Sábado, Dezembro 21, 2024

A Igreja e o Corpo Místico de Cristo – D. M. Nothomb

A Igreja e o Corpo Místico de Cristo.

ÚLTIMAS ENCÍCLICAS E DOUTRINA DE SANTO TOMÁS.

A encíclica Humani Generis afirma categoricamente que “o Corpo Místico de Cristo e a Igreja Católica Romana são uma e a mesma coisa”[1]. Essa doutrina já havia sido extensamente explicada na encíclica Mystici Corporis, à qual o texto acima faz referência explícita[2]. Esse é, portanto, o ensinamento pontifício; não há hesitação a respeito disso[3].

   Para entender exatamente o significado e a importância da equação “Igreja Católica = Corpo Místico”, é necessário compreender os dois termos no sentido em que seu autor os utiliza e os entende. Um dos termos não apresenta dificuldades. Todos sabem o que significa, na boca de um papa do século XX, a “Igreja Católica Romana”, uma sociedade divina, mas humana e visível, reunida em torno do pontífice romano, conforme a definição bellarminiana[4]. Quanto ao segundo termo da equação, “Corpo Místico de Cristo”, nos deparamos com uma expressão que evoluiu ao longo dos séculos e cuja interpretação pode ser múltipla. No entanto, uma vez que o Papa Pio XII se referiu “às brilhantes e luminosas exposições da teologia escolástica, em particular do doutor angélico e universal”[5], será útil recordar brevemente o ensinamento de Santo Tomás sobre a Igreja como Corpo Místico de Cristo. Isso será ainda mais útil, uma vez que Santo Tomás e o Papa Pio XII falam do Corpo Místico de pontos de vista diferentes[6]. Embora possa haver diferenças entre as duas abordagens, alguns autores chegaram a perceber uma verdadeira oposição entre elas[7]. Embora se possa presumir um acordo substancial entre as duas maneiras de ver, uma vez que Pio XII invocou a autoridade de Santo Tomás em Mystici Corporis, é possível que o Magistério tenha corrigido posições anteriormente sustentadas, assim como aconteceu com o dogma da Imaculada Conceição. No entanto, não é desprovido de interesse examinar de perto se a diferença é tão grande quanto parece à primeira vista. O novo ensinamento pontifício visa corrigir o ensinamento dos escolásticos ou busca esclarecê-lo na linha de sua intuição fundamental?

  

I. A IGREJA, CORPO MÍSTICO DE CRISTO, EM SANTO TOMÁS.

   A doutrina do Corpo Místico é um dos fios condutores, uma das ideias mestras subjacentes a toda a teologia de Santo Tomás de Aquino. “A Suma Teológica está como impregnada disso”, diz-se[8]. Portanto, ele não achou necessário – talvez intencionalmente[9] – compor um tratado especial sobre o Corpo Místico, assim como não escreveu sobre a Igreja.

   1. O Cristo-Chefe.- O ponto de partida para um ensinamento mais explícito e abrangente sobre esse mistério é sempre, para nosso Doutor (Santo Tomás), a doutrina da graça capital de Cristo[10].

   De fato, sempre que Santo Tomás considera a graça de Cristo, ele a divide em graça de união, graça habitual “singular” e graça capital[11]. De acordo com as palavras de São João (1, 16), Cristo recebeu a graça com tal plenitude que Ele pode derramá-la sobre os outros. Por isso Ele é chamado de “chefe” ou “cabeça” (caput) de um corpo chamado “místico”[12], porque Ele desempenha em relação a ele o papel da cabeça em relação ao restante de um corpo físico humano[13].

   Em que consiste exatamente essa prerrogativa de cabeça? Quais são os elementos essenciais dela? A essa pergunta, Santo Tomás responde em diversos escritos e, a cada vez, um pouco de forma diferente. Às vezes, ele fala de três elementos necessários, outras vezes, de quatro elementos.

   Entre a cabeça e os membros, primeiro é necessária a conformidade de natureza, e é assim que eles são semelhantes[14]. No entanto, eles se distinguem[15] pelo fato de que a cabeça desfruta de uma tripla superioridade. Superioridade de ordem ou de honra, uma vez que ela está no topo do corpo e é a parte mais digna; superioridade de perfeição, uma vez que ela contém todos os sentidos internos e externos, enquanto o resto do corpo conhece apenas o tato; superioridade de governo e, principalmente, de influência vital, uma vez que é da cabeça que partem todas as determinações da vontade, todos os movimentos e sensações de todo o corpo[16].

   Assim é com Cristo em relação à Igreja, ou seja, ao seu Corpo Místico. A aplicação é fácil e óbvia. Mas o que deve ser observado é que, entre esses vários elementos, há um que se revela verdadeiramente essencial e específico para a “razão de cabeça” – poderíamos chamá-lo de seu constitutivo formal – que é o influxo vital. Santo Tomás repete incansavelmente: é principalmente e formalmente por influenciar a vida ou o movimento nos membros que alguém pode ser chamado de “cabeça”[17].

   Para Cristo, esse poder de influência (cf. ST III q. 8 a. 2 co) consiste no poder que Ele tem de derramar, comunicar efetiva e fisicamente[18] a vida sobrenatural em outros que, pelo simples fato de receberem essa influência, esse movimento vital da Cabeça, devem ser considerados como seus membros. Esses membros juntos constituem um corpo sobrenatural ou “místico”, do qual Cristo é a fonte de toda vitalidade, ou seja, a Cabeça. Essa derivação não deve ser entendida de forma antropomórfica e material, mas consiste no fato de que Cristo produz diretamente, conserva e aumenta neles uma graça especificamente idêntica àquela que adorna sua santa[19] alma.

   2. Os membros de Cristo. – Quanto a determinar quem são esses membros, será fácil fazê-lo agora: serão todos aqueles que, de fato ou de direito, recebem de Cristo essa influência sobrenatural, todos aqueles sobre os quais se aplicam, de alguma forma, os benefícios da Redenção, em suma, todos os homens, de várias maneiras[20], no entanto. Primeiramente, como título perfeito (principaliter), aqueles que compartilham Sua glória e, secundariamente (secundario), aqueles que na terra ou no purgatório estão unidos a Ele pelo amor fraterno. Como título imperfeito (tertio), como membros paralisados ou mortos[21], estão aqueles que mantêm a fé, mas perderam a vida da graça. Por fim, ainda são membros de Cristo, mas apenas em potencial[22], todos os outros homens, seja em quarto lugar (quarto), aqueles que estão destinados a se tornarem, um dia, membros efetivos deste corpo, como é o caso dos predestinados, ou mesmo em quinto lugar (quinto), aqueles que nunca terão essa felicidade, mas que ainda estão nesta vida.

   Em resumo, mesmo que haja diferentes graus de participação, todos os homens são membros de Cristo, desde que não estejam condenados[23], porque todos são afetados, de alguma forma, pelo sangue de Cristo e pelo influxo vital que dele decorre: «quia Christus in omnes creaturas quodammodo effectus gratiarum influit»[24].

