos, ou seja, sobre a interpretação correta -, mas também o lugar – do Concílio Vaticano II (1962-1965) dentro da Igreja, interveio, muitos meses atrás, Professor Roberto de Mattei, com o seu trabalho “ Concílio Vaticano II , uma história nunca escrita”, Turim, Lindau, 2010. O volume é muito grande (cerca de 600 páginas ) e propõe-se o ambicioso objetivo de mostrar uma nova linha de interpretação do evento conciliar (p. 23).
Este modesto estudo seria uma análise não exaustiva do trabalho em questão.
Começamos a partir dos pontos positivos do trabalho:
1) são apresentados numerosos testemunhos e documentos, provenientes de uma gama diversificada de fontes;
2) nas notas – mais raramente no texto – são também indicados os autores e linhas de interpretação diferente do autor: Isso permite que o leitor compreenda, pelo menos em pequena parte, o vasto e variado panorama da hermenêutica conciliar.
Voltemo-nos agora para as notas críticas:
Esclareço que, na opinião do escritor, elas são predominantes. Abaixo temos a intenção de discutir essa avaliação.
1) O livro apresenta argumentos que são fundamentalmente relacionados com a chamada “hermenêutica da ruptura “: o Vaticano II é visto como um evento que mudou radicalmente – para pior – a Igreja Católica. Neste sentido, a reconstrução do autor parece ser resumida da seguinte forma: as tendências modernistas (que desde o século XIX têm estado presente no meio Católico), depois de terem sido vigorosamente e com sucesso contrastadas por São Pio X, não foram devidamente combatidas por seus sucessores (menciona negativamente a atitude de Pio XI (1) Pio XII (2) João XXIII (3), o Papa Paulo VI (4). O modernismo, portanto, teria penetrado e seria escondido como uma sociedade secreta no interior da igreja, à sombra do chamado “terceiro partido” (5), ou seja, a corrente teológica que tentava de conciliar os aspectos não heterodoxos e mais aceitáveis do modernismo com o pensamento teológico mais tradicional (6). Desta forma, teria sobrevivido, reemergente no Concilio e conseguindo se infiltrar de modo notável. Consequentemente, o Vaticano II teria cedido, pelo menos em parte , a heresia modernista.
2) A chamada “hermenêutica da continuidade ” é atribuída a João Paulo II (p. 7), enquanto que, na realidade, já foi expressada pelo Papa Paulo VI (7).
3) Apesar do autor confirmar por três vezes que não quer fazer uma obra teológica mas histórica, (p. 20,. P 590), no entanto, observamos que algumas vezes existe confusão entre os dois planos, porque o texto muitas vezes se perdura em partes de natureza perfeitamente teológica.
4) afirma claramente que cada historiador da igreja possui sua própria teologia da história (p. 22). Agora, portanto, parece que um historiador católico deveria colocar em foco uma leitura do tipo providencial da história humana. Se falamos de um Concílio Ecumênico, que reuniu portanto um número enorme de bispos (como nunca antes na história da Igreja Católica), como pode-se excluir esta dimensão da leitura? O Espírito Santo auxilia a Igreja (9): não o teria feito, portanto no Concílio Vaticano II? (10) Parece que o papel da Divina providência seja o grande ausente do trabalho na leitura proposta pela obra (que, também, como é dito no parágrafo anterior, por vezes, aponta para a dimensão teológica e eclesiológica). A este ponto, pode-se argumentar que os Padres rejeitaram o apoio do Paráclito: é obvio que esta é uma afirmaçao muito grave, pois implica a visão que do concílio ecumênico é contrário à vontade divina, como um inquérito judicial que teria de modo prometeico se levantado contra o Altissimo. Isso nunca aconteceu na História da Igreja, nem mesmo no pior dos tempos durante a crise ariana, e a razão é óbvia: se a Igreja foi constituída, como afirma o Vaticano I, “para o bem de perpetuar a obra de redenção” (11), uma semelhante rebelião a Deus significaria que não nos salvamos mais graças à Igreja, mas, apesar dela.
5) O trabalho, no geral, adota a linha hermenêutica da chamada “escola de Bolonha” (12), cujo trabalho é considerado indispensável (p. 8). A leitura dos fatos é o mesmo (o Vaticano II rompeu com a tradição -. P 9) (13). . . Não raramente são feitas leituras interpretativas de um modo “progressista” (por exemplo, p 18 – onde se acolhe a idéia progressista pela qual o novo modo de se expressar do Concilio seria uma ruptura com a tradição anterior (14); ou p. 49, na qual vem acolhida a interpretação progressista do papel e da gênese do movimento biblico (15).
6) Se aceita a idéia do Concílio Vaticano II como um “evento” (no sentido sociológico) de rompimento: portanto, na análise favorece a análise dos eventos, da maneira em que o trabalho foi realizado, do contexto, de algumas idéias de alguns Padres preeminentes, a recepção do Concílio na Igreja (p. 9, 22), enquanto passam em segundo plano os documentos aprovados e promulgados (16). Estes ultimos, no entanto, são considerados inseparáveis do evento (em sentido global) que os produziu (p.22 – 23) (17): Isto, porém, parece colocar pouca evidência no “serviço do Espírito Santo” (que falamos no ponto 4), como se os textos fossem o mero produto do trabalho puramente humano. A separação entre os documentos e o contexto é sim possível (18).
