Segunda-feira, Dezembro 30, 2024

As relações do Estado e a Religião Verdadeira segundo Paulo VI

 

1. AUDIÊNCIA A UM GRUPO DE MILANESES

30 de junho de 1963

O Pontífice deseja que a cidade de Milão “tenha não somente a honra de encontrar-se entre as mais vivas, entre as mais trabalhadoras, entre as mais modernas cidades italianas, mas também de ser exemplar no mundo, com uma missão que transcenda seus confins geográficos e que se possa realmente prestar atenção a Milão por essa estupenda síntese dos poderes civis e das potestades eclesiásticas; acaso não se celebrou há muitos séculos em Milão a concórdia entre o Império e a Igreja, e ficou como paradigma da paz que haveria de ser sempre custódia de todos os valores espirituais e materiais de uma autêntica civilização”.

 

2. AOS FUNCIONÁRIO E ENCERREGADOS DO GOVERNO PROVINCIAL DE TRIESTE

15 de junho de 1964

“Em vós queremos saudar a todos os cidadãos de Trieste, e nos causa grande satisfação ver a cabeça de vosso distinto grupo – como símbolo dessa paternidade espiritual que é concedida em plenitude ao bispo – a nosso venerável irmão Antonio Santín, zeloso e solícito pastor da diocese. E vendo a seu lado, com a autoridade civil que lhe compete, ao Comissário Geral do Governo, com seus eficazes colaboradores, se desdobra diante de nosso olhar o quadro ideal  da organização religiosa e civil de toda cidade bem organizada, e melhor, de toda comunidade civil, segundo os desejos e os planos de Deus; organização, queremos dizer, que assegura aos cidadãos a plena segurança nas coisas temporais e espirituais, a concórdia e a paz, a ardente e eficaz cooperação para seu pleno progresso.

Pois tudo isto não pode faltar quando a maternal solicitude da Igreja encontra nas instituições civis o obrigatório respeito e apoio, e estas, por sua vez, ficam valorizadas e sustentadas em seu fundamento pelos princípios que a Igreja infunde e alimenta em seus fiéis, pelo estímulo que incide neles, para que constantemente tendam ao reto agir, à leal colaboração entre os diversos grupos cívicos, à prática generosa da caridade e da justiça social.

De coração desejamos que este recíproco apoio possa continuar dando a Trieste os frutos de gozoso progresso que até agora lhes proporcionou, com a vantagem conseqüente da querida população; deste modo a sólida fé cristã, zelosamente custodiada em nome de uma antiqüíssima e bem fundada tradição, se expanda cada vez mais em seu esforço interior por múltiplas iniciativas de culto, de apostolado, de caridade benéfica e sensível, como até agora sucedeu com sinais tão notáveis de vitalidade e ardor; e ao mesmo tempo a cidade irá vigorar seu ritmo tão característico de vida, aberta a prometedoras e estimulantes mudanças nos costumes e comércio de terra e mar, e empenhada em um esforço generoso para chegar positivos incrementos no campo da indústria, do trabalho e da vida cívica social”.

 

3. DISCURSO AO CONGRESSO EUCARÍSTICO DE LEÃO

L’Osservatore Romano 13-14 de Julho de 1964

“Diante da inevitável interação de ideologias e forças contrastantes, se haverá de recordar o “vigilate et orate” do único Mestre. Diante da irrefreável osmose dos meios de comunicação, se exigirá fortalecimento na fé, vigor de vida cristã, intensificação da instrução religiosa, de uma formação que sirva não somente para manter o contato com Deus e para conservar o patrimônio religioso herdado, mas também, em espontânea e missionária expansão, para a edificação do próximo. Deste modo, principalmente, estará garantida a unidade católica, agora possuída e que será sempre um dom de ordem e qualidade superior para a promoção social, civil e espiritual do país“.

 

4. ECCLESIAM SUAM

 6 de agosto de 1964

O naturalismo ameaça esvaziar a noção original da mensagem cristã. O relativismo, tudo justificando, e afirmando que tudo é do mesmo valor, impugna o caráter absoluto dos princípios cristãos. O hábito de excluir qualquer esforço, qualquer incômodo, da prática ordinária da vida, acusa de inutilidade enfadonha a disciplina e a ascese cristã. Às vezes, até o desejo apostólico de entrar em ambientes profanos e de conseguir boa aceitação nos espíritos modernos, sobretudo, juvenis, traduz-se em renúncia às formas próprias da vida cristã e mesmo àquele estilo de domínio próprio, que deve dar sentido e vigor ao desejo de aproximação e de influxo para o bem. Não é verdade, porventura, que muitas vezes o Clero novo, ou até alguns Religiosos zelantes, guiados pela boa intenção de penetrar nas massas populares e noutros meios, procuram confundir-se em vez de distinguir-se, renunciando assim com inútil mimetismo à eficácia genuína do seu apostolado?”

 

5. AUDIÊNCIA PRIVADA ENTRE ANTONIO ORIOL, ENTÃO MINISTRO DA JUSTIÇA DA ESPANHA, E PAULO VI, RECOLHIDA NO DIÁRIO ÍNTIMO DO MINISTRO 

4 de novembro de 1965

“Por encargo especial de S.E. o chefe de Estado, Generalíssimo Franco, vou transmitir a S. S. o Papa Paulo VI sua saudação filial, e a homenagem sua pessoal com o oferecimento de facilitar e contribuir na maneira que considere conveniente, ao desenvolvimento do que o Concílio Vaticano II estabeleça. Começo a audiência transmitindo verbalmente a filial saudação e homenagem do Chefe de Estado e de todos os espanhóis sempre fiéis à Igreja, tal como foi encarregado pelo Caudillo. Sua Santidade me interrompe para manifestar de maneira terminante que a Igreja necessita de Espanha, de sua fé e de sua coragem e de sua história. Neste ponto, ao indicar por minha parte como por alguns se entende que a história deve ser esquecida, ele insiste vivamente em que não é assim: “Não deve renunciar a sua importante história, que é clara e sempre fiel à Igreja. Volto de novo Sua Santidade a insistir sobre a idéia de que não há que renunciar de maneira alguma a história que é motivo de honra e glória a Espanha. A minha primeira indicação acerca da possível quebra da unidade que já se manifestou de alguma forma como conseqüência dada à declaração do Concílio sobre a liberdade religiosa, reage Sua Santidade de forma rápida e terminante para dizer que a unidade católica é um bem que o Estado deve cuidar. Assim como um grande monumento que tenha valor artístico e histórico não está feito pelo próprio Governo, ao não ser artista, mas este o cuida e conserva zelosamente, assim a unidade católica deve ser zelosa e vigilantemente protegida. Continua advertindo que isto não supõe perseguir ou atropelar os direitos de outros, porém defendendo sempre a unidade”. (Fonte: Luis Suárez Fernández, Franco y la Iglesia, p. 229, ano 2011).

 

PARA CITAR


As relações do Estado e a Religião Verdadeira segundo Paulo VI <http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/concilio-vaticano-ii/liberdade-religiosa/833-as-relacoes-do-estado-e-a-religiao-verdadeira-segundo-paulo-vi>. Desde 14/11/2015.

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