   Mesmo que estejam em estado de pecado, mesmo que tenham perdido a fé ou nunca a tenham recebido, Cristo morreu por eles[25], adquirindo-lhes a possibilidade de serem seus membros e filhos de seu Pai, e Ele ora incessantemente por isso no Céu. Todos, portanto, recebem Dele alguma graça sobrenatural, pelo menos suficiente e atual[26], pois todos são amados pelo Deus Salvador, e do seu Sagrado Coração fluem riquezas inesgotáveis de vida e Redenção, das quais nenhum homem está totalmente privado ou excluído. Portanto, todos os homens pertencem a Cristo, não apenas como súditos de seu reinado universal e beneficiários de seu sacerdócio eterno, mas também como membros, pelo menos de forma incipiente e em estado embrionário, de seu Corpo Místico: o rio de graça que flui da Cabeça infiltra-se, embora de maneira diferente, em todas as almas humanas, e só para nas portas do inferno.

   Além disso, Ele se espalha também no céu, e com ainda mais abundância do que aqui na Terra. Não apenas os bem-aventurados[27] são vivificados por Ele, mas também os anjos: de eius influentia non solum homines recipiunt sed etram angeli. Portanto, Cristo é a Cabeça, devido à Sua superioridade e ao aumento acidental de glória que deles emana[28]. Certamente não há conformidade de natureza na espécie, mas, no entanto, Cristo e os anjos se comunicam in natura generis[29] e compartilham uma mesma bem-aventurança sobrenatural.

   3. Uma Pessoa Mística. – Os membros de Cristo, pelo simples fato de sofrerem essa influência do seu chefe, estão assim ligados a Ele, seja de maneira vital se possuem a graça, seja por um poder “físico” ordenado ao seu ato, de recebê-la, se são pecadores ou infiéis. Mas, unidos à Cabeça, eles também estão unidos entre si. Por isso, todos juntos, anjos, bem-aventurados e viatores, formam uma única pessoa mística, cujo corpo é a Igreja e Cristo é a Cabeça[30].  

   Já uma conformidade de natureza fundamenta essa unidade; no entanto, o vínculo que a estabelece é ainda mais íntimo e profundo; a fé (ou a visão) e a caridade ligam os membros ao mesmo e único objeto, a graça é neles fonte de uma vida idêntica; e, acima de tudo, o mesmo Espírito Santo, como a alma no corpo, habita e permanece numericamente o mesmo em cada membro e na Cabeça[31].

   Pode-se dizer, portanto, que, para Santo Tomás, um membro de Cristo é, antes de tudo, um homem transformado, impulsionado e vivificado pelo Espírito Santo, ligado e unido a Cristo e ao seu Corpo principalmente por essa animação sobrenatural e por essa presença divina[32]. A atividade pessoal de Cristo, Deus e Homem, em seus membros, está intimamente ligada à habitação ou, pelo menos, à operação do Espírito Santo na alma.

   Não esqueçamos, no entanto, que aqui na terra, essa unidade interna se manifesta externamente e “é fabricada[33]” instrumentalmente, desde a Encarnação, pelos sacramentos da fé e pela hierarquia instituída por Cristo[34], ou seja, pelo que o Pe. Congar chama de “Igreja-instituição”. Essa unidade visível e externa não é essencial para o Corpo Místico em si; ela é, embora secundariamente, essencial para o Corpo Místico terrestre, a Igreja militante[35].

   Assim, transbordando o tempo e o espaço[36], uma “continuação” espiritual, na qual o Espírito Santo, unus et idem numero totam Ecclesiam replens et uniens, é o principal artífice[37], e os sacramentos são os instrumentos normais, une interiormente todos os membros de Cristo. Um mesmo fluxo de vida deriva disso para vivificar todos os homens e os bem-aventurados, divinizá-los e, rompendo as limitações do eu, interiorizá-los ao mesmo tempo em que os tira de si mesmos para reunir todos em uma comunhão viva, uma Ecclesia, Esposa e Corpo Místico de Jesus Cristo.

   4. A Igreja. – Quando Santo Tomás dá à Igreja a designação equivalente de “Corpo Místico” – pois os dois termos são identificados -, ele entende o termo Ecclesia em seu sentido mais universal, abrangendo o céu e a terra e estendendo-se ao longo do tempo, desde a justo Abel usque ad finem saeculi[38]. Para ele, como podemos ver, a Igreja como Corpo Místico não se limita apenas aos membros visíveis da Igreja terrestre católica e romana. Isso não significa que ele reconheça ao lado dela outra Igreja terrestre com propriedades diferentes: “ele desconhece totalmente a tese da dupla Igreja”[39]; mas ele inclui na única Igreja católica os Anjos, os bem-aventurados e até toda a humanidade[40]. Além disso, aos seus olhos, a Igreja só é verdadeiramente ela mesma em seu estado celestial: “quia ibi est vera Ecclesia quae est mater nostra et ad quem tendimus et a qua nostra Ecclesia militans est exemplata[41]“.

   Isso ocorre porque, para nosso Doutor, o conceito de “corpo” – seja o Corpo Místico ou o Corpo da Igreja – não implica, por si só, e diretamente a visibilidade, como será o caso para Leão XIII na encíclica Satis Cognitum[42] e para Pio XII, como veremos. Se o “Corpo da Igreja” deve ser visível, é porque sua condição terrena o exige, e não porque a Igreja é um corpo. O que, então, implica o conceito de “corpo”, segundo Santo Tomás? Essencialmente, dois elementos: a multiplicidade e, sobretudo, a unidade: multitudo ordinata in unum[43]. O corpo do qual Cristo é a cabeça é, portanto, essa comunhão orgânica e íntima de todos os membros de Cristo, unidos a Ele pela graça ou, pelo menos, pela fé, se se trata dos membros atuais, ou pelas graças atuais se se trata dos membros potenciais, enfim, de todos aqueles que são vivificados ou movidos de alguma forma pelo influxo vital que emana Dele, fonte de toda vida sobrenatural[44].

   Finalmente, o termo “Ecclesia” às vezes assume, sob a pena do santo Doutor, um sentido ainda mais amplo. Assim como para ele a palavra “Cristo” pode designar tanto a Cabeça, Jesus, quanto seu Corpo, a Igreja, tomados juntos[45], assim também a palavra “Igreja” pode significar conjuntamente a Cabeça e os membros[46]. Com base no texto da Vulgata: “vos estis Corpus Christi et membra de membro[47], ele pode considerar Cristo como um membro da Igreja, não porque Ele seja imperfeito, mas porque Ele desempenha no corpo uma função distinta dos outros, a de infundir vida neles[48].

   Conclusão. – Quando Santo Tomás identifica a Igreja e o Corpo Místico de Cristo, ele usa ambos os termos em seu sentido mais universal: ambos se referem à humanidade como um todo, na medida em que está sobrenaturalmente unida a Cristo como Cabeça, ou melhor ainda: o conjunto daqueles que, no céu ou na terra, antes ou depois da Encarnação do Verbo, recebem de Cristo, sua Cabeça, algum influxo de vida sobrenatural. Todos de alguma forma fazem parte do Corpo Místico de Cristo e, portanto, da Igreja.

   A Encíclica Mystici Corporis dará o mesmo significado à identificação Igreja-Corpo Místico? Ela irá corrigir ou esclarecer esse sentido? É isso que precisa ser examinado agora.