7) No livro de de Mattei vem aceita (p. 15) e reproposta (19) a proposição de Mons. Brunero Gherardini (20) por meio de que os ensinamentos não infalíveis não são sequer vinculantes. Tomada em si mesmo, tal idéia é errônea. Basta citar o Código de Direito Canônico em vigor (c. 752 ): “Ainda que não se tenha de prestar assentimento de fé, deve contudo prestar-se obséquio religioso da inteligência e da vontade àquela doutrina que quer o Sumo Pontífice quer o Colégio dos Bispos enunciam ao exercerem o magistério autêntico, apesar de não terem intenção de a proclamar com um acto definitivo; façam, portanto, os fiéis por evitar o que não se harmonize com essa doutrina”(21).
Se ele quis dizer que as doutrinas não infalíveis não exigem o mesmo tipo de assentimento , é verdade ; mas a expressão proposta não significa isto: envolve uma aniquilação do magistério ordinário, por sinal, muito difundido em ambientes tradicionalistas e necessária para tentar conjugar a tese da descontinuidade com uma visão eclesiológica dotada de alguma base.
8) Ele contrasta a visão do Concílio Vaticano II como um “novo Pentecostes ” – como presságio dos Papas, (“São” N.trad.) João XXIII , em especial – com a visão de que o Concílio tem de ser lido no sulco da tradição (p. 11). É claro que as duas dimensões não são mutuamente excludentes: o aprofundamento, a melhoria da compreensão e até mesmo uma certa adaptação (sem tocar no depositum fidei) não entram em conflito com a dimensão imutável da Igreja. Se de fato se lamenta que muitas iniciativas questionáveis (se não manifestamente erradas ) foram justificados por certos setores da Igreja sob esta fórmula, não obstante é preciso distinguir a reta noção de um “novo Pentecostes ” (22) com as abusivas apropriações da mesma.
9) A primazia da pastoral – de que , em um determinado modo, o Vaticano II tornou-se o portador – é transformada na derivação da primazia da prática de raízes marxistas (pags.19-20): porém a importância da pastoral é reconhecida desde sempre pela Igreja (23) e é fruto da caridade para com a pessoa humana, que esta quer salvar e santificar, para a glória de Deus. Mas a tese vem desenvolvida (p. 21) afirmando que o evento – Concilio – teria proposto a primazia da ortopráxis sobre a ortodoxia , enquanto, de opinião oposta é a interpretação do então Cardeal Ratzinger (24).
10) Diz que o verdadeiro significado do termo “aggiornamento,” seria modificar a doutrina para adaptar às pessoas do nosso tempo (p. 21), recuperando uma tese modernista (pags. 44-45). Desta forma, se dá uma má intenção ao Concilio; de fato, o verdadeiro sentido católico do termo foi efetivamente exposto por João XXIII, quando ele disse: “No presente, necessita que nesses nossos tempos toda a doutrina cristã seja sujeita a reexame por todos, com serenidade e calma, sem nada tirar, daquela maneira de pensar e de cuidado para formular as palavras que se destaca acima de tudo nos atos dos Concílios de Trento e do Vaticano I; é necessário que a mesma doutrina seja examinada de forma mais ampla e profunda, e os animos sejam bem informados e imbuídos, como ardentemente desejam todos os defensores sinceros da verdade cristã, católica , apostólica; é necessário que esta doutrina certa e imutável, a qual se deve pagar uma leal adesão, seja aprofundada e exposta de acordo com o que é exigido por nossos tempos. Outro em efeito é o depósito da fé, isto é, as verdades contidas na nossa doutrina venerável, outra é a maneira com a qual estas sao proclamadas, mas sempre na mesma direção e no mesmo sentido. “(25)
11) O trabalho inteiro apresenta uma divisão dos protagonistas em três alianças: progressistas, tradicionalistas, terceira via (26). Agora, parece que às vezes essa subdivisão arrisca de cair em um excesso de clareza e maniqueísmo sem levar em conta a particularidade do indivíduo e da complexidade da alma humana.
12) O método histórico-crítico é apresentado como um portador de um defeito congênito inaceitável que o levaria a ser independente do Magistério (p. 39-40) e indissoluvelmente associado ao imanentismo (p. 62). O resultado é o dever de criticar a encíclica Divino afflante Spiritu de Pio XII (pags. 52-53), apresentada como uma vitória progressista. Como em outros lugares, aqui parece confundir os excessos de alguns dos usuários deste método com o método em si, que foi, sem dúvida, implementado, autorizado, e mesmo incentivado pela Igreja.
13) O movimento bíblico, litúrgico, filosófico-teológico e ecumênico são apresentados monoliticamente como herdeiros – ainda que de uma forma diferente – do modernismo (pags. 47, 100): nenhuma distinção é feita em vez – como fez a Igreja – de seus bons aspectos e daqueles não aceitáveis.