 

II. O CORPO MÍSTICO A PARTIR DA ENCÍCLICA MYSTICI CORPORIS

   À primeira leitura, o documento pontifício parece, em certos pontos – especialmente em relação à questão dos membros da Igreja – estar bastante distante da doutrina tomista. No entanto, veremos que essas divergências, embora não se resolvam completamente, são consideravelmente reduzidas à medida que os textos que abordam essas questões são lidos em seu contexto e de acordo com a intenção de seu autor.

   1. O Cristo Chefe. – Referindo-se ao Doutor Angélico, o Papa Pio XII nos lembra que Cristo deve ser verdadeiramente considerado por todos como o Chefe ou a Cabeça do Corpo Místico, que é a Igreja[49], devido à sua excelência, ao governo invisível e visível que ele exerce sobre ela; devido também à ajuda que ele requer dela para completar a aplicação do Reino e da conformidade mútua que o une à sua Igreja militante[50]; e, finalmente, e acima de tudo, devido à plenitude de graça e vida que do Cristo se derrama sobre seus membros para iluminá-los e santificá-los[51].

   2. O Chefe de um Corpo Místico. – O conjunto desses membros, movidos por Cristo, forma um Corpo que, pelo simples fato de ser corpo, é uno, indivisível e visível: «Quodsi corpus sit Ecclesia…, esse debet… aliquid etiam concretum et perspicibile, ut Decessor Noster fel. rec. Leo XIII in Encyclicis Litteris Satis Cognitum affirmat : « Propter eam rem quod corpus est, oculis cernitur Ecclesia[52]. Com essas palavras, o Papa Pio XII se afasta do pensamento tomista, para o qual a visibilidade não está diretamente implicada no conceito de “corpo”. Essa talvez seja a única oposição real entre as duas exposições, mas é de grande importância, pois determinará os elementos necessários para ser membro desse Corpo.

   Por fim, continua o Sumo Pontífice, esse Corpo é organicamente constituído e dotado de todos os meios vitais de santificação[53]. Qual é a sua natureza? Não se trata de um corpo físico, uma vez que cada membro mantém sua própria personalidade e responsabilidade[54], nem é apenas um corpo moral, pois um princípio identicamente o mesmo – o Espírito Santo – habita em cada um dos membros vivos, assim como na Cabeça, e os une de forma ainda mais profunda do que qualquer outro corpo moral ou mesmo físico[55]. Por isso, é chamado de “Corpo Místico”.

   3. Esse Corpo é a Igreja. – Quando Santo Tomás nos dizia que esse Corpo Místico era a Igreja, ele estava usando essa última noção em sua amplitude mais universal. Desde a primeira linha de sua Encíclica e muitas vezes ao longo dela, o Papa Pio XII estabelece, por assim dizer, a mesma equação: Mystici Corporis Christi, quod est Ecclesia, doctrina..[56].: esse é o tema central de todo o documento. Mas logo algumas páginas adiante, após ter explicado essa afirmação fundamental, ele parece se afastar claramente do sentido que o Doutor Angélico atribuía ao termo “Igreja”: para nossa Encíclica, essa Igreja que é chamada de Corpo Místico de Cristo é a Igreja santa, católica, apostólica e romana. Eis o texto crucial: Iamvero ad definiendam describendamque hanc veracem Christi Ecclesiam — quae sancta, catholica, apostolica, Romana Ecclesia est — nihil nobilius, nihit praestantius, nihil denique divinius invenitur sententia illa, qua cadem nuncupatur mysticum Iesu Christi Corpus[57].

   Devemos concluir, então, que para nosso documento o Corpo Místico de Cristo é adequadamente e exclusivamente a Igreja Romana? Parece-nos que não, pelas seguintes razões.

   a) Vamos analisar de perto o texto fundamental que acabamos de citar. Pio XII busca nele a fórmula “a mais nobre, a mais excelente, a mais divina” para definir e descrever a verdadeira Igreja de Cristo, ou seja, a Igreja Católica Romana, e encontra essa expressão em “Corpo Místico de Jesus Cristo”. No entanto, dizer que a Igreja é um Corpo Místico é usar uma imagem, uma metáfora[58], para expressar da melhor forma uma verdade inefável e uma realidade misteriosa. O próprio Papa afirma isso, repreendendo severamente aqueles que veem mais do que uma metáfora nisso. Para ele, embora compare mais de uma vez[59] o Corpo Místico ao corpo físico, ele os distingue cuidadosamente[60]. Além disso, especialmente quando a imagem do corpo pode levar a algum equívoco, ele não hesita em recorrer a outras metáforas, como a da Esposa[61], a da Cidade[62], do edifício ou da casa[63], do rebanho[64], da vinha[65], do reino[66]… Uma imagem, por mais perfeita que seja, nunca é uma definição rigorosa; aliás, essa não era sua intenção[67]. O que ele quer nos dar é uma definição descritiva: ad definiendam describendamque[68]; aquela do Corpo Místico é a mais bela e excelente – mas ainda não adequada – no que diz respeito à Igreja militante (vamos explicar imediatamente porquê). E deve-se dizer que a Igreja Católica Romana realiza o mais perfeitamente possível, nesta vida terrena, tudo o que implica a noção de Corpo Místico.

   b) “Tanto quanto possível neste mundo”, deve-se acrescentar. De fato, o Santo Padre, em sua introdução, nos diz claramente que ele se limitará em sua exposição ao que diz respeito apenas à Igreja militante[69]. Com isso, afirma-se também que o Corpo Místico diz respeito, no mínimo, à Igreja triunfante[70].

   c) E também a Igreja padecente. De fato, outra passagem do documento pontifício inclui explicitamente as almas do Purgatório entre os membros do Corpo Místico: “nullus autem membra huius venerandi Corporis haec communis supplicatio obliviscatur; eosque praeseriim reminiscatur qui vel terrestris huius incolatus angustiisque premuntur, vel vita functi praculari igne purificantur[71]. O “eosque praesertim” indica claramente que aqueles que serão enumerados são sempre membros do Corpo Místico, aqueles que mais necessitam de nossas orações. O ponto e vírgula que precede o “eosque” não constitui uma interrupção no pensamento equivalente a dizer: “oremos pelos membros do Corpo Místico; além disso, não nos esqueçamos…”. Traduzir dessa forma seria distorcer o texto.

   d) Devemos ir ainda mais longe. No mesmo trecho em que o Soberano Pontífice inclui as almas do Purgatório entre os membros do Corpo Místico, ele também conta, aparentemente, os catecúmenos. Após o texto que acabamos de citar, ele acrescenta imediatamente: “Neque eos praetermittat qui christianis pracceptis instruuntur, ut quam primum lustralis aquae lavacro expiari queant[72].

   e) É correto enfatizar, juntamente com o Papa, a necessidade de sinais visíveis de pertencimento ao Corpo Místico. Mas será que o Papa Pio XII está se opondo ao pensamento de Santo Tomás, para quem alguém se torna membro atual de Cristo pela graça santificante ou, pelo menos, pela fé sobrenatural, e para quem um membro atual de Cristo é, antes de tudo, uma pessoa vivificada e unida ao seu Chefe pelo Espírito Santo, a alma da Igreja? Certamente não. Para o Soberano Pontífice também, o Espírito Santo é o princípio de toda a unidade do Corpo Místico, da união do cristão com Cristo e de todos os fiéis entre si, assim como é a fonte de todos os dons divinos que lhes são comunicados[73]. É numericamente o mesmo Espírito que habita inteiramente em Cristo e que está presente, igualmente e de forma real, em cada um dos membros de seu Corpo Místico, tam in universa compage (corporis), quam in singulis partibus[74] totus in Capite cum sit, totus in corpore, totus in singulis membris[75]. Em poucas palavras, o Espírito Santo é a alma desse Corpo que ele “imbui”, preenche, vivifica e unifica[76].