14) O movimento bíblico adotou o método histórico-crítico, que é apresentado de maneira altamente negativa (como mencionado no ponto 12) (27). Nem parece ser suficientemente distinguida a importância do sentido literal, que parece na obra sinalizar de forma negativa – quase como um sentido típico “modernista” – enquanto parece quase reduzir a exegese tradicional a um sentido espiritual (pags. 48-53 ). Neste sentido, a Divino afflante Spiritu de Pio XII é apresentada como um abandono da exegese tradicional, porque favorece o sentido literal – é preciso dizer, no entanto, que os manuais da época (que os tradicionalistas consideram ortodoxos, e neles se baseiam) aceitam sem problemas a encíclica, que é lida em perfeita continuidade com o ensinamento anterior.
15) A “participação ativa” dos fiéis na liturgia também é apresentada no sentido negativo. Como em outros lugares, se confunde os abusos do período pós-conciliar com o reto sentido católico da mesma expressão (ver também na p. 573), que remonta a São Pio X (28).
16) A antologia “Sources chrétiennes”, onde publicavam (e ainda publicam) as obras dos primeiros quinze séculos de história cristã, é apresentada como um contraste implícito à escolástica: o que não pode ser dito, no entanto em um sentido objetivo, uma vez que é notório que uma série de textos antigos (Migne) foi publicado no século XIX, sem por isso, ser vista como inerentemente contrário à escolástica. A utilização que é feita desta pode ser contrária, mas não a própria antologia.
17) indica claramente que não é possível separar o dogma do modo de expressar o mesmo (p. 102): em contraste , cf. ponto 10.
18) Alega-se que Montini “talvez” não foi nomeado cardeal pelo Papa Pio XII, para evitar que ele se tornasse Papa (p. 111): e, no entanto sabe-se que o mesmo Montini foi nomeado arcebispo de Milão em 1 de Novembro de 1954, enquanto Pio XII realizava seu último consistório para criar novos cardeais, em 12 de janeiro de 1953. Na verdade, se papa Pacelli tivesse realizado um consistório e não tivesse incluído na lista de cardeais Montini, nesse caso teria algum sentido falar de “exclusão” da dignidade cardinalicia. Em vez disso, o estudo das datas mostra que esta hipótese não pode ser suportada.
19) Diz que o século XX foi pobre de santos(p. 134). Excluindo revelações especiais do Senhor, é impossível conhecer o grupo de santos que pertenceu ao século XX. Na melhor das hipóteses, podemos falar sobre santidade reconhecida pela Igreja, isto é, o número de canonizações. Mas este é um assunto que parece sem sentido: o século XX terminou há alguns anos e é bem sabido que o tempo de canonização é geralmente bastante longo. Poderemos, então, falar sobre os santos canonizados do século XX apenas daqui há muito tempo.
20) Muitas vezes(29) faz, pelo menos implicitamente, uma comparação entre o Concílio Vaticano II e da Revolução Francesa – ou seja, considerando que o último Concilio pode ser visto como uma “revolução” na Igreja (expressão típica da hermenêutica da ruptura). Algumas vezes, entre os Padres conciliares foram também identificados componentes chamados “jacobinos” e “girondinos” (30). A adoção de semelhantes categorias, tiradas da linguagem da política, parece um tanto inapropriada (31); e certamente o paralelo entre o Concilio Vaticano II e a Revolução Francesa é grave.
21) Alega-se que a visão da Igreja e da sociedade de Siri e Montini seria “antitética” (p. 146) (32). Estritamente falando, isso implicaria que um dos dois (ou ambos) teve uma visão não católica da Igreja e da sociedade: a visão de ambos, na verdade, é argumento teológico e pertence à fé católica. Portanto, se as duas visões são irreconciliáveis, isso significa que pelo menos um dos dois não corresponde à Igreja Católica. Diferente é o caso em que se pretende referir apenas aos elementos da visão que não são definidos pela fé católica, mas, neste caso, parece que podemos falar das legítimas diversidades.
22) Afirma que João XXIII não aprovava a excomunhão dos comunistas, em 1949 (p. 177). No entanto, como Papa, em 02 de abril de 1959 (33), aprovou uma medida do Santo Ofício com a qual foram feitos alguns esclarecimentos sobre a excomunhão de 10 anos antes, mas mantendo-a em vigor. E se, se encaixa a visão de Papa João como um Papa de “mudanças revolucionárias” (tese que no livro aparece muito bem acolhida), não se entende como o Papa Roncalli possa ter encontrado problemas em cassar uma medida que considerava injusta e errada.
23) O livro inteiro relata de uma forma particular – e é compreensível e louvável – as intervenções dos padres conciliares. No entanto, seria apropriado destacar o papel da “maioria silenciosa”. Como dito pelo Cardeal Siri: “Uma minoria a nossa? Mas no Concilio eram os 2500 Padres que partecipavam e que votavam. E eles votavam bem. Destes, apenas 500 tomaram a palavra, pelo menos uma vez. Todos os outros, e eram o 4/5 , estavam lá, atentos, e julgavam. E eles eram a maioria. A maioria silenciosa, mas que realizavam o Concilio. E os documentos do Concílio foram todos aprovados quase por unanimidade. Não se pode compreender o Concilio se não se compreende isso.”(34)
24) Não são poupadas críticas ao trabalho do Cardeal Siri no Concilio(pags 233-234), ao que parece, especialmente pela sua recusa em participar do Cœtus Internationalis Patrum. O cardeal genoves, tornou-se promotor – às vezes com sucesso, outras vezes não – das tentativas de harmonização e de moderação de posições diferentes. Estes são vistos com algum desagrado (p. 332) como “a principal causa da derrota de bispos conservadores.” Esta visão é a consequência lógica da posição que permeia o texto, ou seja, que a parte da razão estava praticamente toda da parte dos “tradicionalistas” – vistos sempre e somente como guardiões da ortodoxia – enquanto todos os outros (“progressistas” ou “terceira via” – este último deve ser considerado como a maioria dos Padres) são considerados – com maior ou menor título – detratores (pelo menos implícito) da ortodoxia e propagadores (pelo menos implícitos) de uma visão heterodoxa (ou que incentiva heterodoxia). Por outro lado, não parece enfatizar adequadamente o verdadeiro espírito que animava o cardeal de Gênova (35).