   Cada pessoa em quem habita o Espírito Santo torna-se assim progressivamente semelhante a Cristo para a glória do Pai[77], de tal forma que se pode dizer que Cristo vive nele[78] e que, unido à Cabeça, ele está unido a todos os outros membros do Corpo.

   De tal forma que, de acordo com o Papa Pio XII também, o cristão é constituído membro de Cristo, ou membro do seu Corpo – é a mesma coisa[79] – porque e na medida em que o Espírito Santo o move, o santifica e finalmente habita nele “de maneira impenetrável” como objeto de conhecimento e amor[80]. “Não seria trair seu pensamento (de Pio XII) afirmar que é nela (a habitação do Espírito Santo) que reside o mistério eclesiológico por excelência; tudo o mais, no Corpo Místico, está ordenado a isso, com o objetivo final, é claro, da glorificação da Trindade”[81].

   Assim, sem esquecer a necessidade dos Sacramentos, especialmente do batismo de água, para se tornar normalmente membro integral do Corpo Místico, não se pode negar que a presença do Espírito Santo na alma é muito mais importante e primordial. Não se pode deixar de mencioná-la ao buscar determinar a extensão do Corpo Místico.

   Portanto, se além dos limites visíveis da Igreja Romana, um homem é agraciado com a presença do Espírito Santo – produzida sem dúvida nele por meio da intervenção, seja sacramental, seja mesmo extra-sacramental, da Igreja Romana, e de qualquer forma orientando-o em direção a ela – por que não reconhecer-lhe, de acordo com os próprios dados da Encíclica, a qualidade de membro, real e verdadeiro[82], embora incompleto e invisível, do Corpo Místico e, portanto, da única Igreja de Cristo? Os dissidentes não pertencem[83] ao “tecido visível da Igreja Católica” (ad adspectabilem Catholicae Ecclesia compagem), mas não necessariamente à Igreja que é visível (ad adspectabilem Ecclesiam)[84].

   As considerações que acabamos de fazer nos permitem concluir que, de acordo com a Encíclica Mystici Corporis, é possível pertencer atualmente ao Corpo Místico sem ser membro atual ou membro visível da Igreja Romana: os bem-aventurados e as almas do purgatório não são membros atuais dela, mas sim do Corpo Místico. Quanto aos catecúmenos e a todos aqueles que, fora dos limites visíveis da Igreja, possuem a graça e a habitação do Espírito Santo neles, alma da Igreja, eles são de maneira espiritual e real membros do Corpo Místico e, portanto, da única Igreja, mesmo sem serem membros visíveis.

   O Pe. Morel foi fiel à Encíclica quando escreveu: “No plano real, o Corpo Místico terrestre transborda a Igreja Católica Romana”[85]? Parece-nos que não. Ele teria sido mais fiel ao afirmar: “transborda, em suas incoações latentes, os limites visíveis (adspectabilis compago) da Igreja Romana”. De fato, o Corpo Místico terrestre e a Igreja Romana se identificam, “sunt idem et unum“. No entanto, a manifestação visível integral ou completa dessa realidade única é mais restrita, mais estreita do que sua zona de influência, seus esboços ou seus prolongamentos anormais.

   4. Precisões.- Nessas condições, poderiam dizer, os catecúmenos, os cristãos dissidentes ou até mesmo os pagãos justificados poderiam ser membros verdadeiros do Corpo Místico e da Igreja Romana? Certamente. Mas, insiste-se, o Santo Padre não lembra que para pertencer à Igreja Católica é necessário ter recebido o batismo de água, professar a verdadeira fé e não ter se separado, por sua própria culpa, da comunhão eclesiástica[86]? E ele não diz, com muito mais precisão, que eles estão antes “ordenados por um voto (pelo menos) inconsciente”[87] ao Corpo Místico? Portanto, eles não podem pertencer[88] a ele!

   Essas dificuldades estão longe de serem insolúveis e já mostramos como resolvê-las. Para melhor esclarecer nosso pensamento, vamos adicionar as seguintes considerações.

   Sem nos estendermos sobre a questão dos membros da Igreja, o que nos levaria longe, basta lembrar que a enumeração das condições necessárias para ser membro da Igreja se refere àqueles que reapse pertencem a ela. O uso dessa partícula pelo Papa não deixou de chamar a atenção dos comentaristas[89]. Ela expressa uma pertença plena[90], normal, integral e completamente visível, que deixa espaço para uma pertença diminuída, incoativa, parcialmente ou completamente invisível, certamente anormal, mas verdadeira e não ilusória. Muitos teólogos, mesmo e especialmente após a Encíclica, em vez de falar de membros da alma da Igreja, como se dizia no passado, ou, o que é pior, de membros da Igreja invisível, reconhecem a existência de membros invisíveis da única Igreja que, aqui na terra, é e deve ser visível[91].

   Inspirando-nos nas precisões de Mons. Journet, dos padres Lialine e Congar e de A. Chavasse[92], propomos a seguinte classificação das diversas formas possíveis de pertença à única Igreja Católica e Romana:

   1. Pertencimento (ou incorporação) pleno, integral, “confessado” e completamente visível: aqueles que possuem os três sinais visíveis exigidos pela Encíclica. Este é o único pertencimento normal. Pode ser:

   a. Espiritual ou vivo, se esses membros possuírem a graça.

   b. Material ou enfermo, se eles perderam a graça, mas ainda mantêm a fé e a comunhão com a hierarquia.

  2. Pertencimento parcialmente visível, mas virtual ou “em ato esboçado” (Journet): aqueles em quem falta um ou outro dos três sinais. É (assim como as seguintes) uma pertença anormal e não confessada. Essa pertença pode ser:

   a. Espiritual e vivo: por exemplo, o herege material ou o catecúmeno, se estiverem em estado de graça. Eles pertencem invisivelmente à Igreja visível, pela graça que neles constitui um “voto ou desejo”, seja consciente, inconsciente ou “paradoxal” (caso daquele que, de boa fé, por ignorância invencível, rejeita positivamente a Igreja católica).

   b. Material ou enfermo: os mesmos sem a graça.

   c. Material e renegada: aqueles que, após o batismo, querem conscientemente e de má fé se separar da Igreja.

   3. Pertencimento completamente invisível ou latente, mas espiritual e, portanto, virtual, incoativo ou ordenado: aqueles aos quais faltam os três sinais visíveis, mas que estão unidos a Cristo pela graça que necessariamente os orienta em direção à Igreja visível, pela intervenção da qual eles receberam (ministério extra-sacramental da Igreja). Esse é o caso do muçulmano ou do pagão justificado (“os justos de fora”, como diz Mons. Journet).

   4. Pertencimento completamente invisível e puramente potencial: os não-cristãos em estado de pecado. Mal se pode falar aqui de pertencimento. No entanto, podemos manter essa palavra, pois Cristo não apenas vê e ama em sua Esposa toda a humanidade: “Divini Sponsi amor tam late patet ut neminem excludens, universum humanum genus in sua sponsa amplectatur[93], mas também concede a todos pelo menos algumas graças atuais que, por si mesmas, os orientam em direção à Igreja[94]. Essa também é a vontade desta última, que deseja incorporar a todos de maneira real[95].

   Essa classificação nos permite responder à dificuldade levantada pela afirmação do Santo Padre, ao afirmar que aqueles que estão unidos a Cristo pela graça, mas não pelos três sinais visíveis, são “ordenados” ao Corpo Místico; e, portanto, se há ordenação, argumenta-se, não pode haver pertencimento. A isso, deve-se responder: o que os “ordena” à Igreja é (para as categorias 2a e 3) o “votumsaltem inscium. No entanto, “esse votum, o ensinamento tradicional sempre entendeu no sentido de uma disposição real, fruto na alma de uma graça autêntica de Deus. Sempre significou algo muito diferente – como também é lembrado na Encíclica (Humani Generis) – do que ‘uma fórmula vazia’[96]“. Portanto, se essa ordenação constitui um vínculo real, por que não falar de uma verdadeira pertença[97], embora imperfeita e incompleta? Observações semelhantes podem ser feitas em relação aos sacramentos que alguns dissidentes conservam, mesmo em estado de pecado (categoria 2 b. e c.), ou ao catecúmeno que professa a verdadeira fé, mas ainda não é justificado: esses sinais visíveis os conectam de forma muito real à Igreja de Cristo, à qual eles pertencem, embora de forma incompleta.

   Por que não conceder a ambos, uns e outros, a designação de “membros” da Igreja, se é verdade que merecem esse nome todos aqueles que possuem «aliquam saltem cohaesionem cum corpore et aliguam saltem participationem vitae corporis»[98], e se usamos essa palavra aqui em um sentido mais amplo? A Encíclica Mystici Corporis, não só não defende “um uso mais amplo e menos rigoroso dessa expressão, do qual… encontramos um exemplo em Bento XIV”[99], mas nos convida a fazê-lo, visto que inclui, como vimos, os catecúmenos entre os membros da Igreja e até mesmo usa o termo “membros” para aqueles que estão totalmente separados da Igreja por sua própria culpa: «membra a Corpore omnino abscissa»[100].

   Aqueles, ao contrário, que estão incluídos nessa categoria merecem apenas de forma muito inadequada o título de membros, pois nenhuma realidade habitual e inerente os une de forma sobrenatural a Cristo, o que era o caso daqueles que possuíam a graça santificante (ou pelo menos a virtude infusa da fé) ou o caráter indelével do batismo. É por isso que Santo Tomás os chamava de “membros potenciais”. O Papa Pio XII evita chamá-los assim, mas mantém a certeza de que, sendo todos chamados a se tornarem membros actu da Igreja, todos o são, portanto, in potentia.

   O Pe. Lialine, seguido pelo Pe. Holstein, prefere reservar a expressão “membros da Igreja ou do Corpo Místico” para aqueles que possuem os três sinais visíveis, mesmo que dê o nome de “membros de Cristo”[101] àqueles que estão unidos a Cristo pela graça. Mons. Journet, em sua última obra, rejeita resolutamente, e com razão, essa distinção[102], mas propunha antigamente uma distinção similar entre “Corpo de Cristo” e “Corpo da Igreja”[103]. Com o Pe. Gribomont, encontramos essa distinção pouco oportuna[104]. O Pe. Morel fala do Corpo Místico no sentido amplo, incluindo todos aqueles que vivem da graça de Cristo, e do Corpo Místico no sentido eminente, coincidindo com a Igreja Católica Romana[105]. Preferiríamos nos expressar de forma um pouco diferente e reconhecer dentro do total Corpo Místico de Cristo, coincidindo com a Ecclesia da qual falava Santo Tomás, ao lado do Corpo Místico triunfante, o do Céu, e do Corpo Místico padecente, o do Purgatório, um único Corpo Místico terrestre, que se realiza como um esboço onde quer que a graça exista (no plano da “res”, conforme as sugestões do Pe. Gribomont)[106], e onde os caracteres sacramentais ou a profissão da verdadeira fé se vinculam visivelmente à Igreja (no plano do “sacramentum tantum“, mas de forma incompleta), e esse mesmo Corpo Místico terrestre se realiza de forma completa e normal apenas na Igreja Católica Romana (no plano do sacramentum, completamente).

   A partir daí, podemos compreender como a declaração enfática da Encíclica Humani Generis deve ser interpretada e quais são as nuances que devem ser consideradas. Entendemos da seguinte forma: “O Corpo Místico de Cristo, ou seja, o Corpo Místico em seu estado completo e perfeito, e a Igreja Católica Romana são uma única e mesma coisa”; ou: “O Corpo Místico de Cristo, em seu estado completo de condição terrena (um estado transitório e imperfeito em comparação com seu estado definitivo que alcançará no Céu, especialmente após a Ressurreição), coincide exatamente com a Igreja Una, Santa, Católica, Apostólica e Romana, a única Igreja terrena fundada por Cristo”.

 

III. CONCLUSÃO.

   As duas formulações de Santo Tomás e de Pio XII identificando a Igreja e o Corpo Místico de Cristo estão em dois níveis superpostos, mas sem se contradizerem de forma alguma. Embora reconheçamos que seus termos contenham, na mente de seus respectivos autores, um sentido mais amplo ou mais restrito, seria errado querer opô-los.

   Santo Tomás entende essa identificação da seguinte maneira: A Igreja, no sentido mais amplo, incluindo os anjos e os homens na medida em que estão unidos a Cristo pela graça (ou pela fé), é adequadamente e “atualmente” (actu) o Corpo Místico de Cristo. Pio XII entende dessa maneira: o Corpo Místico de Cristo, tanto na sua forma terrena quanto no seu estado completo e plenamente manifestado, perfeitamente constituído tanto quanto possível nesta terra, de acordo com as exigências da sua vida “peregrina”, é adequadamente a Igreja Católica Romana.

   Resumindo: Por um lado, Igreja e Corpo Místico de Cristo são unum et idem. Por outro lado, a Igreja Católica Romana e o Corpo Místico terrestre em seu estado completo são unum et idem. Esses dois aspectos, um relacionado à res e o outro ao sacramentum[107], se complementam, se harmonizam e se nuanciam mutuamente. Ambas as formulações são rigorosamente precisas em suas respectivas escalas. Portanto, para aceitá-las sem restrições, é necessário esclarecer o sentido atribuído por cada uma à expressão “Corpo Místico de Cristo” e também mostrar que o outro termo de identificação – o conceito de “Igreja” – pode ser entendido de forma mais ampla em ambos os casos. Somente com o benefício desses esclarecimentos pode-se evitar qualquer acusação de oposição real entre as encíclicas Humani Generis e Mystici Corporis, de um lado, e a doutrina tomista, de outro.