25) A tendência de muitos Padres, definidas como “mais atentos a difundir a mensagem para o homem contemporâneo” é considerada “heterodoxa, repetidamente censurada e condenada” (p. 280-281). Francamente, não se entende de onde surge tal pensamento, se não, mais uma vez, da confusão entre uma boa idéia em si e os seus abusos.
26) Outra tese básica que resulta da leitura deste trabalho é que praticamente todas as alterações feitas geralmente são consideradas nocivas e potencialmente deslizam para heterodoxia. Parece uma visão excessivamente fixista, o que é perfeitamente justificável (na verdade, louvável), como parte do depositum fidei e, em geral, dos elementos essenciais da fé; mas que é alargada de um modo que parece excessiva, para os elementos que são passíveis a mudanças.
27) é atribuída à Paulo VI a eliminação da tiara e da coroação (p. 301). Na realidade não é assim (36).
28) O Cardeal Wyszynski é definido “complacente ” para com o comunismo (p. 314). Prefiro dizer que ele procurou um modus vivendi entre a Igreja Católica na Polônia e o regime comunista no poder. Uma forma um pouco semelhante (ou seja, de tentar algum acordo) foi seguida pela Santa Sé para com a União Soviética, por exemplo, na década de vinte (37).
29) O Concilio é frequentemente apresentado como a mercê de uma minoria, onde a maioria dos Padres não seria capaz de liberar-se. No entanto, na pag. 430, mostra que o padrão das missões, apresentado ao Concilio explicitamente suportado (único caso) pelo Papa Paulo VI em pessoa, logo foi retirado devido a reunião da oposição. Daqui resulta que a assembléia do Concilio não era, é claro, tão submissa e propensa como é retratado em outras partes da obra.
30) Os trabalhos do Concílio são vistos explicitamente como trabalhos de molde parlamentar (pags. 515-516). O Concílio de Trento e o Vaticano I , ao invés,teriam usado um método “absolutista” (ou seja, dominado pela vontade do Papa), enquanto o Vaticano II teria adotado um método “democrático” (ou seja, dominado por decisões da assembléia, mesmo que unida ao Papa).
Deve notar-se que:
a) em outras partes do livro é, pelo contrário, detectado o papel muito importante de Paulo VI (por exemplo, a aprovação final da Dignitatis Humanæ cf pag. 468);
b) parece que nos outros concílios faltou debate interno, a tese deveria ser adequadamente demonstrada.
31) É expressamente afirmado – em linha com a hermenêutica da ruptura – que o Vaticano opôs a própria vontade coletiva à Tradição (p. 516). Daqui resulta que o Concilio seria contra a palavra de Deus não escrita. (38): uma outra acusação pesada, quase de ter sido um Concilio perverso.
32) O último Concílio teria elaborado a sua própria vontade, dando valor transcendente (p. 516) – da a entender, de uma maneira imprópria, ou seja: dando-lhe um valor que não o tem. Também repercute aqui, uma profunda desvalorização do magistério ordinário.
33) vem criticado, de fato, aos bispos “tradicionalistas” a excessiva devoção e obediência ao Papa (pags. 516-517), e nesse sentido vêm criticada – pelo menos implicitamente – a teologia pré-conciliar (bem como os Papas (39)) , que teria instilado neles esses “excessos” (alegados).
34) O resultado do trabalho do Concílio é dado quase que exclusivamente como a vontade e determinação de Paulo VI e dos “progressistas” (p. 516). Em contraste ao Item 4.
35) Uma das razões para a fraca resistência (assim foi julgada) dos bispos “tradicionalistas” é encontrada na idéia de que eles teriam se limitado sabendo que o caráter do ensinamento do Concílio não era infalível (p. 516). Aqui:
a) é mais uma vez desvalorizado o Magistério Ordinário, considerado quase um pour parler;
b) há um implícita ofensa aos bispos “tradicionalistas” que teriam quase “brincado” com o Magistério Ordinário;
c) parece que tenha, pelo menos em parte, projetado para trás de assuntos pertencentes ao debate atual, mais do que de conciliar.
36) A crise pós-conciliar foi devido “ao abandono do papel da Tradição na vida da Igreja.” (P. 542). se entenderia se tivesse falado sobre “consideração não o suficiente para com o papel da Tradição”; mas abandonar o papel da Tradição é uma acusação muito grave, especialmente se dirigidas, como neste caso, a Igreja, que é a guardiã dessa mesma Tradição e o Magistério vivo é o órgão da Tradição (40).