   Ao concluir, reconhecemos que talvez tenhamos dado a impressão de teorizar demais em alguns pontos. Ao aprofundar a análise, não tivemos a intenção de conceitualizar, esgotar ou eliminar o mistério. No entanto, essa abordagem era legítima, necessária e benéfica. Era legítima porque a análise e os conceitos utilizados estavam cientes de sua própria limitação e subordinados à realidade da fé, que os transcende. Era necessária e benéfica porque revelou, sobre o assunto estudado, apesar das diferentes preocupações, uma problemática e, por vezes, uma formulação: a profunda concordância entre o ensinamento do Magistério atual e uma doutrina tradicional cristalizada pelo Doutor Angélico, da qual o Sumo Pontífice não pede que se renuncie. Isso significa que a voz dessa tradição teológica continua sendo convidada, como no passado, a ecoar na síntese eclesiológica que está sendo construída nos dias de hoje.

Heverlee.

 

D. M. NOTHOMB, P.B.

[1] AAS, 42, 571.

[2] AAS, 35, 193. Referimos a este último documento pelo sinal A. Tr., que significa a edição comentada do Pe. Tromp.

[3] Consulte J. VADORIVEC, Ecclesia Catholica Corpus Christi mysticum em Euntes Docete, 1951, p. 76-98; Mons. JOURNET, L’Église du Verbe Incarné, T. II 1952, passim, por exemplo, p. 53-55 nas notas.

[4] « Ecclesia est coetus hominum viatorum eiusdem fidei christianae professione, et eorumdem sacramentorum participatione adunatus, sub regimine legitimorum pastorum ac praecipue Romani Pontificis » S. BEŁLARMIN, Controv. de Concil. et Eccl., 1. III, c. 1-2.

[5] À, 208; Tr. n. 34.

[6] Santo Tomás estuda o Corpo Místico a partir de Cristo como chefe, cujos membros formam um corpo que é a Igreja. Pio XII o considera a partir da Igreja Católica Romana, observando que ela é o Corpo Místico cuja cabeça é Cristo.

[7] Especificamente, A. MITTERER, Geheimnisvoller Leib Christi nach S. Thomas v. À, und nach Papst Pius XII, Viena, 1950. Consulte também Y. CONGAR, em RSPT, 1951, p. 633-635.

[8] P. GARRIGOU-LAGRANGE, Préf. à E. Mura Le Corps mystique du Christ, Paris, 1934.

[9] Este é o ponto de vista do Pe. Congar em “Esquisses du Mystère de l’Église“. Paris, 1941, p. 60, 90, 91.

[10] Cfr III Sent. D. 13, q. 2 ; Ver. q. 29, a. 4-5 ; S. T., III, q. 8 ; Comp. Th. c. 214 ; Exp. in Symb. art. 9 ; In I ad Cor., c. XI, l. 1; In Eph, c. I, 1. 8; in Col, c. I, 1. 5. — Há muitos obiter dicta presentes. Nas notas que se seguem, faremos referência apenas ao texto principal para evitar sobrecargas.

[11] Comp. Th. c. 214, in fine.

[12] Ver. q. 29 a. 5 sed c., 2. Mas na maioria das vezes, Santo Tomás diz ‘caput Ecclesiae’, por exemplo, ST II q. 8 a. r co. et ad 2 etc.

[13] S. T. III, q. 8, I, co. ; III Sent. D. 13, q. 2 a. I in resp. ; In Rom., c. 12, 1. 2 ; do mesmo In Cor., c. XI, L. r, etc.

[14] III Sent. l. c.

[15] Ver. q. 29, a. 4, co.

[16] S. T. III, q. 8, a. 1, co.

[17] « Ex hoc, Christus dicitur esse caput Ecclesiae quod gratiam influit Ecclesiae membris », S. T. III, q. 8, a. 6 obj. 2; cfr III Sent. D. 13 q. 2 a. r in resp. etc.

[18] S. T. III, q. 49, a. 6; q. 64, a. 3.

[19] CHAVASSE demonstrou corretamente, contra o Padre MERSCH (Le Corps mystique du Christ, Lovaina, 1933, vol. II, p. 182-183), que os termos “influxus, influentia, influere, derivare” não denotam um modo de causalidade totalmente original e misterioso, mas simplesmente a dependência ontológica da causalidade eficiente do agente sobre o efeito. Curso poligrafado sobre a Igreja (pro manuscripto), p. 156.

[20] S. T. lIl, q. 8, a. 3, co ; cfr III Sent., D. 13, q. 2, a. 2, sol. 2 ; S. T. III, q. 19, a 4, ad 1m.

[21] « Membrum mortificatum », S. T. ITI, q. 8, a. 3, ad 2m ; « Membrum mortuum… vel aridum », III Sent. D. r3, q. 2, a. 2, sol. 2.

[22] S. T. III, q. 8, a. 3, ad 1 m.

[23] S. T. III, q. 8, a. 3, co.

[24] Ver. q. 29, a. 5 co. ; cfr. III Sent. D. 13 q. 2a. 2 qu, sed c.

[25] III Sent., D. I, q. 2, a. 1, ad 3 m.

[26] Cfr ibid., a. 2, sol. 2, ad 5 m ; S. T. IIT, q. 79, a.

[27] “Non solum fidelium sed etiam comprehendentium est caput”. S. T. III, q. 8, a. 4, ad 2 m.

[28] Ibid., co.

[29] Ibid., ad I m.

[30] Uma vez que são membros de Cristo, os anjos fazem parte do Corpo místico. « Corpus Ecclesiae mysticum non solum constitit ex hominibus sed etiam ex angelis ». S. T. HI, q. 8, a. 4 co.

[31] III Sent. D. 13 q.2 a. 2 sol. 2. — Le P. DARQUENNES (La Définition de l’Église d’après saint Thomas d’Aquin dans Recueil de Trav. d’Hist. et de Phil., Louvain, 1943, P. 1-53). Aqueles que buscam a estrutura jurídica da Igreja segundo Santo Tomás chegam a afirmar que, de acordo com ele, o único princípio de união dos membros do Corpo Místico é a graça (p. 37, 39, 47, etc.), o que não exclui os sinais exteriores dessa unidade; no entanto, “nem Santo Tomás nem os outros teólogos de sua época deram atenção a esses sinais visíveis” (p. 43). Essa última afirmação requer certa reserva.

[32] « Per Spiritum Sanctum efficimur unum cum Christo ». In Ephes., c.l, l. 5.

[33] S. T. III, q. 64, a. 2, ad 3m.

[34] O Padre Congar resume essa relação entre a unidade interna e os elementos da unidade externa nas duas seguintes proposições: 19. A Igreja-Instituição é a própria forma de existência do Corpo Místico e da nova vida em Cristo; 20. Ela é o sacramento e o ministério, ou seja, o instrumento de realização do Corpo Místico. (Op. cit., p. 80-90).

[35] No mesmo sentido, Mons. JOURNET, L’Église du Verbe incarné, t. II, 1952, P- 45-40.

[36] Cfr S. T. III, qu. 8, a. 4, 3 co, in resp. ; III Sent., D. 13, q. 2, a. 2.

[37] Ver. q. 29, a. 4 in resp.; III Sent., D. 13, q. 2, a. 2.

[38] III Sent., D. 13, q. 2, a. 3 q 2 ad 4m. Cfr DARQUENNES, op. cit., P. 7; CONGAR, op. cit., p. 78.