37) A teologia da libertação teria nascido do próprio Vaticano II e esta estaria em continuidade com ele (p. 554). Não parece que a afirmação seja suficiente, mas torna-se compreensível em vista da obra, para a qual o Concilio e o pós-conciliar são de fato inseparáveis.
38) Em conclusão, afirma-se que Bento XVI teria “aberto a porta para um debate sério sobre o Concílio Vaticano II” (p. 590). É uma tese bastante difundida no campo tradicionalista, mas isso não se reflete nos discursos do Papa, cuja finalidade é declaradamente (desde o seu famoso discurso à Cúria Romana em 22 de dezembro de 2005) para fortalecer e propagar a hermenêutica da reforma na continuidade. Não está claro onde o Santo Padre expressou o desejo de criar uma espécie de “debate livre” sobre o Magistério Ordinário Autêntico do Concílio Vaticano II.
NOTAS:
(1) p . 231 .
(2) p . 31-105 ; cf . em particular, p . 37 .
(3) Do Papa Roncalli é repetidamente criticado, em particular, o excesso de otimismo (que se opõe às mensagens de Fátima , p 133.); mas também dissimuladamente detectada a sua (suposta) simpatia juvenil pelo modernismo e a não consonância com a luta ao anti-modernismo de São Pio X (p. 115-6 ). Na verdade , o jovem Roncalli aderiu perfeitamente a ortodoxia católica (ver sobre Marco Roncalli , João XXIII, Milão, Mondadori , 2007, pp 101-111 ; . . Saverio Gaeta, João XXIII A vida de santidade , Milão, Mondadori , 2000 , p. 71-73 ), tanto é que o card. De Lai não considerou as acusações feitas contra ele. O futuro Papa apenas notava os excessos de certos anti- modernista (uma visão compartilhada por outros prelados, no entanto , certamente não suspeitos de simpatia heterodoxas , como o Cardeal Siri, ou, até mesmo, jà na epoca do Bem-aventurado card. Ferrari ) .
(4) Por exemplo . p . 7, mas , em geral, todo o trabalho é permeado por um juízo muito crítico ao pontificado montiniano.
(5) p . 77-83 ; 100 .
(6) este, é acusado (pp. 45-47 ), de não lutar contra a heresia e ficar entre a “verdade integral” e o “erro declarado”. De consequência, este, estaria errado (porque a verdade é tal, quando esta é completa) . Esse “terceiro partido” triunfaria após São Pio X e teria tido vários sucessos no Concilio. Na pag. 318 , por exemplo , a linha de “tercista” à teologia mariana é definido como “tipicamente hipócrita ” porque procura fazer a mediação entre os exageros da tendência oposta. A pag. 326-327 , no entanto , a linha mais moderada de um teólogo é vista como um cavalo de Tróia de idéias progressistas. Em todo o trabalho é claro, no entanto , a rejeição dessa tese corrente, que poderiamos definir como “moderada” e que , em poucas palavras, é o que atualmente governa a Igreja Católica, a qual, no fundo, parece ser capaz de atribuir também ao Pontífice reinante (esta é a nossa conclusão : o autor não menciona no texto , mas este parece ser o resultado necessário dessa tese) .
(7) Por exemplo . “Não estaria , porém, na verdade, aqueles que pensam que o Concilio representa uma lacuna, uma pausa, ou , como alguns pensam, uma libertação do ensinamento da Igreja tradicional” ( Audiência Geral 1966/01/12 ) . “é, professando ser fiel ao que ensina o Concílio e nos ordena, parece-nos um dever evitar ter dois possíveis erros: o primeiro é supor que o Concílio Ecumenico Vaticano II representa uma ruptura com a tradição doutrinal e disciplinar que o precede, como se esse apresentasse uma tal novidade para ser comparado a uma descoberta chocante, a uma emancipação subjetiva , que autoriza o destacamento , como uma pseudo- libertação do que, até recentemente, a Igreja com autoridade tem ensinado e professado, e, portanto, permite de propor ao sogma católico interpretações novas e arbitrárias , muitas vezes mudadas fora da ortodoxia essencial , e de oferecer aos costumes católico novas expressões intempestivas , muitas vezes mudadas pelo espírito do mund ; isto é incompatível com a definição histórica e fiel ao espírito do Concílio, que pressagiava o Papa João XXIII. O Concílio vale tanto, como continua a vida da Igreja; ele não a interrompe, não a deforma , não a inventa; mas a confirma, a desenvolve, aperfeiçoa, faz um ‘update’ . ” (Homilia 08 de dezembro de 1966 ). “A partir dessas tensões opostas deriva um estado de angústia, não podemos e não devemos esconder: em primeiro lugar, uma interpretação falsa e abusiva do Conselho , que gostaria de ter uma ruptura com a tradição , e também com a doutrina, chegando ao repúdio da Igreja pré –conciliar, e com a licença de conceber uma Igreja “nova” quase ” reinventada ” por dentro , na constituição , no dogma , nos costumes , na lei .” (Discurso ao Sacro Colégio de 23/06/1972 ) .
(8) Por exemplo. no que diz respeito à liberdade religiosa: cf. pp 387-397; 458-470.
(9) Cf.. por exemplo Catecismo da Igreja Católica, n. 688.
(10) O Cardeal Siri admite de ter sentido a presença do Espírito Santo no Concilio(ver, por exemplo. A Juventude da Igreja. Testemunhos, documentos e estudos sobre o Concílio Vaticano II, Pisa, Giardini, 1983, p. 139). Na pag. 138, no entanto, afirma que o Concilio não foi expressão do real sentimento do episcopado, mas que foi um prisioneiro de uma minoria que triunfou. Isso resultaria de modo irrefutavel a partir dos dados históricos. A’declaração è forte e pretende ser objetiva, enquanto que deveria permanecer no campo da interpretação subjetiva, porque, como – como dito- E necessário considerar a realidade sobrenatural e transcendental que trabalham na Igreja – isto é, a Divina Providência.
(11) “ut salutiferum redemptionis opus perenne redderet” (Vaticano I, Pastor Aeternus,, DS 3050).
(12) Cf.. por exemplo. Pags. 8; 16; 22; 23; 201-202; 217; 360.
(13) Na pág. 10 é admitido claramente que a hermenêutica da ruptura foi também apropriada pelos “tradicionalistas”.
(14) A tese foi claramente acolhida pags. 18-19.
(15) Para mais detalhes sobre este ponto, ver pontos 13 e 14 do presente estudo.
(16) Contrariamente, o Cardeal Siri colocou como primeiro critério para uma compreensão adequada do Concilio, apenas a considerações dos documentos oficiais, somente estes possuem autoridade (ver Siri, “A Juventude da Igreja”, cit, pags 120 .. – 121, 139-140).
(17) Ao contrario, na p. 23 argumenta que seria “artificioso” separar os documentos do evento que os produziu. Cf. sobre a nota anterior.
(18) “Na realidade, os documentos podem sempre serem separados da discussão que os precederam. Nenhum jurista pensaria de opor a uma lei as intervenções de quem votou a favor ou contra o seu texto, na propria aula do Parlamento que a votou. Os trabalhos preparatórios podem ser um ponto de referencia interpretativo, mas nunca prevalecer sobre o texto da lei. A Sociologia não é a unica ciencia a ser usado para interpretar o Concilio, em qualquer caso, não afirma absolutamente que seja impossivel a distinçao logica entre o texto e o seu contexto. Se o texto fosse absorvido e engolido pelo contexto, o que aplicando o método do livro poderia ser dito de qualquer documento, perderia o seu significado específico e nós estaríamos em uma espécie de estruturalismo onde toda declaração è desmontada e desconstruída em um jogo de referencias perpétuas onde nada mais possui autoridade.A história serve para explicar os documentos. Não serve mais se os faz em pedaços. “(Massimo Introvigne, Para que serve a história? Concilio Vaticano II. Uma história nunca escrita por Roberto de Mattei)
(19) não somente no volume em estudo , mas também , por exemplo , no artigo do jornal Libero , 12/12/2010 , p . 34 .
(20) Ver Brunero Gherardini , o “Concílio Vaticano II. Um discurso a fazer”, Frigento , Casa Mariana Editrice , 2009, p. 51 .
(21) Ver também, por exemplo : “É um erro grave, condenado pela Igreja , reduzir a infalibilidade somente ao Magistério extraordinário. Seria algo ridículo: nos últimos cem anos, por exemplo , é dado, com certeza absoluta , isto é, com um suficientemente amplo consenso de probati auctores, uma única definição do Magistério Extraordinário , o dogma da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria ao céu, contido na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus, 01 de novembro de 1950 .Se fosse assim, nao estaria assim tao errado , o historiador do direito canónico Brian Tierney a ser irônico sobre a teologia neo- escolástica da infalibilidade com seu conhecido “axioma” : “Cada pronunciamento infalível é certamente verdade, mas nenhuma declaração é certamente infalível”. (Don P. Cantoni , O Magistério desafiado, em cristandade n°174. 1989) . Esta equação ( não infalível = falível ) é aquela utilizada pelos teólogos como um mecanismo para criar uma espécie de ” magistério paralelo”. Desta forma, “se coloca ao lado do magistério infalível um chamado falível para que a falibilidade pertença a este magistério quase como um atributo permanente” ( L. Scheffczyk , responsabilidade e autoridade do teólogo no campo da teologia moral : a dissidência na encíclica ” Humanae vitae “ , de Vários Autores , Humanae vitae : 20 anos depois: atos do Segundo Congresso Internacional de Teologia Moral (Roma, 09-12 novembro 1988) , Ares , Milão , 1989, p 283 ) . . O Magistério raramente invoca a prerrogativa de infalibilidade, e de norma, requer o consentimento dos fiéis de forma “autêntica” . Os dissidentes constroem a equação: “infalibilidade é a incapacidade de erro , a autenticidade em vez é a capacidade de erro e portanto, também incerteza e por si mesma mais expostos a rejeiçao” (ibidem). Os teólogos da dissidência moderna, usam essa falsa equação para argumentar que no ensinamento da Igreja, exceto o pouco que é infalível, todo o resto é ” falível ” e você pode tranquilamente rejeitar. Precisamente o oposto é verdadeiro: mesmo o magistério “autêntico” é ” revestido da autoridade de Cristo” e, portanto, o consentimento é obrigatòrio. (ibidem, cf também Lumen Gentium , n 25 . ) .