[39] DARQUENNES, op. cit., p. 4.

[40] Ibid., p. 6.

[41] In Eph., c. 3, l. 3 in fine.

[42] A. V., 28, 710.

[43] S. T. III, q. 8, a. I, ad 2m.

[44] O Padre Darquennes, estudando a Igreja em Santo Tomás de um ponto de vista completamente diferente, chega às mesmas conclusões (op. cit., pp. 30, 39-41, 44, 49).

[45] In Col., c. 1, L 6, referente à Col. I, 24

[46] Suppl. q. 95 (97), a. 3 ad 4 m.

[47] Em I Coríntios 12:27. Sabe-se que a tradução da Vulgata, ao ler “μέλη ἐκ μέλους” em vez de “μέλη ἐκ μέρους”, é exegeticamente incorreta.

[48] Suppl. q. 95 (97), a. 3 ad 4 m.

[49] A. 208 ; Tr. n. 34.

[50] A. 208-215, Tr. n. 35-46.

[51] À. 215-227; Tr. n. 47-50. «Qua (ratione) peculiari quodam modo evincitur Christum Dominum mystici sui Corporis Caput esse asseverandum ». Lembremos que, para Santo Tomás, o influxo era também essencial para a «ratio capitis».

[52] A, 199-200, Tr. n. 14-15. Por Leão XIII, AAS, 28, 710.

[53] À, 200-202, Tr. n. 16-20.

[54] A, 221-222, Tr. n. 59; cf. também A, 234, Tr. n. 85.

[55] A, 222-223. Tr. n. 60-61.

[56] A, 194; Tr n. I.

[57] A 199; Tr. n. 13.

[58] « Non enim desunt qui haud satis considerantes Paulum Apostolum translata taniummodo verborum significatione hac in re fuisse locutum… perversum alioquod inducunt unitatis commentum ». A, 234 ; Tr. n. 85.

[59] Por ex.: A, 200-202, Tr. n. 16, 17, 18 etc.; trata-se claramente de uma comparação “(unio) nostri… corporis compagine comparatur”, A, 226, Tr. 67.

[60] A, 221-221, Tr. n. 59.

[61] A. 207, Tr. n. 32 et passim.

[62] A., 237, Tr. n. 90.

[63] A., 205, Tr. n. 27; A, 243, Tr. n. 101, 102.

[64] A. 243, Tr. n. 102.

[65] A. 226, Tr. n. 67.

[66] A. 224, Tr. n. 63. – Foi observado que a expressão “povo de Deus”, embora presente nas Escrituras, não é encontrada nem na Encíclica nem no livro do Pe. Tromp.

[67] Embora em parte dogmática, “a Encíclica não tem a aparência de uma exposição teológica técnica” (V. MOREL, Le Corps mystique du Christ et l’Église catholique romaine, em N. R. T., 1948, p. 724, n. 50). O objetivo do Santo Padre é mais prático: refutar teorias falsas, exortar à união dos cristãos e dos povos (1943 estava no meio da guerra). “É natural, então, que a parte doutrinal da Encíclica assuma o caráter de um panegírico do Corpo Místico de Cristo, cuja grandeza e beleza são celebradas em termos que, de outra forma, poderiam parecer carentes de rigor” (D. LIALINE, Une étape en ecclésiologie, Irénikon, 1947, p. 48-49).

[68] Dentro desse sentido, MOREL, art. cit., p. 718.

[69] «ea praesertim enucleando edisserendoque quae ad militantem pertinent Ecclesiam » A, p. 193, Tr. n. r. Ver a glosa do Pe. Tromp em sua edição da Encíclica, p. 74.

[70] No mesmo sentido, LIALINE, art. cit., 1946, p. 317 e 1947, p. 52; MOREL, art. cit., p. 701.

[71] A, 242, Tr. n. 99

[72] Ibidem. – M. A. CHAVASSE, perturbado com a posição dessa frase, considera que “os subtítulos da tradução em francês: ‘Para os membros da Igreja’ – ‘Para aqueles que ainda não são seus membros’ – estão muito mal colocados no texto” (Ordonnés au Corps Mystique, N. Rev. Théol., juillet-août, 1948, p. 605, n. 20) e que se deve colocar o último subtítulo antes da menção dos catecúmenos. Não podemos concordar com essa opinião; observe-se, de fato: 1. que essas divisões e subtítulos são os da tradução oficial da Tipografia Poliglota Vaticana; 2. que são retomados e adotados pelo Pe. Tromp, a quem não se pode suspeitar de ser demasiadamente amplo na enumeração dos membros do Corpo Místico; que o texto autêntico da Encíclica, publicado em Acta Apostolicae Sedis, p. 242, não permite a inclusão desse subtítulo: “Para aqueles que ainda não são seus membros”, antes da menção dos catecúmenos, pois essa frase faz parte integrante do parágrafo em que são citados os membros da Igreja, enquanto aqueles que não são seus membros são enumerados no parágrafo seguinte.

[73] «Ule est, qui coelesti vitae halitu in omnibus corporis partibus. cuiusvis est habendus actionis vitalis ac reapse salutaris principium », A., 219, Tr. n. 55. Cfr A., 218-2r9, Tr. n. 54 ; A., 234, Tr. n. 86 ; A., 226, Tr. n. 68.

[74] A, 222, Tr. n. 60; À. 230, Tr. n. 78.

[75] A, 219, Tr. n. 55.

[76] A, 219-220, Tr. n. 55 ; « permeat », À, 218, Tr. n. 52 ; «replet» A, 223, Tr. n. 6r ; « animi Spiritu Christi imbuitur », A, 238, Tr. n. 91.

[77] «…ut ipsa (Ecclesia) eiusque singula membra magis in dies magisque servatori nostro adsimilentur », A, 219, Tr. n. 54.

[78] Cristo vive no homem justificado: A, p. 220, Tr. n. 56; À, 218, Tr. n. 52; A, 239, Tr. n. 92; A, 230, Tr. n. 77; A, 228, Tr. n. 71, etc. Como isso acontece? “Est nempe Christus in nobis… per Spiritum suum quem nobiscum communicat”, A, 230, Tr. n. 77.

[79] Cfr nota 2, p. 246.

[80] A, 231, Tr. n. 80.

[81] LIALINE, art. cit., 1946, p. 301. Encontramos pelo menos 53 vezes na Encíclica a menção explícita do Espírito Santo. Isso demonstra a importância que o Papa Pio XII atribui à sua presença e ação na constituição do Corpo Místico.

[82] Nesse sentido, JOURNET, op. cit., vol. II, p. 1065-1066: a pertença latente, invisível, não manifestada à Igreja, no entanto, é real, ontológica.

[83] A, 243, Tr. 101; cfr Encíc. « Summi Pontificatus » AAS., 1939, p. 418-419.