(22) O Beato (hoje Santo N. Trad.) João XXIII a definiu assim: “A Santa Igreja de Deus, que quer ser luz das nações , tem uma palavra a dizer aos homens da época atual . Com humilde firmeza, esta, pela voz de seus pastores unidos com Pedro chama os povos à preeminência das coisas do espírito ; apela à criação de uma ordem civil e doméstica mais justa e mais nobre, em que todos os filhos de Deus , redimidos pelo sangue de Cristo, possam viver no amor mútuo , e no respeito pelos direitos e deveres mútuos. A Igreja chama especialmente seus filhos a um reflorescer de virtude exemplar , na prática constante das obras de misericórdia , e no exercício e na disposição no exercício do bom exemplo e do apostolado . É este o novo Pentecostes que invocamos ardentemente ao Espírito Santo , como fruto do Concílio Vaticano II. ” (Audiência geral de 24 de Outubro 1962).
(23) Sem dúvida, pré- conciliar, por exemplo , é o discurso aos párocos e aos quaresmais de Roma por Pio XII, em 17/02/1945, que fala explicitamente sobre a importância do cuidado pastoral. O mesmo São Pio X , muitas vezes lembra a necessidade de cuidado pastoral ( ver, por exemplo . Várias passagens da encíclica Editae Saepe, 26/05/1910) . Talvez ele confunde pastoral saudável com o abuso que o termo tomou nas últimas décadas.
(24) Ele atribuiu um slogan semelhante à degeneração, certamente não para o próprio Vaticano II: cf . J.Ratzinger , O Relatório Ratzinger. Vittorio Messori, em conversa com o cardeal Joseph Ratzinger, Cinisello Balsamo, Edições San Paolo , 2005 ( edição original de 1985) , p. 19-20 .
(25) Ver Discurso de abertura do Concílio Vaticano II, 11 de outubro de 1962, VI.5.
(26) Ver, por exemplo. pags 27; 53; 108-109; 206/207; 209; 264; 271; 281; 310-311; 324; 351. Na pag. 357, por exemplo., O padre JA Jungmann, SJ, renomado liturgista, é totalmente atribuído à corrente dos “liturgistas progressistas”, enquanto nos círculos tradicionalistas lhe é geralmente reconhecida uma certa moderação, por exemplo, sobre a questão da orientação da celebração (cf. . sobre J.A. Jungmann, SJ, Missarum Sollemnia. Origens, liturgia,historia e teologia da Missa romana, Turim, Edward Arnold, 1953 (II ed.), Volume I, 211-216 p., onde o autor não parece entusiasmado com a celebração versus populum, que admite somente em casos especiais).
(27) p. 48 de Mattei fala de “progressivo cedimento da exegese católica ao método histórico”. Agora, o tom do termo “cedimento” é claramente negativo: “cede” para algo negativo, errado. Nas pags. 51-52, é, então, exaltado como “exemplo” de exegese “tradicional”, não se sabe com que base, o padre napolitano Don Dolindo Ruotolo, cujo panfleto (Um grave perigo para a Igreja e para as almas.O sistema critico-cientifico no estudo e na interpretaçao da SagradaEscritura. Os seus desvios malignos e suas aberraçoes, 1941) ao contrario, foi condenado pelo Santo Ofício e rejeitado pela Pontifícia Comissão Bíblica (ver a carta aos Arcebispos e Bispos italianos. Um panfleto anônimo depreciativo 20 de agosto de 1941). No texto de Mattei não menciona que a principal vítima da brochura de Don Ruotolo foi o famoso abade Giuseppe Ricciotti, um estudioso bíblico distinto certamente não suspeito de tendências modernistas, que respondeu às acusações na terceira edição de seu:Bíblia e não Bíblia (Morcelliana, Brescia 1944). Ricciotti queixou-se que foram lançadas “acusações de todos os tipos, não excluindo aquela de ser um escritor sem vergonha e licencioso” (p. 9). O abade repete essencialmente os argumentos da Comissão Bíblica Pontifícia, mostrando como o “método” de Don Dolindo fosse sem qualquer fundamento, porque levava a impor na exegese “sentidos acomodados”, trocando a palavra de Deus com as suas próprias aspirações pessoais e fantasias privadas, não importa quão bem intencionado seja. Nunca a Igreja, a começar por Santo Agostinho, patrocinou um método semelhante na interpretação das Escrituras.
(28) Na verdade, na p. 55, afirma-se que esta expressão teria “escapado” a São Pio X, no Motu Proprio “Tra le sollecitudini”.O tom é evidente: é algo negativo que escapou por engano do Papa Sarto.
(29) Por exemplo. Pags. 137-138; 193-194; 580.
(30) Por exemplo. Pags. 237; 325-329.
(31) A pag. 45, no entanto, reconhece-se que as categorias de “centro”, “direita”, “esquerda” são “impróprias” (embora esta terminologia seja utilizada no proprio texto, pag. 326).
(32) Em uma nota de rodapé é citado Paulo Gheda, Siri e Montini ( aos cuidados de Siri). A Igreja, a Itália, Marietti 1820, Gênova-Milão 2009, pp. 3-95. Porém o julgamento do autor citado não parece coincidir com a do de Mattei. Na verdade, apesar das diferenças, também de caráter entre os dois homens da Igreja, emerge a grande estima que Siri nutriu a favor do Papa Montini, como resumido por Gheda, segundo o qual o louvor de Siri durante a missa funeral do Papa Paulo VI “confirmação da estima profunda que o ligou por mais de cinqüenta anos ao homem que, embora nem sempre concedeu sua aprovação, constantemente assegurou estima pessoal e, acima de tudo fidelidade crista.” (p. 95).
(33) Ver AAS 51 [1959], p. 272.
(34) Entrevista a 30Giorni, realizada em 17.01.1985.
(35) Por exemplo, na pag. 202 afirma que “Muitos pais ficaram desconcertados com o tom incomum da alocuçao do Papa João XXIII [na abertura do Concílio Vaticano II, ndr.] «Eu entendi pouco do discurso do Papa: tive que imediatamente fazer um grande ato de obediência mental», escreve em seu diário o Cardel Siri “Em uma nota de rodapé é dada uma referência a esta citação«SIRI, Diario, p. 357». A citação é justaposta de tal forma a indicar uma valorização quase ausente do discurso papal por Siri. Bem, logo após, na página seguinte (p. 358) do mesmo escrito, em 11 de outubro de 1962, o Cardeal genovês escreveu seus pensamentos de forma mais clara: “Esta noite eu analisei bem o discurso do Papa, a fim de padronizar a maneira que eu penso com a do Vigário de Cristo. De dois pontos temo que alguém possa usa-los mal. Talvez seja este o pensamento que me impede de dormir por algum tempo”. É claro a partir desta segunda citação, que o juízo de Siri à alocução papal é configurado como significativamente mais positivo do que o texto não deixa a entender.
(36) Cito, por exemplo, este artigo que refuta essa idéia em detalhes: http://www.cantualeantonianum.com/2010/10/tiara-si-tiara-no-ma-i-papi-hanno . html
(37) Ver Tornielli, Pio XII. Eugenio Pacelli. Um homem sobre o trono de Pedro, Milão, Mondadori, 2007, pags. 141-147. Ou a síntese de Philippe Chenaux sobre all’Ostpolitik Vaticano II: “Em frente ao despotismo de um poder totalitário hostil a qualquer forma de religiosidade, nao se podia fazer outro que tentar preservar o essencial, ou seja, a sobrevivência da hierarquia católica. O modus vivendi tornou-se assim uma espécie de modus non moriendi à espera de tempos melhores. “(P. Chenaux, A ultima heresia. Igreja Católica e o comunismo na Europa de Lenin a João Paulo II, Carocci, Roma 2011, p. 206 ). Quanto a “aquiescência” do Cardeal Wyszynski, deve-se dizer que no nomeação como primaz da Polônia, pelo contrário, ele “aparecia como um intransigente prelado oposto ao comunismo ateu, na linha da encíclica Divini Redemptoris de Pio XI” (P. Chenaux , op. cit., p. 161). Em 1953, porém, houve um confronto sério entre a hierarquia Polaca, apoiada pelo Papa, e o Estado, que com um decreto do governo teria colocado as nomeações eclesiásticas sob seu controle. Logo Wyszynski foi preso por três anos. Após a sua libertação, em 1956, foi realmente adotada uma forma mais “soft”, mas é pelo menos mesquinha qualifica-la como “complacente” e não ao inves como aquele acima mencionado modus non moriendi à espera de tempos melhores … Chenaux explica como efetivamente a “linha de Wyszynski ” não foi muito bem compreendida por Pio XII, mas o Primaz polaco por sua vez acreditava que a Roma ainda prevalecia uma abordagem “bastante teórica” à ameaça comunista.
(38) Por esta definição de Palavra de Deus já na teologia pré-conciliar , ver. Piolanti-Parente-Garofalo, Dicionário de Teologia Dogmática, em Roma, Studium, 1952, p. 332.
(39) Ver, por exemplo, as palavras de São Pio X: “como se deve amar o Papa? Non verbo neque lingua, sed opere et veritate.Quando você ama uma pessoa você tenta se alinhar completamente à todos os seus pensamentos, para realizar seu querer, para interpretar seus desejos. E se o nosso Senhor Jesus Cristo disse de si mesmo: si quis diligit me, sermonem meum servabit, assim, para demonstrar nosso amor ao Papa, é necessario obedecer-lhe. “(Cf. Discurso aos padres da União Apostólica, 1912/11/18)..
(40) Ver Piolanti-Parente-Garofalo, dicionário …, op. cit., p. 333.
Fonte: Continuitas.wordpress.com
PARA CITAR
CONTINUITAS, Blog. Estudo sobre a obra: “O Concílio Vaticano II. Uma história nunca escrita” – Disponível em: < http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/concilio-vaticano-ii/diversos/693-estudo-sobre-a-obra-o-concilio-vaticano-ii-uma-historia-nunca-escritaq >. Desde: 09/06/2014. Tradução: Gabriela Arenare.