[84] A, 199, Tr. 12

[85] Art. cit., p. 719 e seg. É nesse mesmo sentido que devemos julgar e modificar a expressão do Padre Holstein, que, após a Encíclica, retomou a fórmula adotada pelo Padre de Eubec em 1938: “Sem ser em todos os aspectos coextensiva ao Corpo Místico, a Igreja visível não está adequadamente distinta dele”. Église et Corps du Christ. Études, nov. 1950, p. 244. A fórmula seria rigorosamente correta se estivéssemos nos referindo ao Corpo Místico total, que se estende até a glória; quanto ao Corpo Místico terrestre, devemos dizer que, em seu estado completo, é em todos os aspectos coextensivo à Igreja visível, e vice-versa, mas nem um nem o outro é totalmente coextensivo aos seus limites visíveis: é possível pertencer realmente a esta única Igreja Romana – o Corpo terrestre de Cristo – de maneira invisível e incompleta. O mesmo autor parece cair em um excesso oposto quando escreveu recentemente: “devemos estar convencidos de que não pode haver uma verdadeira pertença ao Corpo de Cristo sem uma pertença normal e visível à Igreja hierárquica”. (Le peuple de Dieu dans «L’Union», février 1952, p. 13). Veremos em um momento que uma pertença real ao Corpo de Cristo ou à Igreja hierárquica – é a mesma coisa aqui na terra – é possível sem estar normalmente e visivelmente ligado a ela.

[86] A, p. 202, Tr. n. 21.

[87] A, p. 243, Tr. n. 101.

[88] H. HOLSTEIN, Études, art. cit., p. 248-249. Ele acrescenta, no entanto, na página seguinte, que o batismo do cismático o incorpora à verdadeira Igreja. A incorporação não implica uma pertença real?

[89] Especialmente CHAVASSE, art. cit, p. 690 et ss. ; igualmente LIALINE, art. cit, 1947, p. 43: JOURNET, Nature du Corps de l’Église, Rev. Thom., 1949, I-Il, p. 200, n. 2 ; A. LIÉGÉ, L’appartenance à l’Église et l’Encyclique Mystici Corporis Christi, Rev. des Sc. Phil. et Théol. Oct. 1948, p. 351, n. 2 ; HORSTEIN, « Le Christ Téte de tous les hommes », Année Théol., 1950, p. 18, n. 2. L. RICHARD, Le baptême, incorporation visible à l’Église, N. Rev. Théol., Mai, 1952, p. 491, pelo que reapse significa «em toda verdade e sem restrição».

[90] Sic CHAVASSE, loc. cit. – A palavra “reapse” é encontrada 9 vezes na encíclica Mystici Corporis. Em dois trechos (A. 236, Tr. n. 88; A. 239, Tr. 92), ela claramente inclui uma nuance de perfeição e plenitude, que explicitamente deixa espaço para um modo de realização incompleto, mas não ilusório. Por sua vez, a encíclica Mediaior Dei et hominum, de 20 de novembro de 1947, “segundo capítulo de um livro iniciado em 1943 por Mystici Corporis” (Osservatore Romano, 30 de novembro de 1947), usa o termo “reapse” 14 vezes e aqui, quase sempre, se opõe a um modo de realização espiritual ou incompleto, mas não imaginário e não desprovido de valor. (A. A. S. 1947, especialmente pp. 560, 563, 565-566, 593).

[91] Admitem uma pertença invisível à Igreja visível, por exemplo: A. LIÉGÉ, art. cit., p. 355; LIALINE, art. cit., 1947, p. 44; LABOURDETTE, O.P., Rev. Thom., 1950, 1, p. 51-52 e II, p. 403; Mons. JOURNET, L’Église du Verbe Incarné, 1941, T. 1, p. 46, 47; T. II, 1952, p. 953, 1065, etc. e art. cit., p. 200; TAYMANS, S.J., L’Encyclique Humani Generis et la Théologie, art. cit. Nouv. Rev. Théol., Janv. 1951, p. 19; DE MONTCHEUIL, Aspects de l’Église, Paris, 1949 (mas escrito em 1942-43), p. 138; MARCHAL, P.B., L’invisible présence de l’Église, Alger, 1950, p. 10, 11, 14, 45-49; L. RICHARD, art. cit., p. 491; A. LÉONARD, O.P., Simone Weil et l’appartenance invisible à l’Église, dans La Vie spir., supplément, 15 Mai 1952, p. 137-167;  sobretudo p. 155-159; P. MICHALON, P.S.S., L’Église, Corps Mystique du Christ glorieux dans N. Rev. Théol., juillet-août, 1952, p. 687; Dr. W. VAN DE POL em Extra Ecclesia nulla salus, in Jaarboek 1951, Werkgenootschap v. Katb. Theol. in Nederland, gedachtwisseling, bl. 26.

[92] Estamos nos baseando no curso poligrafado sobre a Igreja de A. CHAVASSE,  IIe P., 2° Sect., ch. X, p. 85-88.

[93] A, p. 239-240, Tr. n. 95.

[94] Cfr A, 240, Tr. n. 95 ; À, 220, Tr. n. 57 ; A, 206, Tr. n. 30.

[95] A, 243, Tr. n. 101, 102. Na Encíclica Evangelii Praecones Igreja católica é dito «a mãe amorosa de homens loucos » (Doc. Cath., 1 juillet, 1951, col. 789).

[96] TAYMANS, art. cit., p. 19. O Dr. L. Smit afirma, aparentemente sem fundamento, que se o Papa Pio XII fala de “votum inscium“, é para rejeitar o “votum implicitum” dos teólogos. Extra Ecclesia nulla Salus no Jaarbock, 1951, p. 15, 22. Não estaria ele apenas brincando com as palavras?

[97] Este é também o ponto de vista de D. J. GRIBOMONT, em Irénikon, no art. cit., p. 347; o mesmo ocorre com Mons. JOURNET, cf. nota 2, p. 240. Da mesma forma, A. CHAVASSE, que em seu curso, no loc. cit, p. 85 e 87, explica em duas ocasiões que a pertença não declarada, anormal, incoativa, no entanto, é ontologicamente real e objetiva.

[98] FRAGHI, De membris Ecclesiae, Romae, 1937, D. 35.

[99] CHAVASSE, em art. cit, na página 700, que cita anteriormente, em sua nota 32, o texto de Bento XIV que atribui ao herege validamente batizado o título de membro da Igreja Católica.

[100] A, p. 220, Tr. n. 55. Para estar completamente separado da Igreja, é necessário um grave erro pessoal: A, p. 202, Tr. n. 21.

[101] LIALINE, art. cit., 1947, p. 44; HOLSTEIN, Année Théol, 1950, art. cit., p. 25. Da mesma forma Dr L. Suit, Extra Ecclesia nulla salus, Jaarbock, 1951, bl. 21

[102] Op. cit., vol. II, p. 1058, 1075, etc. Da mesma forma, em oposição a L. Smit, D. L. CORNELISSEN, O.P., Anuário, 1951, p. 30. E com razão. A Encíclica Mediator Dei et hominum declara explicitamente que aqueles que não receberam o “baptismatis lavracrum“, assim como não são (novamente, no sentido explicado acima) membros do Corpo Místico, também “neque membra (sunt) Christi” (A.A.S. 1947, p. 539). É na mesma medida que se é membro do Corpo e membro da Cabeça.

[103] Rev. Thom., 1949, art. cit., p. 128.

[104] GRIBOMONT, Irénikon, 1949, art.. cit., p. 346.

[105] Art. cit., p. 708.

[106] Art. cit, p. 331-354.

[107] Ibidem., p. 353.

 

FONTE: Irénikon, Tome XXV, 1952, pp. 225-248.

 

 

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